sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Espírito de Natal (laços e embrulhos)

Quando era mais nova gostava de aproveitar os laços e os papéis dos embrulhos de Natal. Mas tinha de fazê-lo sem que ninguém percebesse (o que era difícil), porque diziam que aquilo era lixo e eu não devia guardar lixo. Era sempre recriminada e tratavam-me como se eu fizesse aquilo por ser sovina como o tio Patinhas, só para não gastar na compra de outros. Mas não era por isso. Eu gostava, como ainda gosto, de reutilizar os materiais. Eles desafiam-me, ficam ali a dizer que têm utilidade para outros fins e eu sei que têm razão... e quero descobrir quais!

Antigamente, mas não assim há tanto tempo quanto isso (apenas há uns dois anos), aproveitar o papel e os laços decorativos que vinham oferecidos noutros embrulhos era considerado de mau gosto. Era feio, pronto.

Como as coisas mudam! Agora, a chamada "crise" e os problemas ambientais anteriormente amplamente referidos mas nunca escutados, definitivamente ocuparam o seu lugar nas consciências de todas as pessoas (ou quase). Mesmo que não sejam ecológicas o suficiente, já têm essa noção incutida na sua mentalidade. E isso, meus caros, é o grande MILAGRE dos últimos dois anos: os defensores da preservação da natureza, que eram vistos como hippies meio alucinados que não se calavam com os direitos da mãe-terra, passaram a ter alguma razão...

Os meus embrulhos na adolescência eram feitos com tudo: papel de jornal, papel crepe, papel castanho, cartão, revistas, galhos, folhas de árvore, bolotas... tudo considerado de mau gosto. Lembro em particular de olhar para as embalagens de cartão das pizzas e decidir que tinham de ter utilidade. "Pelei-as", retirando-lhes a película de papel gordurosa e deixando apenas o canelado do cartão. Vireias do avesso, cortei-as, redimencionei-as e fiz caixas. Algumas pintei de dourado, coloquei glitters e "abracei" com fitas largas douradas e acobreadas, feitas com fios entrelaçados. Em alguns embrulhos coloquei uma folha de plátano totalmente seca e espalmada, para servir de cartão de identificação de boas-festas. Ideias... e folhas secas de plátano não faltam na rua nesta altura do ano!

O ano passado fiz um arranjo de mesa composto de folhas de plátano enroladas em forma de rosas (ideia que não foi minha, retirei de uma dica que alguém me deu), e enriqueci-o com outras folhas de diferentes tamanhos e tonalidades. Uma Oliveira em botão espantosamente encontrada tombada no meio do calcetado passeio forneceu-me os ramos com fruto que precisava para dar mais vista a tudo (agradeci-lhe pela oferenda inusitada) e a aplicação de ráfia vermelha no meio de tudo isto deu o toque final a um arranjo natural que ficou único e diferente. Ainda assim, quando desci à rua para apanhar as folhas, ou quando fiquei de volta dos ramos da Oliveira a tentar quebrá-los, quem passava achava estranho! Ainda havemos de avançar para o dia em que ninguém vai se importar porque já sabe para que servem!

Fiz muuuitos "embrulhos malucos", que era como os membros da família se referiram a esta forma de expressar a minha criatividade. Ontem passei a noite a alterar o aspecto de dois presentes que comprei para oferecer a duas crianças de idade inferior a 10 anos. O que lhes comprei era singelo no aspecto, mas muito divertido para crianças e decidi que, para elas, o certo era pintar e colocar uns apliques na base do presente, de forma a este ficar único e a transmitir a "energia" correcta.

Não sou a mente mais original e criativa do mundo mas sei que hei-de chegar ao último dia da minha vida com esta característica. Por muito que a tentassem extrair como se fosse um dente podre, pela pouca "água" com que foi regada e pelo pouco nutriente que recebeu para se desenvolver, ainda cá permanece como uma característica indissociável.

Agora, o que gostaria é que as pessoas pensassem melhor no "lixo" que o Natal produz e procurassem formas de o reduzir. O reaproveitamento do papel é uma delas. Embalagens grandes, como por exemplo grandes caixas com bonecos para crianças, podem voltar a embrulhar dois livros. Usar folhas de jornal para fazer os embrulhos ao invés de papel específico com uma bela estampa, o que antigamente era considerado de mau-tom, é agora aceite e visto como um gesto (ainda) original e consciente. Portanto, porque não aproveitar?

Boas-Festas a todos!! 

domingo, 25 de julho de 2010

Um telemóvel que pode SALVAR VIDAS



Era este modelo na esquerda o telemóvel em posse do idoso que, com dores abdominais fortes, procurou ligar a alguém para pedir auxílio. De noite, com problemas de visão ao perto e ainda pouco familiarizado com o aparelho, acabou por pedir ajuda ao porteiro de uma empresa que nunca chegou a saber que o idoso morreu num espaço de poucos minutos. Para quem não conhece a história que já relatei aqui, é só ler o post "112" ou seguir o link acima.

Quando li no jornal a notícia do lançamento deste novo modelo de telemóvel (à direita), feito a pensar nos idosos, não deixei de sentir felicidade e tristeza, porque finalmente chegou, mas tarde demais  para alterar  o que aconteceu. Lembro-me perfeitamente como se fosse hoje: o telemóvel da esquerda, recém-comprado por um idoso não familiarizado com estas modernices, a quem tentei rapidamente ensinar como o utilizar. A minha preocupação principal foi a de me certificar que ele conseguia pressionar cada número apenas o tempo necessário para registá-lo uma vez. É que, com a falta de prática que muitos não conseguem imaginar o que significa por já terem nascido a criar este tipo de cordenação motora e correspondente ligação mental, o idoso pressionava uma tecla e, por vezes, mantinha o dedo porque o número não aparecia de imediato. Logo, mantinha-o até este aparecer, não reparando que, por vezes, este surgia repetido. Só por este pequeno pormenor a existência do telemóvel tornava-se praticamente inútil e, em caso de emergência como se veio a verificar, além da possibilidade deste problema pairar no ar como uma ameaça, veio a provar-se que outros factores contribuiram para o desfecho fatal. Pelo facto das teclas serem pequenas como consequência, por vezes, o idoso carregava na tecla ao lado, registando outro número e não o pretendido. Os números são pequenos, o que, para quem tem visão ao perto perturbada e também não vê números pequenos mais afastados da vista, tentar marcar é inútil. Depois, as condições externas também contribuiram para o desfecho indesejado. A rua à noite, a fraca iluminação noturna a contribuir para que a presença do telemóvel fosse praticamente INÚTIL. 

Por isso fico contente por terem lançado o telemovel à direita. Acredito piamente que pode e irá salvar vidas. Decerto teria feito a diferença entre a VIDA e a MORTE na noite em que o meu idoso tentou usar um telemóvel para pedir auxílio.

  

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Violadores de crianças

Eis um tema sobre o qual não se gosta de falar abertamente, mas é preciso. Foi devido ao programa da Oprah, na Sic Mulher, que lembrei que este é um dos assuntos sobre o qual já estive para falar neste blogue.
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Acho que a postura da sociedade perante esta realidade (não lhe chamemos outra coisa senão a verdade) pode, indiscutivelmente, ser dividido no tempo, como se fosse feito um traço a giz.

Eis a divisão: 
ANTES - (CASA PIA) - DEPOIS

Vou falar do antes. Dos anos 70, inícios de 80. A criança que fui foi educada a desconfiar de estranhos. Mas não de conhecidos ou pessoas a quem nos é dito que podemos confiar. Se não fosse a intuição...

Bem, nesta altura não sei bem como os adultos lidavam com a existência da pedofilia mas tenho memórias que revelam que esta realidade existia. Lembro que costumava aparecer na zona um homem que era corrido com gritos, ameaças e pedradas. Costumava... exibir-se. Num belo dia, foi apanhado a incentivar uma criança a tocar-lhe com a boca no pénis. Era "doente da cabeça" e o flagrante, tanto quanto sei, era um assunto quase secreto, dito entre quatro paredes, sempre antecedido de um pedido de absoluto sigilo.

Era e sempre foi assim a realidade da PEDOFILIA na sociedade portuguesa. Acontecia, mas não se falava disso. Como se pudesse alastrar-se só por mencionar-se. Acredito que até é um facto, mas não se deve calar, porque a ameaça desta realidade não deixa de existir, não deixa de fazer vítimas. E assim, os criminosos (?) ficam muito mais protegidos que as vítimas.

E agora o outro ponto da situação. Uma realidade mais feia, mas tem de ser assumida. Muitas vezes, não poucas quanto isso, os adultos recusavam-se a acreditar. Simplesmente não queriam aceitar que um adulto pudesse ter tido relações sexuais com uma criança. Preferiam fechar os olhos e não encarar a situação de frente. E voltavam a vitimizar a vítima, que é frágil na sua condição de criança, acusando-a de estar a inventar ou a imaginar. Esta falta de amparo por parte do adulto a uma criança que tenha tido força para expôr a situação é tão ou mais criminoso. É muito doloroso - imagino, para uma criança violada, desabafar com alguém que avalia poder confiar e verificar que ainda é acusada de ser má, mentirosa.

Mas também isto tem uma razão de ser. É que acusar alguém de um acto tão vil (?) também não era algo feito de ânimo leve. As pessoas nem gostavam de verbalizar esse pensamento. Algo que agora é feito até com alguma leviandade, o que também não me parece correcto. Será que entendem o quanto uma pessoa debatia-se para não acusar um inocente? Sobre PEDOFILIA, ninguém acusava ninguém até existirem provas concretas sobre a culpa do indivíduo(s). Com o caso CASA PIA, tudo mudou. Para melhor.

