sexta-feira, 19 de julho de 2019

No que me fui meter?


Conheci no supermercado um homem simpático com quem mantive uma conversa fluída. Pensei que ia falar-me de uma oferta de emprego mas ao invés disso pede-me o número de telefone.

Eu respondi que sim, que lhe dava. Depois ficámos quase duas horas fora do estabelecimento comercial, a falar. A conversa foi tão fluída tão natural e honesta, entrei por ela a dentro, a pesar de estar a anoitecer, sentir sono e estar com as pernas a tremer de frio.

Ao entender que ele poderia imaginar algo mais que amizade, disse-lhe que gosto de conhecer pessoas e gostei de falar com ele, mas não com um interesse romântico. Ele respondeu que não posso afirmar isso com toda a certeza.

Acabei por lhe fornecer detalhes que nunca contei a ninguém, tal foi o poder da fluidez da conversa.
Ele ficou com o número de telemóvel e de certeza absoluta vai ligar-me no Domingo. Ficámos de ir jogar uma partida de ténis. Ele profissional, eu curiosa.

A minha cabeça preocupa-se com a sobrevivência. Com o emprego que vai acabar ao final do mês, com os meses depois desse, com o ordenado anual que não chega para as despesas com a renda e o quanto me limita não ter casa própria.

Sempre fui assim. Se não me sentir estável e não sentir a minha independência firme e segura, não tenho como mergulhar noutras coisas. 

A verdade é somente esta: sinto-me só, a precisar de amigos. Simples. Essa necessidade "cura-se" ocasionalmente, com conversas deste género.

Mas para o resto? Sou eremita. Gosto muito do meu cantinho, de sossego, de paz e da ausência de conflitos. Sou também preguiçosa para esses afectos, confesso.

Tentei explicar-lhe. Disse-lhe que não procurava companhia masculina íntima. Ele apreciou cada palavra que trocámos, foi muito sincero e eu também. Receio que a minha franqueza lhe tenha parecido não um sinal de stop mas um interessante desafio. Acho que não consegui tirar-lhe da cabeça a possibilidade de eventualmente daqui surgir um romance. 

Sou uma pessoa de palavra e irei encontrar-me com ele. Mas sinto que não vai resultar.

Suponho que quem me lê tem mais experiência nestes assuntos. O que vos parece?

8 comentários:

  1. Um passo de cada vez, é o meu lema. Nada de preconceitos. Há que conceder oportunidades à vida. Se nos sabotamos à defesa, a vida não faz milagres.

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  2. Vai em frente!!! vou torcer por romance, mas mesmo não sendo assim, pode vir a ser um bom amigo, a não ser que pareça perigoso e então foge...vou ficar à espera de saber como correu no Domingo...

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    1. Não foi. Ele não ligou. Surpreendeu-me, pela insistência mas senti que foi melhor assim. Os próximos episódios dirão se ele vai continuar a aparecer no supermercado ou, afinal, o meu poder de sedução é tão forte para atrair como para repelir, ahah
      Foi melhor assim.

      Abraço

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  4. Hummm... sabes que passo por dilemas semelhantes.
    Isso de ser eremita é um direito que nos assiste mas confesso que nunca conheci nenhuma mulher num estabelecimento comercial.

    O facto de teres fornecido informações de que não procuras "companhia masculina íntima" deve tê-lo desencorajado, por isso mesmo, já sabes o que ele procura.

    Faz parte. Estariam em sintonias diferentes.

    E... se leste o meu post onde eu falo em "pickup artist" há uns cuja especialidade é "day game" e com isso conhecer mulheres durante o dia. Confesso que sou super tímido para essas coisas (o engate) e tenho imensa curiosidade em perceber como é que mete conversa com uma estranha num local público, sobretudo com segundas intenções.

    Eu também meto conversas com pessoas desconhecidas em locais públicos, coisas de 30 segundos que morrem ali.

    "Depois ficámos quase duas horas fora do estabelecimento comercial, a falar." - romântico.

    Beijinhos cheios de romantismo **************

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    1. Ler os teus posts deram-me uma perspectiva masculina. Esse dos engates "chocou-me" (foi mais uma decepção). Acho que andamos todos em busca do mesmo. Parece que complicamos tudo, com as nossas expectativas, os nossos receios, a necessidade de agradar o outro e de ser aceite. Devia ser simples, mas o simples sempre foi o difícil de atingir.

      Sim, fiquei a saber o que ele pretendia. A pesar de me ter dito que estava cansado de mulheres que pode levar para a cama no primeiro encontro e procurar uma afinidade intelectual.

      Acho que para o homem o sexo é uma componente muito importante por todo o seu tempo de vida. Para ele pode ser de manhã ao acordar, depois do almoço, uma rapidinha, de noite... Para a mulher acho que não. E isso faz com que seja difícil acertar os ponteiros. A menos que o que os una seja mais a amizade, o prazer da companhia um do outro e a componente sexual, onde a sociedade de hoje coloca o peso inteiro de uma relação, seja relevada para outros planos.

      Biologicamente, acho que é uma realidade que se observa no reino animal por todas as espécies. Faz parte do ciclo da vida, está nas hormonas :)

      Beijinhos sim, mas sem romance ;))
      (e pronto, afugento mais um ahah)

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    2. Creio que as pessoas colhem muito daquilo que plantam, aquilo que projectamos atrai um tipo de pessoas.

      O importante é ter calma, não nos isolarmos e até arriscarmos de vez em quando. Mas nunca, nunca fugir aos nosso princípios e ideias.

      Uma coisa que recentemente descobri com um desses "pickup artist" é que é muito importante sabermos taxativamente o tipo de pessoa que procuramos. Parecendo que não, a maioria das pessoas não faz ideia do que quer, simplesmente... quer alguém. E esse nunca é um bom princípio.

      Continua fiel aos teus princípios e não desistas de ser feliz. Mas sobretudo, nunca te sujeites a nada menos do que aquilo que mereces! ;)

      Beijinhos determinados ***********

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