quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Os cavalos tambem se abatem

É o nome de um filme que vi faz muitos anos. Se nao me engano, aborda um tema pertinente recorrendo a uma situacao especifica: um concurso de dança. Ganha um chorudo premio monetario o ultimo casal que se aguentar mais dias em pe.

Mas e o preco?
Vale a pena o sacrificio, conflitos de opinião entre o casal, o risco de doenca?

Os meus dias tem sido tao longos que me parece que um cola no outro. Na segunda-feira comecei num novo emprego. Das 8am ate as 5pm
 Mantenho o da noite que, se for regular, começa as 10pm e termina as 6am. Entre o final de um e antes do começo do outro, ao final da tarde, é quando vou dormir. 

Porem esta segunda-feira foi excepcional, porque durante a madrugada o colega da casa sentiu-se mal. Já aqui contei o sucedido. Foi preciso chamar uma ambulancia, que levou 4h a chegar. Adormeci as 6am para estar a trabalhar as 8am. Nesse dia chamaram-me mais cedo para o trabalho nocturno e acabei fazendo um turno duplo. No total, 30h de trabalho, porque assim que o terminei, peguei novamente no "novo". Ando com uma embalagem de shampoo na mala porque pretendia lavar o cabelo na primeira oportunidade. Nao surgiu.

 Isto devia estar a pesar-me como o final desse concurso de dança. Mas sinto-me leve, com energia. Nao fosse a situacao do colega no hospital e mesmo com o antigo senhorio a importunar-me com ma disfarcada casualidade, sinto-me feliz. Cansada? Sim, claro. Mas nao mais do que o habitual. 

Sei que tenho de tomar cuidado. Porque todo este esforço paga-se com a saude. E essa nao quero prejudicar. 

Disse que comecei num novo emprego mas na realidade, já lá trabalhei antes.

Voltei a empresa onde estava ate o Covid aparecer e dar-se o lockdown. A tal que falava em me contratar. Desta vez sequer me ocorre tal possibilidade.  O trabalho e temporario, estou a empacotar produtos para o natal.

Por isso nao posso abdicar nem de um, nem de outro. O mais recente e matinal complementa as falhas que o noturno começa a impor. 

É o nocturno que compensa monetariamente. Mas este nao me da 8h diarias. Como cada vez mais estao a anular turnos ou a reduzi-los, aceitei trabalhar de novo no outro lugar. Mas nao tenho ilusoes quanto a poder ser dispensada a qualquer momento. 

Sinto-me bem onde tenho estado e foi este emprego que me manteve feliz e longe daquela 
casa no pico do Covid e do veneno italiano. O sentimento de gratidao ramifica-se e estende-se ao passado em Portugal, aos quase tres anos em que fiquei sem trabalho. 

Trabalhar sempre me proporcionou alegria, satisfaçao, boa disposição. 

Talvez por isso, é com alegria que terminei agora o meu noturno e sigo para o matinal. Como se tivesse mesmo agora a comecar.

4 comentários:

  1. És uma guerreira e vai correr tudo bem. Como está o moço sempre é COVID ou não? Se fosse já vos tinham chamado para rastreio o que fazem aqui. Aí funciona assim?

    Beijos e tudo a correr pelo melhor

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    1. Pelos vistos nao e covid. Mas tambem nao sabem o que é ao certo. So sabem que é coracao. Ele esta bem.

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  2. Não abuse das suas forças.
    Abraço e saúde

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  3. Lembre-se do preço que foi sendo pago por todos!
    Bfds

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