ANTES DA CASA PIA
Vivi um episódio onde tive oportunidade de acompanhar uma denúncia de abuso a crianças num infantário. A denúncia foi investigada. Falou-se com a pessoa que fez a denúncia. Falou-se com pessoas na rua - vizinhos que, nada sabiam, mas já tinham ouvido falar de alguma coisa, embora nada soubessem e conhecessem crianças vizinhas ou da família que lá tinham sido educadas e nunca denunciaram nada. Embora já tivessem ouvido boatos de uma ou outra criança que manifestou problemas, mas não as conheciam pessoalmente ou era coisa de adolescência ou invenção. Foi-se até o local onde, suspeitamente mas sem constituir prova de culpa, de imediato a nossa presença foi detectada e, como reacção, pessoas entraram numa viatura sem os seus rostos poderem ser vistos, saindo do local num veículo com vidros espelhados. Em toda a localidade já se tinha ouvido falar do caso. Há anos que corriam rumores. A polícia sabia, as pessoas sabiam mas as crianças continuavam todas a ir parar àquele lugar suspeito porque "nunca tinha sido provado nada" porque podia ser tudo uma enxurrada de mentiras e porque - pasmem-se, não havia outro no local para as mães porem as crianças! E como tinham de ir trabalhar e as deixar em algum lugar... arriscavam. Porque colocá-las mais longe seria mais caro e mais moroso. Vocês arriscariam? Nesta altura, antes do caso Casa Pia, talvez arriscassem. Hoje, não o fariam, decerto. Mas é que cometer tal injustiça era um fardo pesado e, sem provas, poucos tentavam averiguar para além dos boatos. Acusar um homem inocente de tamanha vilania é também um acto que não se quer cometer. E assim, ano ia, ano vinha, e um sem número de crianças ia para o suspeito infantário. Assim continuou, porque as provas nunca surgiram. Falou-se também com um grupo de mães que, muito receosas de dizer algo impróprio, confessaram que, ás vezes, até desconfiavam que algo se passava, porque os filhos tinham reacções estranhas mas... podia não ser nada e, quando lhes perguntavam, as crianças nada diziam de concreto. Como se o silêncio fosse a garantia da ausência de problemas.

Era assim antes do "circo" mediático do caso Casa Pia mas, depois deste caso ser exposto, a população começou a tratar a pedofilia por "tu". O que antes era tabu, sigiloso, impensável, estava agora na boca de todos. Nos telejornais, nas rádios, na imprensa. A toda a hora.

Devem ter perguntado porquê coloquei pontos de interrogação à frente de algumas palavras no texto acima. A razão prende-se com a interpretação que fazemos delas. Ao longo dos anos vi inúmeros documentários e estudos sobre esta temática. Alguns deles, à semelhança deste programa da Oprah, colocaram-se na "perspectiva" do violador, dentro da mente deste. E se estas pessoas forem doentes? Existe cura? - estas foram as questões que, por anos, colocoram em conflicto alguns psiquiatras e outros entendidos na matéria. Alguns defendiam que o violador era, de uma certa forma, vítima deste "distúrbio mental" e que, se descoberta a causa, o "problema" podia ser irradicado e o indivíduo regressaria à sociedade totalmente recuperado. Essa era a questão: recuperar o indivíduo. Este seria capaz de deixar de desejar ter sexo com crianças e conviver perto delas com naturalidade. Este era o objectivo de muitos psiquiatras que estudavam casos destes.

Intuitivamente, não me pareceu que isto fosse possível. Sou entusiasta, gosto de dar uma oportunidade a todas as ideias mas, assassinos e violadores e a regeneração... verdade ou utopia? Ouvi tudo o que tinham a dizer nesses documentários e acho que é um erro encarar o desejo de ter sexo com crianças uma doença. Não é doença. É normalidade. Para eles, é normalidade. Não conseguem não ter esses impulsos. Assim como quem nasce homossexual não consegue não ter esse impulso, o mesmo acontece para a pedofilia. É uma perspectiva que faz sentido. Não é doença ser homossexual e é um comportamento aceitável em sociedade, que implica apenas amor entre pessoas do mesmo género. O que se passa no cérebro do pedófilo é que ele só se sente sexualmente atraído por crianças. Estas não se sentem sexualmente atraídas por ninguém. São vulneráveis, indivíduos ainda em crescimento, que não sabem o que lhes está a acontecer e não têm escolha. É algo que lhes acontece, algo que lhes é feito. E é aqui que se entra na violação dos direitos. Bebés, crianças e adolescentes são vítimas de um "jogo predador" ou simplesmente de um impulso oportuno.

Não estou a defender a pedofilia nem os pedófilos. Apenas acho que o conceito de "doença" deve ser irradicado, porque induz a erro, desculpabiliza o criminoso(?) e implica a existência de uma cura. Assim como não acredito que quem nasce homossexual deixe de o ser, não acredito que quem nasce pedófilo deixe de o ser. São inclinações sexuais, assim como a bestialidade. Por esta razão, a abordagem que fazemos do assunto deve ser outra. Curas? Tratamentos atenuantes, talvez existam e sejam eficazes. Mas duvido que um indivíduo que deseje crianças sexualmente possa inverter a situação. O que acontece é que tem de se incutir estilos de vida e consciencializar e supervisionar. Quem nasce pedófilo deve perceber que nasce com uma condição inaceitável na sociedade, que lhe é normal, mas que não tem o direito de levar adiante. Porque é criminosa, tanto quanto é o acto de tirar a vida a alguém intencionalmente. Tem de encarar-se como se fosse um indivíduo que nasce mortalmente alérgico ao glúten. Se tocar em algo com glúten, morre. "Fruto" proibido para sempre.  

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O que és capaz de fazer pelo TEU défice?

O que es capaz de fazer pela tua selecção?

Esta é a pergunta repetida vezes sem conta na Televisão, em spots publicitários onde mostram a figura de anónimos e de socialites a "apoiar" a selecção. Se me perguntassem o que era capaz de fazer pela "minha(?)" selecção, responderia categoricamente: NADA!

Não sou eu que tenho de fazer seja o que for... são os jogadores que têm de jogar. Fazer figura de parvo - que é o que até agora só vi fazerem na TV, não, não seria capaz. E porque deveria? E nós, Portugueses, descendentes de um povo "conquistador", ficamos reduzidos a mentecaptos que só sabem pular e soprar com pouca energia um patético instrumento cujo som produzido parece antever o fracasso de Portugal? 

O que eras capaz de fazer para ajudar o defice? - Será que dão para perguntar isso?
O que eras capaz de fazer para ajudar o próximo?- Porquê não perguntam isso?

O que ganhamos nós, individualmente ou como sociedade, com um mundial de futebol? Entram receitas para Portugal? Aumenta o comércio? O turismo? Vamos sair do buraco e da crise?

Não me perguntem o que "era capaz de fazer pela "tua" selecção" - como se me fizessem uma lavagem cerebral. Só figuras parvas... é este o exemplo que dão do povo português. Já temos um "embaixador" muito bom naquilo que faz mas que, coitado, é mesmo o exemplo perfeito do típico português actualmente... um bimbo que facilmente imaginamos a sair de uma fábrica qualquer ou a conduzir um camião, mas não atrás da direcção de uma grande empresa, ou como director medico ou ministro. Neste dia de Portugal, neste dia de Camões, os "Grandes Portugueses" são uma miragem... devem ter emigrado, em busca de oportunidades. Ficaram os que não são empreendedores o suficiente. Já nada temos de Camões, de conquistadores, de intelectuais e instruídos...

quarta-feira, 12 de maio de 2010

terça-feira, 11 de maio de 2010

Carta de índio a Homem Branco actualmente


Até ler a “Carta do índio Seattle ao Homem Branco” (http://www.culturabrasil.org/seattle1.htm) datada de 1855, sentia-me uma incompreendida entre iguais. Isto porque me incomoda viver na cidade e respirar ar saturado, por exemplo. Entre outras coisas que sinto que me tiram a saúde e incomodam-me, está o facto do dia começar com agressões aos pulmões e, sempre que procuro “refúgio” na brisa que traz um leve aroma a flores, a poluição sobrepõe-se e domina. Rouba-me o prazer que ia começar a sentir. Posso usar o dia de hoje como exemplo. Todos os dias de trabalho começam da mesma forma: com uma subida até a paragem do autocarro. Sim, porque com toda a tecnologia e progresso da sociedade, ao invés de ter o transporte na paragem perto de casa, tenho-o noutra paragem mais distante, a uns três ou quatro minutos de subida. Consigo avistar a chegada do autocarro ao longe pelo que, tantas e tantas vezes, é preciso correr muito para o conseguir alcançar. Neste breve mas esforçado percurso, raramente o consigo fazer sem sentir os pulmões a ser inundados de fumos indesejáveis. A começar pela poluição automóvel, que até nem é a maior agressora, para quem já se “acostumou” um pouco e não caminha rente à estrada. Esta está sempre presente e é o ar que respiramos, não temos como contorná-la. Mas incomoda-me muito, por exemplo, que tenha todos os dias de passar por um grupo de homens que, parados na rua, têm a carrinha a funcionar durante largos minutos e ficam de fora a fumar cigarros. Por mais afastada que tente passar e por mais que evite até respirar aquando passo, o vento sempre conduz o fumo dos cigarros aos meus pulmões e a primeira sensação desagradável do dia começa de imediato. A agressão persiste com o ruidoso motor da carrinha, sempre a roncar. Não entendo porque as pessoas só não ligam os veículos quando realmente vão arrancar neles. Escutar um camião, uma carrinha, seja o que for, com o motor a “roncar” por mais de meia-hora (como era frequente na zona habitacional) é terrível. Mesmo fechada em casa, o ruído tem o poder de ser... ruídoso, logo, incomodativo, até para os que pensam não se incomodar, resguardados que estão pelas paredes de betão.

Hoje corri para apanhar o autocarro, ao avistá-lo ainda longe. O que me leva um minuto e meio a caminhar, demora 5 segundos para a viatura percorrer, pelo que correr muito e a subir, é cansantivo. Quase fiquei sem ar mas consegui ser a última a entrar no autocarro. Porém, a satisfação foi sol de pouca dura porque fui logo novamente agredida pelo distinto odor de vómito mal limpo. E eu a ofegar por ar, a ter de respirar aquele! Uma tortura e ainda não tinha saído de casa fazia 5 minutos...


