terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Decorações Natalícias


Ela disse "não".

Não quis que colocasse um azevinho em gel na porta do seu quarto. 
Perguntei-lhe por ter colocado um na porta do novo inquilino. Foi ele que disse para pôr. E eu gostei disso. Estava a decorar a porta do corredor com esses autocolantes que tinha desde o ano passado por estrear, quando ele o sugeriu. Pensei em colocar em todas as portas dos quartos, porque fica bem e descentraliza. Só não o fiz por saber que ela ia detestar. Capaz até de arrancar o seu fora.


Por isso esperei para lhe perguntar. E disse.... "não". 

Ah, o enorme espírito natalício, o desprendimento, a alegria típica da quadra... chegam ali e encontram um muro velho e decrépito. 

Ela decorou a sala toda faz dias. Sozinha, ao gosto dela. E tudo idêntico ao ano anterior. Presumo inclusive, que idêntico a todos os anos desde que cá mora. Nenhum toque de diferença ou laivo de originalidade. Não... livrai-nos! Montou a árvore de Natal no mesmo sítio, da mesma maneira, com as mesmas decorações. A diferença? Este ano montou-a sozinha. Os dois rapazes italianos saíram sem ajudar - creio eu pelos sons que escutei. 

Lembro-vos que, o ano passado, mostrei interesse em participar e até perguntei se precisava de decorações de Natal e ela respondeu que não, pois tinha tudo. Semanas antes encontrei-a no supermercado a segurar decorações natalícias que depois vi penduradas na árvore, que ela montou junto com outros dois italianos, estando eu em casa e nem teve a amabilidade de me convidar a participar. 


Um enorme espírito natalício, o dela!! 

Até vêm lágrimas ao olhos, como é tão benemérita e boa, esta alma caridosa, que trabalha com adolescentes com necessidades especiais. Só pode ser alguém com um fundo muito bom, não é mesmo??


A jarra saltitante - assim a apelidei o ano passado por estar sempre a ser tirada do lugar, voltou a "desaparecer" do cimo da lareira. Foi colocada em cima de uma mesinha volátil, frágil, baixa, que sofre empurrões a cada passagem. Ali a jarra ia acabar por cair e despedaçar-se. Quase que eu própria a deitei ao chão só por aproximar-me. Por isso peguei nela, voltei a colocá-la no centro da lareira e dirigindo-me à mais-velha, que estava estatelada no sofá da sala, disse-lhe:
-"Não faz mal se ficar aqui ao centro, pois não? Ali vai acabar por cair e partir-se".


Ela não tossiu nem mugiu. Ignorou-me. Nem sequer desviou o olhar do jogo no telemóvel. De seguida o inquilino mais-recente que estava no piso superior falou-lhe e ela recuperou a sua audição. Milagre!! Deve ser da aproximação do Natal. E ainda há quem não creia em Jesus...


3 comentários:

  1. Se não quer há que respeitar e não ponhas paninhos quentes que em nada adiantam...ignora o assunto e mais-nada.
    Ou então afinfa-lhe na sua porta e não digas nada.
    Se fosse comigo era o que fazia e se quisesse tirar e deitar fora...problema dela:)))

    Força campeã e o Natal é lindo de morrer para valorizar caganitas que nos querem estragar.

    Beijos

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  2. Quando os santos não cruzam, não vale a pena!!!

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