Acabei de receber uma mensagem de número não identificado, a dizer:
"Portuguesinha, este ainda é o teu número?"
Sei que não é ele.
Mas queria que fosse.
Seria o melhor presente de Natal que podia receber.
A ideia deixou-me feliz. A tal conversa nunca tida...
Na minha cabeça, Mariah Carrey canta: "All I want for Christmas is you".
Ainda várias vezes ao dia, o pensamento viaja para coisinhas... ligadas ao que aconteceu.
Continuo a repelir cada investida masculina como se fosse algo repelente mesmo. Não tanto por ainda estar muito apaixonada por ele. Acho que isso não estou mais. Muito graças aos espíritos caridosos, um deles teve piedade de mim e fez o sofrimento esmorecer.
Mas sempre me fará falta conversar e entender aquele episódio. Sempre fará.
Esse ciclo não fechou e como não fechou, não dá para iniciar outro. Não importa quantas investidas apareçam. Reconheço em todas algo que acho repelente. Talvez por se assumir que a pessoa está ali, disponível para abrir as perninhas por qualquer "olá, vamos beber um copo".
Acho mesmo repelente.
Ele apanhou-me porque não fez nada disso e assim atingiu-me onde tudo começa: no cérebro. Conseguia senti-lo. Aquela parte do cérebro que controla a líbido, o desejo, o interesse por alguém. Que eu julgava morta, por falta de estímulo. Não é - nem nunca poderia ter sido, somente um físico. É algo transcendente a isso.
Aqueles que nos abordam, fazem-no pelo físico, pelo rosto, por sei-lá-o-quê. Mas não é por se sentirem atraídos pela pessoa que és.
E só isso me interessa.
Ainda horas antes fantasiava como seria este natal. Sabendo-me sozinha. A M. vai cá enfiar o parceiro, com toda a certeza. Vai passar um Natal adorável, como passa todos os fins-de-semana. Com ele secretamente no quarto, a dar-lhe prazer, e ela a fazer-lhe todas as refeições com pompa e circunstância e a levá-las para o quarto, numa bandeja.
Digam-me lá qual é o tipo que resiste a "cama, mesa e roupa lavada?"
Se alguém atraente me desse o seu corpo, me cozinhasse todas as refeições, trazendo-as numa bandeja - será que essa pessoa ama a outra ou simplesmente o "negócio" é bom demais para ser dispensado?
Bom, mas o meu Natal vai ser sozinha. Como os de muitos devido ao Covid. Aliás sei que o Natal tradicional, nunca mais vai acontecer. Todos reunidos em família, mesa, presentes, conversa, risadas de uns 20 ou 30... Não mais.
Não respondi a quem enviou aquela mensagem. A pessoa não se identificou. Acho espantoso que se presuma que o receptor tem de saber quem é o emissor se este não diz o nome. Existiram tantos que me ligaram para jogar conversa fiada e me convidarem para uma saída. Pessoas que nunca me interessaram. E que não quero que voltem ao mesmo. Ou te identificas ou não vai dar em nada. Malucos há muitos.
Vou agarrar-me à minha fantasia mais um bocadinho...