domingo, 26 de maio de 2013

Pais & Filhos - comportamentos que parecem vir no ADN

A vizinha acabou de gritar:
-"Cala-te! Porco!" - diz ela ao filho.

Na realidade, ela está sempre a gritar com os filhos. Principalmente com o rapaz, que deve andar pelos sete anos. Mesmo quando tenta ensinar-lhes algo, ela grita e é rude no vocabulário. Faz ameaças, manda o rapaz se calar, está sempre a gritar "bolas! Merda!".


A minha realidade não era muito diferente da dele quando era pequena. Nem pequena nem adolescente, nem mesmo já grandinha... Pelo que reflicto muito nas sequelas das crianças tratadas desta forma pelos pais. E sei o caminho que aquele rapaz vai trilhar em termos de auto-estima. O quanto anos de gritos incessantes e maus tratos verbais e comportamentais o vão afectar na vida.

Quando era pré-adolescente precisei por um curto período de tempo de explicações para a escola. Meus pais pagavam a um explicador para me ajudar duas vezes por semana. Uma vez lá fui eu e não sei com que cara ia, mas ele perguntou-me o que é que se passava comigo. Por vezes estava bem, outras parecia não estar - diziam-me frequentemente. E depois começou a elogiar os meus pais. Disse-me o quanto eles se preocupavam, o quanto lhes devia estar grata e o quanto era bom ter pais. 

-"Olha para ali bolas! Ré, dó, mi, ré, dó!"
- "Bolás pá! Merda!" - continua a vizinha a gritar ao filho.

O puto já vai naquilo para três horas e ela não pára de lhe gritar. Pelos vistos ele não acerta naquelas três notas lá muito bem e vai ter de ouvir o resto da vida... Não me admiraria que associasse para sempre estas memórias negativas e sofridas ao simples avistar do instrumento. Ao ponto de nem lhe poder colocar a vista em cima. 

Bem, o que é que eu poderia responder a um explicador jovem e independente que perdeu os pais cedo? Nada. Porque se lhe dissesse um desabafo que fosse, lá se ia o ideal que devia estar na sua cabeça de órfão. "Deves estar grata por ter pais" - disse-me ele. 

Sim, eu sabia. Mas nem tudo era um mar de rosas e nem sempre é a criança que está sem a razão. Apesar de tudo, e esse tudo não era pouca coisa, entre os ter e não os ter, preferia ter. Mas a que preço... !! Quase que lhe confidenciei: "Não é bem assim". Mas do que adiantava? A realidade dele era outra. Outra que eu decerto não conhecia também. Deixar que ele sonhasse com os pais carinhosos, afectivos e compreensivos que perdeu cedo, tal como eu, no fundo, fantasiava também. Carênciavamos os dois do mesmo, mudavam as circunstâncias. Ele jamais poderia recuperar os pais e eu tinha os meus. Era diferente. 

Pelo que nem com ele, nem com ninguém, alguma vez desabafei fosse o que fosse sobre os gritos, os maus-tratos constantes, muito presentes entre quatro paredes, diluídos na presença de estranhos. Desabafei com o papel, que ouviu pacientemente uma enxurrada de frases ditas em desabafo e sofrimento, até que um dia decidi que o papel também não devia guardar esses males. Uma vez fiquei mal vista diante de uma pessoa só porque esta achou que não correspondi ao nível de simpatia de meus pais. E tinha-lhes falado, num momento, com secura. Nunca lhe confidenciei que nesse momento o que lhes disse saíu como um grito de dor abafado. É que meus pais estavam a ser muito simpáticos mesmo. Bastante. E subitamente eu percebi que toda a minha vida podia ter sido assim e não foi. Uma dor rápida e profunda como um relâmpago passou pelas células do meu corpo quando o percebi. Contive as lágrimas. Percebi que era uma ESCOLHA. E eles escolheram os gritos. 

Nada disse, deixei que a pessoa ficasse a pensar mal de mim. Tantas vezes protegi meus pais mantendo o silêncio. Quem ficava mal vista era eu. Mas muitas vezes, mal a porta fechava e a visita ficava do lado de fora, recomeçava logo, ali e naquele instante, os maus tratos verbais.

Era como avistar por uns instantes o oásis para depois me atirarem de imediato no inferno calorento do deserto.


