terça-feira, 27 de agosto de 2013

Os incêndios - outra vez

Mais um bombeiro - jovem e voluntário - se foi. Está morto, vai "viver" para o cemitério. Porquê?
Vale a pena ver e escutar as matérias e o comentador do telejornal das 22h da SIC Notícias - canal a que estou agora a assistir. Grandes verdades a serem ditas.

Um dos aspectos sobre este assunto que li no jornal mencionava a FORMAÇÃO destes bombeiros e o CONHECIMENTO da área. Achei estes aspectos muito relevantes. Não obstante todos os outros que dizem respeito à prevenção, raramente alguém comum como nós pensa se estas pessoas estão realmente bem habilitadas a combater incêndios. Não só no que respeita à formação prática (quantidade, intensidade, diversidade) mas também ao CONHECIMENTO das áreas florestais de Portugal. Julgo que a maioria dos bombeiros que combatem um incêndio NÃO CONHECE a área da mata a arder - o que é natural - já que são por volta da centena que acorrem aos fogos vindos de todos os cantos do país. Mas depois escutam-se notícias de óbitos de bombeiros jovens pelos 20 anos, que tinham uma vida inteira pela frente e tanto ainda para descobrir e fazer e eu, particularmente, penso se nestes casos o infortúnio foi de alguma forma minimamente facilitado pelos seus "verdes" anos, pouca prática ou formação. São voluntários, por vezes seguem os passos de familiares, é como uma tradição familiar que os fascina mas também os pode deixar  -sei lá - a pensar que a "herança" genética e todas as histórias que cresceram a ouvir contar os torna mais conhecedores, mais aptos talvez, causando uma falsa segurança. 

Uma pequena boca de água, um incêndio que se estende por quilómetros...
Persistência, resistência, habilidade e tempo é o que implica
este método de combate às chamas

Mas isto sou eu que pensa nestas coisas. Um incêndio não deve ser coisa fácil de encarar. Não tanto pelo perigo imenso, mas pelo cansaço e desgaste - talvez este o maior perigo de todos. Só uma vez na vida "experimentei" apagar um fogo - com vestes de protecção e um fogo controlado - num curso de primeiros socorros e por aquela pequena amostra consegue-se sentir o braseiro a ruborizar a pele - ainda mais se o vento decidir ajudar. Pelo que imagino esta amostra quadruplicada várias vezes e por aí calculo a exigência física intensa e desgastante que um combate real com as chamas obriga.  


E pronto. Infelizmente o que relatei anteriormente ganha agora mais relevância - o no passado ter visto incêndios a deflagrar quando viajava num avião comercial e o facto de hoje no ESPAÇO, visto da estação Espacial um astronauta fotografar PORTUGAL com os seus fogos visivelmente a arder. Se se vêm do ESPAÇO, imagine-se a dimensão da tragédia. Nem sempre ela "chega aqui" (na cidade), pelo cheiro - que foi o caso anterior. Mas ainda que deflagrem "longe da vista e dos sentidos" dos que como eu são citadinos da capital, não deixamos de lamentar e sentir angústia por toda a calamidade e pelas perdas para o país. Não só pelos incêndios que destroem hectares de floresta, mas pelas VIDAS humanas (e não só) que deles se tornam vítimas, assim como pela destruição de bens, infraestruturas e propriedades. 


E só de pensar que muito disto é causado por PIRÓMANOS, pessoas mentalmente pouco desenvolvidas que não conseguem encontrar nada de mais útil para fazer com as suas vidas, e então decidem sem remorso serem os responsáveis pelas mortes de jovens como Ana Rita Pereira (24 anos) e Bernardo Figueiredo (23 anos), curiosamente colegas de formação, então o que pensar destas pessoas? São ASSASSINAS. O que merecem como punição? Qual a JUSTA punição? 

2 comentários:

  1. A tua pergunta é pretinente, qual a justa punição para quem mata pessoas inocentes que tentam salvar outras pessoas, animais e casas?! Terão essas pessoas consciência do mal que causam?!não sei. Apenas sei que a nossa justiça é muito branda com esse tipo de gente e que a pena deveria ser de facto exemplar para que outros malucos pensassem duas vezes antes de fazerem o mesmo.

    bsj

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  2. Na idade Média resolveriam a coisa pagando com a mesma moeda: iam para a fogueira expiar os pecados e o diabo que se encarregasse de ficar com a alma do desgraçado.

    Em algumas culturas actuais talvez lhes cortassem as mãos, os pés, a língua ou os cegassem com brasa quente.

    Isso é considerado tortura nos dias de hoje - não justiça. E como hoje se aposta na regeneração e reintegração provavelmente o pirómano recebe uma sentença de anos de cadeia, onde poderá ganhar um salário fazendo pequenos trabalhos e ainda tirar cursos e completar o grau de escolaridade. Pois que seja, que também prefiro acreditar que a regeneração é possível através da re-educação. Mas perderia direitos sociais. Tudo o que fizesse seria para redimir o gesto que teve. Seria para ajudar as famílias e a região atingidas pelo seu acto. Teria de contribuir monetariamente para os órfãos que fez, viúvas e viúvos. Fazer voto de pobreza e como um monge viver de água e pão, sem qualquer luxo. Trabalhar que nem escravo de sol a sol para se redimir diante dos homens e de Deus. Pagar pelo resto da vida, porque assim o merece ao impedir que outros tivessem vidas para viver.

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