quinta-feira, 20 de março de 2014

Recruta de mão de obra

A data do acto remota a Maio de 2004, mas a missiva foi escrita em Janeiro de 2005.
Falo de ter encontrado entre a papelada que guardo (post anteriores) um print de um email dirigido a uma empresa de recrutamento de trabalhadores para empregos no Estrangeiro. E subitamente apeteceu-me vir aqui escrever sobre esta «moda».

Em 2004 a crise já existia, não era é falada ou assumida. Mas já era difícil encontrar uma colocação, embora não tanto quanto actualmente. E surgiram como cogumelos pessoas interessadas em tirar proveito da situação. Muito em voga na altura foi o surgimento de uma quantidade significativa de empresas de recrutamento de trabalhadores para o estrangeiro que, em troca de DINHEIRO por uma inscrição, mantinham o candidato inscrito durante UM ANO na sua base de dados. 

O site da empresa onde me inscrevi estava repleto de casos e casos de «sucesso» de empregabilidade mas ainda mais importante, de ofertas que pareciam legítimas. De várias ofertas de empregos diversos e interessantes, razoavelmente remunerados tendo em conta não as horas de trabalho e o trabalho em si, nem o custo de vida dos países de oferta, mas comparativamente aos salários de cá. Nenhum emprego oferecia menos que 1000€ de salário. 

No email questiono a empresa sobre a ausência de ofertas laborais a mim dirigidas durante todos os meses passados desde a inscrição e pedia explicações sobre o facto da empresa ter publicado novamente nos jornais novos anúncios a solicitar novos candidatos para novas vagas de emprego «urgentes». E nessas vagas não existe nada para mim? Para os já inscritos?

O meu contacto obteve resposta. Disseram-me que tinham um posto de trabalho na Suiça, a ganhar 1000€ por mês como camareira e queriam saber se estava interessada. Respondi de imediato que estava. E NUNCA mais recebi um contacto da empresa.

E pronto. Foi assim que resultou a minha «ingressão» neste género de empresas de recrutamento que COBRAM por inscrições. Sabia que estava a correr um risco e foi um risco calculado, cuja «perda» monetária embora importante não era significativa. A empresa agiu com muita esperteza, porque não foi gananciosa. Durante um ano inteiro só podia sacar 50€ a uma pessoa. Outras existiam que colocavam prazos de 3 meses e cobravam mais, sem garantias quase nenhumas. Esta cujo nome não vou referir mas que tinha sede na cidade do Porto, sabia que um esquema de burla para funcionar sem ter problemas com a lei requeria cautela, não dar tanto nas vistas cobrando valores muito altos e «camuflar» um pouco a intenção com o facto de serem uma empresa experiente no mercado. Depois foi só misturar um pouco de exageradas ofertas fantasiosas com ofertas reais. E esperar sentado que as abelhas viessem ao mel.

É mesmo assim que tem de ser feito para este género de esquemas resultar. Enquanto se faculta um ou outro serviço que pode ser real - pois a empresa aparentemente já se encontrava firmada no mercado à algum tempo, publicita-se ofertas tentadoras com ordenados aliciantes, alimenta-se a esperança de todos os desempregados ou mal empregados que querem começar uma vida melhor e estão dispostos a trabalhar duro em qualquer coisa. E por cada uma dessas alminhas receberam 50€. Agora imaginem quantas candidaturas se recebem num mês e façam a adição dos valores. Mesmo só cobrando 50€ por ano é uma quantidade significativa de dinheiro fácil ganho sem fazer nenhum.

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