domingo, 6 de dezembro de 2015

As lojas dos Chineses e as 'chinesises'


Entrei numa noutro dia. Enorme, fui lá de propósito, ver se num espaço tão amplo encontrava coisas que procurava encontrar. Fiquei a verificar um produto, o que em lojas destas pode demorar um bocado, já que a maioria dos artigos são de fraca qualidade e é de conhecimento geral - penso eu, que os 'chineses' colocam uma etiqueta de preço até em produtos danificados.


Enquanto me ocupava da verificação, um funcionário esteve o tempo todo atrás de mim, afastado por uns passos, a remexer em coisas. E olhem que eu demorei um tanto a encontrar o artigo ideal. Com ele na mão e pronta a continuar a ver mais produtos, eis que o funcionário finalmente pára de fazer barulho atrás de mim para vir se meter ao meu lado e desta feita remexer nas prateleiras ao lado daquela da qual me afastava por dois passos. E pelo que vejo, continua a fazer o que fazia antes: absolutamente nada. 

Simplesmente fica ali a mexer, a tirar e por coisas no lugar, mas que irritante!

Num impulso, devolvi o objecto à prateleira e saí da loja sem intenção de lá regressar.

Ontem voltei a entrar noutra loja do género. A que tenho mais perto de casa, aquela onde, pelo menos, podiam reconhecer o meu rosto, ainda que não vá lá com assiduidade. Pois foi onde me senti pior. Com dois pisos, assim que me dirigi para o de baixo, um funcionário decide vir atrás. Eu não preciso de chaperon! Mas OK, tudo bem... Vai que segue-me até ficar quase colado em mim. Mais uma vez, aquele hábito irritante: tira e põe objectos do lugar, fingindo que não me está a olhar. Paro e olho diretamente para ele. Sorrio mas mentalmente fico a pensar: Vais demorar muito tempo? É que gostaria de continuar as minhas compras sossegada!

Ele diz-me "olá", retorqui o cumprimento (pela segunda vez, depois do primeiro à entrada) e afasto-me, para outro canto, a ver se ele se manca e não me segue. Ele não me segue. Finalmente, consigo sentir-me um pouco livre para ver as coisas. É que eu nem transportava sacos ou mala. Tinha as mãos à vista a segurar o telemóvel. Porque raio é que me chateiam? 

Logo a seguir aparece a mulher funcionária. E também ela se põe a remexer, um pouco distante de mim. Dali a instantes, já está no corredor atrás do meu, ao meu lado, a espreitar através das prateleiras. Quando realmente precisei dela para saber o preço de um produto sem etiqueta, népias de estar por perto. Assim que a volto a ver, dirijo-me a ela porque quero saber um preço. É assim que costumava ser o comportamento na relação entre freguês e loja: o funcionário serve para auxiliar o cliente e não para o tratar como se ele tivesse acabado de ganhar uns minutos de liberdade da sua cela no presidiário e fosse hora do recreio, na qual fica sobre vigilância constante! O comunismo é lá, na china. A ditadura é lá, na China. Aqui ainda se respeitam liberdades... E uma delas é esta, do cliente poder entrar numa loja e não ser coagido, perseguido, vigiado. Para isso recorre-se à tecnologia e aos funcionários disfarçados de clientes (já lá irei). ASSUME-SE. Sem se ser demasiado invasivo e seguir, passo a passo, o cliente. Por cá, no país dos brandos costumes, aceitamos as diferenças mas porra, adaptem-se um pouco, sim?? Não ofendam ou queiram mudar o que por cá funciona de um jeito.  

A mulher nem soube ajudar. Apontou-me para uma árvore de natal... Pareceu seca e distante. Mas a postura eu relevo, porque é interpretativa e depende da questão cultural. Simpatia e eficácia estava longe de a caracterizar, contudo. Tive de a levar até o artigo, exibi-lo na minha mão e perguntar novamente o preço. Lá mo disse. Como existiam dois parecidos em corredores diferentes, perguntei se o valor do outro era igual. Acenou que sim e disse sim. Aposto que não percebeu patavina.

(faz uns 10 anos que têm a loja ali e ainda não sabem comunicar com os clientes)

Tudo bem, continuei a minha procura por artigos, sabendo perfeitamente que estava debaixo de olho daquelas pessoas desconfiadas. Até porque desconfiada também eu fiquei, depois de perceber que dá-lhes para falar em chinês entre si, do piso superior para o inferior e vice-versa, oportunamente. Ou seja: em momentos em que se fica a pensar que estão a falar de ti. Porque nenhuma ação estava a decorrer, nenhuma tarefa, a única interação foi contigo e assim que termina, lá vêm as conversas em chinês! Está certo que o Tuga até é desenrascado e há pessoas que querem e sabem algum chinês. Se serve para entender este, não sei. Mas não é o meu caso. Não os entendo mas para bom entendedor, meia palavra basta.

