sexta-feira, 3 de julho de 2015

Estragaste-te


Esta história já tem algum tempo. Achei muito graça a ela e tive a ideia de a partilhar aqui. Já não recordo se o fiz ou se acabei por não o fazer.

Numa ocasião em que fazia de «babysitter» a duas crianças de 7 e 11 anos, elas decidiram folhear um álbum fotográfico com imagens familiares: avós, tios, desconhecidos, etc. Subitamente ficam muito espantadas ao me reconhecerem numa das imagens. E dizem:
-"És linda!"

No instante a seguir:
-"Estragaste-te".


Não sou de andar com fotografias minhas nem de ninguém. Mas noutro dia andei a brincar com o telemóvel novo, um smartphone (que nunca tive antes), e ao fazer experiências fui buscar uma foto em que apareço ao lado de um gato de estimação. Calhou uma colega ver a imagem, quando varria o dedo no touchscreen à procura de uma informação. E mesmo só de relance, ela ficou surpreendida. Perguntou-me de imediato que idade é que tinha na altura, há quanto tempo tinha tirado a foto, dizendo que só podia ter sido há muito, porque era «muito nova». 

Tentei relativizar a situação, acrescentando um dado extra que ela devia levar em consideração (para além do tempo): 20 kg a menos fazem diferença no aspecto de uma pessoa! :D



Procurei não dar importância ao fato dela ter «descoberto» que não era tão jovem quanto se calhar imaginava. Decidi que a idade é um empecilho para a vida e, como tal, e por nunca lhe ter dado importância, vai passar a ser um dado conhecido só por mim (e por todas as entidades em que andamos, dasss) e que, para os outros, não é relevante. A sério, acredito mesmo nisto que estou a dizer. Acho que conhecer a idade de outra pessoa leva quase automaticamente a uma catalogação. A uma inclusão ou exclusão. Prefiro que me conheçam a mim, e não há pessoa com uma idade. Também acredito que a idade está na cara das pessoas, ninguém nos tira isso. Mas dão-lhe demasiada importância, de tal forma que chega a ser uma arma social usada para ferir e diminuir. Uma forma de dizer às pessoas que prestam ou não prestam para algo. Terrorismo social, é o que é. Bem faziam os nossos bisavós que se esqueciam dos anos de vida que tinham nesta terra, porque o importante era vivê-la. não contá-la. O importante era celebrá-la e não sentir-se velho e derrotado a cada nova data de aniversário. 

Espírito livre e dada a poucos preconceitos, não vou alimentar este. E percebi isso quando descriminei uma pessoa por ser «jovem demais». Mesmo tendo uma mente aberta, quando tocou a mim, não agi como apregoei (existiram outros factores mais decisivos, mas ainda assim) e declinei uma relação devido à diferença de idades. Só depois percebi que tinha agido preconceituosamente.

1 comentário:

  1. Serena, não tens motivos para melindrar o teu ser. Claro, que observações exteriores podem assobiar algo, no entanto, a triagem do que é absorvido somos nós a decidir. Facto indubitável. :)) bjinhos

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