terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Era o que eu temia



Fazia quase um ano que estava a dormir neste quarto. Quando finalmente olhei à volta e decidi que a sua frieza crua e desnuda tinha de dar lugar a um toque mais pessoal. Reflecti no motivo que me fez inconscientemente manter as paredes vazias. Era porque a casa não era minha. E para qualquer alteração necessitava da autorização da senhoria. 

Porém, estava a fazer um ano que o meu quarto era o meu quarto. 
Só que não parecia. Estava mais para um quarto insípido, não havia nada meu à vista.


Então optei por pendurar um efeite na perede. Um boneco de halloween. Daí a diante o quarto pareceu-me mais caloroso. Ao mesmo tempo tive uma premunição: assim que o tornasse mais meu ia ser altura de sair.

Pois é o que acontece.

Subi à cadeira e removi o tal efeite da parede. Tirei um outro também, que havia colocado só para que me "acolhesse" no regresso da viagem a Portugal. Quando voltei e abri a porta do quarto, um espaço acolhedor recebeu-me. Foi como se escutasse "bem-vinda a casa". 

Mas agora vou embora. 

Acabei de o decidir e acabei de o comunicar.


Para onde?
Não sei ainda. 


Sei que se encontra outro local com facilidade. Claro que eu queria poder escolher bem esse local mas cheguei a um ponto em que sinto que qualquer lugar vai fazer-me sentir melhor do que este.

Agradeço ao indivíduo que me tem infernizado estes últimos dias por mal me ter visto em casa e logo me vir criticar para tirar os sapatos, me acusar de não limpar a casa, de deixar tudo sujo e de me ofender ao insistir que eu devia ter deixado dinheiro (para as contas) ao mesmo tempo que escrevi o bilhete a avisar que estávamos a ficar sem energia. 

Opá, esta última até me fez orbitar. 
Então uma pessoa preocupa-se para que ninguém vá tomar um duche e fique sem gás para aquecer a água, e a "cobrança" é esta? Porra! Da próxima ia ser como das outras vezes, deixa-se chegar ao fim, a luz desliga-se o gás desaparece... deve ser melhor, deve. 

Uma pessoa tem os seus gestos de cortesia mas o gajo sentiu-se "ofendido" por não ter colocado dinheiro junto com o bilhete. Lol. Ele nunca lá pôs a parte que lhe cabe. Sempre "impôs" que os outros deixassem primeiro... E depois punha o dele, pensam vocês? Não! Pegava no dinheiro de todos e ia fazer o carregamento, só pagando a parte dele no acto.

Nunca que o tipo foi capaz de deixar ali dinheiro. Não sei a razão. Teme que lho roubem??
E tem a audácia de exigir que outros o façam. CORRECÇÃO: outros uma vírgula. Eu. Só eu. Porque a rapariga bem que pode ficar dias sem contribuir que ele nem percebe. Desculpa-a com "ela não estava cá". O que só aconteceu uma vez e apenas por três dias. Quando voltou demorou mais 12 até dar a parte que lhe cabia. Foram 12 dias a chular duches, fogão, eletricidade etc, etc.

Somando 12 dias aos cerca de 55 sem pagar nada com que se «estreou» nesta casa, só posso admirar a ousadia e aplaudir a cegueira do gajo.

Clap, clap
Fiquem lá com o cagalhão.





sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Fugir do Mundo

Aquele momento em que lês os destaques das notícias 
e queres fugir do Mundo



quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

O meu mordomo pessoal


Ontem a rapariga que tem andado desaparecida, apareceu. Contou que adora a nova casa para a qual vai morar, que tem tudo incluído e tudo é novo. O quarto dela é grande e o jardim é fantástico, etc, etc. 

Depois foi tomar banho e foi comer. Lavou a louça antes de sair. 
Minutos depois entra o rapaz.

Oiço um suspiro. E de seguida oiço a louça que a outra deixou molhada a secar em cima do estirador a ser arrumada. "Ele a limpar atrás dela." - percebi.

Curioso. Ele não é muito de arrumar nem as coisas dele. Nesse mesmo estirador ficou a loiça dele por uns três dias. Agora ele mal entra e vai logo por-se a secar com o pano a louça que ela usou e arrumou-a?

Mas a surpresa maior ainda estava para vir. Ele sobe as escadas e de imediato entra no banheiro, onde liga o chuveiro e começa a usar a água para lavar a banheira!! Não sei como ela deixou aquilo, mas posso imaginar. Para ele dar-se ao trabalho de andar a limpar atrás dela é porque sabe muito bem como ela deixa as coisas. E para ninguém perceber, ou por temer algo, foi limpar. 

Olha que esta é uma rapariga cheia de sorte.
Há pessoas assim. Parece que podem ter estes comportamentos que nunca serão responsabilizadas.

Ela é uma sortuda. 
Foi uma moocher (pessoa que faz por viver encostando-se aos outros), esteve nesta casa como quem está num hotel - pois é nos hotéis que se suja e outros vão limpar, que se estraga e não se dá cavaco, que se come o que está disponível mas não se vai comprar. Ela foi uma HOSPEDE, não uma colega que partilhou uma casa.
Não limpa, estraga, serve-se da comida dos outros, ficou dois meses e meio sem pagar, demora a dar o dinheiro para as contas em comum. Verdadeira vocação para moocher.

Tenho curiosidade apenas para saber como vai a sua vida continuar longe daqui, naquele lugar tão bonito e paradisíaco. Como vai ser se ela continuar à espera que os outros façam tudo por ela. Bem que podia levar junto com ela o seu "criado pessoal"  Kkkkk! :)   

É capaz de lhe fazer falta...
PS: Mas agora fiquei chateada ao perceber que os caixotes do lixo que coloquei à beira da estrada no Domingo de manhã, sobre chuva, para que pudessem ser recolhidos pelos colectores, ainda estão lá. Ainda não havia passado por eles, por isso já os julgava cá dentro. Tantos que moram aqui, seria de esperar que um dos moradores os recolhesse. Mas não... 