Ao ler a carta do índio ao homem branco percebi que é natural ter estas sensações. É sinal que sou uma pessoa sã, que gosta da natureza, de escutar o canto dos pássaros, de cheirar as flores e despreza um tanto a poluição e as suas consequências. Não sou eu que estou errada. São os outros :-). Porque eu, como selvagem, não passo de uma “pele vermelha” que gosta de respeitar a natureza e preservá-la. Com toda a razão que o índio tem, falhou apenas numa coisa: nem todos os brancos são iguais... aos brancos. Há brancos, pálidos como eu, que são mais “vermelhos”... ou verdes, já que esta é a cor da ecologia. Como em tudo, existem homens bons e homens maus. Mas, como sempre, quem fica em vias de extinção são as “peles vermelhas”...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Ver o Papa

Apetece-me ir ver o Papa e estou a pensar pedir dispensa do trabalho amanhã. Na verdade, nem o necessitaria, visto que sou trabalhadora por conta própria e não tenho nenhum trabalho prioritário que me impeça. Mas é um hábito difícil de perder, este de me comportar como funcionária que deve algo a alguém. Na verdade, até cumpro horário fixo de 9 horas diárias. Dou mais do que recebo, isso é certo e sou generosa. Por isso, estou determinada em ter a tarde livre para ir ver o Papa Bento XVI.
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O que me leva a desejar fazê-lo não sei bem explicar, mas é algo que sinto ter de fazer. Tenho mesmo vontade e se virar as costas a ela e seguir a vidinha do costume, vou lamentar.
Porém, já imagino as reacções. Se fosse um jogo de futebol, como a loucura de ontem à noite sobre a vitória do Benfica, ou um concerto do Rock in Rio-Lisboa, como será o de Miley Cyrus, ninguém estranharia. Mas este desejo, que vem de dentro e não tem explicação de especial, será, decerto, alvo de chacota.
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Não me importa. Apetece-me estar inserida naquela multidão de massa incógnita. Não por mim, que não vou lá por vaidade, por querer ser especial por ver o Papa - na realidade, nem sei se terei como vê-lo, visto que deve existir uma multidão entre nós. É mais um sentimento de abnegação que me move. Fazer parte de uma massa incógnita que tem um propósito comum que não sabe bem definir. Acho que vou pela paz. Quero paz. Para todos, para o mundo. Quero aproveitar essa energia e contribuir com a minha parte. É por isso, por um todo onde eu não sou nada, que me apetece ver o Papa e participar na energia da multidão.
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Afinal, a visita de um Papa à capital deve ser tão rara quanto é a passagem do cometa Halley. E daqui a 76 anos, não estarei cá ou, se estiver, provavelmente falta-me a vontade que sinto agora.
Por tudo isto, conto em ir ver o Papa. Sozinha, em sossego, em silêncio... meditando interiormente, observando e sentindo seja lá o que for que a sua presença e a sua vinda venha amanhã a proporcionar.
Bem-haja a todos.

sábado, 8 de maio de 2010

Lisboa prepara-se para acolher o PAPA

Vem aí o Papa Bento XVI.

Discretamente, Lisboa muda a sua aparência para receber o Santo Padre. 52 postes com a bandeira de Portugal, da cidade e do Pontifice adornam agora a zona dos Restauradores. Mais bandeiras foram colocadas no alto da Estação de comboios do Rossio. No largo do Teatro D. Maria, não fui ver o que se passava, mas interrogo-me se vão expulsar os mendigos que ali moram. Um cartaz gigante no edifício do BES na rotunda do Marquês do Pombal anuncia o dia e hora da missa na Praça do Comércio. Discretamente, uma grua junto a um poste de iluminação instala um holofote de luz na direcção da imagem do cartaz. A capital está subtilmente a preparar-se para receber o Papa...

Mas... bandeirinhas? O Papa já deve estar cansado de opulência e bandeirinhas por todo o lado onde vá. Acho que seria mais proveitoso convidar a Santa Figura para um jantar a uma casa humilde, numa zona do interior de Portugal, dentro do contexto de uma típica recepção Portuguesa. O Papa devia conhecer uma família à hora do jantar... "Uma casa portuguesa, com certeza!" - é isso que falta ao Papa. De viver em paredes de ouro e rodeado de opulência deve ele estar cheio!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Conduzir e comer

Vêmo-lo nos filmes americanos – o hábito de conduzir e comer ao mesmo tempo. Lembro de um episódio dos Simpsons, em que a personagem de Homer ridiculariza essa situação ao extremo. Conduzir passa quase a ser um acto secundário, pois comer é um bem de primeira necessidade. Na América, o costume é antigo e é esperado ver pessoas a comer o seu “Chicken with fries” (Pernas e asas de galinha com batatas fritas) with coke (com coca-cola) enquanto conduzem. Mas em Portugal, graças a Deus, o costume é outro. Esta moda não parecemos nós tê-la importado. O nosso hábito é, quando com fome, parar numa estação de gasolina e ir ao refeitório. Antigamente, paráva-se em restaurantes e cafés, porque postos de gasolina equipados para fornecer refeições não existiam em toda a parte. Mas o melhor hábito – ainda não perdido mas talvez em vias de extinção, típico português, é o pique-nique. Não devem os americanos invejar-nos esta capacidade? Acho que sim! Diz-se que George Clooney vive em Itália porque se apaixonou pelo “savoir-faire” do povo. No momento em que viu um agricultor a regressar calmamente a casa, a cantar e a assobiar, ao vê-los tirar uma hora ou mais para almoço e a fazer a sesta. Os portugueses não são tão relaxados assim e largámos a enxada à muito, para total desnorte de gerações que ainda pisam a terra. Mas alguns desses hábitos do campo permanecem no nosso sangue, por mais que as coisas mudem. Contudo, hoje vi uma coisa desconcertante. Uma mulher ao volante de um mercedes, começou a dar as primeiras mordidas num folhado, que segurava com a mão esquerda enquanto tinha ambas as mãos no volante. Atende o telemóvel com a mão direita e depois tem de pôr a mudança para arrancar com o carro. Comer, conduzir, falar ao telefone... que a moda não pegue, pois prefiro que os portugueses continuem a estacionar o carro e, com gosto, dirigirem-se a um posto de gasolina para sentar e comer. (embora prefira os pique-niques!).

terça-feira, 23 de março de 2010

Síndrome de Alta Classe

A primeira vez que percebi estar diante de uma pessoa destas, o adjectivo surgiu-me nos lábios sem dificuldade. PEDANTE. Uma palavra tão simples, fora do meu dicionário desde que a aprendi, lá nos confins da infância. E no entanto, lá estava ela, surgida do nada e PERFEITA para adjectivar a pessoa que estava à minha frente.
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A sensação com que se fica equivale à necessidade de ir tomar banho. Pelo menos é assim que hoje percebi, quando, no final do dia, após uma troca de ideias sobre o que são as "boas maneiras" e já esquecida do assunto, do nada, este vem à lembrança. São estes os instantes em que as ideias ficam cristalinas, como uma revelação.
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Tenho uma amiga de infância que foi criada no seio de uma família com dinheiro. Factor que tenta minimizar, mas que traz sempre à baila. Diz ela que consegue detectar uma pessoa com boa formação só por observar os modos que tem à mesa e que certas coisas a incomodam bastante, chegando a sentir nojo dessa pessoa. Ora, dizer isto após observar uma amiga a levar um pedaço de bolo à boca com a ponta da faca não abona muito a seu favor, porque não é capaz de se conter e faz logo uma reprimenda. No decorrer do "debate" sobre boas-maneiras, falámos de outras ocasiões em que ela não deixou de fazer observações sobre a "falta de educação" de outros. Eu defendo que, num ambiente descontraído e na sociedade actual, muita coisa não pode ser conotada como sendo falta de educação. É apenas uma forma diferente de agir e, a meu ver, tem lógica e faz sentido. Colocar os braços na berma da mesa, por exemplo. É algo que se vê por todo o lado. Porquê se há de manter este gesto simples e inocente na categoria da "falta de educação", especialmente estando nós num ambiente descontraído, num café de esplanada? Na vida de correria que temos hoje-em-dia, muitas coisas deixaram de ter essa conotação pois não seria justo para com o quotidiano e as pessoas.
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"Falta de educação" são outras coisas. E não tem nada a ver com "berço". Embora entenda o que quis dizer quando empregou o termo "nível", distinguindo as pessoas dessa classe como sendo novos-ricos e ricos com tradição, discordo que é preciso receber "essa" educação para se endender o que significa. Entendo, mas não estou de acordo com algo que me parece incorrecto. Porque, nisto de "catalogar" as pessoas com mais ou menos etiqueta, o acto em si é já uma grande falta de educação. Não concordam? Assim como é fazer uma observação imediata e em voz alta. Se fosse eu a querer chamar a atenção de alguém para um comportamento menos adequado à mesa, fazê-lo-ia de forma discreta. Quando estivessemos a sós ou no momento, se necessário fosse, mas discretamente, numa pausa, ou pedia licença e iamos as duas à casa-de-banho (toillete, pronto!) "retocar" a maquilhagem :). Mas nunca dispararia assim, a seco, como a violência de um tiro: "Isso é falta de educação".
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Eis algumas frases que já a ouvi dizer:
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"Deve-se usar a faca e o garfo à mesa, isso é falta de educação"
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"Não se põe a mala em cima da mesa, é falta de educação"
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"Não se lê à mesa, é falta de educação"
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"Não se põe o guardanapo assim, é falta de educação"
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"Usas-te o guardanapo para limpar a boca e agora o nariz, isso é falta de educação"
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Ora... falta de educação não é também fazer estes reparos? Ainda mais porque muitos são injustos e, a maioria das vezes, perpectuados pela própria que os critica, segundos antes...
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É um estranho comportamento, que só agora no meu "momento de clareza" entendi que se prende com sensação de inferioridade para com uma realidade de dualidades. Ao mesmo tempo que se quer passar por pessoa humilde e simples, dentro dela existe a educação "do dinheiro", que a faz conhecer o "patamar superior" e, assim, um pouco petulante, lá do alto do castelo, olha para os vassalos que lavram a terra, lá em baixo... é um complexo. Que muitos têm. Conheço algumas pessoas que não conseguem parar de referir as suas origens "abastadas". Mas a maioria, quando as conheço um pouco melhor, revelam-se pessoas desagradáveis, que, pela aparência e tão somente por isso, DISCRIMINAM as outras. Se é isto o resultado de uma educação esmerada, facultada por se ter nascido no seio de uma família rica, então... fico contente com a minha, que tantos problemas me deu!
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Não resisto em partilhar aqui uma situação que observei. Num restaurante, uma amiga nossa que não ia almoçar e por isso estava sentada na mesa anexa que não tinha toalha de papel posta, estava a arrumar o jornal matutino que desejava ler desde que o comprara nessa manhã cedo, mas, por achar que não era o local nem a altura apropriada, começou a arrumá-lo. Aí sente um puxão e percebe que o mesmo lhe foi tirado das mãos, pela colega que, depois, irá dizer que é falta de educação ler à mesa! Claro que, primeiro leu o jornal, só depois, quando chegou o prato de comida, é que o pôs de lado e se saiu com esta, que, sinceramente, não entendi. No final, sentada na cadeira de lado, com as costas em contacto com a parede e após petiscar do prato alheio e encher-se de comida como uma burra, pega no pacotinho de açucar e dobra-o várias vezes para palitar os dentes.
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Falta de educação... é caso para dizer: diz o roto ao nu!
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Mas, convenhamos... não existe aqui um problema qualquer de pedantismo? Uma espécie de sindrome de "alta classe"? Que triste! A boa educação é algo que se define com simplicidade. Ou é a própria simplicidade em si. Existe outra sim, a formal, a cerimonial, a que se usa quando se vai jantar com o presidente da República, por exemplo! Mas são outros contextos que nada têm a ver com a pessoa ser ou não dotada de boa educação. O povo português, na sua maioria é simples e com raízes no campo, onde os costumes são, por si só, também simples e acolhedores. É até uma ofensa defender que o "bem receber" português das pessoas humildes é falta de educação, quando são um afago tão agradável ao coração! Que não morra o hábito com aqueles que nasceram em tempos que cada vez ficam mais para trás...

