quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Para os que quiserem saber...


Confrontei cada colega de casa com o desaparecimento de artigos pessoais durante a minha ausencia. O primeiro respondeu que não tocou em nada nem tem o hábito de recorrer aos pertences de outras pessoas. O segundo abanou logo a cabeça, dizendo que não. A terceira - adivinhem quem - reagiu assim:

-" Hum... arroz e pasta?"
-"Talvez... sim, acho que peguei".


- "E os três copos e pratos azuis?"
-"Eram copos que estavam guardados aqui?"

-"No meu armário? Sim."
-"Eram copos azuis?"
-"Sim, três copos azuis e três pratos".

- "Ah, acho que também usei.
Tavas fora e pensei..."

Fiquei escandalizada com esta última constatação. Então não existe qualquer noção de que pegar as coisas dos outros não é correto. 


Seja como for, continuei a ser cortês e não fiz um escândalo. Estaria pronta para isso, caso ela não tivesse saído assim que disse aquilo. Porque era ali que lhe ia perguntar se entende que não se deve pegar as coisas de outra pessoa nem que esta se ausentasse 1000 dias. Caso lhe escapasse esse conceito, informá-la-ia que a partir daquele instante estava proibida de se servir de qualquer coisa minha. 


Mas como se pirou não desenvolvi o tema. Voltei a lhe pedir para ao menos deixar um bilhete escrito dizendo que tirou algo meu. Não a autorizei nunca a fazê-lo mas se o voltar a fazer, que me informe, para eu não andar que nem doida à procura de coisas que não vou achar, porque ela as comeu ou as tem no quarto.

Sim, ela tinha três copos e três pratos consigo, dentro do quarto... Sei dá desde quando.
Quando a vi levava nas mãos um outro copo... E entrou na sanita com ele. Para quê alguém precisa de levar um copo para a sanita? É que aqui a sanita é separada do resto da casa de banho... nem prateleira para pousar o copo existe. Bom, deve ter ido despejar o conteúdo... Só espero que não tenha sido nada muito nojento! Já basta os restos de comida semi-digerida que encontrei misturada com cabelos no ralo da banheira...

Bom, mas para que se saiba, a paz voltou a reinar porque, ao expor a situação às claras e ao perguntar a todos, de forma não agressiva, ela se resolveu a bem. A louça voltou à cozinha, lavada. Uma mal lavada mas... lavada. E a comida, a preguiçosa assumiu-se preguiçosa sem vontade de fazer compras, então entregou-me dinheiro para reparar a situação.

Aceitei.
Desta vez aceitei porque me senti lesada. O que ela consumiu foi por mim escolhido a dedo, num supermercado de outra cidade. A marca, o tipo... e só existe ali. Agora teria de ir lá novamente, gastar dinheiro na passagem de ida e volta pois já não tenho o passe, e procurar novamente aquilo que gostava, pois em abundância só existe o que não gosto. 


Senti também que poderia estar a querer me "comprar" o silêncio...
Porque a verdade é que, uma coisa destas é o suficiente para se fazer pressão para expulsar alguém de uma casa, aqui no UK. O tipo a quem tomei o quarto foi embora por isso. Os outros queixaram-se que ele chegava a casa bêbado e não acertava na sanita quando ia urinar...  Ora, ela também entra bêbada, faz barulho, manda vir pizzas às 3 e tal da manhã, e vomita na banheira. Além de não fazer quaisquer limpezas na casa, assim, tão à descarada como descarada foi para se servir da minha comida. Eu não sou supermercado!

Numa situação de igualdade de factos, se o outro saiu por iguais motivos, esta também poderia sair.
Mas quem vai sair é o último que entrou. E diz que mal pode esperar. Não gosta da forma como os outros demonstram não gostar dele.  

E virá um outro/a....

É assim o ciclo de vida de uma casa partilhada. 


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