sexta-feira, 8 de julho de 2016

Ai que nervos!! - isto dos tiros


Há anos que me vem a enervar esta realidade nos EUA de se estar constantemente a acusar a força policial de "matar" homens negros por serem negros. Achava perigoso e repudiava-me a forma propagandista e DISTORCIDA como os factos eram massivamente apresentados pelos media. 


Vai que esta madrugada voltei a enervar-me com o tal vídeo do homem a morrer dentro do carro, após um confronto com um polícia. Enervei-me por vários motivos, entre o principal, a forma gratuita e estúpida como as pessoas passam juízos de valor com base em tão pouca informação ou apenas um dos lados da mesma. A rapidez com que "classificam" qualquer acontecimento do género como "Racismo". Mesmo quando depois de uma longa investigação fica provado que foi auto-defesa. Insistem sempre na versão distorcida e não actualizam os factos.  

Pena é não se falar dos casos em que é o polícia aquele que é assassinado. Aí já não existe racismo, caso o indivíduo que disparou o tiro fatal seja negro e o policial que o recebeu não for. 


Esta forma tendenciosa de ver as coisas perturba-me. Os EUA é um país racista, mas creio, pelo que percebo, que são as pessoas negras as mais racistas de todas. Pois não podem ver um caso que envolva um deles e um branco, que vêm logo com o racismo. Defendiam e transformariam em santo até o Charles Manson, se este fosse negro.

Bem, mas hoje pela manhã surgiu outra notícia, igualmente trágica. Cerca de 10 polícias foram alvejados e pelo menos um foi assassinado por snipers (a cobardia total) durante uma «manifestação» contra a "violência policial". (que, convenientemente, dizem só atingir um grupo da população). 


O que me perturbou são os comentários:
"Com arma matas, com arma és morto"
"Retaliação"
"Bem feito, mataram dois homens"
"3 a 2"

Uma ignorância de comentários que me deram urticária. Indivíduos que vão até buscar a escravatura, para legitimar o assassinato de pessoas hoje em dia. Parece que ter nascido com a pele branca na américa, é hoje um grave problema. Porque vão ter de "pagar" pela escravatura de há uns séculos... A população mais ignorante assim o exige, aparentemente. Porque consideram "normal" que se matem polícias a cuidar da segurança de uma multidão porque, aparentemente, um polícia no decorrer do serviço, matou, SEM NECESSIDADE, um homem. Que calhou ser negro. Podia ser branco, mas isso não dá notícia... Nem tem namoradas ao lado com telemóvel a gravar.


Agora pergunto, só para complicar a vida destas pessoas com "tantas certezas". Se um destes tiros dirigidos a um policial fosse parar numa criança o discurso, certamente, já seria diferente. E eu não vejo diferença.

Por isso, já sabem: se um familiar vosso for polícia e um policial lá na américa abusar da sua autoridade... É justo que um cá seja assassinado a tiro.

12 comentários:

  1. Acredito que sejam os comentários que se leiam por aqui, mas tenho seguido a situação pelo Twitter e não há uma pessoa com influência, que dê a cara pelo movimento BLM (que eu apoio, mesmo de longe), que diga que isso foi merecido, muito pelo contrário.
    E não posso deixar de apontar que os dois vídeos que vi, principalmente o do Alton Sterling, mostram brutalidade policial, sim. Ele estava deitado, com os dois polícias em cima dele, com as mãos longe dos bolsos, não havia motivo para aquele exagero. Foram tiros à queima roupa na cabeça e no peito. Nada justifica isto! Só posso entender a revolta. Para nós, é fácil falar, porque estamos longe dessa realidade, mas a comunidade negra não deixa de ter razão no que diz, na minha opinião. Tal como em todas as comunidades, há gente boa e má, o mesmo acontece na polícia. E, sim, pode ter havido casos em que a acção foi justificada, mas li imensos em que não posso concordar com a opção de atirar para matar. Há uma lista enorme de nomes de pessoas mortas injustamente pela polícia e a comunidade negra o que faz é cuidar dos seus e, isso, eu louvo e ainda acho que devíamos ser todos uns dos outros, sem distinção de cores. Não é à toa que não é só a comunidade negra a apoiar a causa.
    Também podes ver que não sei quantos activistas foram presos esta madrugada, num protesto pacífico. Um estava a gravar para o Periscope e a polícia não só estava a provocar, como o prenderam sem razão nenhuma e sem lhes lerem os seus direitos.

    Tenho imensa pena dos polícias que morreram, em Dallas, nas mãos de um maluco. Mas isso não me impede de ter imensa pena de pessoas negras que morreram nas mãos de maus polícias.

    Há ali MUITA coisa a ser trabalhada de parte a parte.
    Ler o que acontece para os dois lados, ajuda a perceber esses mesmos dois lados.

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    1. Obrigada por comentares este tema. Andava triste por não ver nos blogues que sigo qualquer menção ao assunto.

