domingo, 17 de março de 2024

Viagem pelo meu calçado

A vontade era de criar um vídeo para mostrar o calçado que guardo no armário. Mas depois desisti dessa ideia e limitei-me à foto, que passo a comentar.

Hoje fui fazer uma arrumação e acabei por espreitar o calçado guardado, aquele que nao é tão facilmente para o dia a dia ou então deu lugar a outros mais práticos.


Guardo tudo em caixas, pois acho mais prático. Talvez por isso, alguns acabaram por não serem tão usados. Mas geralmente, sapato que não magoa está sempre a uso. Se começar a ser pouco confortável ou não tão necessário, uso menos vezes. E guarda-se no armário.

A bota acima tem uns anos. De borracha, para a chuva. Porquê não uso? Porque, se bem me lembro, magoa o calcanhar e faz o pé suar. Só apetece descalçar. 



Quando abri a caixa e os vi, até perdi o fôlego por uns instantes. São lindos!!! Fazem lembrar um rendilhado delicado. São de borracha mas a delicadeza e originalidade do formato supera o que geralmente se pensa da borracha. Seria algo para usar num casamento, numa festa... com um vestido simples de renda de algodão, a condizer.

Só que não. Quando enfio o meu pé neles, transforma-se no pé das filhas da madrasta da Gata Borralheira. Uma monstruosidade enorme, volumosa, que não combina com a delicadeza do sapato "de cristal".

Com muita pena minha, até nos pés não posso usar aquilo que realmente me aprás.

Foram comprados por mim talvez à 11 anos. Na altura em que estavam a surgir muitos sapatos de borracha perfurada em padrões- a maioria até feinhos - o material gerando uma certa reprovação geral.

Estes porém, fazem boa figura e não acusam logo o material à vista. Parece renda delicada.


Sou muito difícil para deitar coisas fora. Mas quando notei que estas "sabrinas" se desfaziam, ia deitá-las no lixo. Até que as coloquei no pé só para relembrar o quanto apertavam. 

ENTRARAM QUE NEM UMA LUVA.

De um conforto que não estava à espera. Recordo-me de uns castanhos que apertavam tanto desde os dedos dos pés ao topo do calcanhar e a cada passo esentia cada pedra no asfalto.... que coloquei de lado.
A desfazerem-se ao toque - lembrei-me que deviam de ser de pele genuína. Ia deitar fora mas depois de senti-os tão confortáveis no pé, o que é tão raro, já não fui capaz. Voltaram para a caixa. A ideia é, um dia, ansiosa por satisfazer a minha veia para transformar, reaproveitar e criar, possa aplicar um material por cima deste e transformar os "chanatos" para os voltar a usar.


De seguida surgiram uns vermelhos.


Pouco usados, mais recentes, não recordo como me tratam os pés. Mas lembro-me de os ter comprado por insistência de minha mãe, que me dizia que eram de pele, por isso eram bons.

 

A primeira coisa que me saltou à vista foram os rasgões na lateral. Devem mesmo ser de pele, porque a falta de cera ou da aplicação de qualquer produto para os manter resultou na secura e craquelar do couro.


Uma pena, porque praticamente não têm uso.

Depois surgiram uns ténis que tenho mesmo de voltar a tentar usar.

São de "pele falsa", não são de tecido denim como aparentam ser. Os atacadores não são de atar. São elásticos e expandem. Os ténis calçam-se como sapatos. 


Devo tê-los comprado por volta de 2008... 2010. Acho.  Ainda tenho mais calçado que guardo noutro guarda-vestidos. Umas botas a que chamo "a cowboy" que lembro de ter comprado por volta dos 16 anos na sapataria local do bairro onde deixei de morar aos 17.  Uns sapatos de pele com atacador e sola "à antiga", daquelas de couro, que costumáva-mos ver os sapateiros preparar numa máquina e pregar debaixo do sapato. O cheirinho bom da oficina do sapateiro.... até mesmo quando aplicava cola. Saudade! 

Uma profissão que espero que ainda exista nos moldes tradicionais, ricos de tanto saber e conhecimento.



Tenho mais calçado. Nestas caixas, também estão uns chinelos e umas pantufas daquelas com a figura de um animal. Originárias do início, quando viraram moda. Anos 90? Nunca usadas a pesar de adoradas. Porque assim que as vi percebi que nâo eram para se usar numa casa com carpete, tijoleira e pequenos pêlos ou migalhas. Senti que eram para quando tivesse a minha própria casa. Onde o chão só seria pisado por elas se livre de qualquer cabelo caído, etc.  Até escrevi isso na caixa.

Não sou fanática por calçado, roupas, jóias... nunca fui. Nem nunca tive muito. Parece que sim, porque quase tudo o que possuí que ainda esteja em bom estado é para guardar.  Sou pessoa para usar. Não vou por modas. Não descarto sem mais nem menos para comprar novo. Não compro a cada estação do ano nem deito fora o comprado na anterior. Não faz sentido isso. Gosto de verdade das coisas. Se as compro é para as usar. Toda a vida, não apenas por uma temporada. Aprecio cada uma pela história. Se possuirem caracteristicas que nao encontro em mais lugar algum, acho-as ainda mais valiosas por agora serem também um testemunho de outros tempos. O chamado agora de Vintage e que é re-etiquetado por um valor de alta classe priveligiada, .a condizer com o novo status.

E vocês, o que acham disto?






1 comentário:

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