Hoje voltei lá. Como vi os artigos na véspera, sabia o que queria levar. Porque por cá é comum fazer compras assim: vai-se ver e depois decide-se. 

Mal desci para o outro patamar, lá veio a mulher atrás de mim. Para me ajudar? Não. Para me esclarecer em caso de dúvida? Duvido, devido à total ineficácia comprovada em mais do que na ocasião de véspera. Veio para se 'colar' em mim. 

Enquanto me dirijo a um artigo só para tirar as dúvidas, ela segue atrás. Rápida, volto onde pretendia ir, e ela atrás. Quando encontro o que quero, páro, procuro pela cor pretendida e verifico o estado. Nesse instante já lá está: o ruído dela do outro lado da prateleira. Como sempre, os artigos que mais parecem chamar-lhes a atenção estão sempre ali ao lado do cliente. E a mulher fica ali a remexer nos pacotes, quando pretendo estar em paz a procurar e a decidir se vou mesmo levar alguma coisa. Baixo-me e procuro contacto visual. Será que não pode ir mexer nos artigos para longe de mim??

Regresso ao que quero comprar. Engano-me no corredor onde está o outro artigo que pretendo, e a mulher fica meio zonza, sem saber o que esperar. Regresso ao que pretendo, pego e saio para a caixa, no piso superior. É aí que começa outro diálogo em chinês.


Pode ser uma questão cultural, bem sei. Mas já chega! Anos e anos se passam e a adaptação a este hábito parece deficiente em quase todas as lojas do género. Mas somos ladrões para sermos vigiados como tal? Acho inconcebível que tenham um sistema de vigilância com câmaras em todo o lado, uma pessoa vê aquele monitor cheio de quadradinhos que cobrem cada área da loja, e mesmo assim temos de nos sentir desconfortáveis com aqueles olhos esticados em cima de nós enquanto tentamos relaxar e decidir. 

Tão depressa não volto lá. Também entrei em outra, mas esta está melhor adaptada. Para começar, tem jovens funcionários que entendem tudo em português. E falam-no bem. Também tinha gente a vigiar. Até mesmo pessoas sem características nipónicas. Mas estavam ali paradas, como convém, como costume, semelhantes a um segurança. No meio dos corredores, andando, olhando o cliente diretamente e não a disfarçar, mexendo nos artigos!

E ainda tem outra coisa que me afasta deste tipo de loja: os impostos.


Não sei qual o estatuto do qual gozam em termos de impostos, mas não me parece que sejam muito honestos, por conversas que já escutei e também por dificilmente se ver a pessoa na caixa a REGISTAR a venda. Abrem a gaveta por outros trâmites, sem registar e nunca, mas nunca, optam por entregar o papel. Eu agora peço sempre o recibo. E com número de contribuinte. Hoje poupei-os, porque fiz despesas abaixo de 5 euros. Mas o não me terem entregue o recibo para saber o preço de cada artigo caso volte a precisar... ou simplesmente porque é o direito do cliente e o dever da loja... Acho que vou passar a pedir, ainda que faça uma despesa de apenas 60 centimos.

Nos últimos anos prefiro encontrar outros pousos a ir a lojas dos chineses. Mas tem de se dar o braço a torcer, de vez em quando, porque é o tipo de loja que está espalhada por todo o lado, não há muita variedade por onde escolher, sem ser lojas de centros comerciais. Os chineses praticamente erradicaram com a concorrência. Ah, bem que os comerciantes locais avisaram lá atrás para o perigo da abertura das portas do comércio ao internacional! Mais uma decisão política que foi um tiro de canhão no casco de Portugal!


PS: Sabiam que pretendia fazer este post reduzido a uma frase? ahahahaha!


