domingo, 30 de agosto de 2015

Reflexões por blogues

Estava num blogue quando alguém falou sobre a tristeza que é os pais educarem os filhos durante anos, para depois estes os atirarem para um lar e os visitarem poucas vezes. Outra pessoa retaliou - e bem - que nem todos os pais são bons para os filhos.

Noutro blogue, alguém falava sobre esteriótipos.

Pois estava aqui quando subitamente entendi que a primeira ideia é um esteriotipo. E a segunda coloca as variáveis, rompendo com o esteriotipo.

E também descobri que jamais vou poder tratar meus pais como eles me trataram a mim. Caso eles fiquem velhinhos e vão parar a um lar - como dita o esteriotipo, não vou poder dar-lhes o trato que me deram. Porque senão iam sofrer muito!


sábado, 29 de agosto de 2015

Esquisitices

PS: não sei se está certo...


Já vos aconteceu sentar-se alguém à vossa frente nos transportes públicos e assim que se senta e te vê, benzer-se?

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Desinteria é um bom castigo?


Chegou o Verão. O prédio onde habito fica mais sossegado -pelo menos é o que se espera - já que muitos vizinhos vão de férias. O prédio é antigo e por isso não tão mau quanto isso em termos acústicos. Embora se escute toda e qualquer coisinha mais significativa: conversas aos gritos, saltos altos, coisas a cair, água a correr no WC, etc. Mas se os vizinhos fizerem a sua vida normal, os ruídos de cada qual ficam restritos às suas áreas privadas. Sei, pelas construções mais recentes em que entrei, que nessas até um peido do vizinho se escuta com total nitidez. 

É Agosto. Conto sempre com sossego nesta cidade e neste prédio quando chegam os meses de férias. Menos trânsito, menos vizinhos a entrar e a sair constantemente. Mas é um equívoco. No verão alguém sempre decide fazer obras. De Junho a Setembro haverá provavelmente sempre alguém a trabalhar com berbequim, martelos, serras eletricas, durante 8 a 12 horas. Depois tem o vizinho que ganha um cão durante o mês de Verão. Cão que fica a chorar e a latir 24/7.E agora tem algo pior: alguém decidiu ir de férias mas deixar um despertador que soa a uma buzina sempre a funcionar.

Eu acho que há vizinhos muito sem-noção! Para eles desejo umas férias com muita desinteria. Acham que é mauzinho? É que já ando há uns bons dias privada de um bom sono!!!


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Sacrifício maternal - conceito e exemplo


«TRABALHAR».
Até há poucos anos, era raro uma mulher trabalhar fora de casa. Geralmente ficavam a tomar conta dos filhos e isso era o seu "emprego". Não remunerado, algo solitário e de horizontes meio limitados.


Hoje quase todas as mulheres têm de trabalhar. Até porque os homens assumiram mais descontraidamente o seu lado de madriões e a alguns não lhes custa nada ficar encostados o dia todo no sofá de casa anos a fio, a comer e a beber, enquanto a mulher se encarrega de ganhar o sustento e levar os filhos à creche. 


Mas o que não concordo é que a sociedade eleve o estatuto destas mulheres ao de "sacrificadas-heróicas". Sacrificadas porque têm de trabalhar e ao mesmo tempo são mães? Heróicas porque conciliam as duas coisas? 

Está certo que uma mulher é multitasking e a maioria continua a ter um papel muito ativo nos dois patamares. Mas não é verdade que seja uma «sacrificada», por ter de ir trabalhar ao invés de ficar em casa a cuidar dos filhos. SACRIFICADAS foram todas aquelas que, sentindo apetência para outros vôos, viveram numa época em que à mulher as asas para esses vôos lhes eram cortadas. SACRIFICADAS foram as que ficaram em casa a cuidar dos filhos.

Sejamos sinceras: cuidar de crianças custa. Muito! É gritos o dia inteiro. É um frenezim de energia e uma imensidão de trabalhos para fazer. Mal acaba um, começa outro. É dar banho, é dar de comer, é vestir, é acatar os brinquedos, é educar, é cuidar, é tudo! E dura 24 horas, sem intervalo.

Naturalmente, uma mulher que tem um emprego no qual se refugiar, vê nisso uma BENÇÃO. Ah, uma folga de 8h dos filhos, que delícia! O contacto com outras pessoas, com outros assuntos e actividades de pessoas crescidas. Um autêntico bálsamo! 


Depois estas mulheres, que trabalham e cujos filhos ficam aos encargos dos avós para economizar as finanças ou parcialmente no infantário, para poupar mais uns tostões, dizem que é "duro". Pois claro que é. Sem dúvida. Mas imaginem lá o tão duro que seria se fossem mães a tempo inteiro?


