TETRAVÓS (nascidos no séc. XIX nas décadas 80 ou 90)
Nasceram numa família numerosa.
Não tiveram oportunidade de escolarização.
Todos dormiam numa só divisão.
Não tinham canalização, electricidade ou WC interno.
Em crianças trabalhavam.
Frequentavam a missa.
Para beber água tinham de ir buscá-la ao poço.
Para comerem tinham de plantar e fazer criação.
Para não gelarem de frio tinham de manter uma lareira acesa.
Em adultos imigraram para as cidades grandes ou emigraram para países como o Brasil.
Arranjaram empregos. As mulheres: cozinheiras, fachineiras, porteiras. Os homens: motoristas, porteiros, pedreiros, carpinteiros, ferroviários, biscates nas construções
Casaram e tiveram filhos.
Trabalharam sempre.
Morreram na pobreza e na doença sem bens e achando que os filhos tinham uma vida melhor.
TRISAVÓS (nascidos no séc. XX nas décadas 20 ou 30)
Nasceram numa família humilde.
Não tiveram oportunidade estável de escolarização.
Todos dormiam numa só divisão.
Não tinham canalização, electricidade ou WC interno.
Em crianças já trabalhavam.
Frequentavam a missa já um pouco contrariados.
Para beber água tinham de ir buscá-la ao poço.
Para não gelarem de frio tinham de manter uma lareira acesa.
Para comerem tinham de fazer criação.
Em adultos imigraram para as grandes cidades.
Arranjaram empregos. As mulheres: cozinheiras, fachineiras, porteiras. Os homens: motoristas, porteiros, pedreiros, carpinteiros, ferroviários, biscates nas construções
Casaram e tiveram entre seis a dez filhos.
Escolarizaram os filhos para aprenderem a ler e escrever.
Aprenderam eles mesmos o mesmo.
Pagaram renda de casa com direito à compra e a casa tinha já água canalizada, electricidade, WC e mais de um quarto que não era também uma sala.
Providenciaram para seis a dez filhos.
Trabalharam sempre.
Morreram deixando uma casa e achando que os filhos tinham uma vida melhor.
AVÓS (nascidos no séc. XX nas décadas 50)
Nasceram numa família humilde e numerosa.
Tiveram oportunidade básica de escolarização.
Viviam no campo mas rapidamente mudam para um apartamento com água canalizada, electricidade, WC, cozinha, sala e quartos.
Em criança tinham obrigações com as lides caseiras e familiares.
Para beber leite tinham de o ir buscar ao vendedor que ordenhava uma cabra ou vaca.
Assim que largaram os estudos primários começaram a trabalhar também para fora.
Nunca frequentaram a missa.
Para beber água iam à torneira.
Tinham pouco para comer.
Não tinham muitas roupas ou calçado.
Ficaram a conhecer as maravilhas da Televisão e do Cinema.
Viram o homem a chegar à lua.
Nem todos emigraram mas também não imigraram.
Podiam ter os seguintes empregos: as mulheres: nas fábricas, na costura, na cozinha, nas limpezas. Os homens: na construção civil, nas companhias telefónicas, nas caixas de loja ou bancos.
Casaram e tiveram entre um a três filhos.
Tornaram prioritário a escolarização prolongada dos filhos.
Com a revolução de '74 a escolaridade pública tornou-se obrigatória e gratuita para TODOS.
Surgiram novos empregos e oportunidades. Principalmente de realizar sonhos.
Pagaram renda de casa com direito à compra.
Não faltava comida à mesa.
Tinham automóvel.
Encheram o roupeiro e a casa de bens e modernidades.
Não faltaram roupas ou calçado para os filhos.
Existiam brinquedos e livros comprados em lojas.
Trabalharam até poderem se reformar.
Morreram ou vão morrer tendo herdado alguns bens e achando que deram aos filhos uma vida melhor.
PAIS (nascidos no séc. XX nas décadas 70 ou 80)
Nasceram numa família de classe média.
Em criança tinham poucas obrigações com as lides caseiras e familiares.
Distraiam-se a brincar na rua, a ver televisão, a brincar com bonecas, carros, jogos.
Nunca frequentaram a missa.
Tiveram oportunidade de frequentar a universidade e chegar a licenciatura, mestrado ou doutoramento.
Terminaram a vida académica tarde pelo que começam a trabalhar em full time mais tarde já na casa dos vinte e poucos.
Podiam ter qualquer emprego: desde cirurgião a empregado de mesa. Tanto os homens quanto as mulheres.
Alguns conseguem boas colocações outros caem nas malhas das más políticas de empregabilidade precária.
Não conseguem tão rapidamente conseguir dinheiro para a independência e saem da casa dos pais tarde.
Podem ou não casar e geralmente adiam a decisão de ter filhos até perto dos 40 anos.
Usam telemóveis, tablets e adoram uma invenção da década de 70 chamada INTERNET.
Têm os roupeiros a abarrotar de roupas ou calçado e nunca estão satisfeitos com o que têm.
Têm automóvel.
Podem emigrar ou imigrar.
Pagaram renda de casa com direito à compra.
Não falta comida à mesa excepto quando falta o trabalho para um ou ambos.
Existem brinquedos e livros comprados em lojas.
Trabalharam mas temem não poderem um dia se reformarem.
Irão morrer, um dia. Talvez também a achar que os filhos terão uma vida melhor.
FILHOS (nascidos no séc. XX ou XXI nas décadas 90 ou 00)
Nasceram numa família de classe média a cair para a pobreza.
Em criança nunca tiveram obrigações com as lides caseiras ou familiares.
Distraiam-se a brincar mas não na rua. A ver dvds na televisão, a brincar com bonecas, carros, jogos, playstation e wii.
Nunca frequentaram a missa mas foram baptizados e fizeram a comunhão.
Terão a oportunidade de frequentar a universidade e chegar a licenciatura, mestrado ou doutoramento.
Terminarão vida académica tarde pelo que irão começar a trabalhar em full time mais tarde já na casa dos vinte e poucos.
Podem ter qualquer emprego: desde cirurgião a empregado de mesa. Tanto os homens quanto as mulheres.
Alguns conseguem boas colocações outros caem nas malhas das más políticas de empregabilidade precária.
Não conseguem tão rapidamente conseguir dinheiro para a independência e saem da casa dos pais tarde.
Podem ou não casar e tenderão também eles a adiar a decisão de ter filhos até perto dos 40 anos.
Viajam muito, conhecem vários locais, tiram férias bem tiradas.
Têm noção da aldeia global em que se vive e necessitam de estar à altura. Talvez o futuro laboral lhes reserve surpresas - boas e más.
Têm os roupeiros a abarrotar de roupas e calçado e nunca estão satisfeitos com o que têm.
Vão poder tirar a carta cedo e ter automóvel quase de imediato, enquanto ainda são estudantes.
Terão a sua casa.
Terão um a dois filhos.
Herdarão bens, sabem-no desde a infância. Talvez um dia também partam a achar que aos filhos deram uma vida melhor.
sábado, 22 de fevereiro de 2014
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