8 comentários:

  1. Mas eles não têm circuito interno de TV? Onde vivo o meio é pequeno. Ainda assim existem 5 lojas de chinês, de produtos variados, e 4 de frutas e legumes. Nunca tive problemas desses elas também não são muito grandes.Há dias fui a uma, precisava de um elástico redutor. Mão estava no sítio onde costumam ter essas coisas e fui perguntar à caixa se não havia. Ela disse-me onde estava eu percebi o sítio mas continuava sem encontrar, quando oiço ela da caixa a dizer-me que estava à esquerda mais acima. E estava mesmo. O que prova que me estava a seguir pelo circuito.Lá em baixo no Barreiro, há várias bem grandes, e algumas com dois pisos. Ainda um dia destes fui a uma, perguntei se podia descer, e ela só me alertou para ter cuidado com as escadas. E durante todo o tempo que lá estive estive quase sempre sozinha. Quase, porque a determinada altura entrou outra cliente. Desconhecia que havia sítios em que procedem como diz, mas se encontrar algum desses decerto que só lá vou uma vez. Já lá vai o tempo que eu gostava de andar a ser seguida, embora não fosse propriamente nas compras. Ahahah.
    Um "ablaço e não se ilite"

    ResponderEliminar
  2. Penso que, como resulta do teu post, as lojas dos chineses são praticamente todas iguais,. Por aqui há umas quantas onde vou de vez em quando, e às vezes encontro coisas que não encontrei em outro sítio, mas sou sempre vigiada. Coisa que odeio. o falarem chinês entre eles não me incomoda, mas o andarem sempre em cima de mim sim.

    ResponderEliminar
  3. Os chineses são muito desconfiados. Se desconfiam deles próprios, o que dizer em relação a terceiros?

    Os circuitos internos que eles têm são eles próprios. Daí andarem de um lado para o outro, colando-se aos clientes.

    Recuso-me a entrar numa loja dessas. Fiquei curado à segunda tentativa.

    ResponderEliminar
  4. isso não é mal de uma loja só. O problema está mesmo em todas as lojas de chineses. Acho que é extremamente irritante ter uma pessoa atrás de nós como se fossemos fazer um crime a qualquer momento mas é o hábito deles...
    É por essas e por outras que compro nos chineses online.
    Fui aos chineses comprar uma capa dura para o tablet. Pediram-me 20€. dias mais tarde encontro uma loja dos chineses online e o mesmo artigo custava menos de metade. Detesto quando isto acontece...
    E depois, por menos de 20€ podia comprar uma capa para o tablet com teclado por 15€. Senti-me duplamente roubada. ahaha

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Abordou uma perspectiva que acabei por esquecer de abordar neste tópico: o preço.

      As lojas dos chineses não são mais lojas onde se encontram pechinchas. Os valores cobrados são elevados para o tipo de produto e o valor pelo qual são adquiridos. Em alguns itens, mais vale ir a outro lugar.

      Ainda noutro dia pensava nisso. Quando este tipo de loja começou a surgir, sobre a designação de loja dos 300, era um misto de mercearia com loja chinesa. E digo-lhe sem dúvida alguma: os artigos eram mais em conta e de muita mais qualidade, diversidade e variedade. Tenho ainda coisas compradas nesse tempo, que estão como novas. E se as fosse comprar hoje - se existissem sequer porque só existe coisa de menor qualidade - acabaria por pagar bem por elas.

      CONHEÇO essa capa, há uns anos achei-lhes muita piada e até encontra uma capa dessas, com teclado, por 9,90€, rsss.

      Online chinês só conheço e confio no Aliexpress. Sei que existem outros mas nunca experimentei. O único problema deste tipo de compra é que temos uma alfândega que empata mercadoria e estabelece um limite muito baixo de compras sem taxa. É um risco, mas também penso que tem vezes que compensa.

      Eliminar
    2. o truque é evitar fazer compras acima de 20$. Pelo menos até agora não tenho tido problemas com a alfandega. Costumo comprar no dealextreme e no tinydeal. Por acaso nunca experimentei o aliexpress lol

      Eliminar
    3. Sim, essa é a melhor opção. Ainda assim, nada os impede de ficar a empatar a encomenda. Agora mesmo fui espreitar esses sites e o curioso é que o tinydeal tem um umidificador com fumaça e luz led por quase 30€ que em muita coisa é parecido a um outro que lamento não ter comprado e que vi na CASA, abaixo dos 20€. Não compensa... Os valores são ela-por-ela e mesmo que hajam variações no produto, penso não compensar o tempo de espera, o risco do desconhecido e o valor. Mas talvez para outros artigos compense.

      Eliminar
  5. Há uns dias fui a um chinês procurar cassetes virgens e deparei me que eles as lá tinham mas quando fizeram restock delas passaram de 1€ para 3€ o que e um roubo autêntico
    Naquele já não compro mais disso lá
    Outra vez meteram me uma miúda dos seus 12anos a seguir me
    Qualquer lado onde eu fosse ela seguia me o que é irritante
    Pure Anonymous e como tenho de entrar la

    ResponderEliminar

Partilhe as suas experiências e sinta-se aliviado!