quarta-feira, 12 de julho de 2023

"Somos diferentes" - que o diga as Finanças

 

Por vezes recordo de coisas que me foram feitas e ditas quando me mudei para esta casa há três anos e percebo que já estava ali os sinais de como a M. realmente era. Tanta mas tanta coisa, que é incrível como eu, por ansiar como uma esfomeada por normalidade, continuei a preferir não interpretar pelo pior. 

Recordo que uma das coisas que a M. me disse bem no início, depois de me ter "esmiuçado" de cima a baixo, interrogado, ter feito os seus questionários e até, usar de NUMEROLOGIA de data e hora de nascimento para definir afenidades, foi: "não me vejo a ser tua amiga". 

Ela não é capaz de ser amiga de ninguém - essa é que é a verdade. Mas é uma coisa que não se diz assim, parece-me. Mas foi o que ela me disse, acrescentando que não eramos iguais. No sentido de, ela ter umas tantas qualidades que enumerou e eu.... não. 

Oh! Ela dizer isso, achando que a vantagem estava no seu lado, já diz tudo, não é verdade? O sentimento de grandiosidade do narcisita já a revelar-se. Talvez mesmo uma certo transtorno de personalidade antisocial. 

Mas eu não me abalei nem um pouco. Nos primeiros três meses, existiu cordialidade e muita conversa, onde tudo parecia correr pelo melhor. Embora eu já me sentisse incomodada com comportamentos repetitivos e de total desconsideração que lhe observava. Ainda assim, preferia achar que ela não tinha percepção que os fazia. (Santa ingenuidade!).

Neste tempo, ela e o rapaz do andar-de-baixo já discutiam dia sim, dia não, logo pela manhã. Chegava eu a casa vinda do meu turno da noite, adormecia e em 50 minutos acordava com os insultos trocados entre os dois, aos gritos. 

Daí adiante ela seguia-me pela casa a todo o instante, para fazer queixas dele e de todos os outros. Querendo que eu agisse e baragustasse. Foi muito desgastante para mim. 

A M. nunca deixou de procurar criar conflitos. Apenas foca-se mais intensamente numa pessoa de cada vez. A minha altura ia chegar. E foi este ano em Janeiro, quando o rapaz, finalmente, se foi embora. Agora ela deseja que eu seja a próxima. Estou a contrariá-la, permanecendo nesta residência. 

Segue-me pela casa inteira. Nem 30 segundos me dá - que é o tempo que leva para descer as escadas, abrir o frigorífico e tirar um iogurte, voltando de imediato para cima. Tem alturas em que é 24h/7 obcecada pela minha pessoa. Segue-me, entra dentro do WC se dele acabei de sair, não o usa, vai só espionar. É doente. Faz-me doente também. Tenho receio de me vir a tornar como ela. Mais anti-social. Ou totalmente anti-social. Agressiva ou irascível. Prefiro o isolamento do sossego - sempre fui assim. Mas agora temo me tornar numa pessoa inapta socialmente. Tal são as más influências que me rodeiam e as más situações às quais me sujeitei nesta vida.  

Será que pessoas como a M. nunca se dão mal? Nunca enfrentam as consequências dos seus actos e por mais que aprontem, caiam sempre de pé, que nem os gatos?



Voltando ao tema principal, dela dizer logo de início, muito convicta de si mesma que "somos diferentes". Sim, somos. E ainda bem! As pessoas devem ser diferentes e não todas iguais - para que possamos aprender umas com as outras. Mas ela não tem percepção disso. Mais recentemente, me disse: "Tu não és nada como eu!". Ao que instintivamente lhe respondi com uma sinceridade que deve se ter projectado nitidamente: "Thank God for that!". (Graças a Deus!).

O que a deve ter surpreendido, pois ficou muda. No seu entender, as pessoas devem almejar ser tal como ela. Inteligente, esperta, melhor que todos, sabe tirar benefícios próprios de tudo, levar a dela adiante, etc, etc. 

Mas ser como ela significa, por exemplo, estar cheia de dívidas. Tirar dinheiro de pessoas, instituições e prestação de serviços sem ter intenções de pagar. Surpreende-me que, no Reino Unido, isso seja tão simples. Porque é.

Recentemente recebi uma carta das "Finanças", sobre os impostos que paguei no ano passado. Tenho a receber o valor de £160. Como não reclamei o valor online, irei receber um cheque pelo correio. Hoje fui à caixa da correspondência e lá estava um envelope das Finanças. Mas não era adereçado a mim, mas à M. É fácil de adivinhar o conteúdo. Surpreende-me que, passados meses, ainda seja o mesmo! A leveza do envelope castanho e a sensação fina ao toque já diz o que se trata. É dinheiro em dívida.

