domingo, 18 de janeiro de 2009

Caridade: Como a sociedade a vê?

Veio-me à lembrança um momento de troca de ideias, promovido por uma questão durante uma aula na escola, já lá vão uns aninhos. Não sei como, a conversa "virou" para a ajuda humanitária. Nessa troca de impressões, defendi que é preciso dar algum tipo de ajuda às pessoas desprivilegiadas, ao que uma colega com outra opinião retorquiu que só é pobre quem quer e quem é preguiçoso e não gosta de trabalhar.
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Estas duas perspectivas sobre o assunto mostram bem como a Sociedade encara Hoje a miséria. As pessoas têm mais consciência das alternativas existentes para quem precisa. Da quantidade de instituições beneméritas, das acções e posições do governo, das doações em espécie para todo o género de caridade. E percebem também, que muitos "pobres" aproveitam-se delas para ganhar dinheiro sem ter de se esforçarem ou trabalhar. Então indignam-se.
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O muito criticado "rendimento mínimo", serve de exemplo para isso. Famílias inteiras a viver à custa do subsídio do Estado Português, dos descontos dos impostos de quem trabalha admitindo entre risadas, não pretender trabalhar. A entrega de casas em bairros sociais. Os cursos financiados pelo Estado, para dar equivalência ao 12º ano, frequentado por jovens que ali vão pelo dinheiro e não têm qualquer intenção de ouvir o formador, quanto mais pôr em prática a aprendizagem.
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Escolas de formação que se propõem a facultar cursos co-financiados, somente para colocar ao bolso uma fatia de dinheiro fácil... (Ai! Deixem-me gritar! Portugal, vai mal!!! - onde não pode se dar ao luxo de fracassar). Universidades privadas e públicas, a criar cursos estapafúrdios para conseguir mais dinheiro, motivações erradas dirigidas às pessoas erradas, o Magalhães, a entrada de uma imensa mão-de-obra imigrante criminosa que não tem colocação profissional porque o país não tem nem para os seus, isto a gerar bairros de elevada criminalidade e pior... gente de instrução muito baixa, que nunca sairá do buraco onde está, porque a ajuda não é apropriada. E por aí...
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Fiquei eu um tanto estarrecida com a opinião vincada da colega que ainda por cima fez troça de mim. Só é pobre quem quer - disse ela. Porque não querem fazer nenhum. Será?
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Entendo tudo isto que descrevi. Também sinto revolta com muita coisa. Mas não deixo de ser da opinião que nos devemos ocupar da questão. Se vamos acentuar as diferenças, vamos aumentar a criminalidade.


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A colega defendia que tinham de existir pobres, porque senão não haveria ninguém para fazer os trabalhos mais serviçais. Nesta sua perspectiva de ver as coisas, a extrema riqueza era uma mais valia, bem merecida pela supremacia de quem a alcançou. Além disso, também era da opinião de que as pessoas que se preocupam com o ambiente sofrem de alguma perturbação mental. Deu como exemplo a Greenpeace e, a jeito de troça, incluíu-me na instituição.
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As suas provocações não surtiram efeito mas não deixo de lamentar tamanha demonstração de imaturidade e malícia, que revelou somente no final de uns tantos anos de uma convivência superficial. Na sua fita de curso, estive para escrever: "Em 5 anos, só conheci quem és há duas semanas. Não gostei." Mas compadeci-me dela e desejei um sentido "Boa Sorte".
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Não deixa de ter um tanto de razão, porque na verdade, as pessoas bem intencionadas e pacifistas acabam por sofrer mais e são mais injustiçadas na vida. Mas decerto que isso não é razão para um "vale tudo" sem compaixão.
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Esta colega era ainda uma criança inexperiente quando começou os estudos. Mas terminou-os revelando-se uma autêntica "cabra". Celebrou a derrocada da "melhor" amiga, a quem roubaram o emprego à traição. Chamava-lhe nomes feios e gozava-a, ridicularizando a amizade que esta queria ter. Era sorridente com as pessoas pela frente e muito maldizente por detrás. No final dos estudos, trocou as roupas de jovem estudante pelos fatos saia-blaser caqui das senhoras de negócios. Andou a distribuir cartões com o seu nome, com um indescritível rejubilo, enquanto se passeava no carro novo, oferecido pelos pais, que veio junto com uma casa para morar e uma boa cunha num ambicionado posto de trabalho cheio de regalias e boas perspectivas.
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Levando isto em conta, que sabe ela sobre a necessidade? Os pais não a deixaram sofrer (nem lutar) para alcançar algo na vida. Bom para ela, mas mal também. Coitados dos filhos que vier a ter. "Para que servem as pessoas altruístas, como as da Greenpeace, que defendem as baleias?" - perguntou ela em troça. Respondo-te o que ia para dizer, mas guardei com pena da tua repentina crise de snobismo. São elas que vão fazer um mundo melhor para os teus filhos. Quando os tiveres, vais ver como, de repente, as preocupações com o ambiente e a sociedade passam a estar na tua ordem do dia...

2 comentários:

  1. Espero que uma pessoa assim não possa ter filhos. É o tipo de pessoa que não os costuma desejar. Este tipo de mulher gosta muito de si mesma e do seu físico. Não querem arriscar... mas ás vezes, é para não se sentirem menos que as outras que acabam por os ter. Deve dar uma péssima mãe!

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  2. Pois, é horrível gozar com a desgraça alheia. Principalmente quem tem tudo e mais alguma coisa.
    Por ex: sou muito mimada e graças a Deus tenho todos os bens materiais que necessito, comida e um LAR, mas não gozo com aqueles que nada têm, muito pelo contrário.
    E não é por ter estas coisas que sou mais feliz...
    Já para não falar que me preocupo bastante com o ambiente.

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