domingo, 3 de março de 2019

Não cumprimentou


Mais uma vez, não cumprimentou.


Posso ter muitos defeitos mas, quando entro numa sala e vejo pessoas, dou os cumprimentos. 
Foi o que fiz, quando desci agora à cozinha e apanhei a mais-velha. Disse "Olá", até de uma forma entusiasta. Ela respondeu "oi", de forma apagada. 

Mas os cumprimentos foram dados.

Enquanto estou na cozinha, oiço os passos do rapaz a aproximarem-se. Estou de costas, pelo que não me vou virar para o confirmar. Oiço-o, escuto-o, fica-se por ali e vai embora. Sem dar o cumprimento de quem entra numa divisão e encontra outra pessoa lá.



Assim, mas assim que ele fecha a porta da rua, começo a escutar mais ruidos no piso de cima. Afinal não fiquei sozinha em casa. A mais-nova estava fechada no quarto e, ouvindo o outro sair, decidiu sair da toca. Mais uma vez, por estar na cozinha ao pé da bancada, estou de costas para quem quer que seja que se aproxime. Ela entra na sala, pousa coisas na ilha da cozinha, passa pela cozinha, entra dentro da salinha onde estão as máquinas, mexe em alguma roupa talvez... enquanto eu estou a fechar o tampo de uma caixa. E nada diz. Nem um único cumprimento. Ontem fez exatamente a mesma coisa.



Acho que é má educação.
Mas já cansei. Cansei de querer ver um comportamento normal nestas pessoas. Elas que façam o que bem entenderem. Eu fico na minha. Continuo a limpar a casa na minha vez, não atrapalho ninguém... Espero que não me chateiem, é só o que peço.

Não querem falar, não querem trocar umas palavras? Tudo bem. Cada qual tem os seus problemas, não é mesmo? Eu estou cheia deles. Mas não é por isso que perco a mania de dizer "Olá" ou "Bom dia" quando entro numa sala. 



Sinceramente, já não quero mesmo saber. 
Até acho que cheguei a este ponto tarde demais. 


Só lamento que esta miúda tenha ido trabalhar cinco dias na semana passada e na sexta-feira escutei-a dizer que pediu a semana seguinte para ficar em casa. Que foi exatamente o que andou a fazer nos 20 dias que antecederam a semana em que trabalhou.

Ou seja: descansa duas semanas, vai trabalhar um dia, cansa-se, com esforço trabalha até sexta e depois tem o fim-de-semana livre e ainda pede a semana inteira. 

Isso significa que o que aconteceu hoje e ontem provavelmente vai repetir-se os restantes dias

Escutei-a dizer que talvez vá embora - caso obtenha emprego noutro lugar. Quer ter muito dinheiro sem trabalhar. É um defeito que vejo por toda a parte e não entendo. Não é só nas gerações mais novas. A mais-velha também conta histórias e revela até invejar aqueles que estão melhor na vida, ganham mais dinheiro e parecem fazer menos que ela. Mas ao menos a mais-velha cumpre a sua rotina de trabalho. Muito raramente procura ficar em casa sob um falso pretexto qualquer. 


Estes mais "jovens"... é espantoso. Como conseguem? Não sei. Como não são demitidos? 
É o que dá ter um contrato fixo, cheio de regalias... depois esquecem-se que as obrigações são de ambos os lados. Foi gente desta que ajudou a destruir o mercado de trabalho, pois os empregadores não estão para fazer contratos e deixar os empregados afectivos se estes depois ao invés de darem ao litro, perdem a produtividade e começam a preguiçar. 

Mas também já percebi que o trabalho não enriquece ninguém. Trabalho é bom para se morrer a fazê-lo. Para viver a vida em mordomia, raramente apenas "trabalho" te leva lá. Há sempre mais coisas que se comprometem pelo caminho, até mesmo no caminho daqueles que começaram a subir de forma esforçada e honesta. Não dá para permanecer assim no mundo da riqueza.

Pensava que estavam a brincar, a sonhar a história da cinderela, quando se punham a suspirar por um homem rico e bonito que se interessassem por elas. Sempre penso que é a fantasia, a brincadeira a falar. Mas agora percebo que não. A ideia de sair à noite, em busca de uma carteira recheada, está viva e de saúde. E eles, também pensam que é assim que obtém qualquer coisa. Então trata de, se não for, ao menos parecer ser rico. Os ricos também não se vão contentar com qualquer uma. Já que são ricos, elevam o patamar daquilo que procuram numa mulher: uma gaja toda boa dos pés à cabeça, que seja uma grande p... na cama. E talvez depois, até gostassem que fosse divertida e inteligente. E é assim, minha gente, que anda a "corte" nos dias de hoje. Tudo à procura do superficial. 

3 comentários:

  1. Falta de chá.
    Tão simples como isso.
    Boa semana

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  2. Tenho mesmo que te dizer, que pelo que descreves, essa malta não vai mesmo com a tua cara, acho que já nem se trata da educação!

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