sábado, 30 de setembro de 2017

Rutger Hauer - Calado seria um poeta (1)


O ator que fez parte do elenco do filme Blade Runner comentou que a sequela, presentemente nos cinemas, é desnecessária.

CALADO SERIAS UM POETA!

A opinião dele é:

«O filme não precisa de continuação. Mesmo que tivesse saído alguns anos depois do primeiro. Se algo é tão bom quanto Blade Runner, porque tentar replicar? É como cavar a própria cova!»


Ai, ai Hauer...

Uma pessoa admira o trabalho de um ator e depois este sai-se com pérolas destas...
Como se o mundo do cinema não estivesse repleto de sequelas e prequelas. Como se hoje até não fossem os filmes originais já feitos visando esse propósito. 

Nem parece que o ator fez parte deste filme revolucionário, que estava à frente do seu tempo...

Porque não Blade Runner?
Se O Tubarão teve tantas sequelas... e por pior que fossem nenhuma retirou ao original a qualidade que tem, nem os fãs diminuíram ou deixaram de gostar tanto do filme. Então, pergunto eu, porque não uma sequela??
Será porque ele não participa nela? Sempre tive imensa curiosidade sobre o que acontece depois de Deckard (Harrison Ford) «fugir» com a amada «réplica», Rachel, por aquela estrada entre montanhas. Uma mulher cuja data de falecimento tanto podia ser para breve, quanto não. A escolha que ambos fizeram... o que aconteceu para além disso?


Não recordo que outro filme clássico podia ter tido mais razões para uma sequela ou para ser re-contado. Talvez seja o filme que mais curiosidade despertou ao chegar ao fim. Faz sentido que o explorem. Na realidade só não fez sentido terem esperado 35 anos para o fazer!!

Dizem os que já viram, que o novo filme é maravilhoso.
Uma obra prima.

Decerto que vale a pena dar uma espreitadela :) 

Quem o conhece?

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Afogada num mar de smartphones


Ando a ler sobre smartphones porque estou a conjecturar adquirir um «melhorzinho», já que o que sempre gostei de fazer desde pequena quando nada disto existia, era gravar vídeos e tirar fotos. 


Mas cada vez que vou pesquisar sobre um qualquer modelo, sinto-me a afogar!
Afogar em dados e mais dados, que não me fazem decidir nem por A, nem por B, nem por C, nem pelo A edge, B egde, A4, A5, A5x....



SOCORRO!!!


Porque é que dificultam tanto as coisas??



Tive o primeiro smartphone no Natal de 2014. Ainda é esse o telemóvel que tenho. Foi dos mais baratos e não tem grande capacidade de armazenamento interno (apenas 500mb que é «todo» consumido pelas aplicações básicas). A câmara é uma piada. Mas é o que me tem servido até hoje.

Por isso estou a pensar investir numa máquina superior. Para ter boas fotografias, com bom contraste, cor e definição, sem ter de recorrer a um programa de melhoramento de imagem.  O mesmo para os vídeos.


A questão é que já pesquisei talvez uns 30 smartphones e não consigo decidir nada. Ora o sistema operativo X é melhor que Y, ora a câmera é dual mas não é top, ora as cores são estranhas, ora é «tudo de bom» mas existe um «efeito gelatina», e depois existe a questão do preço - que aqui nem coloquei como um problema. Vou até onde achar que mereço ir, desde que obtenha o que pretendo. 

O problema é mesmo conseguir entender, dentro do que existe, qual aparelho oferece as melhores condições para o que pretendo! Cada vez que vou pesquisar são todos bons, todos com variados preços bem dispares.  Sinto-me perdida. Por mim estava decidido: comprava todos, usava-os e depois tomava a minha decisão! Mas não é assim que pode ser...


Aderi a canais do facebook e do youtube de pessoas que só fazem críticas a lançamentos de equipamentos como smartphones, incluindo um tipo chamado Tiago que faz testes como eu gosto: com vídeos e fotografias, em simultâneo, comparando dois produtos distintos. Mas quando pensei que tal recurso podia ajudar, senti-me novamente a afundar num mar de informação.... Porque se entre A e B gosto de A, entre A e C já não tenho a certeza. Juntando D, F, G e o novo A versão X, afundo de vez.

