Páginas

segunda-feira, 14 de julho de 2025

Ruído, calor e confissões

 
Acabei de me lembrar que o primeiro objecto que comprei quando vim para inglaterra foi um aquecedor. Identico a este:  

Estavam por todo o lado, em todas as lojas e supermercados. Quando vi o preço: TRES LIBRAS, achei que era engano. Que tinham se enganado e quando passasse na caixa registadora iam perceber e cobrar um valor mais alto. 
Mas não. O preço mais alto que encontrei por um destes foi cinco libras. Era, portanto, realmente o valor cobrado por um equipamento eléctrico que dá para usar tanto na vertical quanto na horizontal, tem dois níveis de calor e um de ventoínha. 


ADORO-O!!

É o que tenho ligado agora, 8 anos depois, para receber algum tipo de ar fresco. É de noite - de madrugada para ser mais exata. Duas da manhã. Mas o termómetro indica que, no meu quarto, a temperatura é de 25 graus. 

O meu quarto... é a divisão mais quente de toda a casa. Mas assim, ridiculamente quente. Três vezes mais quente que qualquer outro lugar. Aqui se transpira de calor o tempo inteiro. É um quarto virado para o sol, numa construção de tijolo massiço, feita para aprisionar o calor no interior já que a maioria dos meses do ano são de frio. Tem o telhado, que é outra fonte que retém calor, mesmo por cima da minha cabeça. E debaixo da janela, outro telhado, para reflectir ainda mais calor para uma divisão já de si quente como a primeira porta de entrada para o inferno, que fica a quilómetros de distância da "mansão" do demo. 

Tenho quatro ventoínhas ligadas - sem grande diferença. Abri a janela mas... os insectos logo começaram a aparecer. Sabiam que o mosquito é o animal mais mortífero para o ser humano? Pois então... depois de ler isso, ainda quero menos ter insectos dentro de casa. Nunca gostei de insectos em casa. São inoportunos, incomodativos, estão sempre a esvoaçar à frente da tua cara, a posar onde está mais húmido: as tuas narinas, os teus olhos ou a tua boca. NOJENTO! 

E mordem! Sugam-te o sangue. Para ser mais exata, o mosquito, monido de seis agulhas bocais, com duas serra-te a pele, com outras duas separa as extremidades para expôr o golpe, com outra insere saliva e virus na tua corrente sanguínea (se for transmissor) para então, com a sexta, sugar o teu sangue à vontade. Só as fêmeas mosquito mordem. Sugam o teu sangue para poder produzir muitos ovos que vão abandonar num lugar húmido algures na tua casa. E depois nos queixamos que temos uma praga de mosquitos que não se conseguem eliminar. Pois!! 

O primeiro passo para o impedir é não os deixar entrar. E não deixar que metam ovos, para os quais precisam de sugar o TEU sangue. Então, que haja calor... uma pessoa opta por este martírio porque a alternativa, subitamente, é bem pior. 

Depois lembrei-me porquê comprei o aquecimento. Foi, claro, para aquecer um pouco o quarto frio e húmido onde morava na primeira casa. Tinha um radiador, mas eu não suportava o efeito que me causava. Não gostava dele. Parecia queimar quase todo o oxigênio da divisão. Me deixava a sentir grogue e a almejar ar fresco. Depois, gosto de calor em doses muito pequenas. Ligava o aquecimento e desligava pouco depois. Contudo, teve uma dupla utilização que acolhi com muito prazer. É que quando tinha o cabelo molhado e era melhor secar, caso contrário podia ficar doente, este aparelho é bem mais silencioso que um secador. 

Nunca gostei de secar o cabelo com secador. NUNCA. 

Cada vez que mo faziam era um sofrimento. Para começar, o calor em si... a queimar-me o coro cabeludo... tortura. Mas o pior mesmo é que nem um minuto de barulho consigo aguentar. Os secadores são máquinas altamente ruidosas. E nunca aguentei muito. Foi sempre um sacrifício sem fim, quando ia ao cabeleireiro, ouvir aquele zumbido ruidoso. Diria que tortura para os sentidos. 

Concluí que sou uma pessoa talvez com maior sensibilidade a certos decibeis de ruído. Porque não me agrada ruidos corriqueiros. Lembro-me que depois do covid, quando se levantaram as restrições e as companhias aerias puderam retomar os voos, das primeiras vezes que escutei o ruído de um avião a preparar-se para a decolagem foi... incómodo. 

Agora já me habituei. Até procuro saber de onde vem. Sempre vivi perto de aeroportos e é um ruído que me era conhecido. Contudo, deixou de existir por um periodo de tempo e quando regressou descobri que, afinal, gosto muito mais quando não há ruído de todo a soar como um trovão pelos ares.

Sou sensível aos ruídos do dia a dia. Desagrada-me em particular o ruído de motores. Agora que os transportes estão a virar eletricos acho que isso não vai mudar, porque o zumbido do eletrico é uma coisa irritante... mudam o fuel, não eliminam a poluição sonora. 

