quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Vejam a extenção das consequ^ncias dos jogos online

 

Se conseguirem sintonizem o canal ACM Crime e vejam o quinto episódio de Web of Lies - sobre SWATTING.

Um crime hediondo que, claro, só pode acontecer nos EUA...

Mas não se iludem. O que acontece por lá, depressa surge noutros cantos do mundo. 


SWATTING consiste no crime de realizar um telefonema para a polícia de emergência reportando um crime sério que precisa de intervenção imediata. A polícia especial SWAT aparece em minutos. Uma polícia que foi desenvolvida para lidar com ameaças de terrorismo, perigo imediato. Ou seja: pronta a disparar. 

Em 2019 esta polícia recebeu um telefonema de um homem que afirmou ter acabado de assassinar o pai. E preparava-se para assassinar a restante família, que mantinha refém. Depois de dar o endereço, em minutos a polícia surgiu aos berros e armada, para que o homem surgisse fora de casa. 

Usando uma T-shirt azul e calças brancas, um homem surge no alpendre e, ao baixar um braço, o polícia julga que ele vai apanhar uma arma e dispara um tiro fatal direto no coração. Tratava-se de uma chamada FALSA de sequestro e homicídio. 

Descobriu-se que tudo não passou de uma técnica de vingança usada por adolescente, que ficou chateado quando foi morto num jogo online por fogo amigo. Sempre interagindo no computador, procurou descobrir o verdadeiro endereço do jogador que o "prejudicou". Os dois trocavam mensagens provocatórias, instigando e desafiando. Estavam a medir "pilinhas", a ver quem era o mais inteligente e apto. Tyler Barris chegou mesmo a oferecer os seus serviços como SWATTER para que outros, em troca de dinheiro, pudessem exercer uma espécie de vingança a quem os prejudicou. Ex-namoradas viram suas casas invadidas pela polícia, naquela violência súbita, de algemas nos pulsos e armas apontadas. 


Em 2019, por causa de um estúpido jogo online e uma aposta de menos de 2 euros, Tyler jurou vingança. Descobriu a morada do seu alvo e fez a chamada que resultou na morte de Andrew Finch, pai de família. A pessoa que ele queria prejudicar já tinha mudado e a casa fora ocupada por outras pessoas. Infelizmente, com uma fatalidade. 

Fiquei PASMA com as ramificações de um simples jogo online. De facto as coisas podem tomar proporções gigantescas e devastadoras. Swatting é um crime federal - e deve ser mesmo. É um crime que tem aumentado nos Estados Unidos e que põe muitos adolescentes na cadeia. 


Fico a pensar na criança que tenho na família. Típico miúdo agarrado ao telemóvel a jogar o dia inteiro. Faz-se de tudo para que saia de casa, mas não quer. Fica chateado por largar o vício. Não gosta de ir à escola. Não gosta de acompanhar alguém às compras. Porque implica não ficar a jogar. Ainda é novo - 10 anos. Mas tem sido uma batalha desde muito cedo. Esta sua tendência não parece querer alterar - só faz é crescer. 

Quando lhe perguntei sobre o futuro e o trabalho, respondeu muito rapidamente que nunca ia trabalhar. Que ia ser um desempregado. Ia só viver dos jogos. Desafiei-o. Ele respondeu que tem quem viva de jogos. Eu a dizer para ele ir para o parque brincar com outras crianças, esfolar os joelhos, cair, machucar-se... faz parte. Mas ele nunca foi criança para isso. É a única criança que se destaca entre muitas, por não mostrar o mesmo tipo de energia para a brincadeira. Energia ele tem, e muita! Mas não tem aquele à vontade e desembaraço. Não tem ímpeto. Retem-se. Tem receio. Uma vez naquelas máquinas de exercício físico, ele viu um insecto. Teve uma instantânea reacção de medo e afastou-se. Uma menina com metade do tamanho e idade dele, aproximou-se e começou a usar a máquina, sem receio da presença do insecto. E nisto diz à mãe:
"Mãe, olha está aqui um bicho amarelo. Eu não tenho medo. Não precisamos ter medo dele porque ele não faz mal se eu não lhe fizer mal". - um recado claro à reacção que eu, tal como ela, tinha notado no rapaz. 

