sábado, 15 de junho de 2024

Porquê nos ensinam a adiar fazer o que nos dá vontade?

 Já cheguei a uma idade em que penso que me falta tempo. 
Ou então, percebo que muito dele foi desperdiçado. 

Dou por mim a pensar que gostaria de plantar arbustos e árvores para as ver crescer, colher seus frutos, respirar o aroma de suas flores e... penso que já não tenho o tempo que gostaria para isso tudo. Em simultâneo, esta é mais uma vontade adiada - das muitas - se não todas - que fui adiando na vida, porque assim me foi ensinado que era para fazer. 

Nunca concordei. No entanto, foi-me imposto assim - era o "normal" - e assim sendo, seguem-se as ordens "superiores" dos progenitores: «primeiro estudas "para seres alguém" e depois "o resto"... » - esse resto incluiu tudo e mais alguma coisa: vontades, sonhos, pensamentos, gostos, passatempos... tudo o que compõe a vida e a felicidade. 

Mas essa parte - a raiz - ficou para tras. Contudo, os ensinamentos e a prática permaneceram. 100% dedicada ao trabalho, incapaz de me "desviar" da boa conduta, com dificuldades em planear ausências que possam prejudicar a entidade patronal. E para quê? Se quando ficar doente ninguém me vem acudir? E se preciso for, amanhã levo um chute no traseiro e fico sem "nada"?

Bom, reflexões fadistas à parte, a vida continua... segue. Como sempre seguiu. Sem grande tempero. Para o bem ou para o mal. Ao menos isso. 

O que quero dizer é perguntar, a vocês, PORQUÊ ADIAMOS FAZER O QUE NOS DÁ VONTADE?

Porquê adiar para o final da nossa vida (a reforma) o começar a viver de acordo com preferências pessoais? 

Para plantar esses arbustos e árvores, preciso de um terreno meu. Coisa que não tenho. Então é óbvio que terei mesmo de adiar este sonho. Porém, existem outras formas. Podia trabalhar na área e dedicar-me à plantação. Teria, mais uma vez, de voltar aos estudos. Ou então podia ajudar alguém que tem terreno mas não tem capacidade ou precisa de ajuda... 

Nem sempre procuramos outras formas de realizar os nossos desejos. 
Outra coisa interessante sobre vontades é que, algumas vezes, basta as fazer uma vez para retirar delas toda a satisfação que se anunciava e ficarmos felizes. 

Hoje apetece-me plantar para ver crescer.
Amanhã, feito isso, pode ser que me passe e não me apeteça tanto.  

Adiar, é perpetuar o desconhecido. 

(Enquanto isso, ando a plantar girassóis na esperança que floresçam em vaso) 


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