terça-feira, 29 de junho de 2021

A cadeira e o gajo

 A M. Continua a exibir a sua hipocresia. 

Num destes dias falava com ela sobre ter pessoas que nao pertencem à casa a viver nela.  Percebo a expressao facial dela. Ficou contemplativa.

Soube logo o que estava a pensar. A M nunca fala de outra pessoa que nao dela mesma. Quando trouxe a conversa que o mais recente inquilino tinha uma namorada que ia visitar, logo acrescenta que "nao acha mal" se a namorada viesse ca para casa.

Se acredito que, por ela, tudo estaria bem? Claro que nao!

O verdadeiro sentido das suas palavras é totalmente egoista. O que representam na realidade e que ELA pode trazer pessoas. Os outros nao. Porque se o fizerem, ela reage negativamente. comeca a desfiar um chorrilho de problemas que a presenca de uma pessoa de fora acarreta. A comecar pelo uso do WC. Nao e preciso uma bola de cristal para saber que o seu comportamento era comecar aos pulinhos a queixa-se do odor a "homem", falta de higiene e bagunça.

Nessa noite ela pisou forte como um dinossauro pelo corredor, causando um barulho que, minha senhora, parece quase inacreditavel que possa ser feito por um humano. Depois bate com a porta do WC num estrondo bombastico.  A porta a qual anexei um bilhete "por favor, fechar gentilmente". 

E nisto sai de casa. Eram 22.30h pelo que nao me foi dificil imaginar onde estava o seu foco. Tres horas depois saio do quarto para ir ao WC no mesmo instante em que, muito silenciosamente, ela entrava no seu quarto, seguida por um gajo. Olha para tras e me ve. EU nem.ligo e enfio-me de imediato no WC.

Podia ser supreendente para ela mas nao para mim. Ja sabia o que ela ia fazer assim que abri a boca para contar das minhas experiencias no passado e vi o rosto dela a tomar uma certa expressao.

Pormenor: nao era o mesmo gajo que avistei da ultima vez.

Ha que se tirar o chapeu a M. Numa coisa: se ela quiser um homem, consegue na hora. Como? Nao sei. Deve ter encantos que me escapam. A dizer a verdade, nao entendo bem os meandros modernos de engate. (Se entendesse nao tinha sofrido o que sofri). Penso que nao muda muita coisa. Mas cada pessoa e diferente e, para mim, nao me seduz esta satisfacao momentanea e imediata, que pode ser preenchida com qualquer macho ou femea. Enganem-se se penso que condeno. Nao, porque no fundo consigo entender muito bem que uma pessoa que se sinta livre queira explorar-se nesse campo. O que nao me cai bem e a falta de transparencia, a hipocresia e o condenar de outros por accoes que empalecem quando comparadas as tuas. 

O enfiar um gajo no quarto todas as noites as escondidas, tentando ocultar a sua presenca quando esta e perceptivel a cada acao que o "casal" toma dai a diante. Idas duplas ao WC, actividade nocturna ate horas mais tardias da madrugada e, para meu espanto, odores diferentes no WC.

Tudo aquilo que a M. Se queixa constantemente. Quando e ela a responsavel subitamente ja nada tem cheiro, ja nada de apresenta um problema.

Mas o que me irrita mesmo e que ela tirou uma cadeira que eu guardei na arrecadacao e levou-a para o quarto. A cadeira e minha. Tenho-a used diariamente no jardim e por isso, decidi leva-la para o quarto porque e realmente confortavel e EU preciso de uma para sentar ao computador.

Vai que ela a tirou da arrecadacao ontem, eu pedi-lhe a cadeira e ela ainda nao a devolveu. Voltei a pedir e ela disse "mas eu preciso dela esta tarde". E nao ma devolveu.

Assim que soube que tinha sido ela, alarmes soaram. E nao gostei. Tudo o que a M. Toma para si nunca mais devolve.

Assim tem sido com tudo o que ela consegue por as maos. Espaco nos armarios da cozinha, prateleiras no frigorifico, ate a gaveta no congelador que pertence a um rapaz e que ela ocupou (sem necessidade) antes deste se mudar. Ao inves de esvazia-la como qualque pessoa normal, insistiu em "partilhar". Por meses o rapaz nao teve direito a ter a sua propria gaveta. Porque quando lhe convem ela solta o "partilhar". Mas quando outros precisam de espaco ela nao cede o dela e nem devolve aquele que usurpou. 

E o que mais me irrita e que acho que  nao e coincidencia ela meter um gajo no quarto nas duas ultimas noites e ter tirado a cadeira. 

Deve ser para lhe dar um lugar onde colocar a roupa. 

Quero a minha cadeira de volta!

Recuso-me a deixar a M. Apropriar-se de mais seja o que for. Ela, que tem o quarto maior da casa, ja enfiou um caixote na arrecadacao- que e pequena. Tao pequena que ela queixou-me que estava muito cheia. Como resultado, eu removi la de dentro um balde, dois cestos de verga e dois sacos. Deixei a arrecadacao com menos pertences meus que, de algum modo, consegui enfiar no meu pequeno quarto.

Ela nao pode ver um espaco livre que logo se apropria. Foi colocar mais coisas dela na arrecadacao.

E tal so e possivel porque eu, feita PARVA, gosto de arrumar as coisas. Na arrecadacao, no frigorifico, nos armarios quando alguem deixa a casa. E tambem nao gosto de me apropiar, penso muito nos outros e tomo decisoes com base na divisao igualitaria. Por isso nao tiro mais do que aquilo a que tenho direito.

Mas nao a M. Se toda a casa vagasse e ela pudesse ir ocupando os espacos, ela tomaria todos os quartos, todos os armarios da cozinha, todo o frigorifico e depois diria: "nao tenho espaco suficiente"!




 

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