      Pois tens razão, e tenho razão. Temos razão - parece-me. Mas eu estou mais preocupada com a distorção e a propaganda que estes casos geram, sabes? Sei os perigos que representam e já se começa a sentir os efeitos quando o povo americano começa a olhar e a tratar a polícia como a vilã suprema.

      É uma inversão de factos, de valores... Muito perigosa. O extremismo também é perigoso e ver as coisas só por um lado também.

      Ontem encontrei um site com comentários mais tranquilizadores... de pessoas equilibradas, aquando um bloqueio ao trânsito de manifestantes numa autoestrada.

      Espero que haja bom senso. Mas como te disse, preocupa-me o alarmismo, o atirar achas para a fogueira... O julgar de imediato sem escutar o outro lado.

      Manipular as massas sempre foi um perigo - temos a exemplo Hitler. Se alguns o viram por aquilo que veio a ser, a maioria não pensou igual. Para a maioria, Hitler foi um indivíduo que tudo o que dizia fazia sentido. Esse tipo de distorção de factos "quentes" e capacidade para entrar na mente das pessoas e fazê-las agir como marionetes me assusta.

      E já compreendi muitas histórias sobre factos que achava incontornáveis para descobrir nelas que, afinal, isso não existe. Há outras versões além da que prevalece... e, por vezes, nessas outras há uma que é a verdadeira.

      Bom, ninguém aceita - imagino eu, que se tire a vida a uma pessoa da forma como os dois homens negros perderam a sua. Mas também já vi explicações e informações que explicavam porquê se justificou ir à arma.

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    2. No caso do Alton, um ex-marine (negro) veio demonstrar como era fácil para um homem no chão com as mãos nos bolsos disparar uma arma. Uma testemunha diz que viu o polícia remover do bolso do homem uma arma de fogo. (após o disparo)

      Agora vai existir muito diz-que-disse...

      O meu ponto principal é: continuo a acreditar que estes desfechos envolvendo os policiais não tem NADA de racista. Porque pessoas brancas se vêm envolvidas nas mesmas situações - até são vítimas em maior número. Mas a comunidade, como referes, negra, só olha a cor da pele deles. Não vê as outras. E se assim é, então não é racismo. É apenas a polícia a cumprir o seu dever e a ter um desfecho trágico.

      Não digo que não haja vilões na polícia... até porque recordo há 2 anos de um destes disparar a matar pelas costas um homem desarmado a fugir... que por acaso era negro. Mas cá para mim, mau polícia que mata por matar, não olha a cores.

      O que dizes é verdadeiro: os negros são uma "comunidade" mais sólida. Juntam-se por esse laço da cor da pele. Uma vez no youtube vi um tipo a falar sobre Black Lifes Matter (outra coisa que não engulo, porque para mim é All lifes matter) e este menciona que a polícia matou um branco e nenhum branco foi para as ruas manifestar-se, armar uma rebelião... E que os negros fazem isso. unem-se pelos seus.

      Nesse lado é capaz de ter razão mas, ainda assim, admiro mais quem não faz rebeliões onde quebram coisas, incendeiam propriedade alheia... e tenta confiar na justiça.

      O que não falta por aí são casos de familiares que tiveram um ente querido assassinado injustamente e que estão quase sozinhos na luta pela justiça - que é feita nos tribunais, não nas ruas.

      Os media não dão atenção a casos que nao tenham algo peculiar por onde pegar. E tratando-se de pessoas de cor de pele diferente, então não deixam passar nada. E isso é o quê, senão já em si uma forma de mostrar só um aspecto de um mesmo flagelo?

      Nos EUA isto é mais grave porque lá andar armado é como transportar as chaves de casa no bolso. É claro que em circunstâncias como esta, um policial teme sempre levar com uma bala. E segue à risca o protocolo. Se o sujeito resistir (Alton resistiu) eles entram logo em "modo defesa/ataque).

      É uma parvoice para nós... aqui.... Mas lá, pode significar a diferença entre a esposa do polícia ficar viúva ou não. Já vi muitos documentários sobre crimes, ainda ontem vi um sobre um polícia que foi numa missão de rotina investigar o caso de uma mulher que alegava que uns rufias lhe vandalizaram o carro. Vai que tinha sido ela, e agora queria acusar outros para receber o dinheiro do seguro (muitos dos casos que ganham projecção nos media são motivados pelo dinheiro que um processo à polícia pode gerar. É feio, mas é verdade. Por muito que uma vida não tenha valor, algumas pessoas conseguem, bem depressa, arranjar um e só pensar nisso, lá nos States). O policia deixa-a entrar em casa para ir buscar os documentos, entretanto a vizinhança informa-o que foi ela que vandalizou o carro, ele tem de a levar para a esquadra por apresentar uma queixa falsa, ela resiste, barafusta, bate-lhe no peito e percebe que ele tem um colete à prova de bala. Ao entrar no carro, diz que deixou cair as chaves. O polícia vai apanhá-las e leva com 4 tiros na cabeça.

