domingo, 13 de setembro de 2015

A triste constatação do povo medroso que somos


Encontrei isto entre muitas outras publicações sobre este tema e dentro do mesmo tipo de "argumento":


Esta imagem revolta-me.
De um lado a forma como o povo se vê: miserável e coitado. Do outro, a forma como vê os refugiados: uns adolescentes bem vestidos que vêm do mar e tiram selfies.
Mas decidi que não vou mais me preocupar.

Bem sei que a minha tendência para ser ingénua pode estar a deturpar a minha percepção - talvez exista algum fundamento neste medo em ajudar a acolher refugiados. Mas prefiro 1000 vezes ser como sou e ainda me restar um tanto de solidariedade que fala mais alto e se sobrepõe a sentimentos mais egoístas e mesquinhos.

Consigo perceber que o receio de importar terroristas extremistas é de facto pavoroso. Mas considero isso um pensamento que não deve prevalecer diante da ajuda ao próximo. Só consigo pensar que toda a gente que foge da guerra e procura uma vida melhor merece essa oportunidade. Se fosse eu no lugar deles, ia gostar que alguém me estendesse a mão.

Me entristece perceber que o povo português gosta de gabar-se das suas qualidades como povo acolhedor e simpático, mas depois manifesta-se em massa nas redes sociais contra uma ajuda singela em relação aos números. Todos se tocam com a pobreza e a miséria lá longe, quando esta chega pela televisão e pelos jornais. Mas se vier tocar à porta, começam a olhar para dentro, a apontar a miséria cá de dentro, que antes pouco lhes importava, para argumentar porque é que não se pode ser solidário com os de fora. 

Isso não é argumento, é xenofobia. 
Nem parecemos um povo emigrante, que emigrou e está espalhado por todo o mundo. 

Não me reconheço nesta postura. Compreendo que existam receios, como já disse. Mas estes não justificam uma atitude de total fecho de mentalidade. Até porque Portugal já importou criminosos de verdade, que sempre aqui viveram misturados connosco e nem por isso tivemos atentados à bomba no metro ou nas ruas como aconteceu em França, Inglaterra, Espanha e EUA.

As pessoas temem que essa realidade venha a surgir com a ajuda a refugiados? Por favor! Não é por ajudar umas pessoas que se perde alguma coisa. Ao contrário: ganha-se. 

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