terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Uma sensação que vai e vem


Não sei o que significa mas, de uns dias para cá, venho a sentir uma inquietude. Ela chega com intensidade, fica, depois esvanece e eu quase esboço um sorriso e penso: "já passou". Mas depois regressa. É uma sensação de alarme e inquietude.

É como se estivesse a premunir algo que não é muito bom. E, por algum motivo, temo que esteja relacionado com o meu emprego ou com a minha estada nesta casa. Seja o que for, é comigo.



Em Dezembro passado, quase que fiz um post sobre este tipo de sensação. Andava tudo bem mas a sensação alarmista não me abandonava. Julgo sempre que é um momento sem significado algum, só um estado de espírito que não significa nada e passa... Ou são as hormonas, Kkk.

Nisto, um belo dia, enquanto reflectia na proximidade da data de aniversário de uma pessoa, vem-me à cabeça a sensação de morte. O surgimento destas duas ideias juntas trouxe instantaneamente alguma lógica à sensação de inquietude alarmista. Não que achasse que a pessoa ia morrer, mas senti que era melhor cuidar-se. É como se os «astros» (lol) não estivessem na melhor conjectura. 

Um certo dia telefonam-me de Portugal para me informarem que um parente havia morrido. E em que dia morreu? No dia de aniversário daquela pessoa.

Por coincidência - porque ainda quero crer que não passou de uma - foi nesse dia que o tal colega de casa foi rude e violento comigo. Tudo a acontecer ao mesmo tempo! 

Estou a «sentir no ar» alguma coisa...
E não fossem situações como a de Dezembro, e outras do passado, talvez continuasse a não ligar muito a este tipo de sensação. Não quero acreditar que tenho premunições. lol. Prefiro atribuir qualquer tipo de inquietude, mudanças de humor ou de personalidade às diárias mudanças da química do nosso corpo. As hormonas, por exemplo, que são marotas :)

Resta-me esperar. 


No entanto posso dizer que tenho vindo a sentir uma forte convicção de que vou «perder» o emprego. Ainda pode ser que comece a sentir o contrário mas, a verdade é que sentia segurança até aqui e subitamente passei a intuir fortemente o oposto.

O contrato atual não é vinculativo e pode ser terminado até no próprio dia por qualquer das partes (aqui não existem 15 dias de aviso). Só será fixo se a companhia assim o decidir. As horas que faço por semana, os dias que trabalho, tudo isso é decidido semanalmente pela entidade patronal conforme lhes for conveniente. Podem muito bem reduzir-me as horas drasticamente, têm legitimidade para isso e sei que é assim que começam a fazer quando querem se ver livre de pessoal. 


A companhia está sempre, mas sempre, a contratar mais pessoas. Obviamente, alguém tem de sair... É bem possível que lhes saia economicamente mais vantajoso estar sempre a contratar - não só pela poupança no ordenado - pois um contratado ganha mais à hora - como por outros motivos que eu possa desconhecer. 

Para ter direito a esse contrato fixo tenho de me sujeitar a uma série de testes e formações online. Enquanto não o fizer (são centenas!!! Há 3 meses que ando a fazê-las no meu pouco tempo livre), não há contrato. Mas existe um prazo para me aceitarem ou recusarem: resta-me cerca de um mês. Se acharem que não estou apta nos conhecimentos e na prática, não renovam. 

Ou seja: têm à sua disposição uma panóplia de condições que fornecem múltiplos pretextos para a fácil dispensa. Tomem tento a isto, pois creio que estes detalhes evidenciam bem os «podres» do sistema britânico.  

Em Portugal queixamo-nos ( e com razão) de muitas injustiças de contrato de emprego. Aqui está tudo muito claro, preto no branco (ou quase..., existem áreas bem cinzentas) e, claramente a balança pende para o lado das empresas.


Vou dar três exemplos: quando me candidatei ao emprego, o anúncio dizia que facultavam toda a formação necessária e o mínimo seriam 48 horas de trabalho por semana. Adorei! Foi o que me fez ir para ali... No dia seguinte, mudaram para 36 mas pediram para assinar o contrato deixando essa casa em branco. Como enganaram-se na papelada que eu tinha de facultar, só pude assinar o contrato no dia seguinte. E nesse dia... as horas obrigatórias oram novamente reduzidas. 

