sexta-feira, 5 de abril de 2019

Hora dos Paradoxos: Sem abrigo


Agora às sextas-feiras vou começar a publicar coisas engraçadas que observo aqui em Inglaterra. Este país, tanta vez apontado como "mais evoluído" será mesmo como muitos o pintam? 


Vou mostrar fotografias de coisas que vou apanhando pela rua e promover o debate de assuntos. Acham que a galinha do vizinho é melhor? A relva é mais verde no quintal do lado? 


Para estrear
SEM - ABRIGO
Tirei esta fotografia às 23h de hoje. É uma foto da fachada de uma loja, e à entrada dorme um sem-abrigo. Dois dias antes dei a este homem carne quente que tinha acabado de comprar no supermercado. Lá estava ele, 18h da tarde, já instalado, a fumar o seu cigarro e a beber a sua cerveja. O sem-abrigo nunca diz "não". Ele só diz "obrigado". Fica-se sem saber se gosta ou não do que lhe é oferecido, ou mesmo se precisa. 

Afinal, encontrar sem-abrigo não é só em Lisboa, ou Portugal... Os ingleses também os têm. E muitos. Quando fui a Londres também se encontravam por toda a parte, principalmente à entrada dos metropolitanos, como numa em Picadilly Circus. Também tirei fotos. Principalmente quando vi uma pedinte a tirar o telemóvel do bolso e ter uma conversa alongada com alguém. Não que seja proibido... Afinal, pode ser que tenha daqueles planos que não paga. Mas ainda assim, onde será que o carrega? Eu tenho de carregar o meu todo o dia, senão deixa de funcionar. Isto foi em Londres mas aqui nesta cidade pequeníssima, são muitas as pessoas sem abrigo ou pedintes. Instalam-se durante o dia à porta dos principais estabelecimentos comerciais: o supermercado, a loja dos 300, a rua principal... Aquele que se instalou mesmo à entrada do supermercado até parece que ali montou uma casa. Numa ocasião tinha o edredon nas portas que dão acesso ao parque de estacionamento. Ele conversa com pessoas ali mesmo, de pé, não se limita a ficar sentado com o copinho na frente. 

As idades dos sem abrigo variam. Mas quase todos, adivinha-se, devem ter um problema com drogas ou outras substâncias aditivas. A que mais me chocou foi em Outubro passado, quando também dei comida a uma sem-abrigo que encontrei quando passava na rua principal. Era uma rapariga muito jovem. Demasiado para já estar nas ruas. 

As drogas parecem reflectir no olhar de muitos com que me cruzo nas ruas. As mãos seguram afincadamente garrafas de rótulo de bebida gaseificada, mas de conteúdo duvidoso. É que deve ser proibido andar a certas horas já de "pinga" na mão. Ou dá chatices. Então estão sempre com ela na mão, mas disfarçada de lata de coca-cola

Depois de tirar a foto ao sem abrigo, tirei esta a um grupo de 4 adolescentes à entrada do supermercado. Estavam todos a fumar e a beber álcool. Como se o tivessem de o fazer ali mesmo, acabadinhos de sair do supermercado. Não pudessem esperar nem mais um segundo.

Futuros Sem-Abrigo?
Acho que aqui o governo preocupa-se bem menos com os desfavorecidos. Quem vejo ajudar, com distribuição de alimentos e sopa quente são sempre instituições privadas (talvez co-ajudadas por fundos governamentais mas isso só intensifica a vontade de atirar-para-os-outros um trabalho que devia ser principalmente do Estado). 

E a percentagem de jovens dependentes de drogas, bebidas e com baixa escolaridade não é brincadeira em Inglaterra. 

2 comentários:

  1. Infelizmente sem abrigos encontram-se em todo o Lado. Há uns quatro anos também encontrei vários em Espanha.
    Já arranjou emprego?
    Abraço e bom fim de semana

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    Respostas
    1. A Elvira é perspicaz. :)
      Trabalho quando me chamam. Não é bem o que pretendo mas já me sinto útil fazendo alguma coisa. É muito precário. Tenho procurado full time mas onde quer que tente, nem sequer chamam para entrevista. Recentemente como descrevi fui a uma e garantiram-me que iam chamar. Nem atendem o telefone. Li na internet que aquela recrutadora não é de confiança.

      A coisa é a mesma que aí em Portugal. Quando se desce o suficiente apanha-se sempre a exploração de mão-de-obra. Empregos aqui sem mais nem nada só mesmo na restauração, ou nas limpezas, sendo mal pago e a ter de trabalhar por turnos e folgas rotativas de segunda a domingo.

      E a Elvira, já recuperou melhor?
      Bom fim-de-semana.

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