quinta-feira, 18 de maio de 2017

Viagem a Londres


1) - FUI A LONDRES.

Já conhecia a cidade, talvez por isso não senti qualquer deslumbramento. Para dizer a verdade, na primeira vez que lá pisei, também não senti qualquer deslumbre. Recordo que o meu primeiro pensamento foi: «É tal e qual Lisboa». 

Londres é tal e qual qualquer outra cidade capital de um país: muita gente, muita confusão, muitos transportes. O normal de qualquer cidade «grande». O que a distingue é o tempo - sempre de chuva e nublado, com aquele cinza típico. Basta andar uns quilómetros para a periferia e o tempo melhora consideravelmente. Portanto, o que Londres tem de «melhor» e único, é o tempo invernoso


Tem aquela chuvinha miúda, que dispensa que se abra o guarda-chuva e tem aquele vento forte, que parece que te entra nos ossos. Tem oscilação de temperaturas, conforme se entra no tube (metro) ou no interior das casas, como cafés, restaurantes, lojas, museus. Ora se tem imenso calor e se transpira desconfortavelmente, ora se é acomedido de uma súbita rajada de vento polar. 

O MAIS POSITIVO de ter ido a Londres foi ter interagido com os motoristas de autocarro. Tudo gente para lá de simpática e prestativa. Sinceramente, quando precisei largar o tube por o bilhete ficar tão caro quanto um de regresso de comboio, optei pelo do autocarro (opção pouco ou mesmo nada divulgada aos turistas, por sinal). E aí descobri uma simpatia e prestatividade digna de reconhecimento. 


Londres tem outro aspecto positivo: ninguém se perde naquela cidade. Os transportes são frequentes e complementam-se uns aos outros. Qualquer rua tem transportes para alcançar qualquer conhecido lugar. Com setas e indicações claras, consegue-se andar facilmente pela cidade seguindo o mapa do tube ou os nomes das paragens de autocarro. 

Para viver por ali, escolheria a periferia. Porque a qualidade de vida sobe substancialmente e qualquer transporte depressa te leva ao centro ou te afasta do mesmo. Hora e meia - ás vezes o tempo que em Lisboa se perde na fila do trânsito - ali dá para andar quilómetros em transportes. Anda-se muito em Londres - a pé e de transportes - mas também se anda por muitos lugares. 

Voltaria, claro, à cidade. Para conhecer mais lugares, ver o que ainda não vi, como por exemplo os imensos parques que a cidade tem, e para rever. Fui a Picadilly Circus por necessidade mas também para rever a área londrina onde, em tempos idos, fiquei hospedada por uma semana. A praça principal estava quase irreconhecível. Pela fotos que lhe dão fama, não estava a reconhecê-la. Toda a amplitude que se sente ao olhar imagens como a que publico aqui, é inexistente in loco. 

Picadilly Circus - notória praça devido aos logos luminosos
na fachada arredondada de um prédio de esquina
A prejudicar tudo o ex-libris do lugar - refiro-me à fachada de esquina arredondada com monitores de luz - estava cercado de andaimes e tapada por panos de publicidade. Isso descaracterizou totalmente o lugar, tirou-lhe a identidade e misticismo. Uma praça na realidade claustofóbica, pequena, com ruas a seguir em todas as direcções. Mas não me perdi. Fui direta ao lugar que pretendia, mesmo não sabendo ao certo se estava a caminhar na direcção correta. É a beleza de Londres. Ninguém se perde por lá. 


Passei duas vezes sobre o rio Thames - de uma água lamacenta, castanha, que te faz desviar o olhar ao invés de querer procurar aquelas águas. Nada a ver com a magia do Tejo. O Tejo atrai, o Thames repudia. Mais um pouco e seria o rio Ganges, onde cadáveres a boiar ajudam à sensação de repúdio. Se bem que, nunca lá tendo ido (Índia) vou supor que, pelo que sei, até o Gandes consegue ser mais apelativo que o Thames Londrino. O rio passa quase despercebido, circulando calmamente e apagado entre construções feias e modernas de betão e vidraças. O rio não interage com a cidade e o povo - excepção para os cruzeiros turísticos que por lá se fazem. Pelo menos assim me pareceu.

Ao todo, por uma estada e pelas despesas de transporte, devo ter gasto (para duas pessoas) uma soma em torno de 250 libras. Mas não se assustem! Se ficarem mais tempo na cidade, economizam no transportes (mas não na estada). Se escolherem Hosteis para dormir, podem gastar até somente 20 libras por noite (não esperem é muito: contem com maus cheiros, falta de água quente, sensação de pouca higiene, ruído noturno e falta de privacidade- tudo é possível). Se só forem a atracções turísticas gratuitas (como acabou por ser o meu caso) não gastam muito mais. Mas se pretenderem ter um pouco de tudo isso, sim, Londres sai cara e come-se mal :) 

4 comentários:

  1. Obrigada pelo passeio. É que eu nunca fui a Londres.
    Bom estive ausente mas já voltei.
    Um abraço

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    1. Percebo que continua a publicar as suas histórias, Elvira. Pelo que, mesmo tendo sentido a sua falta por estas bandas, não a julguei ausente :) Espero que nunca precise se ausentar por motivos relacionados com saúde.

      Sentiu que deu um passeio por Londres com o que descrevi? Que bom! Fico feliz.

      Londres é distinta pelo cinzento do céu. No fundo é só isso :)

      Grande abraço

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  2. Só visitei por uma vez.
    E até gostei.
    Bfds

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    1. Olá Pedro.
      Sim, acho que comentou que de lá só trouxe boas memórias. O que é o melhor que se pode trazer de uma viagem! :)
      Eu também gostei. Mas é um destino citadino cosmopolita, igual a tantos outros. Não é uma zona balnerar eheh. Jamais será. O que a caracteriza é o céu sempre cinzento, em ponto de chuva.

      BFS

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