Fiquei atónita... Como é que no anúncio são 48, depois 36, depois 32... Ainda bem que não demorei mais um dia a assinar o contrato, ou ainda ficaria reduzida a nada. 


Outra questão que NÃO FOI MENCIONADA nem referenciada no contrato, é que as pausas, que são obrigatórias por lei, são DESCONTADAS do ordenado. Em Portugal, tem-se a hora de almoço. Aqui não existe a hora, existem minutos repartidos por quartos de hora ou meia-hora. Num total máximo de 45 minutos diários. Só que, em Portugal a hora de almoço não influência o salário valor/hora. Ganha-se sempre o mesmo. Aqui isso não acontece. Por um lado é bom, por outro, se a pessoa tem um horário de 45 horas semanais e são pagas 42... Ficas a pensar o que foi feito das outras três :) Sim, porque as pausas para descanso não mudam o facto de permaneceres num turno de 9h...

Se chegares com atraso um minuto que seja, esse é descontado. Se ficares a trabalhar um pouco mais de tempo porque tens funções a terminar, não te pagam mais por isso. Era tua a obrigação de terminar dentro do horário. Pagam, claro, se as funções gerais o exigirem. Mas controlam ao minuto esse over-time. Não vão pagar nem um centavo para além do tempo necessário. 

Quanto à formação contínua, esta é realmente necessária. Só que é quase toda online e feita nos teus tempos livres!! Não é in-loco, como seria de presumir. Ou seja, além das tuas horas de trabalho, tens de investir mais horas do teu tempo livre, deixando-te quase sem mais nada para fazer. Isso eles não explicam, deixam convenientemente fora da descrição da oferta de emprego.

Outra coisa importante a saber é que, se não a completares, não ficas empregado. Dão-te uns enormes dossiers e dizem-te que tens de saber tudo aquilo. São centenas de tópicos, com sub-temas, tudo terminando com exames ao que exigem aprovação de 100%. Depois um supervisor submete os teus conhecimentos a uma prova oral e prática e tens de passar a tudo. Esta é a "formação contínua". 

No fundo, eles querem proteger-se de queixas e processos e por isso facultam a «formação» e exigem 100% de aprovação. Não podem deixar margem para o argumento: "não me ensinaram". Porque os dossiers estavam ali para serem consultados e a tal formação encontra-se 24h disponível online... lol. 

E se não realizares tudo isto no tempo que eles próprios estipularam... Azarito! 

São estas pequenas coisas...
Acho que em Inglaterra é assim. Sleazy
Está tudo «nos conformes» mas é uma estabilidade de «borracha», que permite que te puxem o tapete debaixo dos pés.
Ainda assim, comparado com Portugal, mais seguro que a garantia mais que certa de, em caso de desemprego, este durar meses, até mesmo anos. 


3 comentários:

  1. Não fazia ideia nenhuma.
    espero que tudo corra pelo melhor.
    Um abraço

    ResponderEliminar
  2. Pode até ser só uma impressão. Talvez por estares longe de casa, noutro pais e sem amigos.
    O dossier existe para ser lido, dirão eles. e pelos vistos não dá para fazer como na net que clicamos nos termos e serviços sem termos lido patavina lol

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não Ana, não dá! Tens de ler tudo até o fim, eles devem aplicar um conómetro porque até um documento cheio de texto só dá para assinalar como leitura concluida passado x tempo. Ainda hoje lhes perguntei se não podia saber se me querem manter ou dar um pontapé no rabo. Existe um certo descaso e despreocupação com a minha formação... E talvez seja por aí que esteja a sentir o alarme.

      Mas aqui funciona assim: eles marcam um dia para se reunirem contigo. E dizem: Lamento, mas não te queremos cá. E tu ficas desempregada nesse instante. Se ao menos existissem os 15 dias... É que se calhar já tomaram a sua decisão. Eu trabalharia na mesma forma independentemente de me quererem lá ou não. Mas ao menos teria alguma margem para procurar outra coisa. Assim não sei se vai dar carne ou peixe.

      O descaso na minha formação é que me tem dado os sinais de alarme.

      Eliminar

Partilhe as suas experiências e sinta-se aliviado!