Percebi também que faço uma viagem muito mais tranquila e permaneço mais facilmente de bom humor e bem de vida, se usar uns tampões para eliminar parte desse ruído. E sabem que mais? Escuto MUITO MELHOR os sons que é suposto escutar se tiver tampões nos ouvidos. Parece até que a fala das pessoas fica mais nítida. Música, se a colocar a tocar, escuto-a melhor. É como se o tampão - que neste caso não passam de uns velhos auscultadores de fio desconectados, filtrassem o ruído incómodo, reduzisse a sua amplitude e tornasse os sons que são para escutar mais nítidos. 

E vocês? Como sentem os ruídos do dia-a-dia?

sexta-feira, 11 de julho de 2025

 Five buses are stopped in front of my bus stop. The noise they make is understandably loud. If one is enough to cause discomfort imagine 5 noisy motors. One of the bus before starting to move makes that ear piercing bell sound indicating the doors are about to close. Then sounds the horn.

Seconds before reaching the bus stop I was reflecting how annoying the sound of a child doing a fake cry feels like. One boy was sounding like an ambulance "ioin! Ioin! Ioin!".

I pass him and his mom released I was going to distance myself and avoid being exposed to the noise much longer. Another kid had pass me riding a scooter and I was glad he didn't put himself in my way like sometimes kids do. It's funny... I've never realized kids do not have a good sense of space and distance. 

Has I passed the "ambulance like" boy, I start going down the pavement. It's when I start to ear a loud noise of plastic wheels approaching me. Sure enough it was a kid on its scooter - most likely the same I thought I was safe from encountering again because it had just pass up me. Descending in high speed I was hoping he wouldn't turn left like I was turning. But sure thing he did. I had to slow down my pace and stop, fearing this kid would cross my path and cause an injury to himself. He stop just next to me. Screaming to someone way behind him.

I had just walk pass a cigarette smoking guy and three people walking slowly but taking the all sidewalk for themselves. Breathing cigarette smoke in this heat of 30 degrees in a slow pace under the strong sun ☀️...

Not for me, thank you.

This sort of daily things don't stress me a lot but they do affect my nerves a bit. It's like I cannot walk on my own pace everyone is everywhere not paying attention or doing proper walking. Some just walk out of some shop and come to a full stop right in front of you, that it is walking on a strait line on the street. Many here, after entering a shop very slowly, decide to stop in the entrance, blocking the passage to everyone else wile deciding or coming to a group agreement we're to go first.

It is exasperating. Sometimes I suspect people here lack basic Notions of conduct behavior. Or is it me?

One of this days I was walking down a busy shop lane and a kid on a scooter comes behind me and turns into a stop in front of me. He did this 3 times and by the third I rolled my eyes and gesticulated in frustration. My concerns were about hurting the kid. But I didn't wanted to have to stop my normal pace of walking just because he kept appearing and breaking in front of me.

Has I roll my eyes a woman comfortably sitting on a bench said: 

- "Oh my fuck*** God!"

I assumed she was remarking my attitude, ignoring my reasons and the context. So I just returned her "F* God" followed by a "what?"  without even stopping or looking  back. 

Another person that steps hight in their moral horse 🐎 to criticize who they don't know. This phenomena is something that became so common In today's society. It is like a cancer. People have no modesty and are quick to judge, specially if it's is to criticize and put someone down. Even good actions done with good intentions are "murdered" in seconds on social media.

They don't they realize they are part of a big problem. That they are indulging it. Making it grow. It being intolerance, rush judgment, insult, disrespect, etc.

I cannot stand what the Internet calls "trolls". Which are people full of themselves that pass judgment and criticism to someone else, generally using insult and offense. But always very judgemental as if they know you and who you are.

That woman sitting on the bench was being a troll. Maybe she didn't knew it but she was.

I've read in a book and I never forgot it since about social anxiety. I think I suffer from it. I like people but I am shy with them. I like people but crowds are unpleasant to me. I do not feel very satisfied when I go to the shopping mall and one can hardly move.







segunda-feira, 7 de julho de 2025

Quem vê caras não vê corações

 


Este é Jason Pyne. Na foto nota-se que é um homem atraente e parece super simpático e carinhoso. Começou a namorar Nicole, uma jovem que já tinha um filho de outro casamento e os dois casaram, tendo-se mudado para outra localidade, onde morava a mãe deste. Tiveram dois filhos. Jason foi muito carinhoso enquanto fazia a corte a Nicole: comprava-lhe flores, seduziu a família dela que o achou muito simpático. De fala calma, prestando atenção às pessoas e sendo afável. Parecia gostar muito de Nicole e do enteado, que ficou muito contente por ter por perto uma figura paterna e o chamava de pai. 

Um dia, tinham as crianças mais novas pouco mais de seis ou sete anos, uma tragédia ocorreu: Mãe e filho estavam mortos. Mortos a tiro. O filho foi encontrado a segurar uma caçadeira, morto com um tiro na boca. A mãe, dormia na cama quando lhe estouraram os miolos. 

Quem fez a chamada a comunicar o óbito foi o marido, que tinha saído para levar os dois miúdos mais novos à escola e, quando voltou, encontrou aquele cenário de horror. 

