O ISCO.
É assim que se devia denominar uma técnica nova que surgiu no mercado do desemprego.
Consiste em colocar um anúncio solicitando um «operador de registo de dados». Chegando ao local, afinal, estão a precisar de pessoas não para essa função, mas para a de call-center.
Duas coisas estão sempre a acontecer a quem responde amíude a anúncios de emprego: a remuneração e a função nunca são iguais ao que foi anunciado ser.
É assim que se devia denominar uma técnica nova que surgiu no mercado do desemprego.
Consiste em colocar um anúncio solicitando um «operador de registo de dados». Chegando ao local, afinal, estão a precisar de pessoas não para essa função, mas para a de call-center.
Duas coisas estão sempre a acontecer a quem responde amíude a anúncios de emprego: a remuneração e a função nunca são iguais ao que foi anunciado ser.
Quando o anúncio se presta a facultar informações sobre as condições de remuneração, nestes raros casos, o que acontece no momento em que se chega à entrevista, é que o valor baixa sempre. Quase sempre em fatias de 100 euros (como se isso fosse pouco). As restantes condições também não podiam ser piores: as clássicas 8 horas de trabalho, em três ou quatro turnos rotativos, com folgas fixas durante a semana porque, os fins-de-semana são um previlégio dos colegas mais velhos.
Aconteceu comigo uma, duas, depois três vezes. Até que percebi: Isto é uma técnica que utilizam para levar as pessoas para onde as querem. Porque, a verdade é que, quem responde a um anúncio para uma coisa, ao deparar-se com a oferta de outra, menos atraente, raramente diz «não». Diz sempre que sim, e segue infeliz...
A PROPAGANDA:
Uma vez vi no telejornal o nosso ministro, José Sócrates, em cima de um palanque e de dedo em riste, a autocongratular-se por ter aberto em Lisboa (mais) um centro de call-center. Dizia ele que se tratava de mais um bom exemplo do esforço do governo, e de um passo ao melhoramento das condições de trabalho em Portugal, do combate ao desemprego, etc, etc...
Ao ouvir isto, se eu fosse uma figura de desenho animado, a face teria ganhado cor, os olhos teriam dilatado e fumo teria saído das minhas orelhas.
O dito call-center, é bom que se diga, pretendia pessoas FLUENTES em Dinamarquês, Alemão, e outras línguas do género. Quantas pessoas em Portugal e no desemprego, estão aptas a assumir tal trabalho? O próprio ministro, deve falar muito bem Alemão, Dinamarquês, e por aí adiante...
Além disso, a central de Call-Center instalada em Portugal, importava trabalhadores estrangeiros. Focava-se na mão-de-obra emigrante, que sonha em conhecer as raízes sem abandonar a língua do país acolhedor.
Era tudo, menos um posto de trabalho acessível à maioria.
Toda esta «publicidade», não passou de «fumo para a vista» e me fez sentir mal.
Mais empregos...
de call-center?
Para isso não é preciso esforço governamental algum... são como cogumelos, brotam e crescem em qualquer canto, como um fungo. Se fôr economicamente rentável, lá surgem eles. É por isso que os americanos telefonam para a Índia quando precisam de ser esclarecidos. E é por isso que os ingleses telefonam para Portugal. A abertura das fronteiras da Comunidade Europeia não fez mais que ENRIQUECER o rico e tornar o pobre MAIS POBRE.
Ao invés de se criarem postos de trabalho locais, estes são exterminados para a empresa abrir nova sucursal num país de mão de obra muuuito barata e minimamente qualificada. É uma triste realidade que não é divulgada como devia.
E é por isto que acredito que vão aumentar as vagas de delitos. O crime vai aumentar, porque são cada vez mais acentuadas as diferenças entre o rico e o pobre. E quem está do lado da «boa vida» não tem noção do que se passa no lado inverso da moeda.
Vi num nestes dias no concelho de Almada, num dos muitos outdoors que a Câmara espalhou pela cidade, um dizer que é ilucidativo do momento pelo qual passamos. Os outdoors, da própria Câmara dizem o seguinte: «Aproveite o Verão. Pinte a fachada da sua casa»
Logo abaixo de um desses cartazes alguém escreveu:
«Como posso pintar a casa, se vivo na rua?»