segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A praga tecnológica

Todos os dias, logo pela manhã, levo com duas ou três coisas que dispensava bem: o cheiro de tubo de escape do trânsito automóvel, pessoas a acender os cigarros bem na minha frente de modo a que o fumo siga a direcção dos meus pulmões e, o pior de todos, terrível para mim, a PRAGA DIGITAL.


Não consigo fugir dela. Mas qual praga? Falo da música portátil. Dos muitos e muitos ouvidos onde espetam os auscultadores e daí sai um ruído irritante, um zumbido pouco pacífico, que nos é impigido. Os infractores deste acto danoso, sentem-se imunes, escudados que estão pelo equipamento que os esconde. Apetece-me cortar-lhes os fios. Puf! Terminava o acto doloso.


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Hoje pela manhã, senti tranquilidade no autocarro. Não estava cheio, consegui um lugar para viajar sentada e tentei perceber porquê estava esta viagem a ser tranquila. Viajava na parte de tras de um autocarro de três portas. O que estava diferente? É que todas as pessoas ali não traziam consigo nada que produzisse ruído. Percebi que não estava a ser agredida com os habituais zombidos. Tão depressa respirei de satisfação, tão depressa apareceu uma miúda. Põe-se mesmo à minha frente. Surge de imediato aquele som ruídoso: Bzzzz rRsssss Tssss Rssss Tasssss. Irra! Estava a ser tranquilo e era bom demais para ser verdade... aquele minuto durou uma eternidade. Mais ainda quando o som tornou-se mais cristalino, com o fim do movimento do autocarro num semáforo. Lá se foi a viagem tranquila...

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E você? Como começa a sua manhã mal põe os pés na rua?

domingo, 18 de janeiro de 2009

Caridade: Como a sociedade a vê?

Veio-me à lembrança um momento de troca de ideias, promovido por uma questão durante uma aula na escola, já lá vão uns aninhos. Não sei como, a conversa "virou" para a ajuda humanitária. Nessa troca de impressões, defendi que é preciso dar algum tipo de ajuda às pessoas desprivilegiadas, ao que uma colega com outra opinião retorquiu que só é pobre quem quer e quem é preguiçoso e não gosta de trabalhar.
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Estas duas perspectivas sobre o assunto mostram bem como a Sociedade encara Hoje a miséria. As pessoas têm mais consciência das alternativas existentes para quem precisa. Da quantidade de instituições beneméritas, das acções e posições do governo, das doações em espécie para todo o género de caridade. E percebem também, que muitos "pobres" aproveitam-se delas para ganhar dinheiro sem ter de se esforçarem ou trabalhar. Então indignam-se.
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O muito criticado "rendimento mínimo", serve de exemplo para isso. Famílias inteiras a viver à custa do subsídio do Estado Português, dos descontos dos impostos de quem trabalha admitindo entre risadas, não pretender trabalhar. A entrega de casas em bairros sociais. Os cursos financiados pelo Estado, para dar equivalência ao 12º ano, frequentado por jovens que ali vão pelo dinheiro e não têm qualquer intenção de ouvir o formador, quanto mais pôr em prática a aprendizagem.
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Escolas de formação que se propõem a facultar cursos co-financiados, somente para colocar ao bolso uma fatia de dinheiro fácil... (Ai! Deixem-me gritar! Portugal, vai mal!!! - onde não pode se dar ao luxo de fracassar). Universidades privadas e públicas, a criar cursos estapafúrdios para conseguir mais dinheiro, motivações erradas dirigidas às pessoas erradas, o Magalhães, a entrada de uma imensa mão-de-obra imigrante criminosa que não tem colocação profissional porque o país não tem nem para os seus, isto a gerar bairros de elevada criminalidade e pior... gente de instrução muito baixa, que nunca sairá do buraco onde está, porque a ajuda não é apropriada. E por aí...
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Fiquei eu um tanto estarrecida com a opinião vincada da colega que ainda por cima fez troça de mim. Só é pobre quem quer - disse ela. Porque não querem fazer nenhum. Será?
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Entendo tudo isto que descrevi. Também sinto revolta com muita coisa. Mas não deixo de ser da opinião que nos devemos ocupar da questão. Se vamos acentuar as diferenças, vamos aumentar a criminalidade.


