sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Quem decide é a Natureza


As minhas ideias sobre situações em que se fica entre a vida e a morte MUDARAM MUITO desde a adolescência. O que pensava antes tinha como base pouca informação. Imaginava que, se os médicos me dissessem que uma pessoa muito amada estava em coma e o melhor seria desligar as máquinas porque o cérebro jamais ia recuperar, era isso que devia ser feito porque eles certamente não diriam uma coisa dessas sem antes se certificarem do que estavam a dizer e fazerem todos os testes. 


Mas isso era o que eu pensava há uns 20 anos atrás

Com mais informação digo que tudo é possível e os médicos não sabem nada com 100% de certeza. Sei também que consideram pacientes assim casos perdidos, que consomem recursos que muitas vezes não têm como disponibilizar. Quero dizer... se fores o Michael Shumaker e tiveres muito dinheiro, podes ficar ligado às máquinas por décadas em hospitais privados. Mas uma pessoa sem recursos é logo "convidada" a desligar as máquinas. 

Dito isto, este documentário relata dois casos: o de Sarah Scantlin e o de Shawna. Ambas ficaram em coma após acidentes de aviação (se conduzir, não beba!!!!). Aos pais de ambas foi dito para... considerarem a hipótese de desligarem as máquinas, pois os danos cerebrais eram bastante severos. Os pais de ambas escolheram manterem o coração a bater, ligado às máquinas. SARAH esteve em coma por 20 anos! E espantou todos quando um dia começou a gritar. Os gritos duraram 3 anos. Até que um dia, passaram a palavras. Shawna esteve em coma três semanas. Os pais foram várias vezes pressionados pela equipa médica, em separado e em grupo, para que considerassem desligar as máquinas e doar os órgãos. Imaginem agora que isso tinha sido feito. Não é homicídio?




6 comentários:

  1. Também penso assim. Em 2000 a minha mãe estava em coma no hospital do Barreiro por causa de uma pneumonia. Estava em coma há 15 dias, quando numa sexta feira em que fui à visita, disseram-me que a médica queria falar comigo. Fui ter com ela e disse-me que o estado da minha mãe se tinha agravado consideravelmente, e que ela teria poucas horas de vida. Disse-me para avisar a família que se queriam despedir-se dela, deveriam fazê-lo nesse dia, durante a visita, pois ela não chegaria ao novo dia. Telefonei aos meus irmãos e juntamente com o meu pai, todos nos despedimos e viemos para casa, à espera de que chegasse a notificação do hospital sobre a morte dela.
    Esperamos até às 11 horas e nada. Sabia que se o óbito ocorresse depois disso, só nos dariam a noticia de manhã. Mas em toda a manhã e princípio da tarde nada. Às très horas chegámos ao hospital para a visita. A minha mãe, não só estava viva, como mostrava melhoras consideraveis.
    Na Segunda ~feira seguinte a neurologista, disse-me que desde que a vira nessa manhã, passara a acreditar que milagres existem.
    Um abraço e Feliz Ano Novo.

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    1. Um exemplo perfeito que se não deve ligar à opinião médica no que respeita a "definir" a hora de morte. Que horror pelo qual teve de passar, Elvira!
      É milagre, natureza, o que quiserem chamar pouca relevância tem. A vontade de viver da sua mãe, a pesar de tudo, devia ser brutal. Por tudo o que passou mais nova incluído. São coisas que não se explicam.

      Um bom ano.

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  2. A verdade é que os médicos pouco ou nada sabem sobre como funciona o cérebro e as capacidades que ele tem.

    Eu não seria capaz de mandar desligar as máquinas a ninguém porque há casos de doentes supostamente "perdidos" e acordaram. Claro que nunca vão ser como dantes mas se há coisa que aprendi com o passar dos anos é que o mais importante é estar vivo/a.
    Feliz ano novo!

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    1. Devia-se dar mais valor a esse princípio.
      Ao longo do tempo a sociedade tem vindo a cultivar a ideia de que a «eutanásia» é o correto. Não em pessoas, que isso é uma hipocrisia tremenda. Não é uma prática aceitável mas «desviantes» dessa prática, como é o caso, sempre foram usadas. Existem testamentos vitais que estipulam se a pessoa deseja ser desligada da máquina. Enfim, pensa-se muito em não permitir o sofrimento nem a decomposição. Mas isso também faz parte do ciclo da vida. Se não nos poupam sofrimento ao vivê-la, porque só no final é que querem poupar? Devia ser um objectivo contínuo e não apenas de transição.

      Enfim, se fiz sentido...
      Um ótimo 2018!

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