sábado, 11 de agosto de 2018

September fears


Traumas.


Todos temos alguns e eu adquiri um novo, o ano passado. Que temo ter vindo para durar. Esse trauma faz-me recear a aproximação do mês de Setembro. 


O ano passado, por essa altura, estava estavelmente empregada. Dei um pulinho de férias tardias ao meu país e tive um pressentimento: devia ficar. Por uns tempos, a ganhar competências numa determinada área de interesse e regressar posteriormente mais qualificada para obter outro género de emprego.

Mas aquele que tinha esperava por mim. E a pensar nas pessoas que lá trabalhavam que contavam comigo, não segui o instinto que me mandava mudar de rumo. 

Numa semana, fui demitida.

As circunstâncias já as expliquei aqui. Mas fiquei magoada. Foi injusto e feito de forma vil. Durante o verão fui indispensável, não podia tirar férias, tinha de fazer horas extras era indispensável. Mas chegado o mês de Setembro, contractaram mais pessoal e tornei-me alguém que podiam dispensar. Assim, sem mais nem menos, sem consideração, sem atenção.


Os meses que se seguiram não foram rosas. As circunstâncias com que fui friamente dispensada batiam na alma como quem bate na mesma tecla de um piano e escuta sempre o mesmo som. Tentei outras portas, que pensei que iam abrir bem depressa. Pois essa era a vantagem de estar a viver em Inglaterra: a facilidade em arranjar emprego de semana para semana.

Mas enganei-me. Após sucessivas tentativas e rejeições, o emprego que pensei ter logo em Janeiro, só apareceu em Abril.  E durou dois meses. Também esse terminou sem aviso, por mensagem enviada por email, dois dias antes da machadada final.

Nova "luta" para arranjar outro emprego - mas ao menos estava optimista. Vinha aí o verão, que tem imenso potencial em termos de empregabilidade. O que agora temo é o fim do Verão, a chegada de outro outono, outro mês de Setembro.

Mas uma vez, não pude tirar férias no verão. Tenho-as marcadas para o final de Setembro. Vou dar um "pulo" a portugal e depois regresso a inglaterra. E temo muito que volte a repetir-se as circunstâncias do ano passado. Simplesmente porque sim, porque é Setembro e as pessoas deixam de ser necessárias. 

Queria ter um emprego duradouro, seguro, que estivesse sempre lá para mim. Que só deixaria de existir se eu assim o decidisse. Quero segurança. Mas parece que a vida não é para ser assim.

Hoje recebi uma notícia desagradável, por parte do senhorio. Deixei-o sentar-se e falar até o fim. Mas já sabia o que vinha dizer-me. Bastou-me ouvir o que disse ao chegar: "Não te enviei uma mensagem preferi falar contigo, tenho notícias que não são boas". Depois mencionou que saiu uma lei que vai alterar as condições para rendatários com mais de cinco pessoas na casa.

Não precisei de saber mais nada. Sabia o que aí vinha. Os 10 minutos que se seguiram mantive-me em silêncio. Finalmente chegou a frase "vou ter de pedir a um de vocês para sair" e claro que a sua escolha tem como base o valor da renda. 

Ao chegar disse que vinha falar comigo portanto não precisava de ouvir nada. 
Sei que as emoções não tomam conta dele quando a questão refere-se a dinheiro. Ele irá aumentar as rendas se assim puder e achar que tem de fazer e dispensar alguém (eu) pela mesma razão monetária.

Agora temo Setembro por dois motivos: receio de perder o emprego e receio de não ter onde morar.
O Natal que já estava a imaginar nesta casa, já não vai acontecer. Já foi apagado da minha memória.

O outono trás a queda de empregos. E pelos vistos a queda de muitas mais coisas. Setembro é um mês muito poderoso em termos cósmicos. É praticamente o início de um novo ciclo anual.

Passei a recear vir a ser vítima dessa condição de desempregabilidade que o mês trás.
E agora passei também a recear nunca sentir estabilidade numa casa arrendada.

É que assim que começo a sentir-me segura, assim que faço alguma coisa para personalizar o meu espaço - mandei fazer uns cortinados para a janela e estava a fazer uma estante - parece que o meu sexto sentido diz-me para não chegar a esse ponto, pois será nesse instante que tudo irá mudar.

Estabilidade é tudo o que desejo.
É tão difícil de obter.

Assombra-me a possibilidade de me ver novamente atrapalhada no desespero do desconhecimento do que setembro trará. Mais uma vez, vou de ferias. Sei que não vou conseguir usufruir das mesmas com a mesma ingenuidade do ano passado. No subconsciente estará a passar o trauma. Aquela tecla de piano estará a martelar na nota de "setembro", "setembro".






2 comentários:

  1. Será que não consegue um emprego cá quando vier de férias?
    Abraço

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  2. Setembro é o mês de aniversário da minha filha Mariana.
    Um mês em cheio!!
    Boa semana

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