Acabei de ver um vídeo datado do dia 6 de Fevereiro, que regista um assassinato com uma arma de fogo. Foi notícia nos órgãos de comunicação social mas, não sei se fui eu que andei muito distraída ou se a notícia não foi muito explorada, mas desconhecia o ocorrido até a SIC anunciar um especial para hoje de manhã.
Custa a crer que aquilo é verdade. Passei o vídeo algumas vezes para acreditar, porque parecia tudo a fingir... Mas não foi!
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E numa fracção de segundos, tudo muda...
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Como é que alguém pode ceder ao "impulso" de tomar a decisão de remover a vida de alguém? Não tem volta, não tem emenda, não é uma decisão que lhe pertença... e se andarem todos a decidir que matar, para depois se entregar, é aceitável?
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Há casos, como o do filho que matou o pai com uma catana, em que uma pessoa percebe que existiu ali uma psicose, uma incapacidade de suportar o insuportável... mas neste vídeo, em que um homem de 65 anos, com a neta de 4 ao colo, dispara nas costas do pai da criança, de 35... parecia tão surreal que não quis acreditar. Não quis mesmo. Estava à espera de ver a situação reverter-se, descobrir que era um lougro, ver o suposto falecido levantar-se... surreal.
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De quem é a culpa? Culpas... bem, há sempre culpa de ambas as partes. Se o advogado (o falecido pai) era uma pessoa má, isso só Deus sabe... lá que não foi nada bonito ver aquele homem enorme a dar uma chapada numa mulher idosa que a colocou no chão, isso não foi. Mas também, momentos antes, essa mesma mulher mais um rapaz e outra pessoa agarravam-no por trás para o impedir de se dirigir à filha. E o que a mulher diz não se ouve ou se sabe, mas sei bem que palavras podem ter o mesmo efeito que punhais...
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Impedir um progenitor de ter uma relação com um filho não é correcto, por pior que este seja. A menos que a integridade da criança esteja em risco, como em casos de abuso sexual e psicológico, até o pior dos ex-maridos tem direito a um filho. O vídeo começa com o pai a ser agarrado por 3 indivíduos, que lhe tiram a filha dos braços à força!
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Muitos se chocam por saber que o ex-casal exercia cargos para os quais é preciso estudar e ter muita formação: ela é juíza, o que não é uma carreira nada fácil e o falecido, era advogado. Para mim, não há uma espécie tão mal cotada no panorama profissional quanto a advocacia... Eles, advogados e juízes, têm de ser pessoas muito especiais, serem muito centradas e conseguirem distinguir bem o trigo do jóio. Caso contrário, tão próximos que estão de crimes ediondos, começam a achar que aquela rotina é... rotina!
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Falo apenas pela experiência que tive num episódio que aqui já relatei. Ás vezes sou muito boa observadora - em momentos em que não faço por isso, acabo por intuir muito bem e ver com clareza as coisas como são. O episódio que vivi no tribunal de trabalho deu-me esta visão de que a maioria dos advogados são pessoas da pior espécie. Eu saí daquele edifício com dó dos juízes que me representaram. Eles tinham de lidar com aquilo todos os dias - uma batalha que estava, claramente, a perder-se... fiquei mais preocupada com eles e com o sistema de justiça português, do que comigo! Há coisas com as quais nunca quero lidar na vida. Tribunais, polícias e hospitais... quanto mais afastada, melhor. Não são realidades nas quais queira estar envolvida. Nunca ouvi o som de um disparo - nunca quero ouvir. Este no vídeo pareceu ser a fingir, de tão diferente que soou daqueles que todos os dias escutamos às centenas nas séries e filmes que passam na televisão. Fez menos ruído que o som do estalo. Há realidades que gosto que se mantenham afastadas, e esta é uma delas. Espero ser uma pessoa de sorte e nunca na vida ter o infortúnio de me cruzar com este tipo de situações, tão opostas que são da minha natureza.