      PS: AMBOS eram negros.

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    3. Mas esta situação serve para demonstrar porquê um policial por vezes não age como seria de esperar. A verdade é que ele nunca sabe se um gesto simples pode custar-lhe a vida. Os policias americanos, mais nos últimos anos do que nas décadas anteriores, estão muito cientes disto e estão cada vez mais preparados para defender as suas vidas. Um sujeito imobilizado no chão, quem diria que podia ser perigoso? Pois ainda pode...

      Atenção que eu não gosto do desfecho... Quem gosta? Nem aquele no carro, com a criança atrás... E penso que nenhum polícia ia fazê-lo de propósito! Uma criança que vai crescer a odiar as forças policiais, porque vão alimentar-lhe isso... Menos uma pessoa de raça negra que vai ingressar na polícia, porque muitas são injectadas com um "ódio" aos "pigs"...

      Até porque a vida de um policial após uma situação destas fica estragada para a vida. Acaba a carreira, pode acabar com a família... É perda e perda, dor, sofrimento, angústia...

      Além de que hoje em dia existem cameras por todo o lado! Só um muito idiota podia fazer algo ilícito e pensar escapar à responsabilidade. No caso do homem no veículo, a polícia não confiscou o telemóvel, não a impediu de filmar.

      Mas uma coisa é incontornável, mesmo que fossem bandidos... é lamentável morrer assim.

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  2. Eu li tudinho, consigo perceber algumas coisas, mas não posso concordar com muitas delas.
    Cada um lê e interpreta as coisas consoante as suas crenças e, portanto, temos visões diferentes do assunto. Mas concordamos no principal, há um problema a ser resolvido, de maneira a que não se percam vidas de forma tão estapafúrdia. É triste! Tão triste! :/

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    1. Ehehe. Gabo-te isso.
      Acredita que quando comecei não queria sair das poucas linhas :)
      Não pretendo que todos concordem comigo - mal se assim fosse. E talvez isso explique que menos comentem. Há visões polémicas e esta pode ser uma. Só o tempo dirá. E depois estamos a filtrar as coisas à distância e já de si filtradas, vindas de várias fontes, cada qual com o seu ponto de vista. Fica mais difícil encontrar a tal "verdade".

      Sobre este assunto voltei a ler comentários lúcidos, voltei a ver um vídeo da polícia e dos cidadãos (ambos de várias etnias) a darem-se bem e a dar apoio mútuo. É provável que aquela massa de agrupamentos a exigir justiça com alguma violência não seja tão vínculativo como temo que seja. Mas já chega deste assunto. Sim, situações destas não são para acontecer. É devastador! Talvez se usassem armas não mortais para imobilizar o suspeito... Mas já fizeram isso no passado, se regrediram foi por não ter resultado.


      Obrigada por esta troca de ideias.
      Boa semana!

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    2. Só mais uma coisa: eu não me considero racista (caso isso ocorra). Até acho que ia ficar muito gira com pele escura :) Tenho familiares com pele escura. E as minhas crenças são muito liberais... muito mesmo. Mas por isso mesmo também não "passo a mão" e entro no comboio de histerismo em massa. Neste particular assunto, pelo menos, é essa a visão que tenho dele.

      Abraço

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  3. Quando me referi a crenças, estava a falar no facto de se acreditar que foram actos de racismo ou não, ou se ele existe ou não, porque é isso que determina o que achamos da acção da polícia. :) Não me passou pela cabeça que fosses racista.
    Portanto, também não julgues que estou do "outro lado", por causa dos "histerismo em massa", porque o que para ti é histerismo em massa, para outros é uma luta pela igualdade. :)

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    1. Entendido. Eu tenho tendência para a ingenuidade (talvez porque certas atitudes que te estão longe são as que demoram mais tempo para "assentar" aceitar serem praticadas por outros. Ex: o teu post sobre o Michael Jackson). E custa-me a acreditar numa polícia local racista que caça negros. Mas não meto as mãos no fogo...

      Não achei que estavas do lado do histerismo, mas que existe quem queira criar esse histerismo. Achei que vês a questão pelo lado da luta pela igualdade, do bom, do certo, do núcleo. Eu é que, como disse antes, aprendi com o tempo a pensar noutra perspectiva sobre o mesmo tema. Na adolescência também ia dizer "isso não se faz, estou contra". Hoje a diferença é: mas será que isso se fez? Provas? Que mais é que se tem de ter em conta? Que outras razões podem existir por detrás?

      Obrigada pela troca de ideias K.
      Até.
      :)

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  4. "Com o tempo"? "Na adolescência"? Pensei que já tinha saído dela, há uns aninhos, mas parece que estava enganada. :)

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    1. Eheheh. Não faço ideia. Estava a falar de mim. Quando reflito nesses tempos... Noto a maior credibilidade para com os factos dados como certos.. algo que muda com a idade. Expressei-me mal mas julguei-te mais nova que eu sim, porque me acho uma velhota Kkkk

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