Não é por isso de admirar que ainda a baixa de parto não terminou e muitas já estejam ansiosas para regressar ao trabalho FORA de casa. Custa deixar um bebezinho? Custa. Mas custa mais estar 24h a cuidar dele.

Quem se «sacrifiou»?


Dêm é valor à família ou infraestruturas que têm ao vosso dispor. Porque de parabéns estão os avós que ficam o dia todo com esse frenezim de energia, que acompanham e que cuidam para que, uns anos mais tarde, os «louros» sejam todos para os pais. E os avós acabem numa casa de repouso, com poucas visitas da família. Se não fossem esses avôs, já cansados mas que vão buscar paciência sabe-se lá de onde (às tantas não têm tanta quanto deviam) e os infantários e creches, as mães teriam de estar sempre, 24h sobre 24h, com os filhos. E digam lá: é ou não é bom chegar a casa (principalmente após um dia mau) e receber aquele sorrisinho e aquele abraço e amor incondicional? Uma horinha com o rebento até ele ir para a caminha e no dia seguinte, no final do dia, ficar com a parte melhor e não ter de lidar com a outra? Claro que é. Bem sei que uma mulher, a menos que tenha babá e empregados domésticos diversos, acaba sempre por ter de viver «as outras situações» também. Mas é menos, numa escala muito menor. E não fica privada do contacto com outros adultos e das conversas sobre outros assuntos que não bebés, fraldas e chupetas.

Sacrificadas? NOT!

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Come to Lisbon, we're gay friendly!


Qual padrão dos Descobrimentos, qual Mosteiro dos Jerónimos, qual Torre de Belém, qual Museu dos Coches, qual Pastéis de Belém... Venha a Lisboa porque os gays são bem vindos. What? Turismo de orientação sexual? Xô Amestardão, Xô!  :D





domingo, 9 de agosto de 2015

O que fazemos das nossas vidas

POR DETRÁS DA VIDA DE UMA MÚSICA


Quando ouvi esta música que volta e meia passava na rádio, não sabia que o cantor era o Patrick Swayze, um ator que começou nas artes como bailarino, sendo filho de bailarina, e também havia sido jogador de futebol americano no liceu, até uma lesão no joelho terminar com os seus sonhos de se tornar profissional. Fiquei um pouco surpresa, porque não diria que a voz era destreinada, não achei tão mal quanto costuma ser o caso de atores que se põem a cantar. Porque será que ele não gravou mais canções?

O filme ao qual a música pertence chama-se Dirty Dancing. A fama da película tinha chegado muito antes do filme passar na televisão. Assim como todo o delírio juvenil feminino em torno do "garanhão" Swayze. Contudo, quando o vi, não achei nem um nem outro nada de especial.

Swayze conhecia como ator de uma das minhas séries de TV favoritas: Norte e Sul. A sua personagem sulista inesquecível, o sofrimento naquele olhar de alma atormentada era um charme.

Nesta série, depois da guerra americana da sucessão, depois de ter regressado aleijado na perna, mas principalmente, depois de ter perdido o amor de Madelaine, Orry Maine (personagem de Sawyze) isola-se de todos, ficando dependente da bebida e algo violento. É a mãe, a actriz Jean Simmons, intérprete de filmes como o primeiro "Lagoa Azul" e "O Egípcio" que o tenta trazer à razão, pois percebe que o filho vai beber até morrer.

Na vida real, tanto Sawyze quanto Simmons conheciam bem a dependência do álcool.
Ambos haviam sofrido de alcoolismo antes de chegarem a estas personagens. O Orry Maine alcóolatra era assustador. Não tinha nada parecido com o lado romântico da personagem. Ficava igual ao seu antagonista, o terrível Justin, vivido brilhantemente por David Carradine.

Patrick Sawyze além de ser um artista multi-interessado (foi ele que compôs esta música junto com Stacy Widelitz) era também uma alma multi-atormentada. Cheia de "demónios". Volta e meia, a bebida era um deles. 
Também era um fumador compulsivo. Mal apagava um cigarro, acendia outro. Nem depois de diagnosticado com cancro no pâncreas parou com os seus vícios, embora também isso tenha procurado ocultar. Para o final, criava cavalos no seu rancho, onde vivia com a mulher pela qual se apaixonou à primeira vista aos 18 anos, na sala de ballet da escola da sua mãe. Nunca tiveram filhos. Dizia que tinha medo de olhar para si próprio e descobrir o que havia lá dentro. 

Suspeito que temia ser "sensível" demais, ou melhor, ser gay ou bi, ou mesmo ter uma natureza agressiva e destruidora. Tinha sede por variedade e sede por estabilidade. A sua semelhança de rapaz nascido e criado no Texas com o sulista esclavagista Orry Maine não era tão distante assim. 