Hoje já é QUARTA-FEIRA e com tanto entra e sai ninguém teve a cortesia de os trazer para dentro. Mas para limpar atrás dela este tipo não é de demoras. Sinceramente! Mal entrou em casa e viu o chão e as bancadas todas molhadas pela tipa que teve a "lavar" a louça, pôs-se a limpar atrás dela. Mas nada de recolher os caixotes do lixo, pelos quais também passou. 

Enquanto isso, LIXO é o que se acumula na sala de estar. Agora parece que a sala está a substituir o barracão no quintal! Pois é na sala que ele colocou um cadeirão, uma guitarra, onde tem uma pilha de papeis e dossiers atrás do sofá, uma impressora embalada em cima da mesa, roupa ali abandonada... isto mais parece uma casa habitada por pessoas habituadas a viver em barracas. Se bem que há barraqueiros que têm as casas tão arranjadinhas que daria inveja a esta gente. 

Depois querem mudar-se para casas novas e melhores...

Quanto tempo é que duram? 




terça-feira, 23 de janeiro de 2018

sem maquilhagem


Quando acordam sao exatamente como nós.
Iguais aquela mulher que viram no autocarro e que acharam feia, preferindo desviar o olhar para a mulher sexy que surge numa capa de revista. Essa mulher bem que pode ser a mesma.








quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Nesta onda...

E sabendo bem!





Um mistério finalmente desvendado

Deixo-vos com esta música.


Certamente a reconhecem pois ficou famosa por integrar a banda sonora 
de um filme com o Patrick Swayze.

Bill Medley and Jennifer Warnes


Bill Medley, Karen Klass e Darrin Medley 



E deixo-vos com esta imagem do mesmo artista com a então primeira esposa e o filho recém-nascido.

O casal já estava há seis anos divorciado quando Karen foi vítima de um bruto ataque em sua casa, no qual foi violentada e assassinada. 

O crime aconteceu em 1976 e NUNCA FOI RESOLVIDO.
Até há um ano. 
Graças a DNA familiar.

Ou seja: a polícia cruza DNA de familiares de um suspeito ou de um suspeito em si, e se coincidir na familiaridade, a identidade do assassino/criminoso fica mais restrita, pois é familiar de sangue de outro indivíduo.

É um pouco como usar o ADN para saber-se o parentesco de uma criança.
Mas ao invés de se procurar um pai, procura-se um criminoso.

E assim, 41 anos depois...
A família (dois filhos) ficou a saber quem foi o responsável
por ficarem sem mãe nas suas vidas.










segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

É tudo sobre eles



Como sabem, pedi à empresa à qual me candidatei que me enviasse um comprovativo de frequência a uma entrevista. Disse-o no post anterior, onde também especifiquei que aqui no UK, durante o processo de candidatura, as empresas são todas muito simpáticas. 

Em Portugal um candidato envia 100 curriculos para tudo o que é empresa e se conseguir uma resposta que seja, já é um milagre. Podem-se passar meses e nunca se ouve um "não" nem um "sim". 



Por isso este lado britânico do "politicamente correto" agrada(va)-me.
Até descobrir que é tudo sobre eles.


O que lhes importa é o feedback que vão receber depois.
Daí todos os "salamaleques". Os britânicos possuem uma indescritível forma de se mostrarem acolhedores mas que se sente plástica. Adquirida num livro de instruções e que dura apenas o tempo restritamente necessário. 

Recebi no email um novo contacto dessa empresa. Boa! - pensei. Afinal sempre deram resposta ao meu contacto sobre um comprovativo de frequência. Mas ao abrir o corpo de email, dos três links que facultaram, nenhum ia dar a coisa alguma. Todos os três eram sobre o mesmo: um inquérito de satisfação. Um minucioso inquérito que visa avaliar todo o processo selectivo - inquérito esse que já havia preenchido aquando o email de recusa - pois veio anexado ao mesmo.


"NÓS SOMOS NÚMEROS" - disse um indivíduo na TV.

Sinto que, por mais que queiramos lutar contra esta afirmação, ela é cada vez mais verdadeira. Não podemos ser gente. Ter emoções nossas. Tudo tem de ser aprendido e aplicado. Somos números porque obter e manter um emprego vai depender dos números de rentabilidade. São os números que cronometram o tempo que demoras a cumprir a tua tarefa, a quantidade de pessoas que consegues servir no menor número de tempo possível e da forma mais profissional e sem erro. Erros são logo apontados e te lembram logo que podem levar ao término por justa causa. Acertos não recebem igual atenção. Podes salvar o dia, a situação, não te será pedido para te reunires com os superiores para eles te dizerem o quanto estão satisfeitos com a tua performance. Mas se errares, essa reunião está garantida e vão falar de tudo o que erraste, querendo saber porquê e fazendo-te sentir a pior das criaturas.



A diferença entre o passado e o presente não é rigorosamente nenhuma. 
É tudo números.


Cinísmo


Era suposto trabalhar durante o fim-de-semana. Mas ficou em casa, como muitas vezes faz. Falo do colega com quem divido habitação. Ele apenas trabalha de sábado a segunda, os restantes dias são dedicados ao que lhe der prazer. Porém não são poucas as vezes que inventa estar doente só para não ir trabalhar. 

E foi o que ele voltou a fazer.
Não me cruzo com ele, nem ele comigo. Sei que se isso acontecer, é porque ele pretende dizer-me alguma coisa, fazer uma crítica ou insinuações maldosas.

Não demoro nem cinco minutos, geralmente, a ir à cozinha, preparar algo para comer e regressar ao quarto. Assim que percebo que ele parou o que estava a fazer soube que o fez para se cruzar comigo na cozinha.

-"Olá. Acabou a electricidade!" - diz ele como que surpreendido.
- "TU sabes o que aconteceu?" - dispara de imediato.
-"O que queres dizer com isso?" - pergunto eu para que ele exponha logo o caminho que quer seguir.
-"Porque é que acabou?"