Quem vê os meus vizinhos com os filhos a passar na rua, não adivinha a gritaria entre as quatro paredes. Comigo também era assim. Tudo o que as pessoas viam era o que os sentidos básicos conseguiam detectar. Roupas, carro, escola, brinquedos, coisas normais. As pessoas pensam que estas coisas têm cara, roupa esfarrapada, falta de instrução e principalmente, falta de dinheiro. Mas não é assim que acontece.

Não creio, infelizmente, que o meu caso, separado que está em tantos anos da geração deste rapaz meu vizinho, sejam casos pouco habituais. Infelizmente, creio que a maioria das famílias portuguesas carregam no seu ADN este quotidiano ou variantes dele. Acredito que meus pais queriam mesmo dar uma vida melhor aos filhos. E, tal como tanta vez disseram, "dar tudo aquilo que eu não tive". Só que essas coisas eram bens materiais, não bens afectivos. Nesses continuaram a privar um tanto os filhos, quem sabe até se vingando neles. Deram-lhes bens e estudos, que era o que ao crescerem julgavam desejar para si, mas retiraram-lhes liberdade e individualismo. Muitos pais recusam-se a identificar os filhos como indivíduos e esquecem que mais do que mandar, impor, dar ordens e obrigar, há que escutar e, acima de tudo RESPEITAR.

Noutro dia recebi um comentário num blogue em que a pessoa confidenciava que não soube respeitar os pais, os avós nem dar valor às pessoas que a rodeavam. Percebeu que foi uma adolescente rebelde e egoísta. E se arrependia hoje por isso. De alguma forma, gostava de lhe ter dito que era suposto isso ser um pouco assim. Antes assim que ao contrário, pois o contrário era muito pior. Que se deixasse estar sem grandes remorsos, porque eles certamente que souberam entender, ainda que pudessem ficar sentidos. Porque compreendiam os ímpetos da juventude. É diferente quando se está na adolescência. Nem todos os adolescentes têm a cabeça algo "idosa", como foi o meu caso. 

Eu não tenho desses arrependimentos. Com intenção, nunca fiz mal a alguém ou tomei uma má atitude. Estive sempre presente, dei tudo o que tinha de bom para dar aos meus e continuo a dar, ainda que tente aprender um pouco a ser egoísta. Uns já faleceram e eu percebi a sensação nova e estranha que é alguém partir e ficar tudo tranquilo e pacífico. Não me deixaram um arrependimento. Não ficou um pedido de desculpas por fazer, nada que remoesse a alma. Talvez porque não fez parte do meu feito me esquecer que existiam. E eles sabiam disso e o apreciavam. É uma tranquilidade que me pertence e desconhecia até que pudesse não existir, como vejo alguns lamentarem. 

Como já referi, este tipo de tratamento familiar que a vizinha está a transmitir aos filhos parece que está no ADN português. Passa dos pais para a prole. Ténues mutações, talvez, mas a «medula» está sempre lá. Comigo não teria hipótese, isso percebi-o bastante cedo, mas não deixei de o ver a acontecer noutros lugares, com outras pessoas. E agora, com esta vizinha. Por vezes dá vontade de intervir. Assim como o impulso também surge quando vejo alguém a arrastar uma criança pequena pelo braço insultando-a por não se despachar a andar. Ou gritam com elas nos super-mercados, insultando-as chamando-lhes nomes, que, por estarem num super-mercado, não escalam ao que escutam em casa mas que deixam adivinhar. "Tu só me envergonhas! Nunca mais te trago comigo às compras! Está quieta! Olha que ainda levas uma palmada!" - ou então dão a palmada logo ali, para "disciplinar" a criança. Esta chora, claro está. E por chorar ainda apanha mais, porque ao chorar está a embaraçar o adulto e este sente que as atenções e RECRIMINAÇÕES recaem em cima de si. O que pensa que os outros pensam dele é o que o leva espancar novamente a criança. Que chora e lhe gritam para não chorar. Mas se apanhou, queriam que sorrisse?
Se calhar queriam que ficasse como eu aprendi a ficar. Parada, de cara "fechada", braços cruzados, em silêncio e totalmente absorta num sofrimento oculto. E ainda a escutar o quanto é uma criança insuportável, que não pode ir a lado algum, que só traz é vergonha. Porque tudo o que os adultos querem de uma criança é que fique quieta e em silêncio quando outros estão por perto e os podem julgar. Ora, uma criança pode ser difícil de educar - isso não contradigo, mas pelo cansaço dos pais apenas. E por a altura para se portar como a criança que é não ser conveniente, apanha.