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Aquele homem podia ser o filho da mãe mais sacana à face da terra... não legitima o acto. Um homem idoso, quiçá doente ou consciente que poucos anos de vida lhe restam, não tem o direito de trocar a sua liberdade pela vida de outra pessoa. "Toma lá 5 tiros e agora vai ao hospital!" - o que é isto??? "Acabou. Acabou. Leva a menina para casa"... que mentalidade! Vi o vídeo agora mais distanciada do impacto e fica claro que aquele idoso é possessivo e egocêntrico. Reparem: ele agarra a neta, como se estivesse a dizer "É minha!" e dispara tantas vezes NAS COSTAS do pai da criança! E depois o que diz, com naturalidade... como se tudo fosse aceitável. Excluíndo a ex-mulher aos gritos, os outros membros da família estão ali com a maior naturalidade. Como se aquele desfecho já tivesse sido ponderado entre todos com seriedade. Nem por um instante mostram-se chocados, nem por um instante o idoso revela sentir remorsos. Simplesmente tomou a decisão ali e pronto: "ACABOU". A chapada que o morto deu na mulher foi só o pretexto pelo qual ele aguardava para tirar aquela arma do bolso... que já estava ali de propósito. E os capangas?? O direito à vida é soberano. Nada conheço de leis, mas deve existir algures algo que o diga assim.
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Até porque, dizendo a verdade, não há nada pior que eu possa desejar a alguém que me tenha feito muito mal, do que uma longa, longa vida, cheia de problemas, com falta de saúde, azares, infortúnios.... enfim: sofrimento! Para sofrer, é preciso estar vivo. Há pior que isso?
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Aquela criança, muito provavelmente, não se vai lembrar do ocorrido. Provavelmente nem o entendeu bem no momento. Vai sim, se ninguém o impedir, é ter, para todo o sempre, gravadas em vídeo, as imagens da morte do progenitor. Para sempre imortalizadas, tal como uma Greta Garbo no cinema, uma Marilyn Monroe... sempre jovem, o tempo não passa e fica, para sempre, eterno. Eterno! Quando a menina chegar à idade do avô, após ter vivido a sua própria experiência de vida, irá espreitar mais uma vez o vídeo ao computador, para, novamente, se colocar no papel de cada um dos presentes, tentando adivinhar os porquês e a responder, com franqueza, o que faria se fosse aquela pessoa, e aquela, e aquela...
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Com isto, um homem está morto, e deixou dois filhos órfãos. Aquele idoso não deixou que uma vida que está por nascer conheça o pai. Há tanta coisa errada aqui...
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Ontem tive saudades de um programa televisivo que passou nos primórdios da SIC. O Juíz Decide. Acho até que vou iniciar uma petição e colocar aqui para que o programa volte a se realizar. PORTUGAL está a precisar de um sentido de justiça para dar o exemplo às massas. Sem orientação, as pessoas começam a achar normal andarem por aí com armas a disparar nas costas dos outros. Perde-se o sentido de justiça, de correcção, de tudo... EIS um papel que a televisão devia ajudar a divulgar.
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As saudades em ver "O Juíz Decide" de volta aos ecrans portugueses, vieran de um programa a passar, se não estou em erro, na Fox, que calhei ver ontem. Neste, um juíz escuta duas partes em letígio e dá a sua sentença. Mas o que vi deixou-me de inquieta. Sei que é televisão, que muito é para televisão, que o juíz mais parece um mafioso... tudo bem! Mas num caso em que dois amigos estão em letígio porque um emprestou ao outro 6000 dólares para este comprar livros de Banda Desenhada e o amigo recusa-se a pagar porque, quando foi preciso, ajudou o amigo a arranjar a casa-de-banho de sua casa... isso deixou-me preocupada, porque a decisão do juíz foi diminuir a quantia pedida - já inicialmente reduzida para 5000 dólares, para 2000. Ele até foi espreitar a casa-de-banho para avaliar o valor do trabalho que o AMIGO prestou ao outro amigo. Ora, amigos ajudam-se! Não apresentam facturas a seguir! Fez-me recordar pessoas manhosas e totalmente egocêntricas com que me cruzei, como por exemplo, uma colega que, por dar boleia a alguém um dia, no outro já está a cravar-lhe um almoço, argumentando que na véspera foi prestativa! Amigos da onça, estes! Dinheiro, ficam com ele... Acham-se tão especiais, que acreditam realmente que os outros até lhes deviam pagar por se disponibilizarem com a suposta "amizade"! O juíz decidiu manter a amizade dos dois, reduzindo o valor da dívida de 6000 para 2000! Um terço! Podia ver no rosto do aldrabão o contentamento ;(
.Em suma: programas que mostrem leis a serem cumpridas e justiça a ser feita, fazem falta à sociedade portuguesa.
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
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