Porque é que acabou?? Que raio de pergunta é esta? Já é uma maneira dele me responsabilizar. Ou responsabilizar outros. Foi um tom acusativo, refugiado na falsa surpresa, como se ele não tivesse nada a ver com o consumo de electricidade na casa. Naquele dia em que entrei em casa e não tinha luz no corredor, deixei uma nota escrita a avisar que só nos restavam 5 libras em electricidade. E pedia para todos deixarem uma quantia para isso e as despesas domésticas, como lampadas, detergente, etc. Isto foi há quatro dias. Portanto a sua surpresa, é, no mínimo, cínica. 

-"Não sei. Tudo o que sei foi que assim que cheguei pediram-me 20 libras e eu dei".
-"Então porque é que não temos luz?"
-"Deve ser porque meteram todo o dinheiro no gas. Se fores ver está ali (nos recibos): acho que só 10 foi para a luz".

Quando cheguei dos dois meses de férias, fui bombardeada com o mau ambiente nesta casa e percebi que os «dois porquinhos» estavam muito mais amiguinhos e unidos. Conseguiram aprontar safadezas e como consequência expulsar o outro inquilino desta casa, pois não gostavam dele. Este deve sair amanhã.

Agora é frequente escutá-los entre risinhos a fazer piadas e a falar de coisas da casa como se delas não tivessem qualquer responsabilidade. Ainda à momentos, a porquita entrou em casa desconhecendo quem cá estava. Esbarrou com ele e começou a falar como se só os dois cá estivessem. Então mencionou o meu nome e, num tom irónico disse-lhe: "Oh, eu não estou cá para ver. Só cá tens a portuguesinha, ahahha". - estava a usar um tom depreciativo, porque os dois já partilharam conversas sobre mim e concluíram que não vão com a minha cara, sentindo-se unidos nessa impressão. Já derrubaram um, se poderem derrubar outro... 

O outro porquinho, sabendo muito bem que eu estava em casa e provavelmente podia os ouvir, conteve-se de fazer comentários que o pudessem comprometer. Eu só estava a aguardar o momento de o ouvir comunicar a ela o que me havia comunicado fazia dez minutos: que tinha de dar dinheiro para a electricidade. Comigo ele vai direto ao assunto e depois pira-se. Com ela, era bem capaz de NADA lhe dizer. E acredito que era isso que ia acontecer, não me soubesse ele presente e a escutar. Mas como sabia que eu estava em casa, depois de falarem de banalidades, antes de sair ele finalmente falou do dinheiro. Ao que ela responde:

-"O quê? A sério? Já?? Oh meu Deeeus!" "Mas eu deixei 20 libras..."
-"Pois..." - responde ele.

-"Agora não tenho dinheiro comigo mas depois ponho, ou se calhar ponho hoje, ah, eu volto amanhã..."

Estas pessoas devem pensar que os outros são seu criados. Quando a pedra está no sapato dos outros, está tudo bem. Enquanto a porquinha cá viveu por dois meses sem contribuir para as despesas, nada lhe afectou. Quando tivemos de esperar duas semanas para que finalmente entregasse a parte dela, também não a afectou. Agora esquecem-se do que andaram a fazer durante a minha ausência. 

O outro, como vai embora, recusa-se a pagar mais para depois não usufruir. Então têm estado a fazer carregamentos "aos bochechos" mas também a carregar no consumo. Um, para não cá deixar nada, outro, para ver se obriga o que vai sair a colocar mais dinheiro.

Mas a maior carga de cinismo está no seu "falso" espanto pela electricidade ter chegado ao fim. Primeiro, porque foram avisados. Durante quatro dias o bilhete ficou ali. Eles? Ignoraram. Depois pelo CINISMO do espanto em si. Assim que cheguei foi preciso dar dinheiro para as despesas. Eu e o que vai sair fomos os primeiros. E como a electricidade ia terminar, ele decidiu não esperar para que todos contribuissem. A rapariga, que ia ausentar-se, deixou as 20 libras antes de ir embora, e desta vez só foi preciso esperar dois dias, ao invés de duas semanas. O mais difícil foi o «porquito»... porque discutiu com o outro que este devia dinheiro à casa e devia dar mais do que aquele que ia consumir, porque, quando chegou, também usufruiu do que já cá estava.

Mas esta era uma alegação extraordinariamente falsa. Pois, como contei na altura, achei de uma ironia tremenda, que uma pessoa chegada À 5 dias contasse já com o mesmo contributo para as despesas da casa que uma pessoa chegada à 5 meses. 

E o outro pergunta-se "como é que sabemos o dia??"

Então por causa dessa teimosia de macho, ele fingiu que não sabia de nada e demorou muitos mais dias a contribuir com as suas 20 libras. Até que, depois daquela "conversa" que teve comigo, eu que percebeu que eu sabia a realidade e que ele talvez fosse apanhado com o rabo de fora, decidiu colocar as 20 libras e pela primeira vez, deixou o recibo à vista e assinado com o seu nome! Só que, talvez propositadamente, onde é que ele colocou o dinheiro?? No gás. Onde já se tinha colocado quase todo. Excepção feita para 10 libras, as restantes 70 foram para o gás. E o derradeiro responsável por isso foi ele, que, como a última pessoa a dar o dinheiro, foi pô-lo onde menos era necessário.

E depois são cínicos a respeito do consumo da electricidade!!

Nas últimas 48 horas, o porquito ligou o aquecimento central - que consome muita energia, durante 10 horas seguidas. Sem necessidade. A casa estava tão quente que eu já me sentia desidratada. E precisei de diminuir a camada de roupa que tinha vestida e engolir uns goles de água. Normalmente ligava-se, no pico do frio, durante três horas. Mas ele abusou e sei que foi intencionalmente. A porquita, quando chegou sem chaves de casa para entrar, também colocou logo roupa a lavar e de seguida, foi acender o aquecimento central e espalhou as roupas por todos os radiadores da casa, voltando a desorganizar a estrutura da sala de estar - onde se colocam as roupas. E deixou aquilo aceso por horas e horas. Num dia em que até esteve sol e ela própria ao entrar, disse que a temperatura da casa estava quente e agradável. Necessidade de ligar o aquecimento? Nenhum. É suposto ser ligado para aquecer a casa, não para secar roupa. E ela deixou-o ligado por três horas, até que quase à meia-noite, eu decidi desligá-lo, indo contra as "regras" da casa, que ditam quem liga é que tem de desligar. Porque ela não dava sinais de vida, a pesar de ter a luz do quarto acesa (o que não quer dizer nada pois sempre a tem acesa) e porque a conheço ao ponto de saber que se estaria a borrifar se o deixasse ligado até o dia seguinte. Eles estão em casa muitas horas mas mesmo quando estão menos, bastam uns minutos, mas valem por minutos terroristas.