Empregos em Portugal - a situação lamentável

Tenho andado a analisar o mercado de trabalho dentro do contexto da sociedade portuguesa actual e o optimismo foi pela janela. Aliás, sinto-me deprimida e muito, mas muito desapontada e triste. O absurdo impera nas chamadas "ofertas" de trabalho. Não são precárias, são uma ofensa! E depois sai nas notícias que o Centro de Emprego tem "não sei quantas" ofertas que ninguém aceita. Como se os portugueses não quisessem trabalhar! Ora, senhores jornalistas, por acaso foram analisar essas ofertas antes de "paparem" o press release com as estatísticas? Deixem-me então dizer-lhes que são, sem dúvida alguma, umas grandes merdas.
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Em suma, querem trabalhadores que cumpram horários e funções de escravo, a troco de um salário de alforro... (ex-escravo). As ofertas consistem em trabalhos full-time com possibilidades de trabalho fora de horas e fins-de-semana, em que a tarefa é fazer 101 coisas, deixando porpositadamente de fora a informação de que ainda se tem de fazer a limpeza ao espaço, fechar a loja e fazer as contas da caixa, e tratar da logística e receber fornecedores, e tratar de papelada, e repor o stock nas prateleiras... tudo isto numa simples função de "empregada de balcão de loja". E a troco do quê como salário? O mínimo!!! Nem 500€ oferecem para este tipo de Full-times com horas extra não remuneradas.
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Depois vêm os estágios. Em catapulta, ofertas massivas, exigem, a troco de NADA, trabalhadores em regime full-time, altamente qualificados, que devem submeterem-se a condições sem quaisquer atractivos para trabalhar muito, sem ganhar nada em troca. Na área do audiovisual em particular, tenho visto uma determinada empresa sediada perto do jardim da Gulbenkian a solicitar estagiários para todo o tipo de funções (jornalistas, editores, etc), full time, oferecendo "subsídio de alimentação e deslocação" (um grande nome para dizer uns 100€/mês) faz já 4 (QUATRO!!) anos. De quatro em quatro meses, lá estão as "ofertas"... que generosidade! E colocarem alguém nos quadros, não apetece?? É muito tempo a sobreviver à custa de estagiários! E aposto que uns ganham muito, para outros não terem nada! Existem entidades para supervisionar isto ou não??
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Depois querem que Portugal vá para a frente. Pois não irá. Assim, não. Começa-se a "cultivar" a ideia de que um bom trabalhador faz horas extraordinárias todos os dias e não deve sequer esperar ser remunerado por isso. No meu emprego (que por hora tenho) ganho metade do salário dos restantes. Trabalho 3 vezes mais, recebo menos reconhecimento pelo trabalho que efectuo, sou menos apreciada por não andar ali a lembrar o chefe e os colegas o quanto "sou boa". Durante meses, uns encostaram-se na poltrona e deixaram o trabalho passar ao lado. Estive eu a aguentar a pontas, a levar o barco a bom-porto, fazendo imensas horas de trabalho, sem ganhar mais um tostão por isso. Aliás, o mês passado trabalhei, efectivamente (sem pausas para lanche ou momentos lentos) 200 horas! Para quem é trabalhador por conta própria a cumprir horário fixo numa empresa há já ANO E MEIO, isto é um absurdo. E sabem que mais? Alguns colegas torcem o nariz ao me verem trabalhar dentro de um horário normal. Agridem-me por isso! Mesmo trabalhando menos. Querem ser aqueles que podem astear a bandeira "Eu faço mais horas que tu!", ainda que, num horário de 8 horas, 2 delas passem a olhar pela janela, uma a passear, três a complicar as tarefas mais simples e uma a ir beber cafezinhos.
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Ora... eu sei trabalhar bem e fazer o meu trabalho de forma produtiva dentro do horário das 8h diárias. Não preciso fazer horas extra! E isto devia entrar de uma vez por todas dentro das cabecinhas dos nossos superiores. Fazer horas não faz avançar. Caso contrário, nestes quase 2 anos em que tenho trabalhado neste sistema, teriamos visto frutos e não se estaria à mercê da bancarrota. A falta de bons gestores e bons profissionais, isso sim, é que é uma calamidade!!
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E é isto que eu não aceito. Isto está errado. Portugal e qualquer país desenvolvido não vai para a frente se as pessoas trabalharem o dia todo e regressarem a casa só para dormir. Isso não nos traz prosperidade! Vejam só o caso da China, uma república comunista, que implementou o trabalho de escravatura após a 2ª Guerra Mundial. É o país com a maior taxa de desemprego que existe! E lá, faz muitos anos, que a exploração é uma situação quotidiana e os trabalhadores assalariados são explorados e trabalham até 20 horas por dia!!! Foram longe? Não!!! E se alguns acham que a China é uma super-potência económica, vejam lá se percebem que foi à custa do sangue dos oprimidos. Sim, porque os trabalhadores explorados e com privação de sono, a fazer directas atrás de directas, sofriam muitos acidentes de trabalho e simplesmente eram dispensados quando ficavam sem membros como braços, mãos ou pernas, ou os químicos lhes tirou a saúde e o bom funcionamento dos órgãos internos. Existe muito sangue e vidas pisadas nos alicerces da China... é este o trilho que Portugal quer seguir? Parece!!!
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Se a China fosse boa, Portugal não estaria cheia de Chineses que, em carros de luxo, se deslocam até 15ª loja de "3oo" (300$ = 1.50€), cujos preços estão longe, bem longe de ser baratos (já nada custa menos de 3€ e tudo é de qualidade reduzida e com alta probabilidade de ser fruto do comércio injusto). O governo Chinês PAGA para que os seus se alastrem que nem cancro para outros países e vendam os seus produtos, conquistando mercados e ANIQUILANDO os de acolhimento, com toda a injustiça e atitude criminosa que é abrir as portas à expansão do comércio injusto (aquele em que, em toda a cadeia de produção, uns ganham o dinheiro todo, outros trabalham de graça, aumentado a distância entre poucos ricos e muitos pobres). E assim, as famílias chinesas em Portugal e noutros países, usufruem de um estilo de vida que lhes teria sido impossível sonhar no país de origem e, depressa, aprenderam que podem ficar mais ricos ainda... aumentando os preços para os praticados no panorama português (com produtos de outra qualidade). Sabem que uma peça qualquer, seja para que propósito for, na China, o CUSTO é tão irrisório para o comerciante, que uma certa quantidade chega a ser de graça?? Um documentário na TV mostrou-me um porta-chaves multi-funções, com luz, som etc, a custo de... 0.20 cêntimos! Para ser vendido em lojas "caras" ou "baratas" entre 5€ a 50€ euros!
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Portanto, não se iludam. A economia como está é uma bosta. E se não nos tornarmos individualistas, acho que não nos safamos. Portugal está uma miséria. As ofertas de trabalho são uma ofensa à sobrevivência de qualquer indivíduo. Uma renda de casa não é inferior a 500€, mas um salário é! Que vergonha!!! Por isso é que aumentam os estrangeiros que vivem em situações ainda piores que nós (miséria) no país de origem. É para este tipo de trabalhador que se está a abrir as portas: o que trabalha por qualquer miséria. E vejo-os todos os dias. Partilham os transportes públicos comigo. Muitos da europa de leste, outros, nem sei de onde são, mas que lá têm os seus turbantes na cabeça, têm. Todos a cheirar mal, com sinais de pouca higiene... que vergonha, Portugal. Que vergonha!!
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Porém, se olharmos pela janela, vemos as nossas estradas movimentadas, cheias de automóveis. Pensamos que isso é progresso e sinal de poder económico... a gasolina é tão cara, os empregos uma miséria, onde ir buscar dinheiro?
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Eu sou uma pessoa bem formada. Agora imagino aqueles que não têm formação alguma e que, moralmente, têm padrões mais baixos. Se a uma pessoa com as minhas qualificações é oferecido uma posição de ordenado mínimo, os que oferecem 200€ por mês em FULL TIME, ou 400€ - porque vi MUITAS ofertas deste tipo em portais de emprego, vão contentar-se com isto sem resistir á tentação do crime? É que roubar ou ficar em casa a receber o subsídio parece ser mais rentável! Além de todos os males que esta situação precária e injusta de diferença salarial traz, ainda gera crime! Portugal, acorda!! Muda de rumo... eu estou muito desiludida...
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Que tristeza!

quinta-feira, 11 de março de 2010

Bullying na escola - morte no rio

O suicídio do menino de 12 anos no rio Tua devido ao bulling sofrido na escola tem muito que se lhe diga. Leando, que era o seu nome, devia ser o rosto icónico deste "cancro" nojento que se espalha por todo o lado na sociedade. O bulling que o vitimou, existe por toda a parte. E não são só as crianças que o sofrem ou o fazem. Infelismente, se alguém disesse a Leandro que, ao crescer, ao abandonar a escola e ao se tornar adulto, as coisas iam ser diferentes, estaria a mentir. O menino não aguentou. Não viu motivos para continuar a viver assim. Num impulso que é compreensível de entender dadas as circunstâncias, foi directo ao rio e escolheu a horrível morte por afogamento.


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Que não passe em vão. Que obrigue à reflexão, há mudança de comportamentos. Todos aqueles - crianças e adultos, que maltratam terceiros, deviam sentir que contribuiram para este desfexo. Quem se relacciona com os outros usando palavras que funcionam como punhais, e gestos "inocentes" que, na realidade são agressões, deve sentir-se muito mal com a morte deste menino. Porque, se estivessem lá, se fossem os colegas de escola de Leandro, seriam aqueles que o agrediram, não seria diferente. Portanto, VERGONHA! Vergonha a todos que praticam bulling! Criaturas infelizes, de mau carácter, que não têm a nobreza e a pureza de alma daqueles que, como Leandro, não tinham em si para ripostar.