E neste mar de excesso de informação, pouco se consegue decidir.



quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Eu escrevo, que mal tem??


Eu sou de comunicar pela escrita. 
Nesta casa já me assumi como uma «escritora» de bilhetes.
Cada vez que precisei comunicar algo aos restantes moradores da casa, como é raro nos vermos, principalmente todos de uma vez, é comum escrever uma nota e deixar na cozinha.

Foi assim desde o início.

Por qualquer coisa que pretendia saber ou comunicar eu escrevia um (por vezes longo) bilhete e afixava na porta do frigorífico.


Foi o que fiz quando precisei avisar que acabou-se a luz e precisávamos colocar dinheiro. Foi o que fiz quando em Fevereiro me ausentei por uma semana - deixei bilhetinho a avisar que ia estar ausente. Foi o que fiz quando desejei FELIZ NATAL a todos, em Dezembro: escrevi email, enviei cartão postal, decorei a casa... Escrevi também bilhetinhos para qualquer coisa: principalmente para disponibilizar comida que de outro modo seria desperdiçada. Um bolo-rei, três pão em baguete, chocolate, iogurte, donuts, legumes e frutas congeladas, café acabado de moer, cerejas acabadas de colher...

ENFIM.

Eu escrevo bilhetes no intuito de comunicar. Não vejo nada de mais nisso. Até já deixei bilhete escrito quando não percebi porquê a máquina de lavar novinha não estava a ligar. E escrevi bilhete quando nos atrasamos nas limpezas da casa e pedi para apanharmos o ritmo porque vinha aí um novo inquilino. 
Há momentos porém, surpreendi-me com um pedaço de conversa que me pareceu escutar. Acontece que ontem, quando num raro momento em que me alimento nesta casa, fui até à cozinha preparar uma salada para comer, fi-lo em frente ao sítio onde há uma semana colocaram o comprovativo em papel de carregamento da eletricidade e gás. Já nem me lembrava disso. Ora, o «novo» inquilino às tantas entrou na cozinha (o que faz amiúde quando escuta pessoas lá) e às tantas ao ver o papel pergunto-lhe se já haviam dito à penúltima sobre o carregamento. É que ela não estava quando precisamos fazer o depósito, por a eletricidade ter chegado ao fim. Estava apenas a 50 centimos de ser cortada! O que significa que ela não entrou com a sua parte. Na altura os dois começaram logo a dizer que depois se pediria a parte dela quando chegasse. Só que ela já chegou faz uns dias e eu ainda não a vi. Já a ouvi, em conversa com ambos os dois. E por isso perguntei ao primeiro que me apareceu à frente se já haviam falado com a penúltima. 

Vai ele, que até foi o que meteu mais entraves e sugeriu que pagássemos menos que o habitual e a seguir cobrássemos pessoalmente 10 libras da penúltima pela parte que lhe competia, responde que «não quer meter-se nisso» e que «deixava para nós» por «não gostar dessas coisas». Ao que eu respondo »mas eu também não gosto!». No sentido de que ninguém gosta de cobrar dinheiro de outra pessoa... Ele sugere que se diga ao outro inquilino - o que está aqui há mais tempo, para o fazer. O que eu não entendo bem... porque não vi necessidade de «designar» uma pessoa em particular para a simples tarefa de dizer a um residente para dar a sua parte. Não é algo extraordinário. É de se esperar ter de se pagar contas, pelo que é uma comunicação esperada. 

Mas não pensei mais nisso e fui à «minha vidinha».
Vai daí decido ir às compras e ao descer para a cozinha, vejo o papel e lembro de deixar um bilhete. A verdade é que lembrei que ainda não sei fazer o carregamento para se ter eletricidade. E por esse motivo quando percebi que apenas se tinha 0.50 centimos, e estava sozinha na casa, pensei em ir imediatamente carregar algum só recorrendo a dinheiro meu. Mas como? Se ninguém me mostrou até hoje (não por falta de o pedir) como se faz??

Corremos o risco de ficar às escuras só porque apenas uma pessoa nesta casa «guarda o segredo» de como se faz o top-up (carregamento) das contas a pagar. Ocorreu-me então que se a penúltima desse a sua parte, como estou no meu dia de folga, era capaz de ser esta a tão aguardada oportunidade para finalmente saber como se faz o top-up. E essa simples e rápida lembrança fez-me escrever um simples e simpático bilhetinho.  


