Metereologia 24 h

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segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Provavelmente vou levantar polémica


Não sou contra touradas.

Não sei porquê, mas não as vejo com os maus olhos com que parece ser a tendência. Pensei no porquê disso. Afinal, gosto de animais e não gosto de sofrimento. Cuido das suas feridas, preocupo-me com as suas doenças... E sou progressista e fui visionária em quase tudo. Então porquê não me abjecto a touradas como parece ser o caso de todos?


Subitamente uma espécie de explicação surgiu-me na mente: Não oiço o animal a uivar de dor. O touro leva com a bandarilha e parece que nem sente. Não emite um som, não cai ao chão, não cambaleia. Visualmente estes são sinais de sofrimento e provavelmente me fariam gritar para que o espetáculo/tortura parasse.


Porquê não chora o touro?
Não lhe doi?

Quando era pequena e estava a dar tourada na RTP, a parte do sangue incomodava-me, não ficava para ver e dizia: "coitado do touro". Ao que me responderam: "Ah, aquilo não dói, ele não sente nada!".


https://www.facebook.com/Giustizia.Animalista/videos/1979260682363855/


De facto, o animal não berra. Mas sangra e bem. Será que não lhe dói? Nunca pensei nisso até perceber que, se fosse eu, estava a soltar gritos de dor. Qualquer outro animal que conheço, também. Os porcos, só de saberem para onde vão, gritam que é uma aflição. O touro está estóico.

Ou será que é arte do toureiro, que sabe onde tem de espetar e se não o fizer, o efeito será contrário?

É impressionante. E talvez daqui surja a explicação da origem e continuidade das touradas.


Seja qual for a razão, respeito as circunstâncias da tauromaquia e acho que é uma prática com a sua razão de existir. Não me perguntem porquê. Não tenho nem nunca tive qualquer ligação com toureiros, touros, criadores, nem sequer sou outra coisa senão uma pessoa criada na cidade, sem grandes contactos com o meio rural. Nunca fui a uma tourada e nem as vejo de propósito quando passam na televisão. Mas se as apanhar, não é fácil não olhar. São belas. É um espetáculo gracioso.


                                  

É de admirar que se tenha transportado para a actualidade um «ritual» ancestral que representa a relação de presa e predador entre animal e homem. Diga-se o que se disser, um homem que fica em frente de um touro e prepara-se para receber o seu embate, está a experimentar uma luta corporal de grande desvantagem para si mesmo. Mas deve ser algo ancestral, algo que vem no sangue primata que somos. Antes do Homem ter evoluído para o que é hoje, antes do seu cérebro inventar armadilhas, era corpo-a-corpo que as coisas se passavam. 

O cavaleiro vestido a rigor e aquele cavalo magesticamente adornado, são hipnotizantes. Parece um bailado. Todo o corpo tem uma posição para estar, o cavalo dá um show... o cavalo, um animal por si só, está ali na arena a fazer o mesmo que o homem: está a provocar um touro. O homem domesticou um outro animal que o aceitou de tal forma que os dois são um só. E esse par tão improvável arrisca a vida a enfrentar um touro.


Não tenho outro motivo senão o sentir. Acho que fazem sentido, entendo a tradição.

Se podiam ou não adaptarem-se para excluir o sangue, isso não sei.
Mas como espetáculo cultural tradicional acho que tem razão de ser. E se formos a espreitar, muitas adaptações envolvendo touros correm pelo mundo. Algumas mesmo a exagerar na parte "espetáculo", vulgarizando aquilo que cumpre regras e tem tradição, num simples acto de exibicionismo e populismo.