Triste sociedade que, de tantas mudanças em prol da liberdade e respeito pelas diferenças, tornou-se permissiva. Jovens e crianças sem uma boa horientação educacional e adultos responsáveis e em posições de responsabilidade, que viram a cabeça para o lado, sem entender que crime é crime, não importa se é ou não cada vez mais comum...
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Esses colegas de escola de Leandro deviam ser chamados à atenção e carregar o caixão do menino até à campa, ainda que simbólicamente, ainda que não se encontre o seu corpo, para nunca mais esquecerem que as nossas acções têm consequências.

terça-feira, 9 de março de 2010

Quem vê caras... tem de ver algo mais!

Quando andava na universidade fiz um trabalho sobre vítimas de agressões e mencionei que, num determinado ano, um homem foi vítima de violação. Este dado foi recolhido da imprensa, que, por sua vez, mencionou que a sua fonte foi a APAV. A reacção de quem o leu, inclusive a da docente, foi de espanto e um tanto de descrédito.

Não sei porquê o menciono aqui... Talvez porque vim falar de vítimas, nomeadamente, das escolhidas pelo "violador de Telheiras". Acabei por ler artigos escritos online sobre o assunto e este é um tópico que se espalha em tantas direcções...
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A primeira vez que tive "contacto" com esta história foi quando vi o retrato robot no jornal, há não mais de duas semanas. Já tarde... tudo o resto, passou-me ao lado: o relato dos seus actos, a denúncia das vítimas... Mirei aquela imagem minúscula demoradamente. Quis procurar naquele desenho a ameaça que normalmente se sente no olhar. Algo muitas vezes possível de identificar quando vemos imagens reais, uma fotografia ou um trecho de vídeo, e já sabemos estar a olhar para os olhos de um assassino e violador.


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Não encontrei nada ameaçador. E isso deixou-me alerta. Tratando-se de um desenho, talvez o que procurava não fosse possível achar mas, agora que este agressor foi positivamente identificado e a sua fotografia divulgada, sei que, tal como no desenho, a sua aparência não transmite nada de preocupante.


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Talvez por isso tenho verificado que algumas pessoas procuram entender o que pode levar tal indivíduo a agir como agiu. Algumas até, parecem "defendê-lo" ao se preocuparem com o destino da figura na cadeia. E tudo isto porque, sejamos francos, este criminoso TEM boa aparência. Aparentemente tem também muitos e bons amigos e, até o momento da sua apreenção, era visto pelos colegas com bons olhos. Nada, no perfil deste criminoso, suscitaria maiores preocupações se, algures nesta descrição, algo fosse menos "perfeito". Uma aparência mais estranha talvez, um relato duvidoso a respeito da sua personalidade, uma indumentária duvidosa... nada disto está presente.
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O que se sabe é que, este homem, de 30 anos, confessou ter violado ao menos 40 jovens raparigas, muitas, senão todas, menores de 18 anos. Isto diz-me que se trata de um indivíduo que sente necessidade de dar a conhecer a terceiros os seus feitos. Claramente, trata-se de uma pessoa com tendência compulsiva para este crime. Cometeu 40 e continuará a cometer violações até o resto da vida. Digo isto após reflectir sobre o assunto porque, de início, também fiz "parte" daqueles que se preocuparam com o contributo da cadeia na formação deste seu lado da dupla personalidade.
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A regeneração é algo em que queremos acreditar mas, na realidade, não é algo muito realista. As estatísticas não mentem. Os violadores saem da cadeia para a liberdade e retomam os seus crimes. Os assassinos também. Esta é uma verdade. Se a cadeia os deve regenerar, é outra questão. O papel primordial é proteger a sociedade, isolando o indivíduo e deixando as restantes pessoas sentirem-se mais seguras. É uma necessidade válida e justa.
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A regeneração também é muito utilizada pelos criminosos mais inteligentes, como ferramenta para enganar a sociedade. Alguns convencem os melhores peritos, apenas para perpectuar os seus crimes por mais anos, quase sem serem detectados. Quer dizer... só ouvimos falar daqueles que são porque, aqueles que não são, esses, nunca sabemos. A cadeia faculta cursos de formação aos reclusos, cujo direito e validade não discuto. Porém, não acredito na total regeneração de um indivíduo que, por exemplo, consegue erguer uma faca e repetidamente ferir mortalmente outro ser humano. Não acredito que um pedófilo alguma vez perca a vontade de ter relações sexuais com uma criança. Talvez acredite que, para toda a vida, tenham de viver sobre controlo. Mas de quem, bem... mais de si próprios que de terceiros. Só que, sozinhos, não chegam lá. É como pedir a uma mãe a cujo filho foi cometido males terríveis ou mesmo tirado a vida, para deixar de viver com o trauma... este não desaparece. O impulso criminoso também não.
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Não sei qual é a linha que separa as nossas boas acções das más, mas fico contente por não padecer dessa perturbação. Graças a Deus, a maioria de nós não desata a cometer crimes sem mais nem menos... mas seja qual for essa linha, o indivíduo que a atravessou uma vez, atravessa duas e três. Não tem como ser diferente, porque já cometeu esse acto de diferença. É uma pessoa diferente. Deve ser tratado como tal. É uma ameaça à integridade e à vida das outras pessoas. Deve-se ter em conta.

Com isto quero reforçar que uma pessoa tem de estar sempre atenta. Talvez aqueles que rodeavam este violador, às tantas, suspeitassem de algo... é o que sempre pensamos. Mas não podemos pensar assim, porque assim muitas vezes não é. O importante é estar sempre e na medida do possível, alerta. Ficar atento a tudo o que nos foi ensinado há muitos anos, quando, em crianças, os adultos nos disseram como agir perante a abordagem de desconhecidos. O "seguro morreu de velho" e "quem vê caras não vê corações". Duas expressões populares que carregam total veracidade nas suas palavras...

domingo, 7 de março de 2010

Pessoas do Campo V Pessoas da Cidade

O ser humano acredita demasiado em expressões populares, em ideias pré-concebidas e em conceitos generalistas. Num destes dias, deparei-me com uma situação destas e mais ou menos que me obriguei a pensar bem no assunto e a tirar as minhas próprias conclusões.

O tópico de debate foi: "Campo e Cidade: As pessoas que vivem na cidade não sabem o que é uma vaca, nunca viram uma galinha etc, etc..."
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Esta foi a ideia pré-concebida com que me deparei. Decidi pensar a sério no assunto. Afinal, esta "noção" de que as pessoas nascidas e criadas em cidades grandes, como Lisboa, não sabem o que é um animal, tem fundamento? E o contrário, as pessoas que vivem em locais menos desenvolvidos e mais campestres, sabem o que é uma galinha?



Para entender melhor este conceito, fui analizar-me a mim mesma. Citadina de gema, nascida e criada em Lisboa, num bairro não muito tradicional e bem desenvolvido, perto do aeroporto, perto de centros comerciais, cinemas, parques infantis, auto-estradas, rio Tejo, quartéis militares... enfim: sou a personificação citadina perfeita para testar esta "definição" de que, na cidade, somos uns "perdidos", uns ignorantes sobre o verdadeiro aspecto dos animais que nos chega ao prato como alimento.
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Olhei então para dentro em busca da resposta. Não sei o que é um coelho? Uma vaca? Um cavalo? Uma ovelha? Uma galinha? Um pato? Vamos lá ver...
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Não podia concordar. Sei perfeitamente o que é cada animal, conheço-os. E não é somente pela televisão, pelos livros, pelo ensino na escola. Sei o que são mesmo quando, no supermercado, não passam de pedaços de carne com etiquetas. Sei o que é o fígado de porco, o que é uma determinada parte da vaca... então, porque acham que não posso saber?
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Depois olhei para o lado dos "não citadinos". Afinal, que contacto têm com tais animais? Descobri que muito pouco ou quase nenhum. Não passam, para alguns, de memórias de infância, de experiências antigas e esporádicas que os marcaram, pela pouca frequência com que aconteceram.



Perante tal descoberta, é justo continuar a alimentar essa noção de que, na CIDADE não se sabe o que é um animal domesticado? Claro que não!
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Meses antes, este mesmo grupo recebeu bilhetes para o jardim Zoológico de Lisboa. Pela forma de conversarem, percebi que os "do campo" estavam bem mais entusiasmados com a possibilidade de voltar a ver os elefantes, e, principalmente, os golfinhos... os citadinos, nomeadamente os de Lisboa, como têm quase sempre tudo tão disponível, não se entusiasmaram tanto.
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Chego então à conclusão que, os da cidade só perdem para o agricultor. Para aqueles que ainda vivem mesmo da terra e lidam com criação de animais. O resto é folclore.


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OS ANIMAIS E NÓS

Nem sei quando comecei a perceber o que são animais do campo, porque nunca senti que me faltava perceber fosse o que fosse. Na escola primária, aprendi tudo o que havia para saber sobre a diversidade do reino animal, da fauna e da flora... não se pode desmerecer o papel do ensino nesta parte. Até porque a maioria da literatura destinada às crianças visando o seu desenvolvimento psíquico e motor envolve a compreensão inicial do Pato, do Gato, da Quinta, do Porco, etc... de onde vem o leite? Da vaca! De onde vêm os ovos? Da galinha! Portanto, não vamos deitar por terra o precioso contributo dos primeiros anos de vida de uma criança.
No meu caso, sempre vi animais e nunca precisei sair da cidade para isso. Sempre surgem "aqui e ali". Lisboa não é uma metrópole de costas viradas para a natureza. Sempre vivi em zonas com muitos jardins, alguns dos quais com diversos animais. Patos, gansos, galinhas, aves de toda a espécie, pavões, coelhos, peixes... o jardim da Estrela, o jardim do Campo Grande continuam onde sempre estiveram, disponível a todos os que os queiram visitar. No meu tempo, faziam-se piqueniques nestes locais... ainda hoje, dividir o espaço com pavões enquanto aguardo na paragem de transportes a chegada do autocarro não é nada de surpreender quando no Campo Grande. Aqueles que estranham a presença destas aves, são os não citadinos...
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Sou citadina e só por isso não sei o que é um animal do campo? Vão-se lixar! Devo ter mais contacto com animais do que alguns a viver em localidades pequenas. Ainda a semana passada levei a filhota às aulas de equitação, onde ela e as amigas vão criando laços entre si e os animais. Há uns meses fiquei a tomar conta de outra criança, muito irrequieta e levei-a à quinta pedagógica, onde, além de estar ao ar livre, pode interagir com os animais: correu atrás das ovelhas que estavam a ser recolhidas para o estábulo, viu como comem, deu pão às cabras, deu festas ao burro... tudo isto é válido e permite uma interacção que prova que os laços entre o campo e a cidade nunca foram cortados. Quando era criança, não foi só numa das muitas Praças (mercados) de Lisboa que tive contacto com o comércio de animais do campo para consumo humano. Também existiam quintas, que a população, na maioria com origens no campo, mantinha perto de casa, para se sentirem ligados à terra. Vi os coelhos, dei-lhes de comer, pedi para que não fossem mortos para o nosso almoço...
Hoje em dia, a minha vida continua povoada de animais. Passo todos os dias por rebanhos e manadas, mais que não seja pela estrada. Na rua que tenho de atravessar, alguns moradores mantêm animais do campo, como galo, galinhas, cabras, ovelhas e patos. Todos os dias oiço-os a cacarejar ou a balir... mas o que mais escuto, é o ladrar! Porque os cães, não os comemos, mas também são animais e ali fazem guarda, latindo à passagem de cada peão.
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Para mim ficou provado que esta noção de que na cidade as pessoas não sabem o que são animais do campo, é totalmente descabida. Não só conhecemos estes, como aqueles que facilmente podemos encontrar no Zoológico e no circo. As pessoas da cidade nunca viraram as costas às suas ancestrais ligações com o campo. E a cidade também não esquece a importância da natureza e da diversidade na vida das pessoas.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Dia dos Namorados

Entrei numa loja de acessórios abarrotada de pessoas e depressa percebi que a maioria dos clientes são miúdas com os namorados. Amanhã celebra-se o dia e, logo a seguir, o entrudo. A loja estava a rubro!