VAI QUE HÁ MOMENTOS oiço o mais novo inquilino abordar o mais velho e só escuto o seguinte: "é para deixar as coisas claras"... "não fui eu...." E o outro responde: "não faz mal, ela não estava em casa. O que importa é que temos eletricidade".

Lol.
Não é preciso muita inteligência para fazer a ligação do raciocínio. O «mais novo», com receio de o interpretarem na sua verdadeira natureza (na realidade está preocupado mas não quer passar essa imagem) tratou de «descartar-se» de qualquer autoria pela presença do bilhetinho.

Como se o bilhete tivesse algum conteúdo ilícito, ofensivo. 
Atribuindo ao mesmo essa conotação!!

E quem o escreveu? Eu...
A quem estava ele então a «passar a responsabilidade» desse «gesto ofensivo»?
A mim.

Fez-me sentir uma pessoa vil por estar a lembrar a uma pessoa que na sua ausência foi preciso pagar as contas da luz e gás! 


Não achei bem.
Não gostei mesmo nada.


(PS: sobre o novo inquilino já estive para vir aqui fazer uma actualização. Mas adiei por preferir dar destaque a outros temas que não estes domésticos. Por isso está em falta uma «actualização» e contextualização. Que agora é necessária para contextualizar o que por aí poder vir). 

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Lancei uma moda


Sem o desejar e sem os outros admitirem, acabei por lançar uma MODA no local de emprego.

A moda da trança no cabelo!!



Como o tenho longo e preciso de o prender, o mais prático e também mais saudável, é a trança. Que comecei a usar quase todos os dias, por volta de Janeiro. Os elogios não tardaram mas, como sempre fiz, dei pouca importância aos mesmos. 

Há coisa de umas três semanas é que dei conta do «fenómeno». 
Ao circular pelo emprego, fui dando conta que cada cabeça que me aparecia à frente tinha trança. No dia seguinte o mesmo, e depois o mesmo... e aí percebi que me estavam a copiar eheheh!

A este tipo de pessoa dá-se o nome de "aquela que faz os outros seguirem uma moda". A «lança-modas».

É curioso perceber que, após tantos anos, ainda tenho esta capacidade extraordinária. Sendo que o espanto está no facto de não dar qualquer importância a modas nem me envaidecer com elogios. Elogios esses que outros escutam e, na esperança de receberem também uns, vão e imitam o «elogiado».

Agora as cabeças do mulherio - excepção feita para duas - estão «infestadas» de tranças. Não importa o tamanho do cabelo, lá conseguem entrançar uns fios. 


E sei que não chegaram lá sozinhas por lhes conhecer as anteriores opiniões sobre os próprios cabelos. Uma só o queria «eriçado», porque dizia que não tinha volume então todos os dias exibia com vaidade o cabelo que mais parecia palha seca. E quando lhe diziam algo menos bom logo respondia que adorava e não ia mudar. Já o namorado dela foi dos primeiros a elogiar o meu cabelo, primeiro pela reacção de espanto e agrado que vi nos maneirismos e olhar. Dele e de outros, ao que reagi fingindo não reparar. Disse-me que gostava muito de me ver com trança e com ele solto (antes de o prender). É muito raro aparecer com ele solto mas os poucos que me viram reagiram com espanto e agrado, ficando a mirar. O que é natural, quando se convive de uniforme e cabelo apanhado. Quando calhei dizer que o pretendia cortar pareceu ficar incomodado e logo mostrou-se contra, dizendo-me que tinha um cabelo bonito de que ele gostava muito :)

Vai que há coisa de três semanas, um dos gerentes - gay, decidiu, mais uma vez, elogiar-me o cabelo. Só que o fez assim no meio de muita gente, durante o expediente. Elogiou-me numa trança e, a brincar, perguntou se «podia ficar com a minha trança» porque só lhe dava vontade de pegar numa tesoura e mo tirar. 

Depois deste instante, a «enxurrada» de cabelos entrançados não demorou a chegar, eheh.
Quase todos em cabeças de mulheres vaidosas, que tinham um estilo diferente e diziam estar satisfeitas.