O ator morreu aos 57 anos, a mesma idade com que o pai havia falecido anos antes. Essa perda que ele achou prematura e foi inesperada, levou-o ao consumo abusivo de bebida. Desconheço se também lidou com drogas mas o mais certo é que sim. Era uma alma inclinada a experimentar de tudo. Na arte e no veneno. \Tudo o que ele fazia, tudo o que o inspirava, ele creditava na esposa. Inclusive esta música, que compôs a pensar nela. 



A OUTRA VOZ

A outra intérprete desta canção chama-se Wendy Fraser. Ao escutar a música fiquei a pensar porquê a sua potente voz só é escutada quase para o final. Como que um complemento que, contudo, cai bem. Googlei e a wikipédia contou-me a fascinante história desta compositora. Nascida na Tanzania, havia sido jogadora de hóquei, foi também atleta olímpica em 88 e 1992, e "virou-se" para a composição de temas musicais. Tem preferência por jazz. Lançou uma álbum em 1997 e o que fez desde então, desconheço. Ainda é viva e provavelmente, canta.


O que acho fascinante são as histórias de vida destas pessoas. Não parecem pertencer a uma vida só, mas a de muitas. Suspeito que é suposto todas as vidas serem vividas assim. 






sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Os medos


Quando somos jovens não há muito que nos preocupe. Pensamos que os nossos problemas são incontornáveis, complicados e decerto pesam como se fossem do tamanho de asteróides maiores que a Terra. 
Mas depois cresce-se um pouco mais e os problemas deixam de ser papões. Os que tínhamos parecem brincadeiras de crianças e os novos parecem estraçalhar por dentro. 

Ah, risquem isso.
Só quero reflectir no seguinte:

Quando era adolescente não tinha qualquer medo da morte. Teorizava que iria ter, mais à frente, quando envelhecesse, medo do sofrimento. Medo de mal poder andar, medo de ficar paralizada, de depender de outros para viver. E ainda tenho esse receio a respeito do sofrimento físico, orgânico.

Mas agora tenho outro. Receio o envelhecimento. Algo que não me preocupava nada de nada. Porque achava que ia chegar numa idade apropriada, lá para os 60. Mas comecei a perceber (e a tentar negar) que o pezinho já ela colocou na entrada da porta. Agora vai introduzir-se aos poucos e entrar de vez. Do meu ponto de vista, chegou precocemente. Acho injusto, acho impossível, «não pode»... e tal.... Como posso estar a entrar no envelhecimento se ainda nem vivi os meus 20? Os meus 30? E tudo o que ainda não aconteceu?

"Tens tempo! Tens muito tempo!" - palavras que me foram repetidas exaustivamente cada vez que sonhava e me encontrava a explodir de energia e vontade para realizar coisas o quanto antes. A juventude tem isto de belo. Esta vontade quase imortal de se sentir capaz, de ir destemidamente à luta. Faço parte da geração que ficou a estudar até tarde e adiou as suas vontades por "Tens tempo. És jovem. Tens muita vida pela frente".

Devia ter escutado o meu instinto e nada mais que ele. Se tivesse, hoje seria uma pessoa realizada como se tivesse vivido cinco vidas numa só. Assim, sou uma pessoa que vivo uma vida que não sabe nem a meia...

Bom, mas tanto blá, blá, blá para dizer que hoje encontrei uma senhora idosa, toda curvada pela idade, com grande dificuldade em se fazer entender pois não pronunciava uma palavra perceptível. E ela tentou falar comigo. E eu tentei escutar. Falou do pai, da mãe, da irmã, isso eu percebi. Mas estranhei. "Quero o meu pai" não é algo que se espera que uma mulher idosa dos seus 80 anos diga numa conversa. Mas ela falava sim, da sua família. Não a que provavelmente tem agora, mas de toda a que perdeu. Ela estava com medo. Medo de morrer.


quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Uma cópia de nós - para pensar



Já pensaram o que seria se conhecessem uma cópia de vocês próprios?
Não digo fisicamente, mas em tudo o resto. Acham que se tornariam amigos de vocês mesmos? Da pessoa que são?

Já pensei nisto. Será que se eu me conhecesse ia querer manter amizade comigo mesma?
E a resposta foi... não.

Não por ter algum defeito, ou por ser má pessoa, ou por me faltar carácter. Tenho tudo isso. Mas sou introspectiva e um tanto reservada, a pesar de dizer uma graçolas de vez em quando. E depois, já me conheço tão bem! Já convivo comigo mesma faz muitos anos. Sou discreta, tranquila. Adoro pessoas mas preciso do meu tempinho. E nunca aprendi os «truques» sociais.

Mesmo com toda a transparência, sei que para alguém me conhecer é preciso ficar por perto e mesmo assim iria surpreender-se a cada novo ano.

Eu devo ser muito maçadora vista por olhares de terceiros.
Humn....

Dá que pensar. :D