. O que me fascinou foi perceber as dinâmicas ali. Um casal estava a ver qualquer coisa e o rapaz diz à rapariga que tem em casa algo com estrelinhas que ela deve gostar. Estão a procurar e a comprar algo juntos. Passo por outro casal e a rapariga está a mexer numa caixa de maquilhagem. O rapaz logo pergunta:
- Quanto custa?

Este casal estava a comprar algo para ela, oferecido por ele. Quando o oiço fazer a pergunta, acho-o estúpido. Pela primeira vez entendi aquelas mulheres que ficam PIURÇAS quando o namorado se põe a perguntar o preço de um presente. Foi mesmo estúpido! Se é para oferecer, de coração, essa pergunta não cai bem... estão numa loja de acessórios, não num stand de automóveis ou numa joalharia! Não vais à falência por isso, puto... Ela responde-lhe:


- "20 euros". Fá-lo num tom muito próprio do sexo feminino, que quer dizer: "quero mesmo isto, não respondas que não pode ser, porque é muito caro".
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Ao mesmo tempo percebi o quanto o bixo homem é uma criatura de instintos animais básicos... que se submete a este ritual para ter sorte depois, à noitinha, quando estiverem os dois sozinhos! A expectativa do momento da recompensa parece valer-lhes o esforço, que, para uma maioria, é mesmo penoso... ir às compras com a namorada é quase como passar pelo matadouro e temer ser escartejado!

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Continuei a esbarrar em diversos casais enquanto vi tudo o que havia na loja, para depois decidir o que ia comprar. Passados mais de 10 minutos, a rapariga da caixa de maquilhagem ainda estava de volta dela, a abrir e fechar, a agarrar os acessórios, a olhar para as cores, e, o namorado ali ao lado, sem dizer nada.
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Otário! Compra-lhe a caixa e tens a vida facilitada! A tua namorada está há 10 minutos com a caixa na mão e não sabes se é o que ela quer? Ou temes que seja? Tens de ver ao que dás mais valor... aos 20 euros na carteira ou à namorada, com promessa de marmelada...
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Muitos homens ocultam a verdadeira natureza ao presentear com segundas intenções as namoradas com aquilo que querem, dando-lhes a sensação de plena generosidade. Para eles uma relação é um negócio. São tão calculistas que vão logo comprando essas mesquinhices e conseguem tudo o que desejam a troco de coisas de plástico... mas este puto não é suficientemente inteligente para entender que 20€ é uma miséria...

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Olha rapaz: se é esse o preço por uma caixa de maquilhagem completa de acessórios, com uma palete de cores que vão do roxo, ao amarelo, ao branco, ao rosa, ao preto... então é porque era uma bela porcaria! Devias ter agradado a tua namorada, dando-lhe toda aquela parnafenalha e era vê-la toda feliz! Só ias ganhar com isso. Assim, ela percebeu toda a hesitação, a má vontade, a falta de gosto, o apego pelo dinheiro... burro! Onde pensas tu que estavas? Numa joalharia fina? Num stand de automóveis? Se fosse numa perfumaria ou loja especializada, desembolsavas muito mais! Não menos de 60€... tótó!
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Depois de comprar as minhas coisinhas, ainda tive oportunidade de ver mais uma situação deplorável. Desta feita, o casal não era adolescente, mas já na casa dos 50. O homem tira da carteira uma nota de 10 euros, dá à mulher e diz que só pode ser aquilo, que não pode dar mais! Ela puxa a nota como se temesse que lha tirassem. Que velhaco! Só 10€?? Se fosse para um boletim do euromilhões, umas cervejinhas ou uma farra entre amigos, que se lixassem os 10, 20, ou 30 euros, não é? Mas que mau aspecto esta cena me causou!

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Tive pena da mulher, ali submissa, a receber uma "esmola" mixa, quase que publicamente humilhada... e ia procurar algo que lhe agradasse dentro daquele limite de preço tãaaao abragente :#! "Querida, por todo este tempo que estamos juntos... vales 10 euros! Toma lá, gasta-os e diverte-te! Vês como sou generoso?"

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Descobri assim, através de observações involuntárias, o que anos de vida não me ensinou...


Mas nem tudo estava perdido. A visão de namorados mais bonita que vi foi a de um casal idoso, com ar de quem se gostava mutuamente, cúmplices e, acima de tudo, aparentando respeito mútuo. Isso é o mais importante numa relação! Ver os dois de cabelos grisalhos, de braços entrelaçados, amparados um no outro a caminhar em direcção ao rio, num dia com sol mas com muito frio e muito vento, a celebrar serem namorados... fez o meu dia!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Bulling - continuação 2

Quero pedir a todos aqueles que leram os meus desabafos sobre bulling no emprego que façam uma corrente de força de pensamento para que todos aqueles que agridem, atormentam, insultam, rebaixam e desprezam colegas que nunca lhes fizeram mal, venham a ter o que merecem.



Pela primeira vez em ano e meio sem reagir a provocações, insultos gratuitos e despropositados, ofensas, atitudes agressivas e de descriminação, diante de mais um insulto dito meio pelas costas e à distância, decidi ir a conversas com o tipinho.


.Não insultei, não ofendi, só expus o seu comportamento e pedi-lhe que demonstrasse respeito. Apenas isso. Não precisa gostar da minha pessoa, mas respeitar-me como ser humano, como colega, é obrigatório! Eu faço-o e nunca recebi de sua parte motivos para tal. É mesmo uma questão de carácter. Falta muito nele, existe muito em mim.


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Claro que não demonstrou qualquer sensibilidade. Ofendeu mais ainda, insultando a minha capacidade de trabalho, incapaz de admitir que age incorrectamente. Irá, continuamente, a ser o vermezinho de sempre... com voz dócil e tratos de "médico" (bom dia, como está? Então vamos lá tratar do seu problema...) - esse género.

Eu desejo bem às pessoas! Não entendo porquê tem de existir quem procure atormentá-las...
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Mas não quero ter o meu pensamento ocupado com isto por muito mais tempo. Escrever sobre ele, para quê, se não o merece? O que merece é que a vida dê voltas e acabe por pagar todo o mal que semeia... e já. Que isto de se pagar "um dia mais tarde" pode não ser justo.


Então, e por acreditar que conseguimos com a energia do bem clamar por bondade e justiça, peço a todos os que são pela paz e harmonia, que se concentrem numa única corrente de pensamento para que o bem traga tranquilidade para os nossos corações e aqueles que chocam com isso tenham o que merecem. Só assim têm hipóteses de regeneração.


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Sobre bulling:
http://um-pedaco-de-mim.blogspot.com/2009/04/bullyng-sera-que-estamos-sempre-seguros.html

Para reflectir:
http://contemporaneoeindiscreto.blogspot.com/2009/01/elevando-o-espirito.html

domingo, 24 de janeiro de 2010

A Vida em Décadas

Todos nós concordamos que, se soubessemos o que sabemos hoje há 10 anos atrás, algumas coisas teriam sido feitas de forma diferente.
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Quando estava na casa dos vinte, estudava, sentia muita energia, tinha muita vontade, muitas ideias (boas), batia a muitas portas (não as que devia ter batido), enfim... aceitei fazer estágios, trabalhando de graça, porque gostava de trabalhar, sentia prazer e a falta de remuneração era condição que aceitava. Não é que fosse ingénua, mas tinha ingenuidade. Toda eu era crença e esperança, o que faz uma pessoa permitir-se ser usada e desperdiçar assim, a sua juventude. Pela altura do último estágio não-remunerado, já sabia que se tratava de um passo prejudicial - alimentaria a "máquina" do trabalho grátis, que não levaria a continuidade alguma. Mas sentia vontade e muita energia para lhe dedicar e fui para a frente.
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Hoje tenho mais dez anos. Afirmo já que, os mais jovens de agora não são tão abstraídos da importância do poder do dinheiro mas, no idealismo típico da idade, ainda se tem muita esperança. E, de estágio em estágio, o tempo passa e não estamos já na casa dos 20... Quando tinha 24 anos, achei que estava no limite. Que tinha a idade como obstáculo para trabalhar na área que gostava. Já era "velha". 24 anos!! Vejam só, o quanto eu própria estava a sabotar as minhas oportunidades, perpectuando um tal pensamento, que a própria sociedade projectava para mim. Em certas áreas, passar dos 20 e ser mulher, é ser velho. Agora, com 34 anos, já me considero "velha" para certos trabalhos e dou por mim a perceber que, se tivesse 24, as coisas seriam diferentes... Mas então, porquê já me "assassinava" aos 24? Qual a lógica num pensamento destes? Se me considero "velha" aos 34? Tão próxima dos 40? Não... Mas quem me dera ter esta segurança aos 24...

Para quem nunca deu importância à idade, acabei por cair em armadilhas. Não dar importância à idade, também faz com que o tempo passe e não saibamos aproveitar as oportunidades que, supostamente, essa fase da vida deve trazer.

