E fiquei um pouco triste. Triste porque refere algo que não vai existir mais. Que é aquele pedaço dos Olivais onde foi construído a Expo98. Já foi estipulado que não mais será Olivais e sim uma nova freguesia - a do Oriente.
O nascimento de uma nova freguesia até pode ser motivo de contentamento, ainda mais uma que já vai ter um nome com uma história recente mas marcante. Todas as Nações estiveram presentes em Lisboa para divulgar seus países, histórias, culturas, hábitos etc, nesse ano de 1998, naquela que foi a Feira Internacional Mundial do ano. Será uma freguesia que já conta uma história. Mas de todo o imenso espaço que a exposição mundial ocupou, parece-me que será apenas aquela fracção de Santa Maria dos Olivais com vista para o Tejo a que vai ser expropriada para constituir a freguesia do Oriente. E por alguma razão, fiquei triste. Talvez porque existe sempre um tanto de tristeza quando algo que era deixa de ser - tão somente isso. Talvez porque tiram dos Olivais a última ligação que tinha com o Rio, o derradeiro pedaço de caudal aguado que lhe "pertencia". É como romper os laços com a "mãe" água. Ficou só terra... com poços, mas terra.
Os da minha geração vão conhecer sempre a origem da freguesia do Oriente (vulgo parque das Nações). A geração seguinte também, mas pela terceira a memória morrerá. Passará a existir nos livros e em poucas bocas que ainda se lembram que antes mesmo de ser Oriente, era Olivais. E tinha séculos de história como Olivais.
Os da minha geração vão conhecer sempre a origem da freguesia do Oriente (vulgo parque das Nações). A geração seguinte também, mas pela terceira a memória morrerá. Passará a existir nos livros e em poucas bocas que ainda se lembram que antes mesmo de ser Oriente, era Olivais. E tinha séculos de história como Olivais.
Fica estranho, mas a vida continua. É como imaginar onde ficaria a "Toca" no romance Os Maias da Eça de Queirós, referida apenas como localizada nos Olivais. Se for para aqueles lados agora será "Oriente" e não é a mesma coisa :)

![]() |
Autocarro numa estrada de Lisboa - 1952 |
Oiço os relatos de pessoas que foram viver para Sacavém, Moscavide, Olivais lá na década de 40, 50 e esforço-me por conseguir imaginar como terá sido. Mas por mais que tente, a imaginação não consegue reproduzir a lembrança, entendem? Estas pessoas contam histórias de lugares que não tinham quase nenhuma edificação - tudo era mato, com estradas de terra e pó ou, com sorte, as principais estradas eram calcetadas com as típicas pedras cúbicas escuras que, algures por Lisboa, ainda podem ser observadas - ainda mais se a espreitarem de algum buraco mal alcatroado.
É história, são vidas. São pequenas grandes coisas.
Relatos da cidade de Lisboa:
Largo do Camões, Lisboa, lançamento da primeira pedra do Monumento - 1862 in Revista Municipal CML Nº44, ano 1950 |
Excerto de um texto publicado na Revista Municipal da CML - 1948 sobre a passagem de Júlio Verne por Lisboa |
esta última referencia ao Camilo é bem verdade... nem sempre somos do lugar onde nascemos, acho que nos dividimos por aquele onde crescemos e aquele que escolhemos para nosso.
ResponderEliminar