A M. DEVE DINHEIRO às Finanças. A primeira carta que tirei da caixa deve remontar a Abril. Desde então já lhe vi outra em envelope castanho. Isto sem prestar atenção. Apenas estando a tirar a correspondência e a colocá-la na beirada da janela, onde a vamos consultar. Só com o primeiro envelope tentei perceber o que dizia. Consegui reconhecer as palavras "dívida" e também "multa". Sendo que a multa era já diária, por ter sido ignorada um contacto anterior.

Presumi que a M. se precipitaria a pagá-la, visto que é uma dívida ao Estado. E ia ter de pagar já com uma multa, eheh. Até recordo de pensar que, finalmente, agora veria-se forçada a arranjar uma ocupação e ir trabalhar! Depois não pensei mais nisso. 


Hoje quando vi aquele envelope das finanças endereçado a ela sentindo a sua leveza nas mãos, lembrei-me logo do que acima descrevi. Senti revolta. Caramba! Nem às finanças ela perde o sossego ou paga as dívidas! Sim, somos diferentes. Eu tenho a receber, ela tem a pagar. Isso diz muito sobre as nossas diferenças. Eu trabalho bastante e desconto. Ela não trabalha quase nada e não paga o que deve. Eu estaria toda temerosa, a querer pagar a dívida o quanto antes, porque dizem que sobe £10 por dia! E ela a deixar os meses passarem. Cada 24h são cerca de 12 euros a mais em que fica endividada. 

E os envelopes castanhos a chegarem, todos os meses... 

Até quando?

Até quando poderá ela safar-se com todas estas tramóias?

Agora temo que o meu cheque chegue pelo correio e seja interceptado por ela, e que ainda acabe por arranjar uma forma de se benificiar. Não que acho que vá acontecer mas, não estou exatamente a tratar com uma pessoa muito correta, estou? 

Vou ausentar-me daqui a uns dias. Não vá o envelope castanho, mas mais espesso, chegar nessa altura. Da última vez que fui de férias, duas semanas, ninguém tirou a correspondência da caixa do correio. Na volta fui eu que o tive de fazer. O que não quer dizer que se repita.

Agora outra curiosidade:

Ao entrar no site das finanças, vi estipulado como o dinheiro que eu paguei de impostos, foi utilizado. Surge assim:


No ano anterior, contribuí com £2.736 para impostos. 

Para minha surpresa e felicidade, quando fui buscar a carta enviada faz umas duas semanas, puxei de um envelope castanho que correspondia ao ano fiscal 2021-2022, ao invés de 2022-2023, o anterior.  Ou seja: dois anos fiscais atrás. E ali estava... um cheque. No valor de £81. 

Ri tanto, mas tanto! Tinha esquecido completamente dele. Havia colocado esse envelope em cima de uma caixa, para ficar bem visível. Porém, ele deve ter deslizado para trás do móvel. Na rotina diária de trabalho e com o stress doméstico, sem o ter à vista, devo ter esquecido da sua existência. Recentemente removi o móvel e arrumei um envelope castanho que encontrei caído, nem tinha percebido do que se tratava. Pensava ser uma documentação solicitada. Datava de Outubro de 2022, mas ainda foi possível descontá-lo. Eu a precisar de um boost de dinheiro lá na altura do Natal.... com £81 caídos atrás do móvel.

Bem sei que não se trata de um presente. É dinheiro restituído por pagar impostos em excesso. Mas é uma boa sensação, ter a receber. Ao invés de ter de pagar ou tudo estar correto. Subitamente foi quase como que tivesse ganho o euromilhões. 

Queria partilhar isto. 


2 comentários:

  1. Bom dia
    É bom quando sentimos vontade de partilhar o que nos vai na alma . Sentimos uma sensação de alívio.
    Confesso mais uma vez que não teria paciência para partilhar algum espaço com a dita M.

    JR

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    1. Compreendo perfeitamente o que quer dizer, Joaquim. Acho que a sociedade, à medida que evoluí, está a perder noção do valor da autenticidade e da expressão dos verdadeiros sentimentos. Com isso, criam-se muitos conflitos e gera-se muita distância.

      Se ao invés de guardarmos para nós o que achamos de algo que está a acontecer no momento, partilhássemos com a pessoa o que nos incomoda, tudo ficaria assim, mais leve.

      A sociedade parece querer banir isso. Alimenta-se o conceito que o correto e o esperado é ir partilhar o que pensas de alguém com terceiros. Quando na realidade, deve-se é dirigir-se à pessoa visada. É de bom tom. É de carácter.

      Não é mais uma noção ensinada ou assimilada.

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