E como podem duas pessoas notórias por deixar a luz do corredor acesa a noite inteira enquanto estão a dormir, até a tarde seguinte, quando eu entrava em casa às duas da tarde, terem a cara-de-pau de mostrar surpresa com os gastos da electricidade? Como pode ela, que há mais de quatro meses que dorme sempre com a luz do quarto acesa, gastando quando podia estar a poupar, indignar-se??

Deram 20 libras, metade das usuais 40!
Meteram todo o dinheiro no gás, esquecendo a eletricidade.
Põem-se a consumir gás e eletricidade em excesso, desperdiçando. 
Também desperdiçam a água, pois ainda ontem o porquito foi tomar um banho noturno e a torneira ficou aberta a noite toda. A escorrer aquele fio de água constante, como se fosse uma fonte natural. 

A água é a senhoria que paga - presumo. Mal sabe ela a quantidade, o desperdício imenso que ele lhe causa. Gente que tira proveito dos outros. Da senhoria, dos colegas, sem exibirem comportamentos de consumo equilibrado e responsável. E depois na hora de meterem dinheiro para pagar aquilo que consomem muito mais que os outros, sentem-se no direito de insinuar de apontar dedos noutras direcções.

Sempre tive hábitos de consumo minimalistas e não consigo mudá-los. Mesmo quando estava a tentar gastar para ver se ela "metia" dinheiro na casa, levei dois meses... não fui bem sucedida. Não faço para poupar, faço porque me é natural. Por vezes desligo a luz, porque já me atrapalha a vista, e prefiro ficar no computador com o resto às escuras. Dizem que não faz bem mas... sabe bem. E por ter essa luz desligada e por ser uma pessoa sossegada, é que os porquitos por vezes me julgam ausente e se põem a falar. 

Desde o meu regresso e daquela conversa que o "porquito" me proporcionou, algo mudou. Não me sinto mais bem aqui. Até então, juro, que mesmo a pesar de tudo, sentia-me bem. Agora não tiro prazer. Sei que a minha forma de ser não lhes dá muito espaço para me expulsarem daqui com a facilidade com que expulsaram os outros. As provocações não são correspondidas. As insinuações não são recebidas com revolta e brigas. Na minha ingenuidade, sempre acho que as pessoas, se forem bem tratadas, acabam por reconhecer bom carácter nos outros, e em nome disso, respeitam-nas. Que ingenuidade...

Se eles puderem, claro que me prejudicam. 
O momento que atravesso também não é favorável. Fico muito centrada nestas questões domésticas que antes queria bem longe do meu espírito. Eles estão tão acostumados a me ver fora a trabalhar por longas horas que ainda não juntaram bem o tico com o teco. Porém depois deste fim de semana, restarão poucas dúvidas. 

O que é extraordinário aqui no UK é que, enquanto és uma candidata com potencial, "não te largam". Recebes SMS, telefonemas e emails a te avisar do compromisso. Confesso que sabe bem. Sentes-te optimista. Mas assim que és dispensada, todo o contacto cessa. "Não tente nos contactar por este endereço de email pois a partir de agora toda a comunicação consigo está interrompida se quiser voltar a se candidatar nesta empresa terá de aguardar seis meses". O que achei de uma frieza tremenda. Típico inglês, talvez.  Eu pretendia obter uma declaração de como estive envolvida no processo de selecção - pois isso consumiu tempo e preciso justificar o que andei a fazer para os potenciais empregadores. Se ficares um mês sem descontar, eles querem saber o que fizeste nesse mês. De modo que o stress de ver o tempo a passar é maior devido a esta condicionante. 





domingo, 14 de janeiro de 2018

Juventude versus maturidade


Enquanto jovem e cheia de vitalidade jamais desejei obter coisas de mão beijada. 
Sempre preferi ir à luta por elas. De peito aberto e desarmada, o que torna tudo ainda pior...

Hoje estou drenada. 
Toda a minha vitalidade e energia não passam de miragens que o tempo já começa a duvidar que alguma vez tenham existido. Sou uma sombra, sinto fraqueza e a brisa é capaz de me desmanchar.

Mudei de ideias.
Não quero mais lutar pelo que desejo.
Quero que alguém me estenda a mão e me leve para onde mereço e preciso ir. 

Lutava eu contra as cunhas e agora abençoada for se tiver uma.
Sei que a natureza é a mesma e ia estranhar uma cunha como as células do nosso corpo sente um organismo estranho. Mas ao invés de seguir o impulso de rejeição, que tal tentar acolher? 

Vai um filme para a tarde de Domingo?


O filme que vi hoje, ao final da noite:



chorei imenso!
É um filme que desconfio ir gostar sempre.
Admiro a criação de uma nova linguagem e a sua coerência. As interpretações e a mensagem.
Já não o via fazia muito tempo, procurei-o num site de filmes e estava lá.

Versão dobrado em portugues do brasil

Se o quiserem ver procurem uma versão com qualidade, 
pois sem isso torna-se penoso de assistir.

Exemplo de conversão da imagem para HD.

sábado, 13 de janeiro de 2018

Duas amabilidades do Facebook



O facebook a mencionar que a data de aniversário
não está pública. Mas pode ficar, que eles ocultam o ano.
(by the way... é uma data fictícia)



O facebook a comunicar de imediato que deixei de seguir uma pessoa.
(Preocupados comigo caso tenha amnésia, que simpáticos!)
Mas não tenho de preocupar-me, porque não vão contar-lhe O QUE FIZ.

Já posso respirar de alívio, ufa.
Não  vão contar. 
Pelos vistos cometi um crime mas não me vão denunciar.
Lol. Subtil maneira de exercer pressão e bulling. 