Espero que este comportamento tenda a diluir com a passagem das gerações, com a melhoria da instrução e do convívio com outras sociedades e culturas. Mas agora aparece-me aqui esta nova jovem mãe, com seus filhos crianças, a repetir o mesmo. Quanto tempo mais até isto desaparecer? Porque submete ela os filhos a isto? Para se vingar dos seus pais?


Recuando ao explicador órfão, devo explicar que não lhe invejava a situação. Devia ser tão difícil não ter pais! Mas cada um de nós tem a sua ideia do que é ter pais e viver com eles. Os que têm só podem imaginar o que seria viver sem e os que não têm idealizam o que é viver com. Ninguém sabe como vai ser ou poderia ser, até que a situação passe a facto e deixe de ser hipotética. 

Eu sempre imaginei, por exemplo, que um órfão não é necessariamente um coitado - porque fui ensinada que era para os ver assim, embora jamais o conseguisse fazer. Procuro ver o indivíduo, não a sua condição, pelo que não faz sentido para mim dizer que alguém é "mais ou menos" seja o que for. Lá porque a pessoa pode ser órfã, não quer dizer que não seja amada, bem educada, lhe falte quem lhe transmita valores morais e a mune de ferramentas para se erguer por conta própria na vida. Não sei se a pessoa é feliz ou infeliz, se é boa ou má - isso não advém da sua condição. Conheci apenas superficialmente dois rapazes a serem educados pelos avós, sendo que um só tinha uma avó e não tinha realmente os pais. Deviam ter um sentimento estranho, claro, mas nenhum me pareceu desajustado. Decerto que teriam os seus momentos terríveis em que gostariam de levar a vida igual aos dos outros meninos e ter um pai e mãe por perto. Tenho a certeza que ficaram marcados por isso, tal como tanta coisa nos marca nesta vida. Mas quem diz que não têm como receber amor e que este não é bom?  Talvez tenha adquirido esta percepção devido às histórias infantis do meu tempo. Nelas quase todas as personagens principais eram órfãs. Como o Marco, a Heidi nas montanhas, os esquilos ou o Sebastião. Mas eram também crianças ou animais inteligentes, saudáveis, activos e amados por muitos, talvez até por isso. Recebiam caridade, preocupação extra, afecto. Acredito que mais importante do que o grau de parentesco, é o amor que a pessoa tem e sabe dar. 


É estranho, por exemplo, escutar os desabafos de minha mãe sobre episódios mais sofridos da sua infância, que mos relata como se eu nunca os tivesse escutado, e perceber que ela não é capaz de estabelecer os paralelismos com o seu comportamento para comigo. Diz-me "tu não sabes", quando eu sei sim, porque ela fez-me passar pelo mesmo. Podem variar as circunstâncias ou mesmo o resultado final, mas nunca o acto. 

Jamais desejei qualquer mal aos meus pais, pois lá da forma deles, sei que gostam de mim. Apenas não o souberam demonstrar e, o que é pior a meu ver, não me sabem respeitar. Foram pais que, tendo um problema qualquer no trabalho, chegavam a casa e gritavam com a filha. Todos os problemas pessoais entre os dois também vinham parar a mim. Fui basicamente um bode expiatório, não sei se alguma vez o vão admitir. Creio que não. Porque ainda se vêm a eles próprios como vítimas, para poderem se perceber como carrascos.Também não preciso de admissão, eles é que precisam. 

E agora esta vizinha trilha o mesmo caminho. Zangada que está com o mundo, insatisfeita quiçá com a sua vida afectiva e amorosa. Quem paga são os filhos. E mesmo a querer ensinar, lá está ela: "Bolas pá! Merda!" - constantemente a gritar isto aos ouvidos daqueles que pariu. 


sexta-feira, 24 de maio de 2013

UE avisa: podemos vir a cessar a cunhagem de moedas de um cêntimo!

A União Europeia decidiu PLAGIAR um movimento de solidariedade chamado ARREDONDAR.
Ainda não é certo mas dizem os especialistas que a dúvida é apenas uma estratégia para «habituar» as mentes europeias para o que acabará por vir. A UE pondera retirar de circulação e parar de cunhar as moedas de UM CÊNTIMO.