Muito conveniente que os falecidos fossem somente os que não tinham ligação de sangue com o próprio... Foi um acto de extermínio igual ao que se praticaria quando se quer eliminar uma praga indesejável. Como uma infestação de baratas, por exemplo. 

A paramédica que chegou ao local disse que a falecida parecia estar viva e o que a surpreendeu foi o quanto o corpo estava quente ao toque. Parecia que tinha acabado de ocorrer. Quando escutou que existia um segundo corpo na garagem, o do jovem de 16 anos, ficou em choque ao olhar para os olhos do miúdo. Abertos mas sem qualquer vida. E o seu corpo estava muito frio ao toque. 


Dito isto, parece obvio que se trata de uma encenação para responsabilizar o adolescente pela sua morte e a da mãe. O padastro disse que, nessa manhã ele estava a ser difícil, a dizer que não ia à escola e que ele, o padastro, desistiu e afirmou que saiu de carro para levar os seus filhos à escola, deixando o adolescente chateado em casa. 

Quando chegou... calamidade!

A realidade é que foi ele, o padastro, que assassinou os dois. A menina, Remington, de poucos anos, agora a viver com a avó materna, uma vez contou que o pai viu o irmão mais velho a "fazer assim" - e deitou-se no chão e começou a tremer muito como se estivesse a ter convulsões. 

O disparo na boca do adolescente não foi fatal... pelos vistos o jovem, ou o corpo do jovem, teve tempo para reagir daquela maneira. Claro que as provas forenses apontaram para a impossibilidade do jovem ter como alcançar a caçadeira e disparar um tiro na boca, a 10cm de distância. Não há braço que aguente. 

Uma expressão mais de acordo com o íntimo da pessoa. Ainda assim, fácil de enganar o próximo, bastando um sorriso e cabelo lustroso.

Mas depois... Jason conseguiu usar a lei e obter um segundo julgamento. E foi aí que apareceu a paramédica, que contou qual a temperatura do corpo de um e de outro. Definitivamente Jason não ia sair da prisão. Então o que fez? Recrutou a mãe para intimidar a paramédica, para que esta voltasse atrás no seu depoimento. As chamadas telefónicas são gravadas e, mesmo em código, dá para perceber o intuíto das mesmas. Mãe foi sentenciada a 10 anos de prisão em liberdade e serviço comunitário.

 


Este é Henry Lee Jones. Seu rosto e olhar parecem indicar um homem pacato, humilde, simpático, prestativo, amigo, bondoso. E assim foi considerado por quem o conhecesse. Mas era tudo fachada. Mais tarde ou mais cedo, quem viesse a ter contacto com a verdadeira face de Henry jamais sobrevivia para contar a história. 


Henry Jones é um serial Killer, matando quem lhe aparecesse pelo caminho para roubar bens e dinheiro. Para ele as pessoas era um meio para um fim. Numa ocasião, recrutou um rapaz que dormia num banco de jardim para o ajudar a conduzir um carro até a casa de uma família. Chegando lá, noutra cidade, ele sai do carro, cumprimenta um homem com "então paizinho?" entra na casa... e o jovem que o acompanha, entra também, depois de ter ido empurrar um objecto para a garagem. Nisto encontra a mulher no sofá, com as mãos atadas às costas e Henry de arma de fogo na mão, a exigir que lhe dissesse onde estava o dinheiro. Depois ele vai para a cave, onde estar o idoso, escuta-se muito ruído e percebe-se que é o som de um assassinato brutal e violento. Leva a mulher para o quarto, tira o dinheiro, deita-a na cama e esfaqueia-a muitas vezes. 



Ele era descrito como uma pessoa agradável, simpática e prestativa. Conhecia o casal idoso porque havia morado na zona e, ao verem-no, ficaram felizes por reencontrar alguém que sempre se mostrou tão afável. 

Quem vê caras não vê corações. Por vezes, quem fala sempre de forma muito calma, sem levantar a voz, sem alterar muito os maneirismos, os comportamentos, não estão a controlar as emoções. Estão a FINGIR TÊ-LAS. 


Tenho no emprego uma colega assim. Soft spoken como dizem os americanos. Fala muito baixo, num tom quase de anjo. Para mim ela foi um demónio. E desde então, dedica-se mais ao que parece ser uma missão de seduzir quem a rodeia - em particular pessoas do sexo masculino - como se vivesse num universo onde estivesse a concorrer para o título de Miss simpatia. 

Ela consegui obter turnos diários porque foi para a cama com um homem que até se assemelha fisicamente com o do retrato em cima. Este não era bem visto no local: estava sempre a reclamar, a mandar vir, a dar ordens... As pessoas não gostavam dele. 

Nisto, tanto ele quanto ela, mudaram de estratégia. Passaram a falar com as pessoas com simpatia. A contar piadas, a falar de coisas triviais, a cumprimentar com um largo sorriso... 

Para se promoverem. Para enganar os que não sabem melhor. 

No meu entender, pessoas assim, são perigosas. Porque são aquelas que o Diabo mais gosta de mandar para a terra: Parecem e agem como anjos. Mas enganam!