Meu Deus, quem sou eu? Me gusta!

Para mulheres:

Não sei quem eu sou quando estou quase a ficar menstruada. Mas gosto dessa pessoa.

No meu dia-a-dia, preciso de ser mais como ela.

É sempre assim: antes de aparecer, tenho um ou dois dias em que estou com menos paciência, tenho menos tolerância, irrito-me com mais facilidade, vou a extremos emocionais mais rapidamente. 

Não, não é como na ficção em que se passa de doida a aparentemente normal. No trato com os outros até pouco se nota a diferença mas comigo mesma, sinto-me diferente e ajo de forma mais irritável. Sinto-me mais capaz de dar respostas tortas se o caso assim o precisar. Sinto-me também mais capaz de lutar por tudo ou de desistir de tudo. 

Extremos emocionais.
Mas também uma certa névoa no carácter se dissipa e te permite ver o mundo com cores mais feias do que as normalmente vês. E essas cores existem. Só me dou bem conta delas nestas alturas. Nas outras estou vulnerável.



Alguém sabe qual é a "droga" que o corpo produz em maior/menor quantidade nestas alturas?
:D 

PS: Dizem que cai o estrogénio, sobe a progesterona. 

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Hipocrisia


Ah, a hipocrisia!
Decidi não me meter mais nos assuntos da casa e só viver a minha vida porque o "chefe" aquele que acha que manda em tudo e controla a senhoria, mais uma vez, voltou a ameaçar-me. Está a tentar pegar em qualquer coisinha minha que possa distorcer para me prejudicar.


Sendo assim, de facto, é besteira minha (adoro estes termos brasileiros) querer continuar a morar aqui. A ver vamos. As minhas preocupações no momento são outras. Infelizmente uma coisa começa a afetar a outra e não pretendo viver assim por muito tempo. Porém, por enquanto, não pretendo dar o "gostinho" a ninguém. 

Mas vai ser difícil. Sei que sou o próximo alvo.

Agora mesmo, os dois colegas que falam num inglês nativo, que são também os que não limpam e que por algum motivo se dão «muito bem» estavam a falar bem alto pelos corredores. Nisto começam a sussurrar. Depois voltam a falar alto mas quando o tema muda para os colegas da casa, voltam aos sussurros.

Disse-me aquele calhorda (outro termo brasileiro, certo?) que ele nunca falava da vida dos outros e não fazia intrigas. Escutei-o agora mesmo a fazer exatamente isso. Os dois a interrogarem-se se eu estava em casa (viram bem pelas enormes janelas a luz acesa e notam a luz a passar pela porta, por isso não estivessem com tretas) e depois ele fala-lhe de um email que foi enviado à senhoria... 

E a outra, a «nova», que diz que não faz limpezas na casa, goza, dizendo que viver numa casa com pessoas adultas é de se supor que estas não vão escrever emails a falar dos cabelos... 

E riem-se. 

 - - - - - -

Hipócritas. Não fazem intrigas uma ova.
Não se unem contra os outros uma ova.
E que «noções» tendenciosas são estas das regras de como é viver numa casa com outros "adultos"?

Viver numa casa partilhada com outros adultos é cumprir as obrigações, ser cordial, dar um pouco de simpatia, e não virar as costas e mal trocar duas palavras quando alguém tenta estabelecer um contacto. Já se está a rejeitar uma pessoa que mal se conhece. Porquê? Afinal não gosta dos seus olhos? O seu sorriso perturba-os? Estes dois fazem o tipo: «não gosto de ti, esquece-me». Nem fazem um esforço e ainda querem ter razão.

Depois da algarviada pelos corredores enfiam-se na cozinha e fecham a porta, para terem a certeza que suas vozes não são escutadas. "She" (ela) - é o que oiço quando estão a falar dos restantes colegas da casa. A conversa só é interrompida quando batem à porta. É outra candidata a vir morar nesta casa. Aquela pela qual tive de aguardar o dia inteiro, quando me apetecia era sair ou ficar em casa com roupa mais à vontade. Mas como a hora a que vinha era uma incógnita e ninguém mais cá estava, disponibilizei-me a recebê-la.

Uma hora antes dela chegar, os outros entraram em casa e tomaram "conta" da situação. Numa circunstância normal teria ido ao encontro da candidata e cumprimentado todos. Mas fiz muito bem em me manter de fora. Acho que a "candidata" não ficou impressionada, mas não tenho como ter certeza de nada. 

PS: Já tenho certeza: ela acabou de enviar uma mensagem a dizer que não gostou do quarto.

E se calhar, intuitivamente, também não gostou daquelas pessoas que a atenderam. A "minha" candidata - aquela que recebi pela manhã, gostou e quis logo ficar com o quarto. Se calhar a forma espontânea e sincera com que se recebe as pessoas acaba por se sobrepor à superficial e falsa.

Assim que lhe fecharam a porta nas costas, deram uns risinhos e escutei-os também pouco agradados com a pessoa. 


Não sabe ela do que se safou.
Espero que quem venha - que já é do sexo feminino propositadamente porque o outro não se dá com outros "machos". Tem incompatibilidade total. Pelo menos foi o que observei desde que aqui cheguei. Contudo, com a volta que consegue dar às coisas, sempre faz a senhoria acreditar que os outros é que são doidos e o que acontece é que não tem existido sorte com a escolha de rapazes.

Talvez se aparecer  um muito british, que goste de falar do mesmo, ir a pubs, concordar com tudo o que o outro pensa, não limpe a casa e seja bagunceiro, talvez os dois se dêem bem. Mas até agora a única versão disso foi esta do género feminino.  

Sonhos desfeitos


Quero fazer um cruzeiro.
Preciso fazer uma transformação total de imagem.
Necessito de comprar casa própria.

Seria interessante voltar à escola de condução e investir num automóvel.
Pretendo tirar cursos e formações e só trabalhar na área que gosto.

De três em três meses preciso de tirar dez dias para viajar.

Só não tenho dinheiro.
Necessito de ganhar o primeiro prémio do euromilhões.


Se você já tem tudo isto ou quase, não chore. Você já é rico!

Cedo despertar

Eta, que despertei cedo!
Não contava.