A vida é um exercício de sobrevivência. Claro que, se soubessemos o que sabemos hoje... algumas coisas teriam sido vividas de forma diferente. Então, o melhor é ter esta ideia presente já. Porque daqui a 10 anos vamos repetir esta constatação. "Se há 10 anos atrás soubesse o que sei hoje...". O melhor é projectar a vida 10 anos para a frente e lutar para não ter arrependimentos quando o tempo passar e olharmos para trás. Para sobreviver, podemos ser pisados sem nunca pisar ninguém. São raras as pessoas que assim vivem, mas não tão raro quanto se pensa. Quanto a mim, são as mais fortes, as mais admiráveis, as mais resistentes! Uma pessoa que passe por todas as fases da vida, a adolescência (14-21), a juventude (22-29), o jovem adulto (30-39), o adulto (40-49), o adulto maturo (50-59), o adulto envelhecido (60-69), o idoso (70-79), o muito idoso (80-89), o mais idoso ainda (90-100) e consegue nunca pisar ninguém, consegue um feito! Em termos espirituais, evolui e progride. Quem precisa de maltratar os outros, usá-los, explorá-los, roubá-los, criticá-los, difamá-los, não aprende nada na vida!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Assédio Moral RTP 1

Ora aqui está o nome "científico" para situações que já vivi no passado e que, como desabafei num post anterior (muito comentado, obrigada aos que se preocuparam e procuraram ajudar) e continuo, de uma certa forma, a ser vítima.
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A reportagem passou na RTP1. Foi curta, podia ter sido mais desenvolvida, mas exemplificou bem um acto que não é muito visível na sociedade. Embora quase todos já tenham passado por situações parecidas. É como, desculpem a comparação, mas é um tabu tão forte quanto a pedofilia foi antes do caso Casa Pia. Ou seja: as pessoas remetem-se ao silêncio, isolam-se, passam por situações desesperantes, todos fingem não ver, ninguém estende a mão, calam-se e, PASSIVAMENTE, deixam acontecer...
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Assistir à reportagem fez-me lembrar algumas situações que vivi. Esta só "pecou" por não insidir melhor num facto: centrou-se bastante no assédio moral do patrão, mas pouco mencionou quando este tem origem nos colegas. Porque há colegas que fazem isto, e não são poucos. Muitos até querem mesmo te ver despedida ou que te demitas, para depois poder achincalhar mais ainda a tua integridade, mas com as tuas costas ainda mais distantes.
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Apetece-me contar algumas coisas... tirá-las do peito. Mas não muito, para não vos aborrecer com detalhes longos e dores que são minhas... No presente, posso dizer que não posso nem devo alguma vez deixar de ter na consciência o tipo de pessoa com que estou a lidar no trabalho. Esteve uns dias ausente e notou-se de imediato uma paz e serenidade no ambiente. Nesse período de tempo, percebi, com espanto, que outras pessoas também não o têm lá em grande conta. Mas agem todos com a maior das simpatias. Em suma: quem o menos achincalha ali dentro até sou eu! E razões para o fazer não me faltam... ele procura virar contra mim outras pessoas, faz de propósito certas atitudes para colocar uma distância entre mim e os outros. Descrimina-me, etc e tal... voltou com um tom frio e a denunciar que não estava disposto a dar tréguas. Pois venha a luta... tou por tudo! Já começou até... ele e a "namorada" que mantém ali dentro cometeram um erro daqueles óbvios e percebi que o filho da p*** andou a falar com outra colega, insinuando que o erro só podia ter sido cometido por mim. Eu, que resolvo os problemas que outros criam! Faz sempre isto. Uma vez fiquei mesmo espantada: uma pessoa estava a insistir que nós tinhamos uma coisa que lhe pertencia e que num papel isso vinha escrito. Pois a primeira coisa que ele diz, mesmo tendo os factos contra essa possíbilidade, é que certamente eu errei a escrever os dados e por isso é que não se encontrava a coisa! Mesmo a pessoa tendo afirmado repetidamente que, no papel que tinha perdido, tudo vinha bem escrito. Parecia querer ignorar essa informação de propósito, para me acusar, porque ele, não erra nunca... Noutra ocasião, fez o mesmo e, mais uma vez, eu, que guardo uma cópia de todos os papéis que entrego aos colegas, consegui localizar a coisa em questão e, por A + B, tinha feito o meu trabalho excepcionalmente bem. Mas alguma vez o esfreguei na cara dele? NUNCA!
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Há pessoas que não sabem estar gratas por um gesto de altruísmo destes. Nem sei se existem pessoas assim ainda. Que saibam reconhecer que alguém as ajuda, quando podia as ter comprometido. Eu faço isso todos os dias, no trabalho, com colegas que, sinceramente, não se preocupam com a qualidade e eficiência daquilo que apresentam. Vinha a pensar nisso e noutras coisas hoje de manhã. O filme da minha vida mais ou menos que "passou" na minha cabeça em todo o percurso que faço para o trabalho. Com direito a lágrimas e tudo, mas com muito entendimento... em miúda, mesmo muito nova, tive um gesto de grande altruísmo e coragem: suportei a fúria de uma professora tirana que, frustrada, decidiu castigar-me por recusar-me a delatar (dar o nome) de um colega que copiou num teste e deu as respostas a todos. Ela fez-me tantas! E eu mantive-me calada, a suportar tudo, sem lhe responder, sem ter reacções que demonstrassem que a sua mesquinhice e malvadez me irritavam. Porque não irritavam. Acho que as pessoas mostram-se menores com este tipo de comportamento. "Poluem-se". No máximo, o seu comportamento recebia de mim um lamento triste ou indiferença. Mas ao menos, nesse tempo, o colega que chegou a tremer nas pernas e a suar frio, com medo de ouvir o seu nome a ser mencionado, soube fazer o seguinte: tocou-me no ombro, virei-me para trás e ele disse-me:
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-"Obrigado. Obrigado por não teres dito que fui eu".
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Que diferença para os dias de hoje! Todos os colegas na sala perceberam que a professora perseguia-me. Atirava-me com questões para ver se eu errava a respondê-las. Mas como criança que adorava aprender, nem me lembro de alguma vez não saber a matéria. Ela bem que tentava, inventava, insultava... até que mudou de estratégia. Eu levantava o braço para falar e, mesmo quando o meu era o único, ela não me autorizava. Remeteu-me para o ostracismo. Sempre que põde, diminuiu os valores dos meus testes, normalmente, sempre "Muito Bons". Num dia em que me atrasei porque a minha mochila caiu numa poça de lama, ela decidiu fazer um teste surpresa e quando me viu a bater à porta a pedir para entrar na sala, recusou-se a abrir. Deixou-me do lado de fora e, entre uma frecha, muito secamente, reprimiu-me por chegar atrasada, ameaçou-me, procurou intimidar-me... Disse-me que seria avaliada na mesma e que teria ZERO valores. Ela ia cumprir as "regras" e só ia abrir a porta quando a campainha tocasse para o intervalo. Só então ia poder fazer o teste de 2h, apenas em uma. Assim o fiz, acertei nas questões de forma completa, mas, com menos tempo, não respondi às últimas duas. Ela recolheu o teste no som da campainha, e começou pelo meu. Tive apenas "Satisfaz Mais". Na correção percebi que até tinha respondido como ela pretendia que se respondesse, mas ela foi especialmente rigorosa na correcção do meu teste. Segundo ela, ainda me fez um favor, ao deixar-me fazer o teste à segunda hora e foi "generosa" na correcção... mesmo tendo descontado uns tantos valores por ter chegado atrasada... generosa! Uma "simpatia", esta professora. E começou aqui a minha primeira experiência do denominado ASSÉDIO MORAL! Que coincidência eu ter passado a manhã a relembrar e a resolver estes assuntos na minha mente, para, de noite, ver esta reportagem sobre o tema...
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Portanto, pouco me podem fazer que eu não tenha vivido já... é como se tivesse aguentado o equivalente a um "mestrado" nestas coisas. E se nunca quebrei, não quebro nunca! Mas não é fácil. Eu fui ao fundo do poço e lá fiquei os melhores anos da minha vida mas é na própria pessoa que sou, que encontro forma de não afundar. Não consigo odiar nenhuma destas pessoas que tanto mal me fizeram. Doi-me, é certo, quando entendo o quanto me prejudicaram. Aquela professora em muito contribuiu para o decréscimo do meu interesse pelas boas notas, pela participação na sala de aula e muitas outras coisas no futuro ficaram comprometidas por ela ter sido o que foi. E assim se passa com todos. Mas eu resisto porque, todos nós, somos resistentes. Somos, SOBREVIVENTES, como uma vez ouvi alguém dizer e achei que é isso mesmo.
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Doze anos depois, estagiava numa produtora audiovisual. Logo no primeiro dia ocorreu uma situação que revelou o que ali ia encontrar. Mas, guerreira, decidi não levar o caso a sério e, simplesmente, trabalhar sem dar importância a conflictos! Sentia tanto gosto e prazer com o que fazia, como sempre! A dona da produtora, era tal e qual o que alguém na reportagem disse: tinha um tanto de psicopata. O seu hobbie era "brincar" com as estagiárias. Eu sendo como sou, daquelas que percebe a indirecta mas não reage, oh! Como sou o tipo que este tipo de gente prefere!!!
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Passei por situações humilhantes ali, caso eu fosse uma pessoa que me deixasse sentir humilhada. A intenção era essa mas não conseguiam. Exemplos do que me fizeram? Bem, para além dos maus tratos verbais, agressões, frases que afirmavam que não prestava, que era atrasada mental, deficiente, risos de gozo etc, davam-me trabalhos de "merda", que nada tinham a ver com as minhas funções. E mesmo assim, insinuavam que nem esses fazia bem. Não me afectou... pensei eu! Claro que afectou. E prejudicou-me. Não no momento, mas deixou o veneno ali. Quando o turno de trabalho terminava e ia para casa, "revia" as situações e tinha insónias de noite. Não dormia nada! Fiquei doente... De seguida consegui outro estágio num canal de televisão. Uma grande oportunidade, mas não soube centrar-me nela. Ainda tinha problemas a resolver no outro lado, pois continuavam o ASSÉDIO demorando mais tempo do que o estágio em si para devolver um papel de avaliação, que consistia em colocar cruzinhas num questionário! Eu própria sabotei esta nova oportunidade. É um dos efeitos nocivos de ser uma SOBREVIVENTE de ASSÉDIO MORAL. Muitas vezes, se a coisa parece boa demais é porque não é verdade... se não te tratam mal, é porque algo não está bem... e, sem perceber, decides não permitir que te tratem de igual forma, acabando, por isso, a dar origem a más interpretações. Nesta ocasião, literalmente, cedi o lugar que sabia poder ser meu a outra colega. E não me senti mal por isso. Até hoje, nunca tinha contado isto... ela nunca percebeu, creio, mas as minhas acções conduziram a este desfecho e eu sabia-o desde o inicio. Ela nem suspeitava. Não consegui controlar-me. Empurrava-a para lá, sabendo que só ali ia ficar alguém... Mas não consegui parar. A auto-sabotagem é o principal problema das vítimas de agressões verbais, ostracismo e violências morais. É como ser um estranho numa terra estranha e não falar a mesma língua. Não há nada de errado mas tudo é diferente. E nunca aprendeste ou foste ensinado a viver dentro dessa realidade. É nova, "assusta", não é "normal"...
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Até hoje guardo uns papeizinhos que, talvez pareçam inocentes, mas sei que não o são. Numa ocasião, chamaram-me para fazer uma coisa "muito importante". Queriam saber se estava apta para isso. Se me achava capaz. E riam-se, faziam troça. "Uma missão de muita responsabilidade" - afirmavam. E perguntaram se eu sabia fazer compras. Se sabia o que era uma mercearia e era capaz de diferenciar uma carcaça de um pão saloio. Queriam se certificar que entendia mesmo a diferença e mandaram-me lá ir, comprar fruta e pacotes de leite dos "piquenos", mais uma bifana "especial". Mas no último minuto mudaram de ideias e acharam que, se calhar não tinha capacidade para memorizar estes três pedidos. Era melhor escreverem num papel para não me esquecer. No total gozo, anotaram o pedido. Guardei esse papel. Parece inocente... até parece uma brincadeira de bom humor a palavra "piqueno"... escrita por uma conceituada apresentadora de televisão, tida também como uma pessoa benemérita que até tem um familiar com uma deficiência e vem a público dizer que não se deve gozar com as pessoas... pois! Engana-me, que eu gosto :)! Memória curta...
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Quando achar este papel que, volta e meia, aparece sei lá onde, pois não deito fora mas também não o guardo religiosamente num lugar fixo, até seria boa ideia passá-lo no scanner e deixá-lo aqui. Aí poderia ir para o lixo, quem sabe... só quero que a coisa não desapareça, pelo simbolismo que tem.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