Hora, os mais preguiçosos dizem que "por um lado parece bem" porque, limitados que estão no entendimento do TODO, acham que aquelas moeditas a menos na carteira não lhes traz qualquer transtorno. Porém, ainda lhes resta um tanto de inteligência para entender que, muito provavelmente, o preço das coisas SUBIRÁ. Só que como a palavra é CÊNTIMO, julgam que essa subida é irrisória. Pensam pequeno. Pensam que vão comprar um saco com pão que custa 1.04 cêntimos e assim só perdem um cêntimo que levariam de troco.


Caros leitores: e para onde vai esse cêntimo? Para a UE!
A «malandra» está a querer dar outra volta à crise indo novamente aos bolsos dos pequeninos. Agora as grandes superfícies comerciais escusam de vir cá ter com o Zé Povinho a cantar jingles simpáticos para nos incentivar a «arredondar» a conta do supermercado para ajudar uma instituição de solidariedade qualquer. Porque a UE passou-lhes a perna a todas! E quer esses arredondamentos para si.


sábado, 18 de maio de 2013

Viajar por Blogues

Gosto de viajar por blogues alheios. Ao ritmo da "maresia", sem amarras ou preconceitos. Hoje passei um bom bocado nesta nova forma de descontracção e debate de ideias. E foi também a primeira vez, nestes anos todos, em que não achei graça a uma boa parte deles. Em que vi algo um tanto perturbador. Vou tentar explicar melhor: Segui links sugeridos na lista de favoritos nos blogues e descobri que existe, neste universo blogueiro, uma espécie de "comunidades" de uma mão cheia de bloggers que se visitam e se lêm com regularidade. E esse "estatuto" é algo que querem manter, como quem, na vida real, sente que pode perder uma amizade e faz de tudo para que tal não aconteça. Mas por vezes acontece. E a pessoa «excluída» da lista de preferências repara sempre. Outros blogues até então públicos, após conquistarem o seu quê de "fiéis", tornam-se fechados. Não aceitam mais "inscritos" e tornam-se invisíveis para o olhar universal, podendo mesmo recusar aceitar o pedido de seguimento de alguém que o conheceu aquando o seu estatuto público. Suponho que surge um sentimento de rejeição qualquer... E ponho-me a pensar se isso é mesmo necessário no universo da internet. Já nos basta a vida real, com pessoas de carne e osso sobre as quais conhecemos o típo físico, o tom de voz, os maneirismos e demais características que a convivência presencial descortina. Queria um mundo virtual mais liberal, livre, aberto.

Mas tentando ser objectiva, descobri, nessa lista de blogues "in" que se auto-referenciavam em todos e que fui ler por interesse e curiosidade, descobri a "pólvora", por assim dizer, com ironia. Descobri, pela primeira vez, que os blogues podem não ser escritos pela pessoa que se diz ser quem é (desconfiei de um) e descobri que estas podem não ser pessoas totalmente sem segundas intenções ou um fundo de alma impecável. Não me interessa nem nunca foi factor que me conduzisse a um blogue, o seu nível de popularidade. Mas hoje "descobri" que não existe necessariamente uma relação entre popularidade e prazer de leitura pelo conteúdo. Claro que as preferências pessoais do indivíduo influenciam a forma como interpreta o conteúdo do blogue que lê. Mas como expliquei no princípio, sou pouco de preconceitos. Sou uma espécie de "conquistador virtual", tal como outrora existiram os conquistadores marítimos. Se existisse preconceito não chegariam longe, não contactavam com outras culturas, outros sabores, outras formas de ver a vida. 

Então hoje aconteceu algo. Não sei bem o quê, mas hoje, de uma certa forma, "perdeu-se" a inocência de uma bloguista :) Descobri o que quer dizer BIEF (provavelmente sigla errada), que é uma espécie de movimento entre bloggers que procura eleger aquele que, entre todos, os internautas mais gostavam de phoder. Sim, foder... Usei o ph num acto de tentar suavizar a expressão e também numa demonstração de aprendizagem e homenagem a um qualquer blogue onde hoje li a palavra assim escrita. E pensei: oh, isso é tão ridículo! Mas a coisa tinha aderência. Adeptos qb. Por um lado, o lado humorístico e simplista, entendo isto como uma brincadeira. Por outro, vejo que se for brincadeira vai ser levada a sério. Demasiado sério. Vai fazer com que todos os blogues rumem em direcção a um só tema, o tema universal que é a fod@.

