quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Estar Amaldiçoada


Pode soar a fantasia, mas no fundo acredito que é esta a origem de todo o mal que me atinge.
Dizem que não há coincidências. Como tudo corre sempre tão ao contrário da norma, parece realmente que algo externo, invisível, é que está no comando.

Acredita quem quiser. Não acreditam os sépticos e aqueles cuja trajectória de vida sempre foi normal e dela não conhecerem nenhum tipo de resistência para além da dose normal.


A INVEJA E A UNHA DESAPARECIDA
Quando era criança dava para roer as unhas até à carne e arrancar lascas de camadas. Foi um vício muito forte, intenso, incontrolável. Existiu porém um breve período de excepção. E fiquei tão feliz!

Foi por volta dos 13 anos de idade. Subitamente, deixei as unhas crescer. Fascinou-me tanto que nem era capaz de as cortar. Deixava-as crescer. Elas acabavam por se partir por si mesmas, enormes! Sabia, porque sabia, que bastava fazê-lo uma vez mais ... uma ida da boca à unha apenas uma vez, para relembrar o gosto, e estaria perdida novamente. 

Então não o fazia. Nem sequer as cortava. Elas partiam-se e eu não conseguia deitar fora aquele pedaço de unha. Olhava para aquilo e, na minha natureza sempre inquisidora e criativa, punha-me a pensar que existia uma utilidade talvez decorativa e até um valioso contributo genético para o meu futuro (isto foi antes da contribuição do DNA ser conhecido) naquele impressionante material orgânico. Tão resistente, tão fantástico. Acabei por guardar aqueles pedaços grandes numa caixinha. Eventualmente descartaria-os ou inventava fazer artístico com eles. Só ainda não sabia bem o quê, mas estava quase na calha. Até lá, precisava das "provas" para me manter afastada do "vício".

A minha família sabia e achava aquilo "um nojo". Era nova demais para ter esse tipo de preconceito já enraizado pelo que para mim, eram apenas unhas higienicamente armazenadas numa caixinha, só para os meus olhos verem.

Um belo dia, percebi que me faltavam uns tantos pedaços.
Nunca soube o que lhes aconteceu.

Mas há uma coisa que nunca contei. Quando as armazenei na caixinha, era segredo. Uma vozinha interna inclusive, disse-me para ter cuidado. Para me desfazer delas se alguém as encontrasse. Porque era perigoso.


Na altura não sabia NADA sobre bruxedos, sobre a importância de se ter um pedaço do corpo da pessoa envolvido no ritual. Uma pessoa muito próxima de mim, da família, odiava-me e sentia intensa inveja. Soube anos mais tarde, que essa pessoa, por esta altura, andava envolvida em rezas de S. Cipriano e porcarias desse género, para me prejudicar. Escrito pelo punho da própria, numa carta (jamais dá para esquecer - o nível de ódio!).

E eu me pergunto se tudo remota a tanto tempo atrás.
Porque, para ser sincera, senti a vida a enguiçar ainda era criança. Mas os adultos diziam-me que era estupidez minha, era tudo "crise da idade", tinha a vida toda pela frente e as coisas iam acontecer a seu tempo.

Estavam errados. Totalmente errados.


3 comentários:

  1. Não acredito em nada dessas coisas. são apenas mitos. :p

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  2. E eu acredito que se formos fortes e crentes, essas coisas não nos pegam. Cada um tem as suas crenças e as nossas são as que nos dão força para levarmos a vida. Beijinho.

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    1. Decerto já viu filmes com base em histórias reais, de pessoas praticantes de muita fé, que se vêm atormentadas por espíritos malígnos/assombradas. Rezam que se fartam, mas é preciso mais. Acreditar ou não? Não sei... tenho fé e tento ser muito forte.

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