domingo, 9 de janeiro de 2011

Aparências e Karma

A notícia do dia de hoje envolve as circunstâncias da morte de Carlos Castro. Comentador de língua afiada, o senhor, de 65 anos, estava envolvido com um jovem de 21 cujo futuro, ao que parece, estava bem encaminhado. Mais que não seja, por ter 21 anos e a vida toda pela frente!
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Porquê um jovem de 21 anos e um velho de 65 se envolvem sexualmente? Acredito no amor, mesmo com uma diferença de idade grande, mas namorar alguém com idade de ser neto... é algo depravado, revela egocentrismo, não sei. E namorar alguém com idade de ser avô é... algo anormal quando se tem 21 anos. Não existe maturidade adolescente suficiente, não se está "adulto" há tanto tempo assim... Bolas! Na passagem do milénio o rapaz tinha 11 anos! O uso de "fraldas" é ainda mais presente que distante, entendem?
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Bem, julgamentos à parte, comecei a escrever sobre este assunto porque ele trás à ribalta muitas questões que já aqui abordei. Uma delas prende-se com as aparências.
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No telejornal da TVI passou uma peça sobre as reacções das pessoas que conheciam o jovem Renato Seabra. Ninguém acreditava no acontecido e descreveram o rapaz como sendo pacato, sossegado, respeitador e educado.
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Veio-me à mente o caso do Violador de Telheiras. Este também foi descrito como educado e simpático. Alguns amigos também se recusavam a acreditar que se tratava de um agressor sexual. Não sei porquê, julgo que a história por detrás do acto deste rapaz é diferente. Não passa de intuição a falar, mas, tirando como lição de ambos os casos que as pessoas não podem ser avalidas apenas pelo aspecto, os contornos deste crime parecem diferentes.
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Até agora pouco se sabe mas, se os dois homens tinham uma relação, não é difícil especular que tratou-se de um crime resultante de um acto passional que evoluiu para desentendimentos e agressões. Um impulso, talvez, algo não premeditado, claramente, uma raiva de momento, sei lá! Não sei porquê mas acredito que a vítima sabia como enervar quem estivesse a seu lado. Algumas pessoas sabem exactamente que palavras devem ser ditas e que acções devem tomar para magoar outros em todos os sentidos. Não deve ser à toa que era odiado por uns (como ele próprio dizia) e amado por outros. Talvez aqueles que o amavam como amigo tiveram o prazer de conhecer apenas o seu lado bom. O generoso, o que precisava e gostava de estar rodeado de pessoas assim. Mas para quem não se desse ao trabalho... era uma pessoa bem diferente!
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Não passam de conjecturas (claro), mas surgem da experiência de vida. Não esqueço também o colega de quem aqui falei. Tratou-me sempre mal e sem dar descanso, durante 15 meses! Nunca lhe dei qualquer motivo para tal mas nem por isso o deixou de o fazer. Com outros, era um doce! Quando uma nova colega chegou à empresa, ficou tão encantada com ele que claramente o deixava transparecer em elogios e alguns suspiros. Se perguntassem a todos os seus conhecidos como ele é, que personalidade é a sua, só iam sair elogios. Mas se perguntassem a uns poucos que, como eu, conheceram outra faceta sem sequer facultar provocação, iam ficar com outra percepção de uma mesma pessoa.
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Concluo então que existem no mundo pessoas que escolhem, aparentemente aleatoriamente, aquilo que querem ser diante dos outros. Mas apresentam apenas duas opções: ou são do bem, ou são do mal!
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Outra coisa que sobressaiu nesta história do assassinato do colunista português na sua amada cidade de Nova Iorque, prende-se com o testemunho de Sofia na televisão. A actriz, amiga de Carlos Castro, revelou que ele sempre dizia saber que ia morrer assassinado. Ora, isto diz muita coisa! Ou nada, não sei! Mas a interpretação que fiz foi que o homem como que intuíu que as suas acções e o seu estilo de vida estavam a rumar para essa eventualidade. É como alguém que não consegue parar de se drogar... e droga-se até chegar à obvia overdose. Digo isto porque um outro amigo disse na televisão que anteriores relacionamentos amorosos de Carlos Castro o tinham preocupado mais do que este - sinal de que o cronista gostava de correr riscos e de se envolver com pessoas que apresentavam algum tipo de risco e instabilidade.
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Outra coisa que me chamou a atenção nas palavras da actriz Sofia, foi dizer que o rapaz suspeito de ter cometido o crime ficava na casa de Carlos Castro e este pagava-lhe tudo. Ora, isso perturba-me um pouco porque, quando alguém tem segundas intenções, poder económico e pretende obter favores sexuais, costuma oferecer guarida e pagar algumas coisas (como se isso lhe desse o direito de cobrar sexo em troca). Claro que não estou a dizer que este é o caso deste caso, mas sempre me incomoda quando um "amigo" traz outro para dentro de casa e põe-se a comprar-lhe coisas que este não pode alcançar pelos seus próprios meios. Faz-me lembrar prostituição e é também uma realidade muito conhecida da condição feminina ao longo dos séculos, nas sociedades maioritariamente conduzidas por leis e regras maxistas.
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Ou seja: o mais forte e rico continua a conseguir tudo o que quer do fraco, pobre, ambicioso e necessitado. É um claro aproveitamento e um abuso de poder!

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