O que é o poder de uma trança no cabelo certo, hei?
Ou então o poder de encantamento que o cabelo longo tem nos homens... gays ou heteros.


Mal sabem eles que o «cabelo da inveja», o cabelo inspirador de modas - este que carrego na cabeça e que não acho nada especial é somente uma amostra do que um dia chegou a ser. Está nos últimos momentos da sua vitalidade. E não sabem o quanto me entristece viver todos os dias com a sua queda irreversível.

Porém isto serve para eu descobrir que tenho de apreciar o que tenho, enquanto ainda tenho e para voltar a constatar que, mesmo algo que para nós não está bem, pode ser para outros um alvo de inveja e desejo. 

Boa semana, pessoal!!



sexta-feira, 8 de setembro de 2017

♫ Jingle Bells...


Em Portugal também já está assim??


quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Valorizando a Caixa Registadora


És bom no teu trabalho se fores o que colectou mais dinheiro dos clientes

Foi a essa conclusão que cheguei após escutar a conversa entre três chefes. Falavam de empregados quando chegaram ao nome de um rapaz. Um dos chefes não estava a lembrar-se de quem se tratava pelo que depois de uma breve descrição lembrou-se. A descrição que mais usaram para o definir foi «ele é muito bom». Mas já não se lembravam onde ele andava. Por fim, curiosos, chegaram à conclusão de que o «muito bom» já não estava a trabalhar na empresa. Talvez para lá de dois meses. Ninguém sabe quando foi embora!

Fui eu que adiantei: Acho que ele só pretendia ficar até finais de Junho, Julho - participei.

Estamos em Setembro. 
Passou Julho, passou Agosto. E veio Setembro.
Em todo este tempo ninguém sentiu a falta do «muito bom».

E o que achei realmente grave: ninguém sabe as circunstâncias em que saiu da empresa. Se comunicou a alguém, a quem, ou se algo terá acontecido. Só chegaram àquela conclusão por um deles ter avistado um documento que permite essa dedução. 

Mas eu adivinho. 
Trabalhei com ele e escutei a sua postura diante da empresa. O «muita bom» estava a cagar-se para aquilo. O «muita bom» não pretendia ficar ali muito tempo. O «muita bom» só gostava de gabar-se. Era tão inconveniente e fazia comentários irritantes que até teve um superior a «relembrá-lo» quem mandava ali. Achava-se o maior, o melhor. O mais rápido e ele próprio dizia a todos os outros que era quem mais fazia dinheiro todos os dias. 

Mas como é que o «muita bom» conseguia essa proeza?

O «muita bom» era LADRÃO de clientes. 
O «muita bom» encostava-se à caixa registadora e não se afastava muito desta. Recusava-se a fazer todos os outros trabalhos dentro do bar, como arrumar os copos nas prateleiras. Porque nesse simples ato podia perder um cliente para outro colega e isso arruinava o seu objectivo de ser o «maior». O «muita bom» deixava o trabalho pesado para os outros. E se avistasse um cliente a aproximar-se do lado oposto, mesmo que um outro colega estivesse mais perto e já a estabelecer contacto com o cliente, ele ignorava e «roubava» o cliente.

Outros ali fazem o mesmo.

E ele era mentiroso. Gostava de inventar histórias. Porém descobri-o também traidor e vil, porque quando serviu de testemunha do conflito que tive com o bully, vim a descobrir que todo o seu depoimento foi inventado. Foi como ler um conto de ficção científica. Ele pôs-se a relatar acontecimentos que não presenciou, atribuindo falas às personagens que jamais foram pronunciadas. Só que as «personagens» não eram ficcionais, eram pessoas de carne e osso e ele não teve escrúpulos em brincar com a vida de outras pessoas. O que demonstra mau carácter. 

Por isso não considero este tipo de empregado «muito bom». Considero-o bem mediocre e de pouca confiança. Porque além de «roubar» clientes e recusar-se a trabalhar, também dava para entender que estava-se nas tintas para tudo. Se isso é ser «muita bom»? Acho que é o oposto.