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A colega defendia que tinham de existir pobres, porque senão não haveria ninguém para fazer os trabalhos mais serviçais. Nesta sua perspectiva de ver as coisas, a extrema riqueza era uma mais valia, bem merecida pela supremacia de quem a alcançou. Além disso, também era da opinião de que as pessoas que se preocupam com o ambiente sofrem de alguma perturbação mental. Deu como exemplo a Greenpeace e, a jeito de troça, incluíu-me na instituição.
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As suas provocações não surtiram efeito mas não deixo de lamentar tamanha demonstração de imaturidade e malícia, que revelou somente no final de uns tantos anos de uma convivência superficial. Na sua fita de curso, estive para escrever: "Em 5 anos, só conheci quem és há duas semanas. Não gostei." Mas compadeci-me dela e desejei um sentido "Boa Sorte".
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Não deixa de ter um tanto de razão, porque na verdade, as pessoas bem intencionadas e pacifistas acabam por sofrer mais e são mais injustiçadas na vida. Mas decerto que isso não é razão para um "vale tudo" sem compaixão.
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Esta colega era ainda uma criança inexperiente quando começou os estudos. Mas terminou-os revelando-se uma autêntica "cabra". Celebrou a derrocada da "melhor" amiga, a quem roubaram o emprego à traição. Chamava-lhe nomes feios e gozava-a, ridicularizando a amizade que esta queria ter. Era sorridente com as pessoas pela frente e muito maldizente por detrás. No final dos estudos, trocou as roupas de jovem estudante pelos fatos saia-blaser caqui das senhoras de negócios. Andou a distribuir cartões com o seu nome, com um indescritível rejubilo, enquanto se passeava no carro novo, oferecido pelos pais, que veio junto com uma casa para morar e uma boa cunha num ambicionado posto de trabalho cheio de regalias e boas perspectivas.
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Levando isto em conta, que sabe ela sobre a necessidade? Os pais não a deixaram sofrer (nem lutar) para alcançar algo na vida. Bom para ela, mas mal também. Coitados dos filhos que vier a ter. "Para que servem as pessoas altruístas, como as da Greenpeace, que defendem as baleias?" - perguntou ela em troça. Respondo-te o que ia para dizer, mas guardei com pena da tua repentina crise de snobismo. São elas que vão fazer um mundo melhor para os teus filhos. Quando os tiveres, vais ver como, de repente, as preocupações com o ambiente e a sociedade passam a estar na tua ordem do dia...

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Distribuição de Gratuitos

Faz quatro meses que passo todos os dias pelo Campo Grande, onde umas tantas pessoas fazem, logo pela manhã, a distribuição dos jornais gratuitos, "Metro" e "Destak". Pois acreditem, durante todo este tempo, nunca ninguém estendeu um jornal na minha direcção.
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Já lá passei sem pressa, já lá passei devagar, já passei a correr, já passei a marcar passo de tanto me desviar da multidão em sentido contrário e nunca, em 90 dias, alguém estendeu o jornal na minha direcção. Será coincidência? Só posso pensar que sim. Nem, liguei. Até hoje.
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Desde o início desta semana, comecei a tirar estes jornais diários para ler. Hoje fiz o mesmo e lancei-me à caixa onde costumam estar empilhados, mas estava vazia. Não fazia mal, porque as pessoas continuam ali, a distribuí-los. Dirijo-me à que está de braço estendido e com o jornal a apontar na minha direcção. Quando vou para o agarrar, esta pessoa tem o gesto de dirigir o jornal a outra pessoa a aproximar-se por detrás.
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É caso para perguntar o que se passa. Já não é coincidência, é descriminação! Qual será o critério de entrega em mãos? A aparência do trauseunde?
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Aqui fica o registo do sucedido.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Andar em Lisboa de... BICICLETA!

