Ontem vi o meu futuro passar à minha frente.
Ontem vi uma senhora idosa a puxar um carrinho e um saco. Ia curvada, como se a carga lhe pesasse este mundo e o outro. Mas não. Era leve, constituída de coisas leves, como ramos secos. Muitos passavam por ela e nem sequer a viam. Quis interpelá-la, perguntar-lhe se precisava de ajuda. Mas que ajuda podia eu dar, se eu própria também estava como uma mula de carga? Algo naquela senhora chamou-me a atenção assim que lhe pus os olhos em cima. E sabia o que era. Ela era eu. Eu, era ela. Vê-la era como que adivinhar o meu futuro. Burra de carga… agora idosa, por quem todos passam sem oferecer ajuda, sem olhar duas vezes. Aparentemente só e com dificuldades financeiras, para se dedicar à venda ambulante desta forma.
Não sei se a responsabilidade é da quadra natalícia, mas tenho sentido vontade de ajudar alguém. Não em contribuir para uma “causa”, das muitas que se estendem aos nossos pés nesta altura. Mas para situações singulares e imediatas. Como esta senhora, a quem quis ajudar mas não tinha como e como o mendigo que, por duas vezes, tinha visto em dias anteriores. Não sei que tipo de ajuda poderia facultar. Talvez não muita mas, se calhar, toda a que, no momento, seria mais necessária… força de músculo jovem alguma coisa para se comer.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
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