Ele até pode escalar uma pequena parede e andar no escorrega e diverte-se. Mas enquanto os outros, mais pequenos que ele inclusive, o fazem num movimento contínuo, destemido, ele é todo cuidadoso, moroso. Tem receio de se magoar. Um simples arranhão pode ser um drama. Então ele é receoso, fica mais afastado, embora se note que gostaria de estar a interagir mais com os outros meninos. Numa ocasião não se agarrou bem ao escorrega e roçou os dedos na beira, aterrando de joelhos e mãos na areia. Quase chorou. Quase desistiu. Mas como não fizemos caso, não o chamámos para "curar o dói-dói", ele ignorou e voltou a brincar. 

Outras crianças nem se importavam. Riam, riam, riam, decidiam descer do escorrega em grupos de quatro e cinco ao mesmo tempo, aterravam na areia de qualquer jeito, e riam. 

Infelizmente esta sua natureza não parece ter muita vontade de brotar. Agora estou longe e, para ser sincera, já me desgastei demais em esforços feitos para lhe despertar este gosto pela brincadeira, pelo ar livre, para a descoberta - para uma vida fora do monitor de um jogo. Acho que os pais aceitam bastante este lado e por isso ele sente que não precisa de mudar, os pais não se importam que ele seja recluso, viciado em jogos, não goste da escola, não tenha amigos fora de um ou outro de turma e que os que os una seja os jogos online. 

Esta geração é diferente. Alguns já nascem sem sentir qualquer atracção pelas "brincadeiras de criança" que fizeram parte da vida de todas as gerações anteriores. Mesmo pobres e miseráveis, a ter de trabalhar na infância, sempre se inventava uma brincadeira. 

Ele não tem interesse por bonecos, carrinhos, colecções, livros, nunca gostou de escrever nem o próprio nome. Tinha que ser convencido através de muita, muita e cansativa persuasão. Nunca gostou de rabiscar e para fazer um desenho de uma bola ou mesmo escrever uma frase para um trabalho de escola, sempre foi uma tarefa demasiado exaustiva, que tinha de ser pedida constantemente, incentivada e levava horas para quem um rabisco ou palavra surgisse dali. 

Acho que não tenho de me preocupar mas... nunca se sabe. 
Esta geração dos jogos só vive em torno daquela fantasia. Num outro caso que já mencionei aqui, uns adolescentes deram um tiro na cabeça de uma menina de 14 anos porque era só isso que faziam nos tempos livres: jogar jogos de tiros. E queriam fazer aquilo numa pessoa de verdade. Agora este Tyler, cometeu homicídio por Swatt - tudo adolescentes que vibram com os jogos. 

Cada vez que escuto o miúdo a gritar ou a dar murros no sofá porque o jogo não correu como queria, digo-lhe para se acalmar, que não é preciso exaltar-se tanto. Mas vê-se que ele vive aquilo. 

Porém, acredito que não vai sair dali nenhum criminoso. Não tem tendências para isso. Contudo, pode sair uma pessoa meio reclusa. O que para mim, que fui criada em reclusão involuntária, consigo ver a desgraça a longo prazo. Mas se for escolha dele - então a experiência será diferente da minha, que não tive escolha, foi-me imposto. 

Mas se calhar, vai ser apenas um período da sua vida e outras coisas no futuro também vão chamar o seu interesse. A ver vamos. Uma coisa, contudo, todos nós na família - aqueles que sabem do "segredo", gostaria que terminasse. O miúdo não tem problemas alguns. Os pais também não! Mas nós... avós e tios, não vemos com bons olhos que o miúdo se recuse a dormir na casa de um amigo, ou na casa dos avós, com os primos, ou que vá uns dias de férias com os meninos de escola, ou seja o que for - ele RECUSA dormir fora de casa. Diz logo que não! Recusa aqueles passeio que em criança todos gostavam de fazer - com outros meninos, dormir em camas boliche, brincar, ir para a praia. Não tem interesse. Ele recusa dormir fora de casa porque ele só dorme com o pai e a mãe.  


3 comentários:

  1. Passas tanto tempo a jogar, que te esqueceste de escrever o post!??? :p

    ResponderEliminar

Partilhe as suas experiências e sinta-se aliviado!