E assim tão redutor, limitativo, vazio, sei lá. Gosto e continuarei a gostar de ler blogues, de comentar nos mesmos, de "trocar impressões" com pessoas que não conheço e jamais devo conhecer. Que não sei onde moram, que aspecto têm e nem me faz espécie não saber. Porque não quero saber. Não me interessa. Esta forma de contacto, de comunicação, me apraz. Acho-a solta, livre, o mais próximo que pode existir do conceito de liberdade de expressão. Mas não é isenta de perigos ou dissabores. E acho que foi a ténue constatação disso que me "quebrou" algo hoje. Como disse: "descobri a pólvora", mas esta já foi inventado há séculos!


Na internet e em particular no mundo bloguista, não temos todos de concordar com tudo o que se diz. Embora sinta que muitas vezes isso é feito a verdade é que debatem-se ideias e trocam-se impressões de uma forma mais sincera. Pode-se discordar e pode-se expressar estar em desacordo de uma forma honesta e apenas referencial (nem sempre de julgamento) e sem grandes obstáculos que por vezes surgem noutras formas de comunicação. Concordar ou discordar, não querer comentar, ouvir, escutar, reflectir e mesmo descobrir e aprender.  E esta liberdade vem aliada de respeito, muito mais exigido e muito mais facultado no universo virtual que no não-virtual. O que faz deste veículo de comunicação um que apetece visitar com regularidade e até, compreendo perfeitamente, assiduidade. Como quem visita um amigo de quem sente saudades.


terça-feira, 14 de maio de 2013

Noções de Amor

AMOR

É uma palavra que facilmente associamos ao sentimento entre duas pessoas com uma relação afectiva amorosa e carnal. Amor é isso e pronto. Será?

Eu acho que existe demasiado egoísmo nesse tipo de sentimento para se calhar ele merecer a conotação de "amor", com toda a pureza e significado que a palavra merece.

AMOR é algo universal e que não espera nada em troca. É dar sem precisar receber. E não é este o tipo de amor entre casais. Existem portanto, vários tipos de amor... Mas AMOR é só um!

Os mais velhos diriam que o amor verdadeiro é por Deus. O criador das coisas. A vida.
Sabem? Acho que não estavam errados.

O amor é universal. A vida é universal. Faz sentido que o verdadeiro amor não seja de curta duração como tantas vezes acontece nas relações humanas. O amor está na vida. No pulsar do corpo, no sol na pele, na brisa que sopra, nas cores e paisagens que os olhos observam.

Os pais dizem que o verdadeiro amor só o conhecem quando têm um filho e o seguram pela primeira vez. Isto é tantas e tantas vezes repetido! Então pergunto: o que estavam a viver antes disso? Uma espécie de amor? Não... julgavam que estavam mas aí a própria vida lhes dá uma vida para saberem que é à vida a que se deve sentir AMOR.


segunda-feira, 13 de maio de 2013

A Mortalidade aponta para o viver a VIDA

Não sou pessoa de ter experimentado muitas perdas para a morte. Só mesmo há seis anos é que se foi a primeira pessoa a quem era próxima com uma regularidade diária e foi esse o momento em que senti pela primeira vez, o «peso» do luto.

Já havia perdido meus avós paternos muitos anos antes mas o sofrimento foi diferente. Custou, mas foi aceite como uma consequência da vida e da idade. A distância e, creio que a juventude, não permite que nos prendemos em grandes reflexões. A vida "continua"... Senti muito mais estas perdas pela tristeza de meu pai, por lhe observar a sofrimento, do que tanto pela minha, pois acredito que custa mais a um filho. A história de vida que estes dois indivíduos partilhavam em comum é diferente e assim o demanda a "lei" dos afectos.

Como explicava, considero o "primeiro" contacto com a perda de um ente querido aquele que vivi há seis anos. E desde então voltei a viver outro, o ano passado. Não foi preciso nem um instante nem mais experiências para concluir que, cada caso é um caso. É, por comparação, como uma gravidez. VIDA e MORTE são únicas para cada indivíduo. Nunca são iguais. Não se sentem iguais e não se vivem de igual modo.