Cheguei à conclusão de que uns são «formiguinhas obreiras», como certamente é o meu caso. E outros são as «rainhas da colmeia» ou as «celebridades» locais, que irradiam um falso brilho sobre o qual giram os mosquitos e outros insectos parasitas. E nem sempre estas pessoas são melhores pessoas. Muitas vezes, são até o oposto. Tirem-lhes o apoio das formiguinhas obreiras e não são nada. Contudo, são as formiguinhas obreiras que são consideradas dispensáveis. 


domingo, 3 de setembro de 2017

Falta de empatia - 2


Fiquei em CHOQUE
quando uma colega no emprego a quem pedi uma troca de turno recusou-se a colaborar. Ela sabia que os meus motivos se prendiam com a presença de família aqui em Inglaterra. Família essa que não tive oportunidade de ver porque estamos em áreas diferentes do país. Mas como vão ter de se deslocar à cidade onde estou a trabalhar, com a troca de turno tenho uma tarde para estar com eles. Essa colega sabia de tudo isto, veio até puxar conversa comigo para me extrair informações sobre os meus familiares. Quem eram, o que faziam, se já tinha estado com eles, etc. Há semanas ela estava a sentir-se revoltada e chateada com uma situação no emprego e eu «emprestei-lhe» os meus ouvidos, nos quais ela pode desabafar. 

Além destes factores também existem bons motivos práticos para ter contado com a colaboração dela, tendo sido apanhada de surpresa com o «não» e o motivo fútil que apresentou. Muitos deles só os juntei DEPOIS da sua recusa, o que só fez foi revelar de vez e solidificar a então ténue malícia e egoísmo que pressentia no seu carácter. 

Ela só vai trabalhar dois dias entre as folgas. O que significa que a troca não a ia desgastar de maneira nenhuma. Seria o primeiro dia de trabalho dela e só teria de entrar três horas mais tarde. O que significa três horas a mais para dormir, não ter de acordar de madrugada e poder estar mais tempo na cama com o namorado. Mas ela recusou dizendo apenas que «não queria sair mais tarde». 

Não é por querer ficar com o namorado depois, não! Porque este também trabalha ali e vai entrar exatamente quando ela vai sair. Ela estaria com ele sim, se aceitasse a troca. Ia partilhar três horas do seu dia com ele, se aceitasse. Da forma como está, os dois só dormem na mesma cama mas não se vêm. Porque quando um está a entrar em casa, o outro está a sair. Nem é por ter família com quem quer estar depois, porque não a tem. Nem muitos amigos próximos. Foi simplesmente por lhe ter sido dada a oportunidade de «ser cabra», como diz algumas vezes. E por egoísmo. Visto que quem sai três horas depois tem trabalhos diferentes para concluir, geralmente mais «chatos». 

Mas tudo acontece por um motivo e a sua recusa ajudou-me e muito. 

Julgo que de hoje em diante não vou mais iludir-me a respeito de quem ela é. A sua juventude e personalidade tagarela disfarçava um pouco a sua malícia e preguiça. Mas ela escolheu deixar bem claro que lado prefere mostrar comigo.  

Sei que um dia o Karma a vai apanhar pela sua falta de empatia. Principalmente quando esta não lhe custaria quase transtorno algum. Por isso é que foi feio e revelou que ela carece de aprender a lição sobre nos ajudarmos uns aos outros, porque um dia sou eu, no outro serás tu. É claramente uma lição que a jovem está a precisar aprender. Será a vida a lhe dar. Não é assim que todos nós aprendemos as nossas?

A sua recusa também me fez aprender. 
Ajudou-me a entender quem é.
Ajudou-me a entender quem preciso de ser (e teimo em não conseguir).

E ajudou-me a encontrar pessoas de melhor carácter. Prontas a ajudar o próximo.
É sempre bom quando se identificam pessoas assim! :D


Fiz a troca à mesma e no processo confirmei quem são as pessoas de carácter mais nobre com quem posso contar.





sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Falta de empatia


As aranhas voltaram a fazer-me das suas.
Há dois dias avistei, pelo canto do olho, algo a mexer e quando pus os olhos em cima da carpete, lá estava ela, grande, cheia de pernas! A atravessar o quarto em direcção à cama.



