quinta-feira, 11 de junho de 2015

VALE TUDO


Uma vez tirei um curso. Quando recebi o certificado final fiquei surpresa por não existir uma quantificação de aproveitamento. O documento apenas dizia "frequentou com proveito".

Escolas inflacionam avaliação interna de alunos para melhorar a sua posição no ranking nacional

Desprezo a forma tradicional de avaliação, que quantifica as aptidões de um aluno de 0 a 20. Isso é mais importante do que formá-los e perceber se assimilaram algo. Nunca fui má aluna, cheguei a ter notas elevadas, portanto não é por esse motivo que discordo.
Simplesmente sempre me pareceu uma falácia. Nunca me pareceu correto, nunca achei que correspondia o valor à pessoa - uns ficavam com notas bastante insufladas, sabendo eu que nada sabiam da matéria. Por vezes, nem mesmo sabiam que matéria era, mas lhes agradava a sobreavaliação. Outros com notas mais baixas, só pelo empenho genuíno em assimilar a matéria, deviam ter tido melhor avaliação. Uma coisa sei e ninguém me tira da cabeça: as avaliações não batem com a verdade.

Nunca fui das que está sempre a reclamar das notas baixas que teve e exige revisão. Voltei aos bancos de escola recentemente, por isso sei que a nota baixa ainda faz muitos alunos - negando sempre que esse é o motivo da revolta - barafustarem o seu descontentamento. A colega que teve uma nota baixa foi a que falou na aula, meses depois a que teve a nota mais baixa foi também quem falou na aula e se manifestou contra a forma de avaliar... Mas me pergunto se o sentimento se mantém aquando a última avaliação, em que teve 19. Se merece? Não. Provavelmente nem mereceu o 10 nem o 19 que teve. Certamente não tem qualificações para uma nota quase perfeita, irrepreensível que é o 19. E se calhar esforçou-me um pouco mais para ter apenas um 10. 

E porquê teve notas tão diferentes? Porque a primeira avaliação partiu de um meio muito exigente, que dificilmente atribui um 13 como nota. E a segunda partiu de um meio de facilitismo, onde facilmente se atribui notas altas. Entre cinco etapas de avaliação, os estudantes calculistas, que conheciam e falaram com ex-alunos ao ponto de saberem que exames e trabalhos lhes iam ser propostos, procuraram também ir parar nas mãos daqueles que dão as notas mais elevadas. Foram também «assessorados» com ajuda externa, procurando ter os trabalhos supervisionados por entendidos na matéria.

Como pode uma avaliação quantitativa alguma vez ser JUSTA, se tudo é tão relativo como acertar no euromilhões? As pessoas com notas mais altas no final do curso, não é por acaso que passaram pelas mãos das pessoas mais generosas a avaliar. E as que tiveram notas mais baixas, não é por acaso que não passaram por nenhum de um dos dois lugares onde as notas mais altas foram atribuídas. 


No meu tempo chamariam a isto batota. Agora parece que é ser-se uma pessoa de recursos. Seja como for, não é a única coisa no meu tempo que estava errada. Dizia-se então que este tipo de aluno «não ia longe», porque na vida real ninguém iria ajudá-lo depois. Está errado. O carisma e a lábia sempre levou o incompetente muito longe. O que vejo é os certinhos no fundo do poço e os que sempre foram de «recursos» chegar para além do mérito. 

ERRADO.

Tudo errado. 
Sempre errado. 


Não só pessoas assim podem continuar a ser «levadas ao colo» por outras, como isso lhes permite, no processo, aprender «alguma coisa» e, com mais tempo do que aquele que é atribuído às pessoas de menor recursos, a quem as portas logo se fecham, os «safadinhos» acabar por adquirir algum saber no decorrer da prática conquistada com pouco mérito.

E só me apetece é deixá-los com isto. Resume tudo. Afinal o mundo está para Maria de Fátimas e ponto final. 















 

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