Na realidade despertei com as entradas e saídas da rapariga. Que até estava a tentar não fazer barulho algum - pude perceber pela movimentação que normalmente é bem mais sonora. Mas porta da rua que abre e fecha seis vezes seguidas dificilmente é som que passe despercebido. O que não é de todo costume é ela estar de pé a tais horas, menos ainda sair da cama. 

Só faz tardes. É assumidamente preguiçosa para despertares matinais.
Não sei porquê mas isto inquietou-me. 
Aquela sensação de tramóia volta a roçar o meu espírito.

Mas sou eu, que estou a sentir isto e não há volta a dar.
Sinto que vem aí tempestade e que vou ficar em mar.
Sinto-o intuitivamente. 






quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

A vida é uma luta, por vezes tanta pedra cansa


Porra que as coisas são tão difíceis para quem já não é jovem!
Até aqui...
Até aqui, onde pensei que jamais ia sentir isto.

Se eu soubesse o que sei hoje e pudesse ter sentido então o que venho a sentir agora, teria seguido todos os caminhos que pretendia, corrido atrás do sucesso e da fama que sempre estiveram ali à mão. Hoje e desde há muitos anos podia ser rica, financeiramente estável e confortável.

Mas não...
Estabilidade zero.
Futuro negro.

Assim não quero mais "brincar".
Cansei.


De volta aos 20 anos?


Não queria voltar a ter 20 anos mas se pudesse traria de volta o cabelo, o corpo e o rosto dos 20 anos.
Preciso muito mais deles agora do que quando tinha 20.




quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Amanhecer Tardiamente!: Hoje vou voltar-me para o lado das pessoas que são...

Amanhecer Tardiamente!: Hoje vou voltar-me para o lado das pessoas que são...: Existem muitas coisas que me fazem confusão, e esta de existirem pessoas neste país que dizem sentir-se muito incomodadas com os turistas q...



Isto é como se deixa um comentário?
Então cá vai.



Estás muito off. Falas das pessoas e de um modo generalista mas no fundo só apresentas uma visão superficial e limitada do teu ponto de vista, assemelhaste a esse mesmo ponto de vista superficial e limitado mas da opinião contrária.



Falas igual, mas do lado oposto.



Existem motivos mui interessantes e importantes de debater nesta questão do turismo em massa. Por isso é que te digo sem rodeios que a tua abordagem é bem limitada e superficial, assim como é a daqueles que simplesmente dizem que não gostam de ver tantos turistas.


Embora a sensação que têm possa não lhes ser clara, fundamenta-se numa ameaça que os próprios talvez não conheçam, mas intuem. E às tantas até são estas pessoas as mais acolhedoras e menos preconceituosas. Simplesmente são honestas e simplórias, admitindo que preferem cruzar na rua com mais comadres, como era "antigamente", pois podiam falar umas com as outras. Por vezes sao os que nada dizem que guardam preconceitos.



Informa-te melhor. Assiste a documentários. Há dois meses a RTP passou um FANTÁSTICO, que me abriu os olhos. Sobre o turismo de massas, em particular o de navios cruzeiros. Está a destruir cidades como Veneza, sabias? E Veneza, que recebe tanto turista que nem se consegue andar por lá, está mais falida e endividada do que possas imaginar! COMO É QUE ISSO É POSSÌVEL? Sendo tudo tão caro, existindo tantos turistas que trazem tantas receitas?

Pois, mas a pesar de tudo isso, está endividada pelos próximos 500 anos.

Então me desculpa, mas tem-se mesmo de pensar DE QUE SERVE o turismo. Se é para ajudar os corruptos, então que se erradique esse turismo de massas. O povo, que mora na cidade, tem de fugir porque as rendas e o preço de todos os bens escalou para níveis elevadíssimos. Têm de ir viver para a periferia. Para locais menos belos e desertar aquele que sempre conheceram e onde têm raízes. Por causa do turismo e dos interesses económicos que se sobrepõem. Comprar habitação ali é.. para turista rico - MUITO À SEMELHANÇA DO QUE JÁ SE SENTE EM LISBOA.



Em passeio pela cidade, o mês passado, na calçada da ajuda, deparei-me com um novo empreendimento de habitação, moderno, com portão de segurança e ainda o ruído de obras e remodelações. No prédio ao lado - também ele novo, um cartaz enorme numa janela dizia: "TO RENT".

Podes-me explicar porquê o cartaz tinha em letras gigantes "TO RENT". Achas que com isto estão a querer alugar o espaço a um tuga qualquer? Não, têm um público alvo específico: o turista. Nessas mesmas redondezas vi aquelas casinhas de bairro em ruas e ruas, sendo habitadas por pessoas a falar outras línguas. Aqui e acolá ainda avistei a senhora idosa - que provavelmente foi para ali morar junto com a construção da casa. Esses proprietários de origem estão a desaparecer e no seu lugar, surgem outros. Nada mais natural. Mas que outros são estes? O que não se pode admitir é construírem-se bairros turisticos. Só com casas para alugar a turistas a curto ou longo prazo. Ou para serem vendidas aos turistas. Já se tem o Algarve como exemplo. Existem ingleses que nem querem ouvir falar em ir para o Algarve para encontrarem só ingleses... muitos já dizem, aqui na Inglaterra, que existem demasiados ingleses no Algarve e que querem ir passar férias numa vila tradicional, sem encontrarem tudo entregue à turistada.



Voltando ao documentário, além do aspecto financeiro - a corrupção e o exôdo da população local por falta de poder de compra (que é o que se começa a ver em LISBOA), também existe a extraordinária POLUIÇÃO que os navios cruzeiros trazem para as cidades. Só coisinha pouca como... 200 mil carros! é essa a quantidade de fuel e poluição que um navio gigante transporta e oculta. Mas o pior é que a movimentação as águas daquele bossal altera o leito do rio, causando danos estruturais e ameaçando a própria existência de veneza que, como todos sabem, todos os anos afunda mais um pouco.



Por acaso achas que só veneza pode ser sujeita a esta catástrofe? Lisboa, construida que está na zona ribeirinha por espaço roubado às águas, achas que com a chegada de mais navios cruzeiros nada afectará a cidade? Tudo é só rosas?