Consegui esborrachá-la mas a malandra ainda lutou pela sobrevivência e, com menos uma perna, tentou fugir. Implorei para que fosse um golpe de misericórdia pois, a pesar de tudo, não me agrada matá-las e, a ter de fazê-lo, não quero que seja demorado.

Hoje por volta das três da manhã, a cena voltou a repetir-se. No mesmo local, o mesmo tipo e tamanho de aranha!

Já não gostei. É uma frequência demasiado grande e não acredito muito em coincidências. Comecei a pensar que certamente existe uma razão para elas aparecerem mais vezes. E claro que atribuo essa possibilidade a alguns hábitos que se praticam na casa. 

Aqui deixam-se as janelas abertas durante a noite. E as luzes do corredor, que iluminam essas janelas, também acesas. As portas dos cómodos em comum não são fechadas, pelo que qualquer inseto ou praga no exterior tem uma espécie de "farol" a guiá-lo para o interior.

Quando o colega esteve de férias, por casualidade de uma grande ventania, começou-se a fechar as portas e, ocasionalmente, as janelas. E não é que tudo melhorou?

Não apareceram mais insectos ou aracnídeos, pelo menos no piso de cima. 
No piso de baixo, por dificuldade em chegar às pequenas janelas superiores que o colega abriu sabe-se lá como, acaba-se por as deixar abertas 24h por dia. Mas essas portas - a da cozinha e a da sala, ocasionalmente são fechadas.

Por exemplo, quando a penúltima colega fez da mesa e cadeira da sala um estendal de roupa durante quatro semanas, começou a fechar a porta para deixar mais "oculto" toda a desarrumação. 


Acontece que, em ambas as ocasiões, quando elas me apareceram dentro do quarto, tinha acabado de ir ao WC onde também vi outras de tamanho considerável mas menores, e as esborrachei. Desde que cá estou a morar tenho visto sempre aranhas nesta casa. Por vezes ignoro-as, a maioria das vezes, tento escorraçá-las ou eliminá-las. Depende. Mas quando dentro do meu quarto e de noite, enormes que são, não consigo simplesmente "ignorar". Pois se adormeço sei lá o que elas decidem fazer... 
De dia vejo-as, estou ativa, se uma se aproximar provavelmente dou conta. Mas de noite quero é entrar no sono... Não quero preocupar-me com o ter uma ou duas a rastejar-me pelas pernas acima ou a passear no meu rosto e cabelo.

Aliás, o primeiro «contacto em primeiro grau» que tive com uma aranha nesta casa, foi precisamente durante a noite, luz apagada, computador aceso. Mexia na cabeça quando dei conta, graças à luz do aparelho, tinha uma pequena aranha pendurada no cabelo. Esta acabou por cair em cima do portátil e enfiar-se dentro do teclado. Aí é que não dormi em condições, pois a sabia viva, capaz de escapar do seu esconderijo de volta para o meu corpo ou então procriar centenas de outras aranhas dentro do aparelho eletrónico!

Aqui nesta casa, quando partilho as minhas preocupações com as aranhas - o que até agora só fiz realmente duas vezes num espaço pouco maior que três meses, brincaram com a situação. 

E foi assim que ainda há instantes, numa rara ocasião em que vi a penúltima colega a aspirar o quarto dela que fica ao lado do meu - quarto esse no qual ela mantem a luz do teto acesa durante toda a noite, até amanhecer e deixa a janela aberta -  pedi-lhe que "aspirasse" a aranha esborrachada durante a madrugada. Pois eu já não tive coragem de abrir a porta do quarto e sair para o corredor, onde poderia encontrar mais aranhas. Nem a apanhar com papel higiénico e atirá-la na sanita, pois é onde poderia encontrar mais aranhas. Mas acima desses motivos, não saí do quarto por causa dos outros que estavam nos seus. Não quis incomodar ninguém. Caso visse outras aranhas e estivesse sozinha em casa, tudo bem. Podia fazer barulho na tentativa de "caça" às mesmas e até dar uns «gritinhos» mais altos. Mas havendo outras pessoas em casa, procuro ser atenciosa. 

O que fiz, estando assustada com a experiência e já amedrontada que se volte a repetir esta noite, foi escrever um email a todos os colegas dizendo o que aconteceu, re-admitindo que tinha um pouco de fobia a insectos durante a noite e que por esse motivo, ao escurecer ia passar a fechar as janelas das casas-de-banho.