Apanhou-me um tanto surpresa, a notícia que vi no noticiário da Tv. Alguém fez uma tese fundamentada e chegou à conclusão que Lisboa é uma cidade onde é perfeitamente possível andar de bicicleta.


Quem concorda com isto?


Não costumo descartar com rapidez nenhuma espécie de ideia nova, por mais estapafúrdia que possa parecer. Mas esta não acolhi com grande credibilidade. A razão é simples: adoro andar de bicicleta. Como "alfacinha de portugal" que sou, não há outro lugar onde o possa fazer. De modo que penso poder afirmar que, andar de bicicleta em Lisboa é totalmente INVIÁVEL.


Bem que gostaria que não fosse! Ficaria satisfeita se a hipótese insinuada por este indivíduo me parecesse válida. Se a (muito) endividada Câmara de Lisboa fôr gastar dinheiro na criação de de ciclovias, gostava de acreditar que é porque vão ter utilidade. Mas não acredito. As que conheço, no Campo Grande, estão às moscas. E não podia ser diferente. Não é convidativo circular de bicicleta ali, junto à tão movimentada estrada. Há um cruzamento onde os carros não se entendem. Costumam fazer um amontoado, até decidirem quem avança primeiro. Muitas vezes buzinam, outras dão-se mesmo acidentes. Não é, convenhamos, o mesmo que andar na via para bicicletas no Estoril...


O próprio jardim anda "às moscas", tendo perdido por complecto a actividade de outrora: os piqueniques familiares, os passeios de barco, o ringue de patinagem, os passeios de bicicleta e jogos de futebol... uma pérola Lisboeta desperdiçada. Resultado de sucessivas e insatisfatórias gestões da Câmara. Como dar de volta vida a um espaço de onde a apagaram??


Além disso, o jardim parece ser mal frequentado. Quem para ali vai andar de bicicleta, sentir-se-à confortável? Além disso, é perigoso. Não só devido aos carros e à sua proximidade e capacidade para produzir ruído, como também pelos peões. Não existe ainda a consciência que é necessária ao peão para o bom funconamento das ciclovias. O trauseunde não está acostumado com esta actividade. De modo que, ás vezes transforma-se numa barreira móvel. O resultado é uma atribulada viagem para o ciclista que se arrisca, inclusive, a bater num peão distraído que, à última da hora, bloqueia com o seu corpo o caminho que estava livre. Não temos ainda, na capital e nesta zona, o culto ritual da caminhada de bicicleta.


Mas voltando ao indivíduo que chegou a esta conclusão, parece-me errónio referir-se às sete colinas de Lisboa como um "Mito". E depois vêmo-lo, de bicicleta, naquela que é a única zona de Lisboa verdadeiramente plana: o Terreiro do Paço. Aí também eu sei dar umas voltinhas de bicicleta! Mas Lisboa e muito maior que isso. Creio que o Segway, no caso, é a aposta que a Câmara de Lisboa deve fazer... isso e os eléctricos. Melhor não há! Imagine-se uma subida de uma rua nos bairros de Alfama, Mouraria, Chiado... de bicicleta! Nem no tempo das carroças abandonaram a sensatez de criar o elevador de Santa Justa!


Lisboa não é receptiva a bicicletas. Gostaria que fosse. É o meu meio de transporte preferido. Como tal, houve uma altura em que não consegui mais adiar e, cheia de saudades, decidi tirar a bicicleta que usava noutros locais, para circular em Lisboa. Foi muito giro, mas muito diferente. Senti o risco de ser colhida por um veículo aumentar consideravelmente. Optei pelos passeios e por cortar caminhos pelo meio de prédios e jardins. Ainda assim, os desníveis do piso exigem um grande esforço. Num desses, atingi subitamente uma situação de risco. Ainda hoje não sei bem porquê, mas foi um grande susto!

Quanto ao senhor da tese, eu também já tive este tipo de optimismo juvenil... mas nunca tão sem pés no chão! Tomara que esteja equivocada, e seja possível andar em Lisboa de bicicleta. Porém, volto a repetir: Lisboa não é só as zonas planas. Muito menos em locais sem trânsito, em dias de feriado! Por isso, deixem-se de histórias!