As pessoas já estão em exodo. O comércio já está quase todo banalizado em lojas de souvenirs. EQUILIBRIO é necessário! Tem de ser exigido. O turismo tem várias caras feias - e não te podes centrar na singela superficialidade de gostar-se ou não de os ver em grande número.



Nessas cidades do documentário as pessoas pintavam nas ruas, nos pavimentos, nas paredes, as palavras "Turists, go home". E tens a ousadia de afirmar que Portugal é que é ingrato e quer expulsar pessoas? Desconheces Veneza, Roma e outras cidades! Vai lá e vais ver como é o trato dado ao turista. Em muitos sítios viram-te a cara e dão-te aquele trato de cima para baixo e desprezo.



PORTUGAL NO SEU MELHOR.... Sim, continua melhor que outros locais.

Não é o paraíso mas também não é o inferno.


Já agora, a tua escolha de dizer para o azulejo é um dos meus favoritos. Mas cada qual interpreta como quer. Tu interpretas para o xenofobia eu interpreto para o gostar de receber amigos de peito aberto.



Espero que tenhas gostado da informação que te deixei.
Procura no site da RTP pode ser que o documentário esteja disponível.

neurologices


O que me está a atormentar o espírito hoje é a constatação de não ter tido o que me apeteceu ter tido.
Se não ganhar o primeiro prémio do Euromilhões de imediato, vai ser tarde demais.




segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Os artistas que conheci


Acordei de um sonho. Neste sonho duas personagens muito famosas de duas histórias que vi na televisão encontram-se numa só. Os meus sonhos têm, desde a entrada na idade mais adulta, o inconveniente de serem esquecidos quase de imediato. Daí que a primeira famosa personagem que partilhava a história com outra, não recordo mais. A primeira parte do sonho foi para ela. Mas a emoção maior para mim, espectadora novamente, foi quando a banda sonora voltou a tocar. Aquela banda sonora que me trazia todas as emoções e mais algumas - tristeza, alegria, conforto, abandono... e que nunca mais ouvi. Esta melodia dá os seus primeiros acordes e eu fico agarrada a ela em êxtase, desejando que não termine com a próxima cena por desvendar. Na minha mente, que agora é a história, só se vê o interior de uma igreja pelos olhos de alguém a movimentar-se dentro dela. É então que aquela melodia que ouvi vezes sem conta por volta dos meus 13 anos é interrompida pelas personagens. (é sempre assim). 

Plano geral, lado direito de onde se movimentava a personagem. Cenário: o interior da igreja, mesmo antes de se chegar à ala do lado esquerdo. Essas duas personagens param ao se ver. Plano de rosto:

Padre: - Fulana!! (olhando bem para o rosto para acreditar).
           - Passaram-se 30 anos! (surpreso, mão erguida para quase tocar esse rosto, enquadrado por um véu de igreja)
           - Linda. Você continua linda!
 Figura misteriosa:
            - Deixe-me dar-lhe um abraço, padre! (diz emocionada e já indo abraçar). (plano médio por detrás do ombro da mulher)
            - Esse não muda, é o mesmo do tempo das dificuldades!  (plano médio com os dois)

Satisfação entre as personagens. Alegria de reencontro. Separação do abraço.
              - "Como ele está?" - pergunta a mulher.  (plano no rosto da mulher)


Foi com isto que sonhei e nesta parte despertei.
Vieram então à memória algumas lembranças daquele tempo. 

Lembrei o quanto naquela altura «entendia» a personagem. Olhando para trás, diria que foi impressionante o quanto a «conhecia» talvez pelo que partilhávamos em comum, salvaguardando as enormes diferenças. Essa afinidade diria que tornou-me intuitiva a seu respeito. Continuava a vê-la apenas como uma personagem de ficção, mas também tinha sido uma pessoa real e era com essa que, por vezes, parecia estar conectada. Algumas vezes a história era contada de uma forma que eu sentia que não tinha sido assim. Uma sensibilidade que reprimia e mantinha secreta. A sua vida separada da história começou a interessar-me. Em silêncio e em segredo, comecei a procurá-la.

Depois lembrei-me que anos mais tarde estive com a atriz que interpretou a personagem.

Separo muito uma coisa da outra. 
Não sentia particular gosto ou desgosto pela pessoa, pois não a conhecia, ainda que lhe conhecesse pormenores da vida pessoal e o seu fisico. Quando subitamente me vi na presença dela, não foi nada de especial. Foi normal. Para mim era apenas um rosto que me era familiar através de um monitor de TV e eu uma desconhecida, ambas com um momento em branco. Aproximei-me como me aproximaria de qualquer outra pessoa e falei do propósito que ali me levava. Esta pessoa teve uns segundos de "si mesma" e depois muito rapidamente, como se arrependida e assustada pelo momento de espontaneidade, fechou-se numa esfinge. Talvez por ter entendido que não conhecia de lado algum aquela estranha de rosto estragado. Senti repulsa emanando dali. Tinha de se proteger e fazia-o calando-se e despachando a pessoa. Podia ser mais um doido. São todos doidos.
Ficou com o rosto sério, sorriso só o necessário e amarelo, processo de assinatura de autógrafos em piloto automático. Rabisco igual em cada folha do livro e "próximo" a palavra que lhe sai da boca, também automaticamente. Seria até impossível não deixar de sentir que te expulsava com um tanto de repulsa, medo, até desprezo. 

Uma forma escolhida de se preservar. (Que não é nada simpática).

O artista pode sentir-se esmagado pela própria coisa que anseia: o público.


É engraçado porque, podia adorar todas as personagens que já fez na TV - o que não é o caso, mas esta coisa de afinidade nada tem a ver com o talento. Lembrei-me então de outras vezes que também cruzei com outros artistas das mesmas histórias, vistos pelo mesmo monitor. Cruzei-me com três em circunstâncias diferentes: uma sessão de autógrafos, uma formação, um convite. 

