Metereologia 24 h

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

O emprego

O emprego terminou faz menos de uma semana. Mas já sinto como se tivesse sido há seis meses. 


Terminou e percebo, que me deixou vazia. E não sinto falta. 
Ao contrário do que temia. 


Em cada função que desempenho, dou o melhor de mim. Tento fazer o máximo que posso, auxiliar todos, ser obediente, fazer até mais do que é a minha função. Incomoda-me quando existe possibilidade de trabalhar em equipa e alguém se recusa, por não ser a "sua" função. Para mim, tudo é uma unidade e se der para trabalhar em algo mais, ainda melhor. 

Mas é comum escutar que não se deve ser assim, que não é para nos esforçarmos tanto... Mas esforço-me. Trabalhar está em primeiro lugar. No trabalho, trabalha-se. 


Agora e depois de tudo, o que tenho? 
Onde está o trabalho ao qual me dediquei e porquê não existe mais para me ocupar o tempo e a mente?


Custa-me perceber que estou errada. Foi-me incutido na mente que faz bem e é de louvar trabalhar arduamente e é isso que faço, e bem. Mas para obter o quê???

Depois cruzo-me com pessoas que fazem do mínimo os mínimos e "cagam-se" para o trabalho a cada oportunidade. Algumas até o fazem de forma a parecerem que trabalham muito. São os que ganham bónus no final do mês e tal... 


Eu sei que estou errada. Mas cada vez que começo num novo emprego, esqueço-me. Dou o melhor de mim. Por vezes até me apetecendo conhecer melhor este ou aquele colega. Mas estou ali para trabalhar... E fico a aguardar melhor oportunidade. 


Dei prioridade ao trabalho enquanto trabalhava e não à pessoa. Devia ter feito exatamente o contrário. Mas não consigo! 

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Providência?


Contava ter uma boleia de uma colega quando saí do emprego de noite. Mas ela não esperou e foi-se embora. Só fiquei aborrecida porque ela quis que eu fosse com ela ao escritório enquanto se informava de algo e isso tirou-me 15 minutos do tempo que dispunha para caminhar a hora e meia até casa.  Lançada na empreitada, atravessava a primeira rotunda quando uma carrinha preta para do outro lado da estrada e um homem diz algo na minha direcção. Ignoro. Não consigo perceber quem é, não conheço, não quero saber. 

O condutor avança ao sinal verde e para mais à frente, voltando a falar comigo. Desta vez tive que olhar. Era um colega. Só lhe falei uma vez, faz umas semanas e, novamente, naquele mesmo dia, ele veio ter comigo porque lembrou-se do meu interesse por expressões de calão na língua inglesa e veio dizer-me que quer dar-me um livro. Atravessei então a estrada e aceitei a boleia dele. E pareceu-me que deu a boleia por gosto, sem esperar receber algo em troca, o que é cada vez mais raro vindo de homens. 

Não deixei de pensar que Deus providencia. 


Por isso fiquei a reflectir nas visitas que recebi ontem. Que outro embaque me aguarda? 

Bateram à porta enquanto reflectia no que me atormenta. Ao abrir apresentam-se duas testemunhas de Jeová. Claro, falaram de Jesus, da Bíblia, fizeram-me perguntas cujas respostas pareceram agradar-lhes e surpreender, e deram-me os seus contactos. Caso precise de falar sobre Jesus e saber as respostas - disseram-me. 

A verdade é que o meu instinto preparou-me para o impacto do que pode estar para vir. Achei que aquilo era como que um sinal para me fortalecer, pois vem aí fortes tempestades.

Depois desta semana - sei que não morro, não fisicamente, pelo menos. Mas sinceramente, não sei porquê tenho sempre de passar por decepções inesperadas e ser maltratada sem merecer. 

Venha a tareia!

terça-feira, 3 de setembro de 2019

Psicologia das bananas


Ela cerca-se com coisas de crianças. Veste pijamas da Barbie. Os edredons que tem na cama mudam constantemente, mas mantêm uma constante temática: harry potter, little ponney, barbie.

Ela fala com uma voz esganiçada meio que infantil, meio que sedutora. E ela tem 30 anos.


Falo de uma das colegas da casa. Cedo percebi que tem preferência por girly-things e isso se manifestava até na forma de agir e comunicar com os outros. O que por vezes tornava o som da sua voz um pouco incomodativa, por falar tudo em voz alta e ter sempre aquela entoação intencionalmente infantil, quase sempre de mãos-dadas com risadas algo planeadas e também excessivas.


Mas ela agora tem outro brinquedo: um namorado.
E subitamente o edredon da cama passou a ser listado de preto e branco. Já não sei se é ela que está em casa ou outra rapariga, porque quando fala esquece de o fazer alto e com aquela voz em tom infantil e esganiçada. 

Também me pareceu que alterou o comportamento.


Menciono-o por achar curioso como as pessoas se comportam.
Bem que suspeitei que aquele gosto revelava solidão, insegurança e anseio por intimidade. Daí reverter para uma altura em que foi criança e sentia o imenso amor, proteção e carinho dos papás.
Precisava disso, desejava-o, mas não o obtinha. Então foi buscar de volta um comportamento algo infantil e cercou-se de produtos de criança mimada. 


Será que dava uma boa psicóloga?

Pagar para trabalhar



Surpreendeu-me descobrir que existe corrupção no local onde trabalho, a nível de quem vai trabalhar e por quantas horas. Aqui existem contratos em que te chamam para trabalhar quando têm necessidade. Acontece que, existem uns que aparentam estar sempre a ser chamados e outros que, com sorte, conseguem um ou dois dias durante a semana. 