Mas uma coisa também aprendi logo: quando um avó nos falece e nós somos adultos, é quando, pela primeira vez, começa-se a reflectir na própria mortalidade. Até então, diria que a natureza faz o ser humano ser um pouco alienado dessa realidade. Ah, ele a conhece, pois claro que conhece! Sabe que existe e que é inevitável. Mas também a sua chegada é hipotética e longínqua  A probabilidade dela ocorrer lá no fim da vida, daí a muitas décadas, é quase como que imaginar o hipotético. A juventude vem carregada com tanta força vital, que enquanto jovens nos concentramos mais na conquista da vida. Estamos demasiado ocupados em tentar nos entender no meio dela, para reflectir demasiado no assunto da sua perda. A noção existe, o assunto é abordado, mas tudo é ainda no campo "hipotético"...

Mas quando alguém falece e nos é próximo, isso muda. Ainda mais quando já temos uma boa idade para entender. E é quando se sente que uma página FOI VIRADA. Agora, TU estás mais perto desse outrora LONGINQUO destino. Ocupado que estavas com a escola, com a puberdade, com a entrada para o mundo adulto... Percebe-se, muito de repente, que o tempo passou e que estás um degrau acima na sucessão. Só uma geração te separa do tão falado momento. Tão "hipotético" que este tinha sido até então na vida da pessoa.

Nesse instante, pensar na própria mortalidade ainda não assusta tanto quanto irá certamente assustar. Ainda não ocupa tanto o pensamento quanto um dia irá ocupar. A mortalidade "que se segue", quando a natureza segue o seu rumo sem "baralhar" as cartas, é a dos pais. E a PERDA destes passa de forma fugaz pelo teu pensamento. Mas passa a ser mais "material". A consciência que um dia um deles ou os dois te vão faltar, no sentido de não estarem mais cá, passa quase que a ter "carne". É como se pertencesse ao estado gasoso e começasse a passar ao líquido. Um dia passará a sólido e depois a constatação. Nessa altura, quando passar a constatação, outra constatação certamente se materializará: envelheci. O tempo passou. A juventude se foi e a maioria da minha vida também. O que me aguarda? A morte. E nela irei pensar muito mais vezes...

Sentindo que a morte está mais próxima, certamente que isso me fará dar mais valor ao milagre da vida. E a desejar ter tido um pouco mais dela, mais nova, para poder viver com esta renovada sabedoria os anos que passaram e não voltam mais. Conclusão a que provavelmente chegarei:
Porquê desperdicei tanto tempo desta maravilhosa vida?? 

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Privatização dos CTT


Acho que é um erro MAIOR do que privatizar a TAP.
Ou melhor: as duas coisas são MÁS ideias!!

Mas sabem o que ouvi? Que esta privatização está planeada com a troika e tem de mesmo de acontecer até o final do ano. Ouvir isso só me fez apertar o coração. Que venha um raio e fulmine a parvoíce política nos co***! Mas será que não pensam? Se esta "crise" onde a sua própria estupidez nos colocou alguma vez "passar", não vêm que não seremos "donos" de nada? Por essa altura já seremos um leesing, uma propriedade de terceiros!
Chiça PORTUGAL!
Não é isto que alguma vez pensei que um político fosse fazer ao seu chão... Devem ter nascido nas Áfricas!

quinta-feira, 2 de maio de 2013

A saga dos telefones continua - a guerra está declarada!

Estava em casa de meus pais de noite, toca-lhes o telefone. Alguém da PT quer falar de um serviço qualquer. Já passam das 21h e meus pais já se preparavam para ir descansar. Minha mãe atendeu o telefone com a espuma da pasta de dentes ainda espalhada pelos cantos da boca e simpaticamente disse que não estava interessada em nada. Insistiram. Continuaram a insistir. Finalmente desligou-se o telefone e a tarefa de escovagem dos dentes retomou onde foi interrompida, eu voltei aos meus afazeres de preparação para sair.


Um minuto passou, o telefone toca outra vez. Cada um se aproxima perto do aparelho mas este pára de tocar no momento em que se chega perto. Isso não é irritante? Eu acho que é muito chato, uma pessoa larga o que está a fazer para atender o telefone e este toca poucas vezes e desliga exatamente quando se vai a atender. Mas acho que todos nós sabíamos que só poderia ser novamente a PT, a insistir ou simplesmente, para arreliar, numa atitude de retaliação mesquinha. (quando estão a «treinar» uma nova «manada» de carne fresca para canhão são um implacáveis!)


