quinta-feira, 7 de novembro de 2013

São Saudosistas?

Vocês são saudosistas?
Eu acho que sou um pouco. Mas não na perspectiva de quem deseja voltar atrás, mas na de quem aprecia as histórias que os lugares, pessoas e objectos carregam. E é por isso que vou sentir saudade do antigo cartão de identificação Português - o tão conhecido BI (Bilhete de Identidade).


Nenhum miúdo nascido neste século XXI sabe o que é um BI e contudo é uma expressão tão fácil e familiar a tantos. Mas não a eles. Eles conhecem o cartão de cidadão e nunca foram portadores de um BI - aquele cartão de papel plastificado grande, que levantou suspeitas a grande parte das autoridades a quem o mostrei aquando viagens em aeroportos e entre países desenvolvidos Europeus. Inesquecível a incredulidade de um fiscal Francês, que suspeitou do cartão de identificação que lhe mostrei. Nunca tinha visto um. Estava a duvidar. Logo em França! Onde a comunidade portuguesa é significativa. Ou no balcão de check-in da KML no aeroporto de Amesterdão, em pleno 2005. É caso para dizer que o atraso e o desconhecimento anda por toda a parte e mesmo em profissões que não o deviam ter :)

E são por "coisinhas assim" que sinto pena que algumas coisas acabem. Mas a vida é assim mesmo. Meus avós tiveram de se acostumar ao BI, meus bisavós então nem sei se chegaram a ter um (eu bem que procurei) ou se apenas eram detentores das Cédulas Pessoais, e agora as crianças nasceram já portadoras do Cartão de Cidadão. A pesar de terem surgido em 1914 (fui agora pesquisar e a quem me lê é «obrigatório» visitar o blogue onde recolhi a posterior informação), só começaram a ser obrigatórios em 1927 (para quem trabalhava aparentemente) e só em 1970 é que os BIs começaram a ter o aspecto que agora ainda lhes conhecemos: grandes e em papel plastificado. Meus avós ainda tiveram uns escritos à mão, mas rapidamente passaram a ser dactilografados. 

E pronto. É esta a história "saudosista" que me apeteceu deixar aqui hoje para quem me lê. No fundo, é só um registo, um "adeus" a algo que se vai e que merece por isso mesmo, receber uma "homenagem". Adeus BI... a vida agora é electrónica e tu não cabes mais nela. Adeus «amigo», que tantas vezes precisei de ti para me matricular na escola e que ainda muito me acompanhaste, junto com o cartão em papel branco de eleitor, para que pudesse votar em quem escolhia para governar este país.  ;)   

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