Descobri que alguns gerentes recebem dinheiro dos trabalhadores para serem chamados para fazer turnos. E há quem faça três turnos num só dia!


Pagar para trabalhar...
Ao que chegamos, meu Deus.

(E dizem que este é o país das igualdades onde os direitos legais dos trabalhadores estão protegidos. Pois fiquem lá com esta! Ao invés de entupirem os "non-ticiários" com Brexit "sai e não sai" da cepa torta, deviam dedicar-se a noticiar coisas mais importantes, que ajudam o povo a clarificar as ideias, a sentir que têm uma plataforma com a qual podem contar em busca de justiça). 

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Golpe de Sorte


Quem acompanha esta série (cof, cof, cof) da SIC?


Qual o palpite para a identidade do verdadeiro filho da Céu?
Sempre achei que podia ser o Tino, já que seria uma reviravolta fantástica. A "velha" (papel muito bem interpretado por Manuela Maria, que conta agora com 84 anos) não deve ter dado o neto, um Toledo. Ela deve ter querido mantê-lo por perto. Afinal, sempre tem metade do seu sangue.

Mas quem será ele?
Que outra personagem com 37 anos anda pela trama que possa ocupar esse lugar? Claro, sempre pode aparecer alguém de fora. Mas supondo que o folhetim segue os rumos usuais, deve ser alguém já conhecido, próximo e muito amado. 


O problema é que a "velha" jamais teria permitido que irmãos dormissem juntos... Supostamente Jéssica está grávida do Tino e se este for filho do pai da Jéssica, então temos aqui um incestosinho do caraças!

Ò Eça, já foste.

A menos que o panhonha do Zé não seja o pai de Jessica, foi mais um cornudo, e Jéssica não sai só há avó: sai à mãe.


Quanto ao resto da trama e das interpretações, tenho de elogiar o trio de "idosas" lá da vila. Mas que excelentes interpretações! A mãe da Céu (Carmen Santos), a costureira (Henriqueta Maya)... Quando se juntam, é uma delícia de ver. Timming perfeito, interpretações fantásticas. A trama está repleta delas, de cima a baixo.

Oceano Basílico como invisual está a fazer um papel fantástico e a trama contribui muito para incentivar pessoas com problemas de visão a perceberem que podem ser muito independentes. Ao seu lado está um marido possessivo (Pedro Laginha). Ui! Excelente interpretação também. Dá medo. Não sabemos quando aquele elástico vai rebentar mas sentimos a tensão em cada cena. 

Para não falar dos vilões. Jorge Corrula nunca decepciona, não é mesmo? Até a Diana Chaves está a mostrar que sabe ser mais que o rosto bonito e elegante da trama. 

Quem vê que mais acrescenta?

domingo, 1 de setembro de 2019

Jardim das tabuletas


Ao passar pelos campos de várias vilazinhas não se pode deixar de reparar em certos cemitérios que aqui pelo Reino Unido existem amiúde por todo o lugar. São tabuletas e mais tabuletas daqueles que um dia foram pessoas e respiravam como eu.


Não sei porquê perdemos tanto tempo na vida, quando não sabemos quanto dele nos resta. 
Hoje sei disso. Mas creio que, quando mais jovem, isto nem nos passa pela cabeça. Tudo parece distante demais. Como se o tempo passasse de forma diferente e não igual para todos.

Hoje vejo essas placas nos cemitérios e penso que já não tenho muito tempo. A vida devia ser melhor aproveitada. Remoer em mazelas é atrasar essa vivência. "VIVE" - lembram as tabuletas. "APROVEITA ENQUANTO ESTÁS VIVA".


Mas não...
Há sempre alguém que pensa que se pode dar ao luxo de dispensar uma alegria aqui, outra ali.
Porque "tem tempo".


Na próxima reencarnação...


... Vou vir como sociopata.

Espero que não hajam estas "reencarnaçoes" porque se existirem, não vou regressar para continuar a ser uma pessoa boa. Os meus sentimentos estão estraçalhados por toda a parte e sempre, mas sempre, acabo por sofrer um pouco mais por me preocupar com o que não me diz respeito. Só a minha vida me diz respeito e essa, acabo sempre por deixar de parte para dar atenção a alguém.

Próxima encarnação? Total falta de empatia para com os outros. Só eu é que conto.


Acabou

3.23 am, acordei e continuo desperta.
O meu corpo não permite que durma mais que três a cinco horas, estou preocupada. 
Trabalhe que nem um cão fazendo turnos de 14 ou 15 horas ou tenha o dia de folga - não faz diferença. Nunca durmo muito.

Talvez por isso o meu corpo, o meu rosto, se transfigurou no que não reconheço mais como sendo o "eu". 

E o "eu" por vezes cansa-se de existir. Cansa-se da rotina. Preciso mergulhar no trabalho para não deixar que o resto tome conta. Trabalhar é o meu tranquilizante. Embora possa ser uma fonte de contratempos, para mim qualquer emprego proporciona mais coisas boas que más.


Até chegar ao fim. 
E ficar a saudade.


Aí dói como quem tem um cardo espetado na alma.

Faz-me sentir que devia ser eremita de verdade. E nem abrir a boca para dizer "bom dia" a quem quer que seja. Toda a minha simpatia com alguma timidez pelo meio, serve também de disfarce para  receios fruto de experiências amargas. Não sei se é isso - talvez seja - uma certa incapacidade para a entrega mesmo dando tudo, o receio da dor da ferroada. Ninguém vê, eu mesma não penso nisso. Mas no fundo, no fundo, bem lá no fundo, é um temor dormente, sempre vivo. Alimentado pela lembrança de traumas do passado que até hoje repercutem pelo consciente e atingem o coração com violência incapacitante. Embora eu sorria e tudo esteja bem.