Cada um de nós retomou a tarefa que tinha em mãos, e o telefone toca outra vez. Desta vez, meu pai é mais rápido. Sua voz masculina volta a informar a voz feminina do outro lado: não estou interessado e agradecia que não voltasse a ligar. A voz feminina insiste. Recebe a mesma resposta. Volta a insistir, recebe a mesma educada e cordial resposta. Meu pai sabe ser implacável, mestre mesmo, ninguém o supera. Pelo que a rapariga teve uma sorte descomunal em apanhar o seu lado tranquilo que informa primeiro que não quer ser incomodado e agradecia que não voltasse a ligar. Quem não se conteve fui eu, ao perceber que ela ia forçar meu pai continuar a repetir aquela resposta, dando-lha pela quarta vez, tal como forçou minha mãe. Não me contive e gritei: estão com problemas de audição?! A voz feminina despediu-se prontamente do outro lado.

Tinha sido um mau dia para irritarem esta "panhonha" aqui. Qualquer outro dia, teriam a educação de sempre. Mas sabem quando uma pessoa realmente já chegou ao limite? Não entendo esta insistência com assédio. Quero que o telefone toque mas porque estou a aguardar um telefonema importante de alguém. Não vendas! Ou porque alguém que conheço quer falar comigo. Uma pessoa a quem dei meu número, não um desconhecido! 



O número de casa de meus pais só é conhecido para seis pessoas. Não está em nenhuma lista telefónica, não consiste em nenhum registo ou base de dados. Até minha mãe ter ligado para um programa da SIC para participar automaticamente num concurso.... 
Acabou-se desde então o anonimato. Acabou-se o sossego. Estão a ser invadidos pelas VENDAS DE AGRESSIVAS. Não deixam as pessoas terminar de escovar os dentes, ver sossegadamente a partida de futebol, a criança ter um sono tranquilo e o doente estar em silêncio...


Analisando isto do ponto de vista SOCIAL, esta vai pelo mau caminho quando, ao invés de ensinar coisas úteis aos jovens, está a formar indivíduos para serem agressivos, insistentes e inconvenientes. Ensinam-lhes a não desistir de importunar uma pessoa até conseguirem o seu propósito. Nem querem saber da pessoa para NADA! O objectivo é impingir, a qualquer um, um produto ou serviço. E esse NUNCA será o caminho pelo qual vão crescer e ganhar clientela. Antigamente, dizia-se que as pessoas que ligavam é que tinham azar de apanhar clientes muito desagradáveis do outro lado da linha. E até podia ser verdade. Mas agora está empatado, se não mesmo superado. Sem usar termos mal educados mas sendo ainda piores ao serem cínicos e sarcásticos, insistentes e manipuladores, são os que ligam que não aceitam receber um "não" e ouvir um "por favor não volte a ligar". 

Já vi idosos doentes e com princípios de esclerose a serem "manobrados" por vendedores inescrupulosos que ainda por cima detestam o trabalho que fazem. Nessas "grandes companhias" de serviços de TV, net e telefone então, é o que mais há. Garanto que não é esse o caminho. Nunca foi, nunca será.

E estes jovens de call center, Jesus! São tãããõoo carne para canhão. Não passam de peões num jogo de xadrez. Aproveitam-se-lhes da juventude, da necessidade, da energia e vitalidade. Já vi também. Fazem mais lembrar uns advogadozinhos em início de carreira muito mal formados, nervosinhos e sem escrúpulos  a tentar ganhar a maior quantidade possível de dinheiro para o seu patrão, em troca de uma pancadinha no ombro e um magro osso. Submetem-se a este tipo de emprego, porque não sabem ainda melhor, mas julgam que sabem e que aquilo é temporário. São a "mão de obra" esperançosa, crente e entusiasta (como um dia eu também fui), ideal para ser usado e deitado fora. Os que aprendem bem, não ganham nenhum conhecimento que valha a pena ser aprendido. Talvez ganhem uma úlcera e desenvolvam algum problema de saúde e, Deus querendo, de consciência. Aprimoram a capacidade de ser inconvenientes, insistentes e de "fo###" a cabeça das pessoas com suas vendas agressivas. E isso não lhes dá nenhum dom especial. Preferia os tempos em que se dava um cinzel, um martelo e uma pedra e se ensinava a criar um bom bloco perfeito para se construir uma parede. Ao menos isso é conhecimento útil e proveitoso para a humanidade.