quarta-feira, 12 de novembro de 2014

A caixa de Outono

Aqui há muitos, muitos anos, apeteceu-me fazer decoração recorrendo a materiais orgânicos, como folhas de árvore, bolotas, ramos, vagens etc. Recolhi pelos caminhos tudo o que achei bonito e que sabia - simplesmente sabia, que ia usar. Aos poucos a quantidade aumentou e tive a ideia de colocar estes tesouros numa caixa hermética. 



Envernizei algumas folhas secas, outras deixei ao natural, usei os materiais orgânicos que pretendia e sobrou um pouco. Ao invés de deitar fora, continuei a achar belo e útil os elementos que tinha recolhido. Por isso acabei por fechar a caixa e guardar. Pouco acrescentei ao conteúdo mas não me desfiz do mesmo.  Anos mais tarde este género de decoração se tornaria mais popular ao ponto deste tipo de materiais serem amplamente comercializados, geralmente artificialmente pintados, transformados ou aromatizados (o que perde a graça e fica algo vulgar). 

Hoje precisei arranjar espaço para arrumar outras decorações naturais que aprecio bastante: pedras. Pedras de sal, pedras basálticas, pedras vulcânicas, fósseis, pedras decoradas, decorações em pedra, pedras recolhidas do rio de uma cascata, pedras das rochas do topo da Serra da Estrela, pedras da visita de estudo às minas de Castro D'Aire nos anos 80...  Ehehehe. (só me falta uma pedra diamante mas já estou a providenciar esse desfecho). Parece muito (lixo), mas não. E algumas têm sobrevivido ao tempo por pura casualidade. São apontamentos de coisas que me proporcionam bem estar pela sua beleza natural ou unicidade, tal como outro alguém gosta de coleccionar estatuetas, merchadising de cinema, miniaturas de automóveis ou de animais específicos. 

Cheiro a pinheiro, a seiva e resina do pinheiro
Costumava ser o cheiro dos Natais

Enfim, toooooda esta introdução para partilhar com quem me lê que hoje abri essa caixa. De início nada de extraordinário parece acontecer. Mas faz mais de uma hora que a abri e que a fechei e o que recebi em troca é uma sensação única, de um conforto inigualável: o aroma. O PERFUME autêntico e saboroso do OUTONO. É o que estou neste instante a respirar. Se esta estação do ano tem cheiro, para mim é este que está naquela caixa. E dá tanta satisfação e bem estar quanto no tempo em que o Natal era celebrado com árvores verdadeiras - os pinheiros, e o aroma do majestoso pinheiro, das agulhas e de alguma seiva perfumavam o ar da sala e enchia a casa. São o que se denomina como Memórias Olfactivas. Lembram-se desta, do cheiro do pinheiro de Natal? 


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