Não esperava grande feedback mas quando pedi à penúltima para «sugar» com o aspirador a aranha, ela fez pouco caso. 
-"Ah, a aranha" - disse um pouco em tom de desdém já a dar-me a entender que tinha lido o email escrito fazia umas quatro horas antes. Depois acrescentou: 
- "Eu nunca encontrei uma aranha no meu quarto".

Pois claro que não. Naquele quarto em que só hoje vi a cor da carpete, onde mantém tudo apilhado, ela dificilmente encontra o sapato que dá com o outro sapato. Alguma vez ia reparar numa aranha? Nela os bichos podiam fazer habitat...

Mas subitamente senti-me triste. Pela falta de empatia.

A solidão que nos faz sentir errados e excluídos

Percebi o quanto é grave. Seja pelo medo de aranhas ou por outra coisa qualquer. Eu procuro não cair nessas mesmas armadilhas... mas fiquei a pensar que o Karma é lixado. Se eu tenho esta «fobia» a insectos durante a noite, certamente que outros terão outras paranóias. Não é porque não têm esta que estão imunes. Por isso não deviam fazer troça ou pouco caso de quem as tem. Porque mais tarde ou mais cedo, também eles serão confrontados com alguma espécie de "fobia". Todos temos alguma coisa... 

A colega com quem mais falava deixou a casa ontem. Já cá está outro. Quando ela leu o meu email sobre os insectos, contou-me que se riu com a resposta do colega masculino (que me aconselhou a apanhar as aranhas e a libertá-las no jardim das traseiras). E contou-me que tinha um amigo que não podia ver aranhas, que se visse uma fugia e não aparecia mais. Na altura aquelas palavras caíram-me bem mas hoje percebi que, com essa história, ela tratou-me com normalidade e até me fez sentir uma pessoa acima da média, pois eu não desato a correr das aranhas. Por muito que me custe, tento lidar com elas sem ir chamar terceiros. Mesmo não gostando.

Até conheci esse seu amigo com medo de aranhas, pois ele passou cá uma noite. 

A aranha foi a principal inspiração para o monstro ficcional
no filme Alien

O problema é que as pessoas cosmopolitas deixaram de temer estes insectos e rastejantes, preferindo ignorar e o seu poder como parasitas. Depositam demasiada fé na medicina e confiam demais na inofensividade dos referidos. Como não vivem no Brasil, ou em África, onde simlpes mosquitos continuam a ser a principal causa de propagação de doenças que causam muitas fatalidades, gozam e menosprezam o poder assassino que todos têm. 

Por estas bandas pode até ser raro um insecto causar grande devastação. Mas não é impossível. Uma simples googlada na net e já se percebe que uma aranha pode causar alergias de pele, problemas de saúde, pode até alojar-se no ouvido humano sendo que o hospedeiro só tem como sintoma uma dor de cabeça... enfim. Eu não quero dar a mínima hipótese de me tornar hospedeiro de nada. Esquecem que os insectos e os parasitas SÃO aqueles que vão aparecer para te devorar no segundo em que virares cadáver. Os insectos podem ser minúsculos, mas não são brincadeira...



São Pedro APAIXONOU-SE


São Pedro apaixonou-se...
Por mim!


Então o malandro faz de tudo para chamar a minha atenção. Tal e qual um adolescente pueril, cada vez que se aproxima a minha folga, ele parece que vai dar sol, mas manda chuva. 

Durante toda a semana passada as redes sociais anunciaram que o Reino Unido ia ter esta semana a maior onda de calor dos últimos anos - vejam só - dos últimos anos. E assim que estou quase a ir de folga o tempo dá ares de mudança. No dia de folga o que São Pedro faz? Manda chuva!

E da grossa.



E o que eu fiz a São Pedro?
Fugi das investidas dele.


Corri para o sol. Fugi das nuvens. Afastei-me uns quilómetros e ele mandou trovoada e chuva torrencial. Corri para o lado oposto e ainda lhe apanhei uma abertura de hora e meia de claridade sem pluviosidade.



Foi muito bom.
Finalmente, uma réstia de sol quando parece que está sempre a chover.