E na realidade, a qualquer momento a vida podia ter feito com que me cruzasse de muitas maneiras diferentes. Há quem procure, anseie e deseje o contacto próximo com os artistas que vê na televisão. Há quem sonhe. Eu? Nem por isso. Talvez até fuja.


Mas ponderava então sobre o real e o ficcional. Sobre esta pessoa não formava nenhuma ideia em particular, de modo que, quando a «conheci», não tinha expectativas e por isso estas não podiam sair frustradas. 

A da formação, foi a mais interessante. Porque dessa guardava uma impressão intuitiva que surgiu na primeira vez que a vi a fazer uma personagem na televisão - também durante a minha infância. Tive quase instantaneamente uma sensação de que não ia gostar da pessoa se a conhecesse. Uma forte sensação me dizia que, na vida real, aquela não era uma boa pessoa, estava longe de ser doce ou ingénua como a personagem que estava a interpretar. Achei que não ia gostar muito dela. Vai que no instante em que partilhámos o mesmo espaço, mesmo com toda a cordialidade de parte a parte, a mesma impressão mantinha-se. E o que é mais interessante: parecia ser mútua. 

Durante o tempo em que nos relacionamos profissionalmente, sempre existiu respeito, cordialidade. Mas nada além disso. Acho que ela usava máscaras sociais - todos usamos, mas que não conseguia ser autêntica em nenhuma, tendo propósitos ocultos e egoístas. E isso não encaixa com a minha forma de ser. Entendo a timidez, mas não entendo o disfarce. 

Não a achei má pessoa, nem boa. Só existiu mesmo aquela sensação de incómodo ou falta de afinidade. Mas o melhor foi mesmo a casualidade de poder ter tido a oportunidade de me confrontar com essa sensação que estava enterrada e de poder receber um retorno. E o que recebi pareceu ser mútuo. Nunca que nenhuma tratou a outra mal, sempre existiu educação, cordialidade. Mas lá no fundo mantinha-se o tal desconforto. Mútuo. Aquele do primeiro instante que senti na infância através de um monitor.

Adivinho que ela diria que são coisas de vidas passadas. Que não se explicam. 

Acredito que, por vezes, é mesmo possível entender algo da pessoa por detrás do que "finge" ser. Por vezes acerto na muche - mais do que parece. Foi o caso da terceira pessoa. 

Sobre esta só posso dizer que tinha sim uma certa impressão. Que era super talentoso! Achava que podia pegar em qualquer coisa e sair-se bem. Vai que quando a pessoa surge à frente, vejo um indivíduo muito dedicado e apaixonado pela sua profissão e muito tímido. Se o tivesse imaginado, imaginaria assim mesmo como se apresentou. Ainda assim, foi um choque. A sua timidez e humildade tornou-se íntimidante pela familiaridade. 

Pessoas que transmitem tanta garra e energia no ecrã, tanta virilidade ou sensualidade, por vezes, na vida real, têm tudo isso quase guardado em segredo dentro de si.  Não é coisa que saia para fora com a facilidade com que sai nas personagens. E talvez por isso seja tão agradável fazer essas personagens e se demonstre especial talento.



E pronto. Foi nisto que o meu sonho me pôs a pensar!
Durante toda esta exposição, a melodia não deixou de se pavonear de vez em vez pelos meus neurónios. 




domingo, 7 de janeiro de 2018

Um documentário muito perturbador


O ano mal começou mas acredito que nos 359 dias que restam dificilmente vai surgir uma história mais chocante e perturbadora que esta. Preparem o vosso espírito. 

Vejam já porque o canal que a disponibiliza já avisou que está em risco de ser encerrado pelo Youtube. 

Instruções para activar (uma péssima quase imperceptível) legendagem em Português:

Activar as legendas carregando em 1 (surge um risco vermelho abaixo do símbolo)
Carregar no símbolo da seta 2


Escolher legendas/CC 

Depois carregar em Traduzir Automaticamente
Escolher então Português

Esta é a pior história real sobre uma família que podem assistir este ano.



Partilhem o vosso pensamento nos comentários. 

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018


In pt.petitchef.com
Uma pessoa sabe que está velha demais quando alguém pergunta 
num site de culinária "o que é Vaqueiro".

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Opinião cristalizada sobre Barack Obama


Este é o documentário que, para mim, separa a propaganda do homem. Ao assisti-lo entendi de imediato quem é "Barack Obama". E desse ponto adiante nenhum fogo de vista, sorriso pepsodent, acção publicitária, diz-que-disse vai alguma vez ofuscar o que aqui fica cristalino como água: o carácter de Barack Obama.



Digam-me lá se, depois de tudo o que aconteceu durante o seu mandato: as promessas por cumprir ou falta delas, o empatar a resolução de um caso de vida-ou-morte, a falta de interesse político em libertar americanos capturados, depois de tudo ter resultado na indubitável morte por tortura e assassinato de uma jovem que só queria ajudar os outros, digam-me lá se prometer uma doação anónima e não cumprir a promessa é coisa de homem às direitas. Não é, pois não?

Ele tem filhas. Uma delas podia ser Kayla.
Partilhando de alguma responsabilidade pelo sucedido, de pai para pai, olhos nos olhos, Obama fez uma promessa.
E não cumpriu.

Ficou cristalino.




Resumo:
Está prestes a estrear no cinema mais um filme sobre a bravura americana de jamais deixar um soldado ou compatriota para trás, indo a todos os esforços para salvar um dos seus. Depois existe a realidade. Aos 24 anos de idade Kayla Mueller foi prestar ajuda humanitária a refugiados sírios na Turquia. Aceita ajudar um membro da organização Médicos Sem Fronteiras a levar equipamento para um hospital na Síria e é então, junto com outros, capturada pelo ISIS. Os pais tentaram negociar a sua libertação mas esbarraram na falta de interesse tanto da parte do governo - que lavou as mãos, como das instituições humanitárias - que nem reconheceram a presença de Kayla. Num mundo de polítiquices, Kayla mostrou-se uma heroína típica da ficção americana. Não foi salva, não regressou para os braços dos pais e sofreu horrores, até eventualmente ser assassinada. Contudo, a sua vida foi muito importante para aqueles que ela influenciou.