ciclovias com escarlatina

Lisboa despertou para o Inverno com obras em suas das mais principais artérias. A razão é a construção de ciclovias, que, supostamente, vão ligar várias zonas de Lisboa umas às outras. Perto de mim começaram a construir essas vias. Levou tempo mas, terminaram. Ou não?


Acontece que as linhs já foram traçadas, alcatroadas e pintadas de vermelho. Mas, com o Inverno, a chuva foi a principal responsável por levar a tinta vermelha do asfalto... Agora a ciclovia não passa de entulho. Com uma aparência degrada e deprimente mesmo, abandonada. A cor vermelha não assentou no alcatrão o que gerou umas manchas semelhantes à escarlatina. As vedações, redes de plástico esburacadas, em estacas de metal, permanecem no local, caídas pelo chão, como lixo. É uma paisagem triste de se olhar. Já parece um local com anos em cima... e nem sequer teve uso!

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Ao construirem a ciclovia, prejudicaram os moradores locais. É sempre um inconveniente, que queremos curto e esperamos que, quando termina, tudo fique melhor. Mas não. Por causa da ciclovia, o caminho por onde costumava passar para me dirigir à paragem do autocarro, ficou mais longo. como já não me bastasse ser uma subida de 5 minutos, que muitas vezes me faz perder o transporte, foi dificultada por a zona estar vedada. A ciclovia passa próxima de uma varanda de um prédio, o que parece inestético. Também foi colocada numa das minhas partes favoritas para caminar: a berma de uma zona relvada, que, por si só, possuia o seu próprio trilho de terra batida, do tanto que as pessoas cruzam por ali. Em algumas partes do percurso em que a mesma se cruza com caminhos calcetados, passa por cima. Noutra, o caminho permanece no traço e sobrepõe-se à ciclovia. O critério, porém, é duvidoso... E nisto, ainda ninguém me "devolveu" o espaço público, para que eu possa caminhar onde bem desejar...


.Por quanto tempo vai ficar assim? Vou ficar a contar.


Tenho cá para mim que vou poder também contar, pelos dedos, a quantidade de bicicletas que vão, nestes primeiros tempos, cruzar aquele caminho... na primavera talvez seja diferente. Ainda assim, estou para ver se a estética da zona acabou tracejada por algo que a empobrece.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Pessimismo à Portuguesa

Tenho reparado que os portugueses estão cada vez mais pessimistas. Queixam-se de tudo, estão sempre mal, dormem mal, têm dores de cabeça, estômago, costas, etc... falta-lhes dinheiro e saúde mas andam todos de automóvel próprio e comem que nem uns selvagens. Quem não passou o Natal ou a passagem de ano com mesa farta, com o tradicional bacalhau, cabrito assado, e demais iguarias, que vão do marisco aos doces? Alguns certamente, mas muitos mais tiveram estas iguarias à mesa. Mas se lhes perguntarem como a vida lhes corre, ai Jesus! Está tudo mal!
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Começo a querer me distanciar desta "herança" portuguesa. Estará sempre nos meus genes, este "fado do queixume" mas, no geral, sei estar grata pelo que tenho e gosto de guardar um pouco dos meus males para mim mesma. Quero estar feliz! Tenho de acreditar que vou começar o ano com coisas boas e, para isso, andar todos os dias a contar a terceiros o quanto estou cansada, o quanto me sinto mal, estranha e esquisita, o quanto me custou acordar, quantas horas durmo, ou como durmo, não me parece que me vá levar lá!
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Ultimamente, todos à minha volta andam com estas coisas. Uma anda deprimida, só sabe falar dos comprimidos que toma, dos tratamentos que faz, do batimento cardíaco, da pressão sanguínea... viro as costas, afasto-me, estou em casa, recebo uma visita e esta fala-me do mesmo: não está bem, tem batimentos cardíacos, sente-se mal, dores de estômago, não sabe se pode comer o que lhe ofereço... irra! A impressão com que fico é que ninguém tem mais nada para dizer da vida. Interagimos uns com os outros com este pretexto, e pronto.
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Estava a conversar com uma pessoa brasileira, que me pergunta, num dia em que tinha ficado aborrecida e tinha cortado a mão, se estava bem. Disse-lhe que, por acaso naquele dia não estava grande coisa.
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-Mas porquê? Tem alguma coisa? Não dorme bem?
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Fiquei assim como que surpresa com o seu espanto. Qualquer outra pessoa que me rodeia teria abanado a cabeça em compreensão e aproveitado para "despejar" também os males que a afligem. Talvez até desencadeasse uma espécie de "concurso", para ver quem é que estava pior.
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Toda a gente que conheço diz que não dorme bem. É um facto adquirido. Não é relevante perguntar... já se sabe que não! E eu sei que é verdade. Também faço parte do grupo que sabe (mas não anda aí a dizer) que não tem bons hábitos de repouso.
.A
A pessoa em questão acrescentou de imediato que dorme muuuito bem. Disse-o com uma convicção de causar inveja. Como quem tira desse simples acto toda a satisfação que este lhe pode proporcionar. Temos de aprender a ser assim! Eu gosto de sentir prazer em pequenas coisas. Dormir devia ser uma delas. Acordar devia proporcionar-me a mesma sensação de felicidade que gerava em pequena. Porquê aceitar e sabotar este ritual? Para quê insistir em ficar acordado se nos semtimos cansados? Para quê contrariar o corpo e reduzir as horas de sono? Para quê ficar a comer até ir deitar, porquê o mau colchão que nunca proporciona um bom descanso, para quê facilitar a agitação e os pesadelos aflitivos?

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Tratei logo de descansá-la. Aquilo ia passar! Não quero ser uma pessoa que todos os dias fala das suas mazelas. Estou longe da terceira idade! Tanto que os jovens criticam os mais idosos por só saberem falar das suas doenças e tratamentos, mas estão precocemente a agir de igual forma.

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Existe muito queixume neste sangue português, mas não tem de ser assim. Temos de fazer para que não seja. Prefiro ser uma optimista sem muita razão (como previu o meu horóscopo) do que ter um espírito derrotista alimentado por uma sociedade precocemente deprimida. Somos um povo demasiado interessante e com muito potencial para nos deixarmos afundar nesta armadilha. E estamos a afundar! Quando o sol está a nascer e nós a acordar, devemos cumprimentá-lo com um sorriso... e não queixumes!
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Dinâmica! Falta-nos isto. Temos de parar de adoptar um espírito derrotista e começar a fazer algo para mudar o que está mal.

.Ao levantar da cama, ao invés de colocar as mãos nas costas e mencionar o quanto estas lhe dóiem, que tal sorrir e sentir felicidade por mais um dia? Você está vivo, alegre-se! Tem tempo para se lamentar depois de morto....

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Reflicta na seguinte Filosofia do Optimismo e avalie se não é preferível...


1- Hoje é o dia mais importante da tua vida. Não o sobrecarregues com lembranças dolorosas do ontem, nem com temores cobardes do amanhã. Vive o dia de hoje com entusiasmo e harmonia.
:)
2- Constrói tu mesmo a tua vida. Não permitas que opiniões e erros alheios te conduzam ao fracasso.
:)
3- Irradia amor, carinho e simpatia. Não guardes os teus tesouros espirituais, pois, quanto mais alegria e amor espalhares, mais feliz serás.
:)
4- Não esperes pelos outros. A tua grande fonte de energia está em ti mesmo, se souberes utilizá-la verás o quanto és forte.
:)
5- Sê pontual, sincero e exigente contigo mesmo. Quem não disciplina, desperdiça tesouros de energia física e mental, acabando por destruir-se, lembra-te que o tempo deve ser usado com sabedoria.
:)
6- Cuida do teu corpo e da tua mente, conservando ambos sadios. Como os males de um se refletirão no outro, os dois merecem, por igual, o teu cuidado. Alimenta a tua mente, com pensamentos positivos e saudáveis para que seja refletido no teu corpo.
:)
7- Tem paciência. Jamais duvides da continuidade da vida e de que a vitória pertence aos que sabem esperar o momento certo para agir. Não tenha pressa, tudo tem o seu tempo.
:)
8- Foge da extravagancia e do desperdício. Os dois são próprios dos desequilibrados - e o equilíbrio na vida é um bem inestimável.
:)
9- Faz diariamente uma avaliação de tua vida. Vê o que realmente é importante, se não estás desperdiçando o teu tempo com coisas inúteis como preconceitos e ressentimentos, pois tudo gira em torno da paz e harmonia.
:)
10- Ao tomares uma decisão consciente e livre, jamais te afastes dela. Sê seguro nas tuas decisões. Saber querer é a base para vencer. Com optimismo tudo se resolve!
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